EXPRESSO: País

07-01-2002
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24/11/2001

JORGE CORDEIRO, coordenador autárquico da CDU

«O PS comprou candidatos» João Carlos Santos «Temos uma avaliação muito crítica do Governo. Mas não concebemos estas eleições como primárias para as legislativas» DIRIGENTE pouco conhecido do PCP, Jorge Cordeiro é, desde a morte de Luís Sá, o responsável pelo trabalho autárquico. Pela primeira vez trata do processo eleitoral para as autarquias locais, e está confiante numa recuperação de posições da CDU. DIRIGENTE pouco conhecido do PCP, Jorge Cordeiro é, desde a morte de Luís Sá, o responsável pelo trabalho autárquico. Pela primeira vez trata do processo eleitoral para as autarquias locais, e está confiante numa recuperação de posições da CDU. EXPRESSO — Como vai a relação de forças entre o «voto útil» na CDU e o «voto fácil», no entender da coligação, no PS? JORGE CORDEIRO — O objectivo que temos de crescer e avançar confirma-se como possível e realista. EXP. — Cresceu o número de autarquias em que a CDU apresenta candidatos? J.C. — É semelhante à de 1987 mas talvez tenha um significado acrescido nestas eleições: no continente, somos a força política com maior participação. EXP. — Também é a que participa em menos coligações... J.C. — Não faço um cálculo viciado, não contando com as coligações dos outros. O PS não concorre a quatro municípios do continente porque optou por aproveitar listas de cidadãos eleitores para disfarçar coligações com o PP. O PSD tem também uma ausência num concelho. EXP. — Quando a CDU diz que quer «crescer e avançar» qual é exactamente o objectivo? J.C. — Obter uma votação mais expressiva, procurar que esta traduza um crescimento em mandatos. EXP. — Aumentar o número de câmaras ou admitir perdas e ganhos? J.C. — Não partimos com a ideia de perder municípios. O objectivo é sair com mais municípios, com mais freguesias, com mais mandatos e com mais expressão eleitoral. EXP. — Falando de Lisboa. Carlos Carvalhas pediu aos trabalhadores para aproveitarem as autárquicas para criticar o Governo, o cabeça-de-lista à Assembleia Municipal, João Amaral, entrou quase em ruptura com a direcção do PCP; faz sentido manter a coligação? J.C. — A avaliação que fazemos da coligação, 11 anos depois, é positiva. Não temos ideia que não haja problemas, deficiências e erros a vencer mas não temos nenhuma dúvida que Lisboa conheceu nesta década melhorias da sua qualidade de vida, temos um trabalho realizado que nos parece ser possível e, até justo, prosseguir. EXP. — João Soares já mostrou estar preocupado com o reflexo da situação nacional do PS. Por outro lado, em Lisboa, a direita está separada e a esquerda também... Teria sido melhor arriscar sozinho? J.C. — Naturalmente que temos uma avaliação muito crítica da gestão socialista do Governo. Mas não concebemos estas eleições como primárias para as legislativas e confiamos que, independentemente de se poder reflectir na cidade de Lisboa aspectos de algum descontentamento gerado pelas más opções políticas do Governo, há suficiente base de trabalho conquistada pela obra da coligação para merecer uma avaliação de mérito. EXP. — O exemplo de Lisboa não podia ser seguido? Desde o início que ficou definido que a capital era a única excepção... J.C. — Sim. A criação da coligação em Lisboa tem por trás uma situação excepcional, parte de uma relação de forças significativa e de uma presença eleitoral muito significativa da CDU. Não realizamos coligações com o objectivo de chegar ao poder e ter poder. Pela própria dinâmica da política do PS não parecia que estivessem criadas condições para ir em sentido diverso. EXP. — Como se compagina o apelo do secretário-geral com o facto de estas não serem as primárias das legislativas? J.C. — Poderá haver influências recíprocas entre as eleições mas, no fundo, dizemos às pessoas que contam connosco nos momentos das aflições que nós contamos, ou queremos contar com elas nos momentos das eleições. EXP. — Apostas e riscos. Quais são as apostas a norte do distrito de Santarém, fora do «território natural» da CDU? J.C. — Apostamos numa recuperação expressiva de posições em Câmaras e Assembleias Municipais que perdemos em 1997 ou que não tivemos até agora. Coimbra, Porto, Braga, Guimarães mesmo Viana, Covilhã, são locais onde aspiramos a ter uma evolução da nossa expressão eleitoral traduzida em reforço de posições e de mandatos. Falando em maiorias — em municípios, porque em freguesias temos várias — a Marinha Grande. EXP. — A Sul, há dois casos muito complicados: Aljezur e Salvaterra de Magos. J.C. — Aljezur foi um dos casos — dos vários que houve no país, atingindo os outros que não a CDU — da campanha pouco edificante que o PS desenvolveu no plano nacional de compra de candidatos e presidentes para concorrerem por eles. Desenvolveram-no com muita expressão e intensidade, envolvendo altos responsáveis do Governo e do PS. Tiveram êxito em vários sítios, designadamente com candidaturas do PSD, Belmonte por exemplo. Em Aljezur teve acolhimento por parte da pessoa, creio que sem resultados práticos nenhuns: o Orçamento do Estado dedica 0.5% dos investimentos do Algarve ao concelho. Se havia alguma expectativa de ver se tinha algum efeito o princípio de quem está com o poder come, quem não está cheira, vê-se que não tem. EXP. — E Salvaterra? J.C. — Aconteceu, sobretudo, porque o projecto se estava a afastar de características fundamentais. EXP. — Évora é a situação mais complicada, e Setúbal a maior conquista? J.C. — Neste momento fazemos uma avaliação positiva em relação aos dois concelhos. Confiamos plenamente na possibilidade de manter e reforçar as nossas posições em Évora... EXP. — Não era altura de apresentar uma cara nova? J.C. — São argumentos pouco sérios... Quem os usa relativamente a Évora esquece Mesquita Machado, esquece Álvaro Pedro... EXP. — Setúbal é a maior aposta? J.C. — É uma aposta forte e talvez das que tem mais possibilidades de êxito. EXP. — E as outras? J.C. — Não vou inventariar mas é legítimo trabalhar para recuperar municípios que perdemos quer em 1993 quer em 1997: Alpiarça, Vila Real de Santo António, Azambuja, Amadora e Vila Franca, Montijo. EXP. — E quais são os riscos maiores, além dos que já falámos? J.C. — Pode ser feita uma leitura aritmética dos resultados das últimas eleições... Ganhámos Barrancos por oito votos, Loures por mil votos. EXP. — A aritmética não explica tudo... Se calhar a situação está mais complicada em Sines do que em Loures... J.C. — Era o que ia dizer, não diz tudo. Em alguns concelhos o trabalho realizado dá alguma tranquilidade e confiança. Temos também presente que em 1997 houve um peso indiscutível de factores nacionais. EXP. — Perderam votos em 1997. J.C. — Perdemos 0.2 %, o que quer dizer que o que marca o nosso resultado de 97 não é uma variação da nossa expressão eleitoral mas uma arrumação diferente de votos que possibilitou algumas vitórias do PS. EXP. — A CDU continua a fazer sentido? J.C. — Todo o sentido.

