Emigrantes portugueses acusam RTPi de falta de qualidade

10-07-2001
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Emigrantes Portugueses Acusam RTPi de Falta de Qualidade

Por MARIA LOPES

Segunda-feira, 28 de Maio de 2001 Programação à base de "enlatados" Responsáveis do canal público desculpam-se com a falta de verbas para produzir ou comprar séries portuguesas, como algumas da TVI Falta de informação sobre as actividades das comunidades emigrantes, ausência de debates de política nacional e de documentários de índole cultural, produção derivada de "enlatados" e futebol a mais. As críticas são das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo que recebem as emissões da RTPinternacional. Chegaram aos ouvidos dos deputados eleitos pelos círculos da emigração, que por sua vez as passaram à Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros, Comunidades Portuguesas e Cooperação. Esta foi pedir explicações aos responsáveis da RTP. De acordo com João Carlos Silva, presidente do Conselho de Administração da estação pública, a justificação é simples: o orçamento da RTPi, apesar de ter aumentado continuamente nos últimos anos, é escasso. Em 1998, o orçamento para programação foi de 218 mil contos, tendo subido no ano seguinte para 611 mil e em 2000 para os 728 mil. Para o corrente ano a RTPi dispõe de 883 mil contos. Mas só as transmissões de futebol, por exemplo, chegam a custar várias dezenas de milhares de contos por jogo. Hoje, a RTP, através da RTPi e da RTP África, chega a cerca de 15 milhões de lares, gratuitamente. Cerca de 75 por cento da programação emitida por estes dois canais provém da RTP1, RTP2 e dos emissores da Madeira e dos Açores, sendo o restante de produção própria. Nos blocos noticiosos, por exemplo, os canais internacionais produzem "acrescentos" que desdobram os temas, simplificando a informação, pois os que estão longe nem sempre acompanham diariamente o que se passa no país. Para os deputados, a justificação da falta de verba não foi suficiente. Basílio Horta (CDS-PP) apontou a falta de debates políticos - "que não custam dinheiro" -, e de informação, enquanto Manuela Aguiar (PSD) criticou o facto de a RTPi não ter conteúdos específicos para a emigração, seja sobre legislação ou mesmo acerca das actividades de cada comunidade. A deputada aproveitou ainda para dizer que o conselho consultivo da RTPi não funciona, pois se isso acontecesse a emissora conheceria bem melhor a opinião dos telespectadores. E lembrou que a RTPi poderia copiar a estratégia da RDP Internacional, que emite em colaboração com estações locais. Na sua intervenção, o deputado socialista Carlos Luís lembrou que "os correspondentes, com a excepção de Noé Monteiro, só fazem trabalho sobre as comunidades quando há uma catástrofe". No resto do tempo, quem está em França, por exemplo, não sabe o que se passa com os portugueses de Newark. RTPi tentou comprar novelas da TVI Para poder emitir mais produção nacional no canal internacional, a RTP afirma ter "disponibilidade total" para fazer acordos com a SIC e a TVI. Já fez até tentativas nesse sentido, mas os resultados acabaram por ser praticamente nulos. "A SIC tem a sua própria estratégia de internacionalização, por isso não está interessada, e a TVI pede valores pelos direitos de transmissão que não podemos despender", explica João Carlos Silva, acrescentando que a RTP tentou comprar à TVI os direitos de transmissão das séries Jardins Proibidos e Todo o Tempo do Mundo, e que, se fosse possível, gostaria de poder oferecer aos emigrantes a actual novela da emissora de Queluz, Olhos de Água. As parcerias com a TVI têm-se restringido às transmissões de jogos de futebol. Visando a promoção da língua e do ensino do português, a RTPi está já a emitir o programa Entre Nós, de documentários e entrevistas, fruto de um protocolo com a Universidade Aberta. Na forja - e na sequência de uma associação da emissora com a Fundação Gulbenkian e o Ministério da Educação - está também a produção de Língua Viva, uma espécie de telenovela que no fim de cada episódio tem uma lição de língua portuguesa. "É preciso ter consciência de que se a programação se torna muito erudita, as pessoas afastam-se. Temos que ter uma programação popular e por isso é que temos muito futebol. Porque as pessoas pedem e, se não há futebol, reclamam", justificou João Carlos Silva. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Emigrantes portugueses acusam RTPi de falta de qualidade

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