MARL sem clientes e com concorrência em Lisboa e arredores

02-05-2001
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MARL Sem Clientes e com Concorrência em Lisboa e Arredores

Por FERNANDA RIBEIRO

Quarta-feira, 18 de Abril de 2001

Grossistas queixam-se na Assembleia Municipal

"Quem é que vai fazer 40 quilómetros para ir ao MARL, se a pode comprar em Lisboa?", interrogam

Os comerciantes grossistas de frutas e legumes que foram obrigados a transferir a sua actividade dos mercados do Rego e do Cais do Sodré e para o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), em Loures, queixaram-se ontem na Assembleia Municipal de Lisboa de falta de clientela e da concorrência desleal a que estão sujeitos, por não terem sido fechados outros mercados grossistas.

"Quem é que vai fazer 40 quilómetros para comprar fruta se a pode comprar em Lisboa, ou noutro mercado paralelo?", interrogava uma comerciante. Jorge Matias, que interveio na assembleia em representação dos comerciantes, deixou uma interpelação aos deputados: "Queremos que esta câmara nos diga quando pretende encerrar os mercados da região da Lisboa". A questão ficou sem resposta.

Rejeitada foi a moção apresentada pelo deputado do PSD António Preto, na qual se propunha que fosse impedido o funcionamento de mercados existentes num perímetro de 50 quilómetros em redor do MARL. O documento - que solicitava também à assembleia que diligenciasse para que aos operadores transferidos para o MARL fossem pagas indemnizações justas - foi rejeitado com os votos contra do PS, PCP e Verdes e a abstenção da UDP.

Segundo os comerciantes, a concorrência não surge apenas nos mercados de fora do concelho de Lisboa, como sucede com o de A-das-Lebres, o da Malveira ou o de Castanheira do Ribatejo, que se mantêm em funcionamento, ao contrário do que lhes fora garantido quando se transferiram para Loures. Surge também, dizem, de mercados existentes na cidade, como o da Ribeira, na Av. 24 de Julho, onde se continua a vender por grosso, e o "cash-and-carry" da Matinha.

Confrontado com estas queixas, o vereador responsável pelo pelouro dos Abastecimentos, Fontão de Carvalho, disse estar solidário com o protesto dos grossistas no que diz respeito aos mercados de fora de Lisboa. "Nesse aspecto, junto o meu protesto ao dos grossistas, pois entendo que esses mercados deveriam fechar, até por não terem as condições desejáveis, como as que existem no MARL. Mas eu não posso mandar encerrar mercados noutros municípios", salientou.

E se quanto ao "cash-and-carry" da Matinha Fontão de Carvalho diz nada poder fazer, por isso ultrapassar as suas competências, já relativamente ao mercado da Av. 24 de Julho nega que constitua um problema constante. "Admito que possa ter acontecido uma vez ou outra, mas a câmara não autorizou a venda por grosso dentro do concelho de Lisboa e até intensificou a fiscalização", disse.

Só que fiscalização é coisa que os comerciantes dizem não ver na Ribeira. "Quem é a dona de casa que vai ao mercado fazer compras às cinco da manhã, que é a hora a que eles continuam a abrir na Av. 24 de Julho?", interrogava Jorge Matias, numa alusão à venda por atacado.

Outro problema levantado pelos comerciantes do MARL, o do atraso no pagamento de indemnizações que lhes haviam sido prometidas, deu direito a vaias e assobios quando intervinha o deputado socialista Dias Baptista, que abordou o assunto. Foi no momento em que Dias Baptista deu a entender que esse problema estaria ultrapassado, por os comerciantes terem "chegado a um acordo com a autarquia", que da bancada destinada ao público, onde se encontravam os vendedores, choveram vaias e gritos. "É mentira, é mentira!", ouviu-se então, ao mesmo tempo que alguém dizia com ironia: "O PS é um bacano!".

O protesto foi tal que suscitou a intervenção do presidente da Assembleia Municipal, João Amaral, que mandou calar o público - a quem, como sublinhou, está vedada qualquer manifestação quando intervêm os deputados.

