A multiplicação das marcas

04-01-2001
marcar artigo

Manuel Vinhas, Miguel e Francisco Carvalho da Silva, administradores da Portugália, querem abrir cervejarias em Espanha e no Brasil

«É gratificante ver um cliente fiel da Ajuda, como o dr. Mário Soares, continuar a comer aqui as suas migas», afirma o proprietário, recordando que quando decidiu abrir um segundo Nobre teve de enfrentar o cepticismo da sua ciosa clientela. «Diziam-me que não ia fazer nada de jeito».

O risco de esboroar a prestigiada marca não deixava de ser elevado. «Quando abriu a Expo fiquei apavorado, com medo que o nosso nome se estragasse», confessa José Nobre. Afinal, o luminoso espaço do Parque das Nações acabou por cativar muitos «habitués». «Há clientes que preferem este restaurante, que permite almoçar na esplanada mesmo no Inverno».

Hoje, a marca Nobre estende-se a oito restaurantes, desdobrando-se em conceitos como Nobre Café e Nobre Buffet (nas Torres de Lisboa e centro Vasco da Gama), além do Marina Tapas, por baixo do Nobre do Parque das Nações, e da Doca do Espanhol, nas Docas. «Vamos ter 'take away' e 'catering' no Nobre Café das Torres de Lisboa», anunciam os proprietários, referindo que os novos espaços atraíram outras franjas de público, designadamente «empresários mais jovens e que têm menos tempo para comer».

José e Justa Nobre, donos do Nobre, preocupam-se com a erosão do nome

«Nunca pensámos em expandir tanto», reconhece. «Temos sido de alguma forma 'empurrados' para estas situações. Primeiro com a Expo, que foi uma oportunidade muito boa que nos levou a aceitar novos desafios».

A necessidade de efectuar obras no restaurante da Ajuda levou ao seu fecho temporário. Para José Nobre, aquela será sempre a «jóia da coroa» da sua colecção de restaurantes.

«Quando o Nobre da Ajuda reabrir será um restaurante com muita classe, referenciado em Portugal e no mundo», promete o eterno peregrino da arte da boa mesa. «Ainda não atingi a perfeição. Quero ver se consigo com o Nobre da Ajuda».

Rede de cervejarias

Como o Nobre, também a Portugália optou pela estratégia de multiplicar a marca, apesar das origens estarem a anos-luz do conceito de cadeia. A história da cervejaria remonta a 1912, com a construção na av. Almirante Reis da Fábrica de Cervejas Germânica - que passou a designar-se Portugália em 1916, quando a Alemanha declarou guerra a Portugal. Em 1925, era aberta a cervejaria junto à fábrica.

Em 1998, a cervejaria decidiu enveredar por um ambicioso programa de expansão, tendo investido dois milhões de contos na abertura de novas unidades. A Portugália, que hoje detém nove restaurantes, já está a ver frutos da sua nova estratégia: no ano passado os negócios cresceram 60%, com as vendas a atingirem 3,5 milhões de contos.

A expansão não vai ficar por aqui. «Achamos que o país pode ter 25 Portugálias», considera o administrador Francisco Carvalho Martins. Para este ano prevê-se a abertura de mais duas unidades, o que se deverá traduzir num crescimento de 40% do negócio (calculado em 5 milhões de contos), estando outras quatro já agendadas para 2001.

O passo seguinte é a internacionalização. Vão ser realizados estudos de mercado no Brasil que irão determinar o plano de expansão para aquele país em 2001 ou 2002. Espanha, Newark (EUA) ou Maputo (Moçambique), também, estão na mira da Portugália. Segundo o administrador, os alvos são «o mercado dos emigrantes ou dos PALOP, cujos hábitos alimentares facilmente aceitam o conceito».

Francisco Carvalho Martins evidencia o sucesso do alargamento do conceito tradicional a espaços como centros comerciais ou a marina de Cascais. «Fizemos um trabalho de adaptação de um restaurante com esta antiguidade aos novos locais, desde o logotipo da marca à diversificação da ementa», sublinha. «Os estudos de mercado revelavam que os portugueses queriam o conceito em mais sítios. Quando abrimos no Colombo é que percebemos como o mercado estava ávido de Portugálias».

A Portugália, que também detém a Brasserie de L'Éntrecôte, quer lançar uma terceira cadeia de restaurantes de «comida portuguesa», cuja primeira unidade abrirá até meados do próximo ano. Francisco Carvalho Martins não duvida que a tradicional cervejaria lisboeta ficaria irremediavelmente condenada sem esta «aposta estratégica da Portugália no negócio da restauração».

