Benefício da dúvida à bancada do Farense

05-12-2000
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A Liga confia na palavra do clube algarvio de que as obras exigidas no estádio S. Luís estarão prontas para o jogo com o Benfica

Crente na promessa, Gaspar Nero não vai hoje ao S. Luís fazer uma segunda vistoria. E remete para o delegado da Liga a responsabilidade, não só pela confirmação dos trabalhos solicitados, como também da utilização plena do espaço. Nero reconhece, no entanto, que o delegado não terá, seguramente, «conhecimentos técnicos suficientes para ajuizar, caso a obra não esteja concluída, se a bancada pode e deve ser aberta ao público», disse ao EXPRESSO.

Inaugurada há 15 dias, aquando da deslocação do Sporting à capital algarvia, a nova zona do estádio, com lotação para cinco mil espectadores e em princípio destinada aos adeptos do clube visitante, foi alvo de uma inspecção que levantou reservas, mas não proibiu a entrada dos adeptos «leoninos».

Na altura, Gaspar Nero, responsável pelo parecer final quanto à qualidade dos estádios de futebol, considerou estarem garantidas as condições mínimas de segurança e executou uma «aprovação condicionada». Segundo o relatório que emitiu, o clube teria de proceder a um pacote de alterações no prazo de 15 dias - que hoje expira. Mesmo sem as condições ideais, estava já fora de questão a capacidade da nova estrutura em caso de ser necessário realizar uma evacuação de emergência.

Nas alterações solicitadas, Gaspar Nero incluiu a criação de um novo acesso - o mais importante dos pontos assinalados, a merecer inclusive carácter de urgência -, dado que a bancada dispunha apenas de uma única entrada.

Além disso, o examinador determinou a construção de rampas de acesso em vez de escadas, a implantação dos lavabos numa zona diferente da que estava planeada (para facilitar o acesso ao exterior), e a criação de uma zona de drenagem entre a bancada e o relvado.

Com prazos mais alargados, ficaram a instalação de cadeiras e a numeração dos lugares, tidas como de menor urgência no que respeita à segurança do público.

Até quinta-feira os avanços nas obras resumiam-se aos acabamentos na porta Sul (já existente) e, no interior do estádio, à marcação das zonas de acesso. A porta Norte continuava por concluir, assim como os respectivos acessos.

José Correia, engenheiro responsável pela obra, afirmou «ir fazer o possível para cumprir com o que ficou acordado», uma ideia reforçada por David Santos, presidente da Comissão Administrativa do Farense, para quem «todas as obras ficarão concluídas a tempo do jogo com o Benfica».

Diferendo interno

Mas os problemas não começaram agora. Inicialmente o projecto das obras previa apenas a execução de uma pala. Aquando da sua reconversão em bancada, continuou a ter apenas uma porta para permitir uma máxima rentabilização do espaço no inferior, onde está instalado o supermercado Pingo Doce e futuramente funcionarão diversas lojas (entre elas a agência de viagens de Juan Hidalgo, o empresário espanhol que acordou com o Farense a aquisição da maioria do capital da sociedade desportiva).

Mais do que uma estrutura direccionada para o futebol, a nova bancada do S. Luís é uma cobertura para o supermercado. E de acordo com Gaspar Nero «acaba por não satisfazer quer os utilizadores do supermercado quer os espectadores de futebol que se desloquem ao estádio».

A segurança da nova bancada é apenas mais um dos inúmeros problemas com que o Farense se tem confrontado nos últimos tempos, nomeadamente o fim do prazo para a constituição da sociedade anónima desportiva.

Aparentemente, o que está em causa é o cumprimento de uma decisão da assembleia geral de Julho, na qual os sócios votaram que o aumento do capital da sociedade se fizesse através de um investidor (Juan Hidalgo), que ficaria com a maioria das acções.

A comissão administrativa tenta agora dar o dito por não dito e quer manter o controlo do clube, isto depois do empresário espanhol ter já investido no Farenses cerca de 130 mil contos, garantidos pela hipoteca do passe de três futebolistas.

A polémica veio a público depois de um dos administradores (José Ricardino, responsável pelo departamento de futebol) ter ameaçado demitir-se se o treinador João Alves continuasse em funções. O actual técnico é o representante de Hidalgo no clube e a sua saída seria a ruptura, não só da equipa, mas igualmente da SAD.

A este propósito, João Alves não se pronuncia, mas quando lhe foi pedido para comentar se o jogo com o Benfica estava em causa, respondeu: «Não sei se há jogo, porque não sei se no sábado sou treinador».

A questão da SAD tem de ficar resolvida na próxima semana, uma vez que no próximo dia 30 termina a fase de inscrições de jogadores na Liga.

