EXPRESSO: Opinião

02-03-2002
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2 de Fevereiro de 2002 às 10:59

jgabriel ( jgabriel@dei.uc.pt )

(este comentário só está ser enviado agora, apesar de ter sido escrito no dia em que o artigo de Henrique Monteiro foi publicado, pois o sistema de registo do Expresso esteve avariado e só hoje consegui obter direito de acesso)

Ex.mo Senhor Henrique Monteiro,

"... quando é interrogado sobre possíveis alternativas, responde com vagos conceitos como reciclar ou reduzir os resíduos" in "A demagogia de Encarnação" Expresso, 19 Jan 2001

Fico espantado com a solidez desta argumentação a provar que as alternativas não têm viabilidade.

Saberá o autor desta "máquina da verdade" que existe desde 1987 uma directiva da União Europeia que impõe o "vago conceito" da regeneração de óleos ? Saberá que já existe em Pombal uma empresa chamada Ecosocer que já regenera a maior parte dos solventes existentes em Portugal, e é uma empresa ambiental e economicamente inteiramente viável ? Saberá que as lamas de fundo dos depósitos das petroquímicas se podem destilar, num processo economicamente muito rentável, e com isso reintroduzir na refinaria praticamente todo o crude que continham ? Saberá que das lamas de fundo dos depósitos das bombas de gasolina se consegue recuperar por centrifugação praticamente toda a gasolina ou gasóleo ?

Saberá que estes resíduos eram, na douta opinião do ministro Sócrates, todos para co-incinerar "por ausência de alternativas" ? Saberá que, no seu conjunto, os resíduos acima listados são bem mais de metade do total de resíduos que estava indicado para ser co-incinerado ? Saberá que dos restantes muito pouco se conhece, apenas porque quem tem recursos para determinar se essas alternativas existem ou não, nunca teve vontade de o fazer (todas as alternativas enumeradas acima forma estudadas pela Quercus, e nem uma pela "sabedora" CCI ou pelo ministério do Ambiente, que até a directiva europeia sobre os óleos queria ignorar ?)

Posso também informá-lo que há, e houve desde o início, muita gente que pôs em causa os conhecimentos dos membros da CCI. Aliás, se ler o Dec-Lei 120/99 de 16 de Abril, que estabelece as regras de criação da CCI, verá que a própria Lei exige na prática que os membros da CCI sejam ignorantes na matéria, pois exige que não tenham trabalhado no assunto antes. E não se formam especialistas em 5 meses, que foi o tempo que a CCI demorou a fazer o seu relatório.

Se quiser além disso saber de diversos atropelos à Ciência e à verdade que esses senhores cometeram, pode por exemplo consultar o site www.co-incineracao.online.pt. E eu próprio estarei disponível para o informar, se o desejar.

Só lhe peço uma coisa, Sr. Henrique Monteiro: tente informar-se antes de falar, e ouça o outro lado. Parece-me que só costuma ter disponibilidade para ouvir o que o ministro Sócrates e as cimenteiras têm para dizer.

25 de Janeiro de 2002 às 21:53

Diogo Sotto Mai ( op3706@mail.telepac.pt )

É sempre fácil falar de coisas que alarmam as populações que temem vir a ser ainda mais maltratadas. Na verdade, queimar nos fornos cimenteiros uma mistura de 10 a 20% de resíduos industriais com 80 a 90% de fuel de uma forma o mais total possível e fazer passar os fumos por uma série de mangas super-filtratantes permitirá reduzir o actual nível de poluição para um valor próximo do zero. O pó resultante da queima actual quase desparecerá e esse pó mostra até que ponto a queima de fuel é altamente poluente, tão poluente como os resíduos tóxicos. A questão importante seria evitar que fossem queimados resíduos com cloro, ou que estes nunca atingissem mais de um por cento da mistura combustível. Portugal não tem uma indústria de produtos fitossanitários com cloro, os quais já quase não se fabricam. O PVC que tem cloro também quase deixou de ser fabricado, além de outros produtos plivinílicos que estão em desuso. Claro, não sei se nos resíduos depositados há décadas não haja muitos compostos clorados. Admito que os haja, mas a existirem são perfeitamente identificáveis e podem ser retirados ou queimados em percentagens mínimas. Também os restos dos branqueadores ópticos da indústria de papel que contêm cloro podem ser retirados do lote de resíduos a queimar, se é que não o foram já.

A CCI ao acompanhar o processo pode perfeitamente garantir a inocuidade do processo.