MARIA TERESA OLIVEIRA

Anacoreta desmarca À SEMELHANÇA da entrevista publicada nesta página com o coordenador autárquico do PCP - a que se seguirão, na próxima edição, entrevistas com os responsáveis do PS e do PSD pelos respectivos processos de candidaturas para as próximas eleições -, o EXPRESSO procurou realizar uma entrevista ao secretário-geral (e coordenador autárquico) do CDS/PP. Miguel Anacoreta Correia acedeu a dar a entrevista, que chegou a estar agendada para quarta-feira, às 17 horas, no Largo do Caldas, sede nacional do partido. A entrevista acabou por ser desmarcada pelo próprio, que, após reflexão interna, alegou «falta de disponibilidade» e considerou «o momento inoportuno». Assim sendo, resta recordar os objectivos que o CDS/PP se propõe alcançar nas eleições autárquicas. Os populares elegeram como prioridade aumentar em cerca de 30% o número de autarcas (em 1997 ascendeu aos 2324) - um objectivo que, à partida, não será difícil perante as cerca de 50 coligações firmadas com o PSD em todo o país. Igualar a votação nacional obtida nas últimas legislativas (8,5%) e manter o número de presidências de câmara, ou seja, oito, são os outros dois objectivos do CDS/PP no acto eleitoral de 16 de Dezembro. Esta última tarefa já se avizinha mais complicada. Tanto mais se se tiver em conta que o CDS/PP deixa de poder contar, logo à partida, com as câmaras de Ponte de Lima - em que o actual presidente, Daniel Campelo, volta a concorrer mas numa lista independente - e da Batalha - em que o autarca popular se recandidata pelo PSD. E que as câmaras de S. João da Madeira e de Sever do Vouga também correm o risco de poder mudar de cor e fugir à liderança dos populares. Assim sendo, apenas quatro das actuais câmaras populares parecem de reconquista certa. Apesar de tudo, os populares ainda aspiram a conquistar novos concelhos, nomeadamente Aguiar da Beira, Vila do Rei, Sertã, Bombarral, Calheta, Santa Cruz das Flores, Corvo, Monção e Vilaflor (estas duas últimas em coligação com o PSD). Mas ainda que as mais optimistas expectativas populares se concretizem, o grande desafio será jogado em Lisboa. E, neste caso, que aliás Paulo Portas elegeu como o combate da sua vida, os dirigentes populares aspiram a um resultado entre os 10% e os 12% ambicionando eleger dois vereadores.

