Caso Campelo pode repetir-se em véspera de autárquicas

29-11-2000
marcar artigo

Caso Campelo Pode Repetir-se em Véspera de Autárquicas

Quarta-feira, 29 de Novembro de 2000 A forma como o Orçamento do Estado para 2001 foi aprovado - através de um acordo com um único deputado, neste caso Daniel Campelo, do CDS-PP, e não com um partido ou um grupo parlamentar - tem fortes probabilidades de se repetir nos próximos anos e, sobretudo, em 2001 em que o OE para 2002 será discutido um ou dois meses antes das eleições autárquicas. Esta é, pelo menos, a convicção dos líderes da oposição e o presidente da bancada socialista, Francisco Assis, vai até mais longe: embora diga que esta não é a melhor forma de aprovar um Orçamento, considera que o Governo deve voltar a actuar como este ano. "Foi a forma possível. Não é o modelo desejado de aprovação de um Orçamento", disse Assis ao PÚBLICO, acrescentando que "é sempre mais desejável que o Orçamento do Estado seja o resultado de um acordo com um ou mais partidos". Contudo, se este ano assim não foi, a culpa, segundo o líder parlamentar socialista, não é do Governo, que demonstrou sempre "abertura para dialogar", mas sim dos partidos da oposição, que "não quiseram dialogar". Por isso, conclui, "O Governo deve repetir no próximo ano a forma como se comportou este ano." Se para Assis uma repetição do caso Campelo depende da oposição, já para Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda, "depende do Governo e do PS". Para já, este deputado avisa o Governo de que ainda irá ver se no futuro "o barato não sai caro" e que, em próximas negociações orçamentais, terá "à partida a desconfiança da esquerda". Também o presidente do PSD, Durão Barroso, coloca do lado do Governo a responsabilidade por uma repetição da forma como este OE é aprovado. "Depende do comportamento do Governo e de qualquer outro deputado", diz Durão, para quem "é estranho o Presidente da República não se pronunciar sobre esta questão". O presidente social-democrata pensa que este é um caso relacionado com "a filosofia e a ética do sistema político e a deontologia do sistema democrático", pelo que deveria merecer a atenção do PR, Jorge Sampaio. Quem já falou com Sampaio sobre este assunto foi o líder do CDS-PP, Paulo Portas, que pediu uma audiência ao PR logo no dia em que Daniel Campelo anunciou que iria viabilizar o OE. Contudo, Portas acabou por não ver o seu deputado condenado publicamente e aquilo que mais o preocupa é mesmo uma certa absolvição dos protagonistas deste negócio, o que poderá criar ainda mais condições para uma repetição de um caso que acabou por dominar a discussão orçamental deste ano. Em 2002, com o OE a ser discutido em vésperas de eleições autárquicas, o líder do CDS-PP considera mesmo que pode haver um "PIDDAC ao domicílio". Ou seja, não faltarão deputados-autarcas que se candidatem para uma aprovação do OE desde que o Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central contemple com mais uns milhares o seu município ou o seu distrito. Durão Barroso lembra, por outro lado, que "o feitiço pode virar-se contra o Governo", pois também o PS tem deputados que são autarcas e que podem ameaçar não aprovar o OE se não forem atendidas as suas reinvidicações. Já pela parte do PCP, o líder parlamentar, Octávio Teixeira, limita-se a manifestar um desejo: "Espero, sinceramente, na perspectiva da credibilidade do regime democrático, que o incidente deste ano não se volte a repetir." E.L. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE "É tão bom ter maioria absoluta"

Caso Campelo pode repetir-se em véspera de autárquicas

Alterações aprovadas ao OE

Governo pode chegar aos quatro por cento

Caso Campelo Pode Repetir-se em Véspera de Autárquicas

Quarta-feira, 29 de Novembro de 2000 A forma como o Orçamento do Estado para 2001 foi aprovado - através de um acordo com um único deputado, neste caso Daniel Campelo, do CDS-PP, e não com um partido ou um grupo parlamentar - tem fortes probabilidades de se repetir nos próximos anos e, sobretudo, em 2001 em que o OE para 2002 será discutido um ou dois meses antes das eleições autárquicas. Esta é, pelo menos, a convicção dos líderes da oposição e o presidente da bancada socialista, Francisco Assis, vai até mais longe: embora diga que esta não é a melhor forma de aprovar um Orçamento, considera que o Governo deve voltar a actuar como este ano. "Foi a forma possível. Não é o modelo desejado de aprovação de um Orçamento", disse Assis ao PÚBLICO, acrescentando que "é sempre mais desejável que o Orçamento do Estado seja o resultado de um acordo com um ou mais partidos". Contudo, se este ano assim não foi, a culpa, segundo o líder parlamentar socialista, não é do Governo, que demonstrou sempre "abertura para dialogar", mas sim dos partidos da oposição, que "não quiseram dialogar". Por isso, conclui, "O Governo deve repetir no próximo ano a forma como se comportou este ano." Se para Assis uma repetição do caso Campelo depende da oposição, já para Luís Fazenda, do Bloco de Esquerda, "depende do Governo e do PS". Para já, este deputado avisa o Governo de que ainda irá ver se no futuro "o barato não sai caro" e que, em próximas negociações orçamentais, terá "à partida a desconfiança da esquerda". Também o presidente do PSD, Durão Barroso, coloca do lado do Governo a responsabilidade por uma repetição da forma como este OE é aprovado. "Depende do comportamento do Governo e de qualquer outro deputado", diz Durão, para quem "é estranho o Presidente da República não se pronunciar sobre esta questão". O presidente social-democrata pensa que este é um caso relacionado com "a filosofia e a ética do sistema político e a deontologia do sistema democrático", pelo que deveria merecer a atenção do PR, Jorge Sampaio. Quem já falou com Sampaio sobre este assunto foi o líder do CDS-PP, Paulo Portas, que pediu uma audiência ao PR logo no dia em que Daniel Campelo anunciou que iria viabilizar o OE. Contudo, Portas acabou por não ver o seu deputado condenado publicamente e aquilo que mais o preocupa é mesmo uma certa absolvição dos protagonistas deste negócio, o que poderá criar ainda mais condições para uma repetição de um caso que acabou por dominar a discussão orçamental deste ano. Em 2002, com o OE a ser discutido em vésperas de eleições autárquicas, o líder do CDS-PP considera mesmo que pode haver um "PIDDAC ao domicílio". Ou seja, não faltarão deputados-autarcas que se candidatem para uma aprovação do OE desde que o Plano de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central contemple com mais uns milhares o seu município ou o seu distrito. Durão Barroso lembra, por outro lado, que "o feitiço pode virar-se contra o Governo", pois também o PS tem deputados que são autarcas e que podem ameaçar não aprovar o OE se não forem atendidas as suas reinvidicações. Já pela parte do PCP, o líder parlamentar, Octávio Teixeira, limita-se a manifestar um desejo: "Espero, sinceramente, na perspectiva da credibilidade do regime democrático, que o incidente deste ano não se volte a repetir." E.L. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE "É tão bom ter maioria absoluta"

Caso Campelo pode repetir-se em véspera de autárquicas

Alterações aprovadas ao OE

Governo pode chegar aos quatro por cento

marcar artigo