Parece que há muita gente que não perdoa ao PS várias coisas; ter realojado milhares de famílias das barracas, ter massificado ainda mais o ensino para chegarmos aos 2,1 milhões de alunos, ter desenvolvido o consumo privado de modo a construirem-se mais de um milhão de fogos, irritantes porque tapam as vistas, ter assistido à aquisição por parte da população de mais dois milhões de carros, fazendo com que nas portagens das auto-estradas, a passagem de viaturas tenham aumentado de mais de 350 por cento relativamente ao verificado em 1995 e, agora, o querer despoluir, limpar o País, coisa inédita nos nossos anais históricos.

O futuro parece pertencer ao PSD e, pelas propostas, a realidade é que vai ficar tudo na mesma, porque Durão só será capaz de decidir não decidir.

22 de Janeiro de 2002 às 10:22

Zé Luiz

Não fujo às questões: tento apenas levantar mais algumas quantas para além das que os outros me colocam.

Tento não dizer meias verdades:mas desculpar-me-á se não possuo a verdade completa. Se você a possui, parabéns, e que lhe faça bom proveito.

Não fujo ao essencial: para mim o essencial é mesmo a questão da cultura democrática e da cultura científica.

Não tenho talas nos olhos: pelo contrário, já tenho sido acusado do defeito opsto, que consiste em ver sempre todos os lados das questões.

Não vejo só PS à minha frante: já tenho votado noutros partidos, e nem sequer excluo liminarmente a hipótese, veja lá, de um dia votar PSD.

José Sócrates não é o meu herói: já não tenho idade, e nunca tive feitio, para ter heróis. Mas é um dos políticos portugueses que mais admiro, e não percebo quais são os factos em que você se baseia para o considerar corrupto. A não ser que, das três uma: ou para si todos os políticos sejam corruptos por definição, ou que o sejam por definição os do PS, ou que o sejam os que tomam decisões com que você não concorda. Há-de convir que se assim é estamos perante uma visão muito limitada do mundo, à qual se poderia aplicar com propriedade a sua metáfora das palas.

Não sou homen de lançar "vivas" nem "morras" a nada, não me dou bem em ambientes de comício, e não misturo alhos com bugalhos. Avalio cada coisa por si, concluo que quase todas têm méritos e desvantagens, e que algumas (como as negociatas, a lavagem de dinheiro e o ouro roubado aos judeus) só têm deméritos e merecem ser condenadas. Quanto às outras, como a incineração dos resíduos e a produção de energia, têm de ser avaliadas caso a caso, avaliando cuidadosamente e sem demagogias os custos, os riscos e os benefícios, e decidindo em consequência. Esta é a minha posição, e daqui não saio a menos que alguém me apresente razões muito fortes.

22 de Janeiro de 2002 às 00:18

Azevedo ( pistola@sapo.pt )

Para Zé Luis

Decididamente,não é possível dialogar consigo!

Deliberadamente foge às questões,diz meias verdades foge ao essencial.

Mais vale dizer duma vez por todas que tem talas nos olhos,só vê PS à sua frente e Sócrates é o seu herói.

Viva o PS,Viva Sócrates,vivam as dioxinas e as centrais nucleares e já agora vivam as negociatas,a lavagem de dinheiro sujo e,porque não,o dinheiro roubado aos judeus.

Lavemos as nossas consciêncis,também.

21 de Janeiro de 2002 às 10:46

Zé Luiz ( para Azevedo )

Em que mundo vivo? No mundo real, espero. Percebo muito bem que os poderes constituídos procuram abafar e fazer esquecer os (graves) problemas provocados pelas centrais nucleares. E percebo também que os mesmíssimos poderes instituídos - incluindo os lóbis do ambientalismo - procuram abafar e fazer esquecer os graves problemas decorrentes das centrais a carvão, das centrais a fuel, dos centrais hidroeléctricas e até, imagine, das centrais eólicas, perto das quais é impossível viver pela poluição sonora que produzem. Percebo finalmente - e aqui é que a porca torce o rabo - que nem os "ambientalistas" nem os "industrialistas" nos fornecem dados a partir dos quais seja possível fazer uma avaliação QUANTITATIVA dos riscos, dos custos e dos benefícios de cada opção, incluindo a nuclear - e incluindo também, se você quiser e insistir mesmo nisso, a de deixarmos de produzir energia eléctrica.