SOFIA RAINHO

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1 comentário 1 a 1

25 de Novembro de 2001 às 23:28

Diogo Sotto Mai ( op3706@mail.telepac.pt )

O PS só compra o que está à venda.

Mas na realidade não é disso que se trata. Muitos comunistas viram nos últimos dez anos desaparecer tudo aquilo em que acreditavam e daí tenderem a mudar de partido. Nos antigos países comunistas, quase todos os Partidos Comunistas mudaram para formas diversas de socialismo democrático e, mesmo, social democracia. Issso abrangeu partidos com milhões de militantes. Por isso, não é nada de especial ou invulgar que muitos comunistas portugueses adiram ao socialismo democrático do PS ou à social-democracia como a Zita Seabra.

Repare-se isto, em 1998, a Federação Russa, o centro do ex-Sol da Terra, tinha um PIB per capita de 4 mil dólares. Portugal tinha então um Pib/pessoa de 14 mil e quinhentos dólares, ca. 3,5 vezes mais, sem fabricar armas que entram no Pib, mas não no estômago dos trabalhadores. Qualquer comunista poderá perguntar. Afinal o que fez o PC da URSS em 73 anos para acabar na miséria de 4 mil dólares e na tremenda miséria moral, política e intelectual que foi o fabrico de tantas armas nucleares e outras que não serviram para nada porque depois de 1945 ninguém quis atacar a Rússia ou os países do seu Império Colonial, denominado URSS.

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JORGE CORDEIRO, coordenador autárquico da CDU