CONCEIÇÃO BRANCO e PEDRO NEVES

A Liga confia na palavra do clube algarvio de que as obras exigidas no estádio S. Luís estarão prontas para o jogo com o Benfica

Crente na promessa, Gaspar Nero não vai hoje ao S. Luís fazer uma segunda vistoria. E remete para o delegado da Liga a responsabilidade, não só pela confirmação dos trabalhos solicitados, como também da utilização plena do espaço. Nero reconhece, no entanto, que o delegado não terá, seguramente, «conhecimentos técnicos suficientes para ajuizar, caso a obra não esteja concluída, se a bancada pode e deve ser aberta ao público», disse ao EXPRESSO.

Inaugurada há 15 dias, aquando da deslocação do Sporting à capital algarvia, a nova zona do estádio, com lotação para cinco mil espectadores e em princípio destinada aos adeptos do clube visitante, foi alvo de uma inspecção que levantou reservas, mas não proibiu a entrada dos adeptos «leoninos».

Na altura, Gaspar Nero, responsável pelo parecer final quanto à qualidade dos estádios de futebol, considerou estarem garantidas as condições mínimas de segurança e executou uma «aprovação condicionada». Segundo o relatório que emitiu, o clube teria de proceder a um pacote de alterações no prazo de 15 dias - que hoje expira. Mesmo sem as condições ideais, estava já fora de questão a capacidade da nova estrutura em caso de ser necessário realizar uma evacuação de emergência.

Nas alterações solicitadas, Gaspar Nero incluiu a criação de um novo acesso - o mais importante dos pontos assinalados, a merecer inclusive carácter de urgência -, dado que a bancada dispunha apenas de uma única entrada.

Além disso, o examinador determinou a construção de rampas de acesso em vez de escadas, a implantação dos lavabos numa zona diferente da que estava planeada (para facilitar o acesso ao exterior), e a criação de uma zona de drenagem entre a bancada e o relvado.

Com prazos mais alargados, ficaram a instalação de cadeiras e a numeração dos lugares, tidas como de menor urgência no que respeita à segurança do público.

Até quinta-feira os avanços nas obras resumiam-se aos acabamentos na porta Sul (já existente) e, no interior do estádio, à marcação das zonas de acesso. A porta Norte continuava por concluir, assim como os respectivos acessos.

José Correia, engenheiro responsável pela obra, afirmou «ir fazer o possível para cumprir com o que ficou acordado», uma ideia reforçada por David Santos, presidente da Comissão Administrativa do Farense, para quem «todas as obras ficarão concluídas a tempo do jogo com o Benfica».

Diferendo interno

Mas os problemas não começaram agora. Inicialmente o projecto das obras previa apenas a execução de uma pala. Aquando da sua reconversão em bancada, continuou a ter apenas uma porta para permitir uma máxima rentabilização do espaço no inferior, onde está instalado o supermercado Pingo Doce e futuramente funcionarão diversas lojas (entre elas a agência de viagens de Juan Hidalgo, o empresário espanhol que acordou com o Farense a aquisição da maioria do capital da sociedade desportiva).

Mais do que uma estrutura direccionada para o futebol, a nova bancada do S. Luís é uma cobertura para o supermercado. E de acordo com Gaspar Nero «acaba por não satisfazer quer os utilizadores do supermercado quer os espectadores de futebol que se desloquem ao estádio».

A segurança da nova bancada é apenas mais um dos inúmeros problemas com que o Farense se tem confrontado nos últimos tempos, nomeadamente o fim do prazo para a constituição da sociedade anónima desportiva.

Aparentemente, o que está em causa é o cumprimento de uma decisão da assembleia geral de Julho, na qual os sócios votaram que o aumento do capital da sociedade se fizesse através de um investidor (Juan Hidalgo), que ficaria com a maioria das acções.

A comissão administrativa tenta agora dar o dito por não dito e quer manter o controlo do clube, isto depois do empresário espanhol ter já investido no Farenses cerca de 130 mil contos, garantidos pela hipoteca do passe de três futebolistas.

A polémica veio a público depois de um dos administradores (José Ricardino, responsável pelo departamento de futebol) ter ameaçado demitir-se se o treinador João Alves continuasse em funções. O actual técnico é o representante de Hidalgo no clube e a sua saída seria a ruptura, não só da equipa, mas igualmente da SAD.

A este propósito, João Alves não se pronuncia, mas quando lhe foi pedido para comentar se o jogo com o Benfica estava em causa, respondeu: «Não sei se há jogo, porque não sei se no sábado sou treinador».

A questão da SAD tem de ficar resolvida na próxima semana, uma vez que no próximo dia 30 termina a fase de inscrições de jogadores na Liga.

CONCEIÇÃO BRANCO e PEDRO NEVES

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