Comité central discutiu sanções a renovadores

09-02-2002
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Comité Central Discutiu Sanções a Renovadores

Por HELENA PEREIRA

Segunda-feira, 21 de Janeiro de 2002

Jerónimo de Sousa na linha da frente

Carlos Luís Figueira foi um dos dirigentes que votou contra o comunicado final. Renovadores não desistem de novo congresso depois das legislativas

O comité central do PCP discutiu a aplicação de sanções a alguns dos subscritores do abaixo-assinado que pedia a realização de um congresso extraordinário. Jerónimo de Sousa e Domingos Abrantes foram dois dos dirigentes que protagonizaram o ataque aos responsáveis pelo documento, com o argumento de que são necessárias medidas enérgicas, pois estes infrigiram os estatutos e estão a prejudicar o partido. O facto de vários destes militantes terem feito declarações públicas sobre o PCP, através da comunicação social, também serviu de pretextos para críticas.

Segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO, a maior parte das intervenções foram no sentido de criticar os militantes que tomaram a iniciativa de endereçar ao comité central o abaixo-assinado. Posições que não são de estranhar, uma vez que a composição deste órgão, saída do último congresso de Dezembro de 2000, reflecte a linha cunhalista do PCP.

Contudo, o termo expulsão não chegou a ser utilizado, tal como não chegou a ser aprovada nenhuma deliberação no sentido de excluir subscritores do abaixo-assinado - como João Amaral e Natália Filipe - das listas de deputados às legislativas de Março.

Carlos Luís Figueira, ex-membro da comissão política e nessa altura responsável pela ligação ao Algarve, foi uma das pessoas - em expressão minoritária - que se colocou do lado dos renovadores, defendendo o diálogo entre todos, a tolerância e a necessidade de um debate mesmo depois das legislativas. Foi uma das duas pessoas que votou contra a deliberação final, que também terá contado com abstenções.

Natália Filipe também usou da palavra, mas foi apenas para falar sobre a política de saúde, área em que trabalha. A inclusão ou não do nome desta deputada na lista de deputados será discutida esta semana pela organização de Lisboa, que a propôs há dois anos.

A discussão de um congresso extraordinário - afastada na primeira hora pela comissão política - ocupou pouco tempo da reunião, onde também foi debatida a política do PS. O secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, por seu lado, na sua intervenção inicial fez um apelo para que analisassem os objectivos e a estratégia eleitoral para as legislativas de Março, desvalorizando outros temas.

Os renovadores, contudo, não escondem a sua insatisfação pelos resultados da reunião de sábado do comité central do PCP, que fechou portas a um congresso extraordinário. Consideram que foi perdida uma oportunidade para a mobilização geral do partido e duvidam da vontade do PCP em aliar-se ao PS depois das legislativas, tal como foi anunciado por Carlos Carvalhas na conferência de imprensa. Temem ainda venha a haver represálias contra os militantes que subscreveram o abaixo-assinado.

Na linha de Edgar Correia, Carlos Guedes, militante de Lisboa, não acredita "sequer na viabilidade" de uma aliança pós-eleitoral PS-PCP pela ausência da apresentação de um conjunto de propostas antes das eleições. E insurgiu-se, em declarações ao PÚBLICO, contra "os donos do aparelho partidário" que "castigam" quem não pensa como eles. Outro dos subscritores, José Tavares, afirma que "é com alguma tristeza" que aceita a resposta do comité central quanto a um congresso extraordinário - Carvalhas disse não haver quaisquer fundamentos para isso -, mas que "depois das eleições legislativas é incontornável".

"Agora, não vale a pena ficar com recriminações. Devemos congregar todos os esforços para um melhor resultado" nas legislativas, disse.

Comité Central Discutiu Sanções a Renovadores

Por HELENA PEREIRA

Segunda-feira, 21 de Janeiro de 2002

Jerónimo de Sousa na linha da frente

Carlos Luís Figueira foi um dos dirigentes que votou contra o comunicado final. Renovadores não desistem de novo congresso depois das legislativas

O comité central do PCP discutiu a aplicação de sanções a alguns dos subscritores do abaixo-assinado que pedia a realização de um congresso extraordinário. Jerónimo de Sousa e Domingos Abrantes foram dois dos dirigentes que protagonizaram o ataque aos responsáveis pelo documento, com o argumento de que são necessárias medidas enérgicas, pois estes infrigiram os estatutos e estão a prejudicar o partido. O facto de vários destes militantes terem feito declarações públicas sobre o PCP, através da comunicação social, também serviu de pretextos para críticas.

Segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO, a maior parte das intervenções foram no sentido de criticar os militantes que tomaram a iniciativa de endereçar ao comité central o abaixo-assinado. Posições que não são de estranhar, uma vez que a composição deste órgão, saída do último congresso de Dezembro de 2000, reflecte a linha cunhalista do PCP.

Contudo, o termo expulsão não chegou a ser utilizado, tal como não chegou a ser aprovada nenhuma deliberação no sentido de excluir subscritores do abaixo-assinado - como João Amaral e Natália Filipe - das listas de deputados às legislativas de Março.

Carlos Luís Figueira, ex-membro da comissão política e nessa altura responsável pela ligação ao Algarve, foi uma das pessoas - em expressão minoritária - que se colocou do lado dos renovadores, defendendo o diálogo entre todos, a tolerância e a necessidade de um debate mesmo depois das legislativas. Foi uma das duas pessoas que votou contra a deliberação final, que também terá contado com abstenções.

Natália Filipe também usou da palavra, mas foi apenas para falar sobre a política de saúde, área em que trabalha. A inclusão ou não do nome desta deputada na lista de deputados será discutida esta semana pela organização de Lisboa, que a propôs há dois anos.

A discussão de um congresso extraordinário - afastada na primeira hora pela comissão política - ocupou pouco tempo da reunião, onde também foi debatida a política do PS. O secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, por seu lado, na sua intervenção inicial fez um apelo para que analisassem os objectivos e a estratégia eleitoral para as legislativas de Março, desvalorizando outros temas.

Os renovadores, contudo, não escondem a sua insatisfação pelos resultados da reunião de sábado do comité central do PCP, que fechou portas a um congresso extraordinário. Consideram que foi perdida uma oportunidade para a mobilização geral do partido e duvidam da vontade do PCP em aliar-se ao PS depois das legislativas, tal como foi anunciado por Carlos Carvalhas na conferência de imprensa. Temem ainda venha a haver represálias contra os militantes que subscreveram o abaixo-assinado.

Na linha de Edgar Correia, Carlos Guedes, militante de Lisboa, não acredita "sequer na viabilidade" de uma aliança pós-eleitoral PS-PCP pela ausência da apresentação de um conjunto de propostas antes das eleições. E insurgiu-se, em declarações ao PÚBLICO, contra "os donos do aparelho partidário" que "castigam" quem não pensa como eles. Outro dos subscritores, José Tavares, afirma que "é com alguma tristeza" que aceita a resposta do comité central quanto a um congresso extraordinário - Carvalhas disse não haver quaisquer fundamentos para isso -, mas que "depois das eleições legislativas é incontornável".

"Agora, não vale a pena ficar com recriminações. Devemos congregar todos os esforços para um melhor resultado" nas legislativas, disse.

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