Quanto aos resíduos: o urânio, tal como outros elementos radioactivos, existe na Natureza. Se vamos lá buscá-lo (à Urgeiriça, por exemplo), se o utilizamos, e se devolvemos à Natureza os resíduos radioactivos resultantes, não me parece que o planeta fique muito mais radioactivo do que antes. Tanto mais que procuramos zonas geologicamente estáveis e sem veios de água, como por exemplo antigas minas de sal, para os depositar. Quanto às meias-vidas, é certo que alguns elementos as têm de milhões de anos, mas outros têm-nas de horas ou segundos.

Por tudo isto é que até agora as únicas vítimas que se conhecem da energia nuclear foram as (muitas) de Chernobyl e as (poucas) de Three Mile Island. E há milhares de centrais a funcionar em todo o mundo. Desafio-o a mencionar outra forma de produção de energia eléctrica com níveis de segurança que se aproximem destes.

Finalmente, ao "pôr no mesmo saco" a contestação à co-incineração, o excesso de velocidade, e Barrancos, não estou a misturar alhos com bugalhos, mas sim a identificar, com a clareza possível, aquilo que são hoje os dois maiores e mais centrais problemas da sociedade portuguesa: a falta de civismo e a ausência de um Estado de Direito em que mandem, não as multidões, mas os cidadãos.

P.S.: Onde se lê Cezoulas, leia-se Estarreja. O argumento continua válido. Já agora: Estarreja fica suficientemente perto de Souselas para que as dioxinas lá produzidas possam também, pela acção dos ventos, ir afectar os habitantes desta localidade, já demasiado sacrificada com as poeiras do cimento.

Como vê, nestas decisões tudo se resume a saber quem fica a ganhar e quem fica a perder; e a dificuldade está em assegurar que quem fica a ganhar ganhe o máximo possível e que fica a perder perca o mínimo possível. Foi isso que José Sócrates fez, e não vejo como teria sido possível fazer melhor.

20 de Janeiro de 2002 às 23:11

Azevedo ( pistola@sapo.pt )

Para Zé Luis:

Agradeço os seus irónicos comentários às minhas capacidades técnicas e científicas...

Deixe-me responder às suas observações:

1-A unidade de incineração dedicada teria de ser instalada em algum lado.Monsieur de la Palisse não diria verdade mais evidente!Só que não era preciso ir para Cezoulas,o local estava arranjado e chama-se Estarreja.Curiosamente o governo do autista,arrogante e não sei que mais Cavaco Silva,negociou com o Presidente da Câmara a localização e as condições em que a central seria instalada.Eu mesmo o ouvi da boca do Presidente da Câmara de Esterreja,num seminário a que assisti e onde ele foi orador,exactamente para explicar o processo.E tratava-se de um presidente de Câmara socialista!

Parece-me que a brilhante dissertação sobre Cezoulas é portanto um pouco despropositada...

2-Em que Mundo vive,Sr.Zé Luís?Não se apercebe que os poderes constituidos procuram abafar e fazer esquecer os graves problemas levantados pelas centrais nucleares? Ou já resolveram a questão do que fazer aos resíduos radioactivos e eu ainda não soube de nada?E quais as consequências da acumulação desses resíduos no fundo do mar em quantidades que a opinião pública desconhece e lá lançados nos "bons velhos tempos" em que a opinião pública estava distraída e/ou desinformada? E Chernobyl,não existiu? E aquela central americana Three Lake(City?,Salt?-não me ocorre o nome correcto)nunca teve avarias graves?

E a Espanha veio construir a sua central mesmo na fronteira com Portugal,certamente para fornecer energia mais barata aos portugueses...

Oxalá continue não radioactivo...

Vive num País ideal,não é difícil de adivinhar qual é,com tantos referendos e tão alto nível de vida,mas que também é um grande centro de lavagem de dinheiro sujo e que sabe fechar os olhos a isso e talvez a muito mais,quando isso contribui para que os seus naturais sejam ricos.É claro que nunca viu essa lavagem e vive lá,como certamente me dirá que nunca sentiu o profundo racismo dos suíços e a sua xenofobia.Só os ignorantes e os falhos de cultura política sentem isso,não é? Como eu...

3-Já agora,meter no mesmo saco Barrancos, a co-inceneração e não sei que mais é mesmo falta de argumentos e principalmente falta de visão por julgar que os portugueses que vivem em Portugal são burros e incultos.Foi isso que tramou Guterres,durante algum tempo enganou os portugueses com falinhas mansas,falava-lhes em alhos quando se queria referir a buganhos,mas às tantas isso deixou de funcionar;os portugueses abriram os olhos e deram-lhe um pontapé no traseiro.