MARL Sem Clientes e com Concorrência em Lisboa e Arredores

Por FERNANDA RIBEIRO

Quarta-feira, 18 de Abril de 2001

Grossistas queixam-se na Assembleia Municipal

"Quem é que vai fazer 40 quilómetros para ir ao MARL, se a pode comprar em Lisboa?", interrogam

Os comerciantes grossistas de frutas e legumes que foram obrigados a transferir a sua actividade dos mercados do Rego e do Cais do Sodré e para o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), em Loures, queixaram-se ontem na Assembleia Municipal de Lisboa de falta de clientela e da concorrência desleal a que estão sujeitos, por não terem sido fechados outros mercados grossistas.

"Quem é que vai fazer 40 quilómetros para comprar fruta se a pode comprar em Lisboa, ou noutro mercado paralelo?", interrogava uma comerciante. Jorge Matias, que interveio na assembleia em representação dos comerciantes, deixou uma interpelação aos deputados: "Queremos que esta câmara nos diga quando pretende encerrar os mercados da região da Lisboa". A questão ficou sem resposta.

Rejeitada foi a moção apresentada pelo deputado do PSD António Preto, na qual se propunha que fosse impedido o funcionamento de mercados existentes num perímetro de 50 quilómetros em redor do MARL. O documento - que solicitava também à assembleia que diligenciasse para que aos operadores transferidos para o MARL fossem pagas indemnizações justas - foi rejeitado com os votos contra do PS, PCP e Verdes e a abstenção da UDP.

Segundo os comerciantes, a concorrência não surge apenas nos mercados de fora do concelho de Lisboa, como sucede com o de A-das-Lebres, o da Malveira ou o de Castanheira do Ribatejo, que se mantêm em funcionamento, ao contrário do que lhes fora garantido quando se transferiram para Loures. Surge também, dizem, de mercados existentes na cidade, como o da Ribeira, na Av. 24 de Julho, onde se continua a vender por grosso, e o "cash-and-carry" da Matinha.

Confrontado com estas queixas, o vereador responsável pelo pelouro dos Abastecimentos, Fontão de Carvalho, disse estar solidário com o protesto dos grossistas no que diz respeito aos mercados de fora de Lisboa. "Nesse aspecto, junto o meu protesto ao dos grossistas, pois entendo que esses mercados deveriam fechar, até por não terem as condições desejáveis, como as que existem no MARL. Mas eu não posso mandar encerrar mercados noutros municípios", salientou.

E se quanto ao "cash-and-carry" da Matinha Fontão de Carvalho diz nada poder fazer, por isso ultrapassar as suas competências, já relativamente ao mercado da Av. 24 de Julho nega que constitua um problema constante. "Admito que possa ter acontecido uma vez ou outra, mas a câmara não autorizou a venda por grosso dentro do concelho de Lisboa e até intensificou a fiscalização", disse.

Só que fiscalização é coisa que os comerciantes dizem não ver na Ribeira. "Quem é a dona de casa que vai ao mercado fazer compras às cinco da manhã, que é a hora a que eles continuam a abrir na Av. 24 de Julho?", interrogava Jorge Matias, numa alusão à venda por atacado.

Outro problema levantado pelos comerciantes do MARL, o do atraso no pagamento de indemnizações que lhes haviam sido prometidas, deu direito a vaias e assobios quando intervinha o deputado socialista Dias Baptista, que abordou o assunto. Foi no momento em que Dias Baptista deu a entender que esse problema estaria ultrapassado, por os comerciantes terem "chegado a um acordo com a autarquia", que da bancada destinada ao público, onde se encontravam os vendedores, choveram vaias e gritos. "É mentira, é mentira!", ouviu-se então, ao mesmo tempo que alguém dizia com ironia: "O PS é um bacano!".

O protesto foi tal que suscitou a intervenção do presidente da Assembleia Municipal, João Amaral, que mandou calar o público - a quem, como sublinhou, está vedada qualquer manifestação quando intervêm os deputados.

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