«O PS comprou candidatos» João Carlos Santos «Temos uma avaliação muito crítica do Governo. Mas não concebemos estas eleições como primárias para as legislativas» DIRIGENTE pouco conhecido do PCP, Jorge Cordeiro é, desde a morte de Luís Sá, o responsável pelo trabalho autárquico. Pela primeira vez trata do processo eleitoral para as autarquias locais, e está confiante numa recuperação de posições da CDU. DIRIGENTE pouco conhecido do PCP, Jorge Cordeiro é, desde a morte de Luís Sá, o responsável pelo trabalho autárquico. Pela primeira vez trata do processo eleitoral para as autarquias locais, e está confiante numa recuperação de posições da CDU. EXPRESSO — Como vai a relação de forças entre o «voto útil» na CDU e o «voto fácil», no entender da coligação, no PS? JORGE CORDEIRO — O objectivo que temos de crescer e avançar confirma-se como possível e realista. EXP. — Cresceu o número de autarquias em que a CDU apresenta candidatos? J.C. — É semelhante à de 1987 mas talvez tenha um significado acrescido nestas eleições: no continente, somos a força política com maior participação. EXP. — Também é a que participa em menos coligações... J.C. — Não faço um cálculo viciado, não contando com as coligações dos outros. O PS não concorre a quatro municípios do continente porque optou por aproveitar listas de cidadãos eleitores para disfarçar coligações com o PP. O PSD tem também uma ausência num concelho. EXP. — Quando a CDU diz que quer «crescer e avançar» qual é exactamente o objectivo? J.C. — Obter uma votação mais expressiva, procurar que esta traduza um crescimento em mandatos. EXP. — Aumentar o número de câmaras ou admitir perdas e ganhos? J.C. — Não partimos com a ideia de perder municípios. O objectivo é sair com mais municípios, com mais freguesias, com mais mandatos e com mais expressão eleitoral. EXP. — Falando de Lisboa. Carlos Carvalhas pediu aos trabalhadores para aproveitarem as autárquicas para criticar o Governo, o cabeça-de-lista à Assembleia Municipal, João Amaral, entrou quase em ruptura com a direcção do PCP; faz sentido manter a coligação? J.C. — A avaliação que fazemos da coligação, 11 anos depois, é positiva. Não temos ideia que não haja problemas, deficiências e erros a vencer mas não temos nenhuma dúvida que Lisboa conheceu nesta década melhorias da sua qualidade de vida, temos um trabalho realizado que nos parece ser possível e, até justo, prosseguir. EXP. — João Soares já mostrou estar preocupado com o reflexo da situação nacional do PS. Por outro lado, em Lisboa, a direita está separada e a esquerda também... Teria sido melhor arriscar sozinho? J.C. — Naturalmente que temos uma avaliação muito crítica da gestão socialista do Governo. Mas não concebemos estas eleições como primárias para as legislativas e confiamos que, independentemente de se poder reflectir na cidade de Lisboa aspectos de algum descontentamento gerado pelas más opções políticas do Governo, há suficiente base de trabalho conquistada pela obra da coligação para merecer uma avaliação de mérito. EXP. — O exemplo de Lisboa não podia ser seguido? Desde o início que ficou definido que a capital era a única excepção... J.C. — Sim. A criação da coligação em Lisboa tem por trás uma situação excepcional, parte de uma relação de forças significativa e de uma presença eleitoral muito significativa da CDU. Não realizamos coligações com o objectivo de chegar ao poder e ter poder. Pela própria dinâmica da política do PS não parecia que estivessem criadas condições para ir em sentido diverso. EXP. — Como se compagina o apelo do secretário-geral com o facto de estas não serem as primárias das legislativas? J.C. — Poderá haver influências recíprocas entre as eleições mas, no fundo, dizemos às pessoas que contam connosco nos momentos das aflições que nós contamos, ou queremos contar com elas nos momentos das eleições. EXP. — Apostas e riscos. Quais são as apostas a norte do distrito de Santarém, fora do «território natural» da CDU? J.C. — Apostamos numa recuperação expressiva de posições em Câmaras e Assembleias Municipais que perdemos em 1997 ou que não tivemos até agora. Coimbra, Porto, Braga, Guimarães mesmo Viana, Covilhã, são locais onde aspiramos a ter uma evolução da nossa expressão eleitoral traduzida em reforço de posições e de mandatos. Falando em maiorias — em municípios, porque em freguesias temos várias — a Marinha Grande. EXP. — A Sul, há dois casos muito complicados: Aljezur e Salvaterra de Magos. J.C. — Aljezur foi um dos casos — dos vários que houve no país, atingindo os outros que não a CDU — da campanha pouco edificante que o PS desenvolveu no plano nacional de compra de candidatos e presidentes para concorrerem por eles. Desenvolveram-no com muita expressão e intensidade, envolvendo altos responsáveis do Governo e do PS. Tiveram êxito em vários sítios, designadamente com candidaturas do PSD, Belmonte por exemplo. Em Aljezur teve acolhimento por parte da pessoa, creio que sem resultados práticos nenhuns: o Orçamento do Estado dedica 0.5% dos investimentos do Algarve ao concelho. Se havia alguma expectativa de ver se tinha algum efeito o princípio de quem está com o poder come, quem não está cheira, vê-se que não tem. EXP. — E Salvaterra? J.C. — Aconteceu, sobretudo, porque o projecto se estava a afastar de características fundamentais. EXP. — Évora é a situação mais complicada, e Setúbal a maior conquista? J.C. — Neste momento fazemos uma avaliação positiva em relação aos dois concelhos. Confiamos plenamente na possibilidade de manter e reforçar as nossas posições em Évora... EXP. — Não era altura de apresentar uma cara nova? J.C. — São argumentos pouco sérios... Quem os usa relativamente a Évora esquece Mesquita Machado, esquece Álvaro Pedro... EXP. — Setúbal é a maior aposta? J.C. — É uma aposta forte e talvez das que tem mais possibilidades de êxito. EXP. — E as outras? J.C. — Não vou inventariar mas é legítimo trabalhar para recuperar municípios que perdemos quer em 1993 quer em 1997: Alpiarça, Vila Real de Santo António, Azambuja, Amadora e Vila Franca, Montijo. EXP. — E quais são os riscos maiores, além dos que já falámos? J.C. — Pode ser feita uma leitura aritmética dos resultados das últimas eleições... Ganhámos Barrancos por oito votos, Loures por mil votos. EXP. — A aritmética não explica tudo... Se calhar a situação está mais complicada em Sines do que em Loures... J.C. — Era o que ia dizer, não diz tudo. Em alguns concelhos o trabalho realizado dá alguma tranquilidade e confiança. Temos também presente que em 1997 houve um peso indiscutível de factores nacionais. EXP. — Perderam votos em 1997. J.C. — Perdemos 0.2 %, o que quer dizer que o que marca o nosso resultado de 97 não é uma variação da nossa expressão eleitoral mas uma arrumação diferente de votos que possibilitou algumas vitórias do PS. EXP. — A CDU continua a fazer sentido? J.C. — Todo o sentido.

