Partidos divididos entre aumentar a disciplina e apoiar mais os alunos

15-03-2002
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Partidos Divididos Entre Aumentar a Disciplina e Apoiar Mais Os Alunos

Sexta-feira, 1 de Mar�o de 2002 Esquerda defende que indisciplina se resolve com sociedade mais justa Os professores têm um papel decisivo na educação dos alunos, por isso devem ser "agentes privilegiados para intervir e combater os primeiros sinais de violência escolar". Para que o possam fazer é "necessário que lhes seja devolvida a responsabilidade e autoridade que lhes foram retiradas, atribuindo-lhes uma maior margem de actuação, permitindo-lhes solucionar prontamente pequenos casos". Esta era uma das exigências do CDS/PP há dois anos. A proposta tinha o intuito de simplificar o procedimento disciplinar. Conforme dizem as professoras agredidas com quem o PÚBLICO falou, o hiato entre o momento da agressão e o "castigo" é tão grande que a medida disciplinar perde a efectividade. Na altura os populares viram esta proposta chumbada com toda a esquerda a votar contra. Recentemente, a ideia da devolução da autoridade aos professores foi recuperada pelo parecer sobre indisciplina feito pelo Conselho Nacional da Educação, que recomenda "o reforço da autoridade dos professores". Ainda no mesmo diploma o CDS/PP pedia a criação de um Observatório da Violência nas Escolas que actuasse nos estabelecimentos de ensino mais problemáticos, e a permanência nas escolas de técnicos especializados em psicologia e assistência social. O ano passado, o PSD voltou à Assembleia da República para repetir, com algumas alterações, as propostas do PP: a criação do observatório, equipas especializadas de apoio sócio-pedagógico, consolidação da autoridade do pessoal docente. Sugeriram ainda mais formação para os professores e apoio às vítimas de violência. O documento resumia-se a oito medidas que foram aprovadas por unanimidade e que o Ministério da Educação não cumpriu, acusa David Justino, deputado do PSD. Para o PCP e para o Bloco de Esquerda (BE), não é com medidas repressivas que se resolvem os problemas de indisciplina, mas com medidas de fundo, de intervenção na sociedade e na própria arquitectura das cidades, aponta Francisco Louçã, do BE. Os bloquistas propõem a redução do número de alunos por turma e por escola. Por seu lado, o PCP considera que é com a construção de uma escola pública de qualidade que se combate os problemas de violência. Vinculação dos professores, acompanhamento de natureza psicológica e social aos alunos mais necessitados são as suas propostas, mas são também "mecanismos de remedeio", porque o que é preciso é dar melhores condições de vida aos portugueses, conclui Luísa Mesquita do PCP. Bárbara Wong OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Professores vítimas de incidentes quase triplicaram em três anos

O que é que os docentes podem fazer?

"Não conseguia respirar"

"Dava-lhe uma ficha e ele comia-a"

"Não ouves, minha vaca?"

Partidos divididos entre aumentar a disciplina e apoiar mais os alunos

Partidos Divididos Entre Aumentar a Disciplina e Apoiar Mais Os Alunos

Sexta-feira, 1 de Mar�o de 2002 Esquerda defende que indisciplina se resolve com sociedade mais justa Os professores têm um papel decisivo na educação dos alunos, por isso devem ser "agentes privilegiados para intervir e combater os primeiros sinais de violência escolar". Para que o possam fazer é "necessário que lhes seja devolvida a responsabilidade e autoridade que lhes foram retiradas, atribuindo-lhes uma maior margem de actuação, permitindo-lhes solucionar prontamente pequenos casos". Esta era uma das exigências do CDS/PP há dois anos. A proposta tinha o intuito de simplificar o procedimento disciplinar. Conforme dizem as professoras agredidas com quem o PÚBLICO falou, o hiato entre o momento da agressão e o "castigo" é tão grande que a medida disciplinar perde a efectividade. Na altura os populares viram esta proposta chumbada com toda a esquerda a votar contra. Recentemente, a ideia da devolução da autoridade aos professores foi recuperada pelo parecer sobre indisciplina feito pelo Conselho Nacional da Educação, que recomenda "o reforço da autoridade dos professores". Ainda no mesmo diploma o CDS/PP pedia a criação de um Observatório da Violência nas Escolas que actuasse nos estabelecimentos de ensino mais problemáticos, e a permanência nas escolas de técnicos especializados em psicologia e assistência social. O ano passado, o PSD voltou à Assembleia da República para repetir, com algumas alterações, as propostas do PP: a criação do observatório, equipas especializadas de apoio sócio-pedagógico, consolidação da autoridade do pessoal docente. Sugeriram ainda mais formação para os professores e apoio às vítimas de violência. O documento resumia-se a oito medidas que foram aprovadas por unanimidade e que o Ministério da Educação não cumpriu, acusa David Justino, deputado do PSD. Para o PCP e para o Bloco de Esquerda (BE), não é com medidas repressivas que se resolvem os problemas de indisciplina, mas com medidas de fundo, de intervenção na sociedade e na própria arquitectura das cidades, aponta Francisco Louçã, do BE. Os bloquistas propõem a redução do número de alunos por turma e por escola. Por seu lado, o PCP considera que é com a construção de uma escola pública de qualidade que se combate os problemas de violência. Vinculação dos professores, acompanhamento de natureza psicológica e social aos alunos mais necessitados são as suas propostas, mas são também "mecanismos de remedeio", porque o que é preciso é dar melhores condições de vida aos portugueses, conclui Luísa Mesquita do PCP. Bárbara Wong OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Professores vítimas de incidentes quase triplicaram em três anos

O que é que os docentes podem fazer?

"Não conseguia respirar"

"Dava-lhe uma ficha e ele comia-a"

"Não ouves, minha vaca?"

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