CONCEIÇÃO ANTUNES

Manuel Vinhas, Miguel e Francisco Carvalho da Silva, administradores da Portugália, querem abrir cervejarias em Espanha e no Brasil

«É gratificante ver um cliente fiel da Ajuda, como o dr. Mário Soares, continuar a comer aqui as suas migas», afirma o proprietário, recordando que quando decidiu abrir um segundo Nobre teve de enfrentar o cepticismo da sua ciosa clientela. «Diziam-me que não ia fazer nada de jeito».

O risco de esboroar a prestigiada marca não deixava de ser elevado. «Quando abriu a Expo fiquei apavorado, com medo que o nosso nome se estragasse», confessa José Nobre. Afinal, o luminoso espaço do Parque das Nações acabou por cativar muitos «habitués». «Há clientes que preferem este restaurante, que permite almoçar na esplanada mesmo no Inverno».

Hoje, a marca Nobre estende-se a oito restaurantes, desdobrando-se em conceitos como Nobre Café e Nobre Buffet (nas Torres de Lisboa e centro Vasco da Gama), além do Marina Tapas, por baixo do Nobre do Parque das Nações, e da Doca do Espanhol, nas Docas. «Vamos ter 'take away' e 'catering' no Nobre Café das Torres de Lisboa», anunciam os proprietários, referindo que os novos espaços atraíram outras franjas de público, designadamente «empresários mais jovens e que têm menos tempo para comer».

José e Justa Nobre, donos do Nobre, preocupam-se com a erosão do nome

«Nunca pensámos em expandir tanto», reconhece. «Temos sido de alguma forma 'empurrados' para estas situações. Primeiro com a Expo, que foi uma oportunidade muito boa que nos levou a aceitar novos desafios».

A necessidade de efectuar obras no restaurante da Ajuda levou ao seu fecho temporário. Para José Nobre, aquela será sempre a «jóia da coroa» da sua colecção de restaurantes.

«Quando o Nobre da Ajuda reabrir será um restaurante com muita classe, referenciado em Portugal e no mundo», promete o eterno peregrino da arte da boa mesa. «Ainda não atingi a perfeição. Quero ver se consigo com o Nobre da Ajuda».

Rede de cervejarias

Como o Nobre, também a Portugália optou pela estratégia de multiplicar a marca, apesar das origens estarem a anos-luz do conceito de cadeia. A história da cervejaria remonta a 1912, com a construção na av. Almirante Reis da Fábrica de Cervejas Germânica - que passou a designar-se Portugália em 1916, quando a Alemanha declarou guerra a Portugal. Em 1925, era aberta a cervejaria junto à fábrica.

Em 1998, a cervejaria decidiu enveredar por um ambicioso programa de expansão, tendo investido dois milhões de contos na abertura de novas unidades. A Portugália, que hoje detém nove restaurantes, já está a ver frutos da sua nova estratégia: no ano passado os negócios cresceram 60%, com as vendas a atingirem 3,5 milhões de contos.

A expansão não vai ficar por aqui. «Achamos que o país pode ter 25 Portugálias», considera o administrador Francisco Carvalho Martins. Para este ano prevê-se a abertura de mais duas unidades, o que se deverá traduzir num crescimento de 40% do negócio (calculado em 5 milhões de contos), estando outras quatro já agendadas para 2001.

O passo seguinte é a internacionalização. Vão ser realizados estudos de mercado no Brasil que irão determinar o plano de expansão para aquele país em 2001 ou 2002. Espanha, Newark (EUA) ou Maputo (Moçambique), também, estão na mira da Portugália. Segundo o administrador, os alvos são «o mercado dos emigrantes ou dos PALOP, cujos hábitos alimentares facilmente aceitam o conceito».

Francisco Carvalho Martins evidencia o sucesso do alargamento do conceito tradicional a espaços como centros comerciais ou a marina de Cascais. «Fizemos um trabalho de adaptação de um restaurante com esta antiguidade aos novos locais, desde o logotipo da marca à diversificação da ementa», sublinha. «Os estudos de mercado revelavam que os portugueses queriam o conceito em mais sítios. Quando abrimos no Colombo é que percebemos como o mercado estava ávido de Portugálias».

A Portugália, que também detém a Brasserie de L'Éntrecôte, quer lançar uma terceira cadeia de restaurantes de «comida portuguesa», cuja primeira unidade abrirá até meados do próximo ano. Francisco Carvalho Martins não duvida que a tradicional cervejaria lisboeta ficaria irremediavelmente condenada sem esta «aposta estratégica da Portugália no negócio da restauração».

CONCEIÇÃO ANTUNES

marcar artigo