MARIA TERESA OLIVEIRA

Anacoreta desmarca À SEMELHANÇA da entrevista publicada nesta página com o coordenador autárquico do PCP - a que se seguirão, na próxima edição, entrevistas com os responsáveis do PS e do PSD pelos respectivos processos de candidaturas para as próximas eleições -, o EXPRESSO procurou realizar uma entrevista ao secretário-geral (e coordenador autárquico) do CDS/PP. Miguel Anacoreta Correia acedeu a dar a entrevista, que chegou a estar agendada para quarta-feira, às 17 horas, no Largo do Caldas, sede nacional do partido. A entrevista acabou por ser desmarcada pelo próprio, que, após reflexão interna, alegou «falta de disponibilidade» e considerou «o momento inoportuno». Assim sendo, resta recordar os objectivos que o CDS/PP se propõe alcançar nas eleições autárquicas. Os populares elegeram como prioridade aumentar em cerca de 30% o número de autarcas (em 1997 ascendeu aos 2324) - um objectivo que, à partida, não será difícil perante as cerca de 50 coligações firmadas com o PSD em todo o país. Igualar a votação nacional obtida nas últimas legislativas (8,5%) e manter o número de presidências de câmara, ou seja, oito, são os outros dois objectivos do CDS/PP no acto eleitoral de 16 de Dezembro. Esta última tarefa já se avizinha mais complicada. Tanto mais se se tiver em conta que o CDS/PP deixa de poder contar, logo à partida, com as câmaras de Ponte de Lima - em que o actual presidente, Daniel Campelo, volta a concorrer mas numa lista independente - e da Batalha - em que o autarca popular se recandidata pelo PSD. E que as câmaras de S. João da Madeira e de Sever do Vouga também correm o risco de poder mudar de cor e fugir à liderança dos populares. Assim sendo, apenas quatro das actuais câmaras populares parecem de reconquista certa. Apesar de tudo, os populares ainda aspiram a conquistar novos concelhos, nomeadamente Aguiar da Beira, Vila do Rei, Sertã, Bombarral, Calheta, Santa Cruz das Flores, Corvo, Monção e Vilaflor (estas duas últimas em coligação com o PSD). Mas ainda que as mais optimistas expectativas populares se concretizem, o grande desafio será jogado em Lisboa. E, neste caso, que aliás Paulo Portas elegeu como o combate da sua vida, os dirigentes populares aspiram a um resultado entre os 10% e os 12% ambicionando eleger dois vereadores.

SOFIA RAINHO

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25 de Novembro de 2001 às 23:28

Diogo Sotto Mai ( op3706@mail.telepac.pt )

O PS só compra o que está à venda.

Mas na realidade não é disso que se trata. Muitos comunistas viram nos últimos dez anos desaparecer tudo aquilo em que acreditavam e daí tenderem a mudar de partido. Nos antigos países comunistas, quase todos os Partidos Comunistas mudaram para formas diversas de socialismo democrático e, mesmo, social democracia. Issso abrangeu partidos com milhões de militantes. Por isso, não é nada de especial ou invulgar que muitos comunistas portugueses adiram ao socialismo democrático do PS ou à social-democracia como a Zita Seabra.

Repare-se isto, em 1998, a Federação Russa, o centro do ex-Sol da Terra, tinha um PIB per capita de 4 mil dólares. Portugal tinha então um Pib/pessoa de 14 mil e quinhentos dólares, ca. 3,5 vezes mais, sem fabricar armas que entram no Pib, mas não no estômago dos trabalhadores. Qualquer comunista poderá perguntar. Afinal o que fez o PC da URSS em 73 anos para acabar na miséria de 4 mil dólares e na tremenda miséria moral, política e intelectual que foi o fabrico de tantas armas nucleares e outras que não serviram para nada porque depois de 1945 ninguém quis atacar a Rússia ou os países do seu Império Colonial, denominado URSS.

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