Técnicos discutiram reforma da saúde

17-07-2001
marcar artigo

Técnicos Discutiram Reforma da Saúde

Por PAULA TORRES DE CARVALHO

Sexta, 29 de Junho de 2001

Debate centrou-se em torno da questão da gestão, privada ou pública, mas os políticos faltaram ao encontro

Como assegurar a melhor qualidade na prestação de cuidados de saúde? Através de um sistema público ou privado? Complementarizando ou competindo? A questão esteve no centro do debate no seminário sobre a Reforma para a Saúde em Portugal, que decorreu, ontem, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com a presença de representantes das Ordens e de diversas associações profissionais.

A discussão sobre a nova Lei de Bases da Saúde, tema de um dos painéis, e para a qual estava prevista a presença de representantes dos grupos parlamentares, foi cancelada à última hora, devido ao debate sobre o Estado da Nação que ocupou, ontem, os trabalhos do Parlamento.

Pronunciando-se a favor do sistema público, Ana Aleixo, presidente do hospital São Francisco Xavier, referiu a emergência de novas realidades que vão implicar mudanças na política de saúde, como o aumento da população idosa (que vai duplicar no século XXI) e do número de imigrantes que exigem a reorganização dos cuidados de saúde primários e da medicina familiar.

Neste contexto, "a prevenção deve ter primazia", diz Ana Aleixo, que frisa que esta "não está contemplada na privatização".

Realçando o facto de a medicina privada praticada em Portugal ser a "mais cara da Europa", a responsável do hospital São Francisco Xavier notou "não estar provado" que o sistema privado de saúde constitua uma boa solução para resolver os problemas do sector. "Tem de haver um sistema misto", defendeu.

Diferente perspectiva foi apresentada por José Carlos Martins, presidente do Conselho de Administração do novo hospital CUF Descobertas, que deverá abrir as portas ao público no próximo mês. Na sua opinião, competitividade é sinónimo de qualidade. O sistema deve ter uma natureza mista, com componentes públicas e privadas funcionando numa competição regulada e gerida segundo as normas. Um sistema que permita uma maior liberdade de escolha e uma gestão competitiva e captadora de doentes.

Para José Carlos Martins, apenas por meio de um mecanismo competitivo do tipo mercado pode haver aumento de eficiência no sector público.

"As Ordens Profissionais e o Serviço Nacional de Saúde" e "As Associações e o Serviço Nacional de Saúde" foram temas dos outros painéis, que, moderados por Eduardo Barroso, contaram com a intervenção dos bastonários das Ordens dos Médicos e dos Farmacêuticos, bem como dos presidentes da Associação Nacional de Farmácias e da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica.

Na sua comunicação, João Cordeiro, presidente a Associação Nacional de Farmácias, considerou que o problema da crise da saúde não é "de falta de recursos financeiros, humanos ou técnicos", mas "essencialmente, de natureza organizacional e política". Referindo-se concretamente ao aumento das dívidas às farmácias, João Cordeiro denunciou a existência de um "lobby", formado pelo "aparelho administrativo da saúde, constituído por 115 mil funcionários e um orçamento de mil milhões de contos anuais".

Técnicos Discutiram Reforma da Saúde

Por PAULA TORRES DE CARVALHO

Sexta, 29 de Junho de 2001

Debate centrou-se em torno da questão da gestão, privada ou pública, mas os políticos faltaram ao encontro

Como assegurar a melhor qualidade na prestação de cuidados de saúde? Através de um sistema público ou privado? Complementarizando ou competindo? A questão esteve no centro do debate no seminário sobre a Reforma para a Saúde em Portugal, que decorreu, ontem, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com a presença de representantes das Ordens e de diversas associações profissionais.

A discussão sobre a nova Lei de Bases da Saúde, tema de um dos painéis, e para a qual estava prevista a presença de representantes dos grupos parlamentares, foi cancelada à última hora, devido ao debate sobre o Estado da Nação que ocupou, ontem, os trabalhos do Parlamento.

Pronunciando-se a favor do sistema público, Ana Aleixo, presidente do hospital São Francisco Xavier, referiu a emergência de novas realidades que vão implicar mudanças na política de saúde, como o aumento da população idosa (que vai duplicar no século XXI) e do número de imigrantes que exigem a reorganização dos cuidados de saúde primários e da medicina familiar.

Neste contexto, "a prevenção deve ter primazia", diz Ana Aleixo, que frisa que esta "não está contemplada na privatização".

Realçando o facto de a medicina privada praticada em Portugal ser a "mais cara da Europa", a responsável do hospital São Francisco Xavier notou "não estar provado" que o sistema privado de saúde constitua uma boa solução para resolver os problemas do sector. "Tem de haver um sistema misto", defendeu.

Diferente perspectiva foi apresentada por José Carlos Martins, presidente do Conselho de Administração do novo hospital CUF Descobertas, que deverá abrir as portas ao público no próximo mês. Na sua opinião, competitividade é sinónimo de qualidade. O sistema deve ter uma natureza mista, com componentes públicas e privadas funcionando numa competição regulada e gerida segundo as normas. Um sistema que permita uma maior liberdade de escolha e uma gestão competitiva e captadora de doentes.

Para José Carlos Martins, apenas por meio de um mecanismo competitivo do tipo mercado pode haver aumento de eficiência no sector público.

"As Ordens Profissionais e o Serviço Nacional de Saúde" e "As Associações e o Serviço Nacional de Saúde" foram temas dos outros painéis, que, moderados por Eduardo Barroso, contaram com a intervenção dos bastonários das Ordens dos Médicos e dos Farmacêuticos, bem como dos presidentes da Associação Nacional de Farmácias e da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica.

Na sua comunicação, João Cordeiro, presidente a Associação Nacional de Farmácias, considerou que o problema da crise da saúde não é "de falta de recursos financeiros, humanos ou técnicos", mas "essencialmente, de natureza organizacional e política". Referindo-se concretamente ao aumento das dívidas às farmácias, João Cordeiro denunciou a existência de um "lobby", formado pelo "aparelho administrativo da saúde, constituído por 115 mil funcionários e um orçamento de mil milhões de contos anuais".

marcar artigo