Venha viver para Portugal,Sr.Zé Luis,venha.Depois diga-me se quer ter as "regalias sociais",o sistema de saúde e os poucos euros no bolso que os Sócrates e os membros de várias Comissões que grassam neste País, nos permitem,enquanto eles enchem os bolsos com as suas negociatas.

20 de Janeiro de 2002 às 15:24

lixado

Até que enfim estou de acordo com Henrique Monteiro, completamente de acordo com o conteúdo deste artigo.

20 de Janeiro de 2002 às 11:02

Zé Luiz ( para Azevedo )

Sem pôr em causa as suas habilitações e idoneidade científicas (por certo, e segundo depreendo do seu comentário, bem superiores às do Prof. Formosinho, da CCI, e dos peritos consultados pela UE), permita-me duas observações:

1. Incineração dedicada. A unidade teria de ser instalada em algum lado, bem longe de Coimbra, de preferência. Inventemos um nome: Cezoulas. Em Cezoulas não havia indústria, não havia suinicultura nem avicultura em larga escala, a agricultura era predominantemente tradicional e não poluía as águas com fosfatos - um verdadeiro paraíso. Agora, com a incineração dedicada, passa a haver dioxinas, mas a níveis tão baixos que o risco para a saúde dos habitantes é mínimo. O problema é que esta instalação ficou tão cara, que a solução dos problemas de Souselas vai ter de ficar adiada mais umas décadas.

E se são grandes, esses problemas! Uma indústria cimenteira que há décadas cobre tudo e todos de umas poeiras finíssimas, que destroem por completo a qualidade de vida num raio de quilómetros e trazem problemas de saúde graves e estatisticamente significativos à população.

Neste cenário hipotético, a hipotética Cezoulas fica a perder, ainda que pouco, e Souselas continua a perder, e muito. O que o governo fez foi optar por deixar Cezoulas em paz, instalar a co-incineração em Souselas, e reduzir os níveis de poluição próprios duma cimenteira com cinquenta anos para os níveis possíveis actualmente. Cezoulas não ficou a perder, e Souselas ficou a ganhar.

2. Centrais nucleares. Quem lhe disse que os que mandaram construir as centrais nucleares são hoje réus da história? Eu vivo num dos países menos poluídos da Europa, no centro de um triângulo formado por três centrais nucleares que a única coisa que deitam para o ar é vapor de água. Asseguro-lhe que ainda não estou radioactivo. E não vejo ninguém a protestar, nem os responsáveis a enfrentar qualquer espécie de "julgamento da História".

E isto num país onde a opinião pública se preocupa a sério com o ambiente, e onde não só os cidadãos estão altamente politizados - habituados a referendos sobre tudo e mais alguma coisa quase todos os meses - mas também onde os testes internacionais têm mostrado que a juventude tem dos mais altos índices de cultura científica em todo o mundo.

E esta, hein?

A contestação histérica à co-incineração não é fruto, nem da cultura democrática, nem da cultura científica, mas sim da despolitização e da ignorância. É um fenómeno lamentável e tipicamente português, como Barrancos, como as lixeiras a céu aberto, e como os carros a 100 nas zonas urbanas.

E Carlos Encarnação, ao aceitar ser cúmplice dum dos aspectos desta bandalheira, torna-se cúmplice deles todos. Isto, sim, é que a História não vai perdoar.

19 de Janeiro de 2002 às 23:25

jd...

Dez quilómetros? Só se for sem as palas.

19 de Janeiro de 2002 às 22:54

ramos18 ( jrcontreiras@netcabo.pt )

Concordo com o articulista. Tanto Carlos Encarnação como Carlos Sousa não apresentam soluções e ganharam as câmaras não por mostrarem capacidade,mas porque os eleitores quiseram "penalizar" O PS. Os insultos à Comissão Científica são uma grosseria e uma imperdoável demagogia.

Vamos ver como é que o novo governo vai resolver este grave problema.

2 de Fevereiro de 2002 às 10:59

jgabriel ( jgabriel@dei.uc.pt )

(este comentário só está ser enviado agora, apesar de ter sido escrito no dia em que o artigo de Henrique Monteiro foi publicado, pois o sistema de registo do Expresso esteve avariado e só hoje consegui obter direito de acesso)

Ex.mo Senhor Henrique Monteiro,

"... quando é interrogado sobre possíveis alternativas, responde com vagos conceitos como reciclar ou reduzir os resíduos" in "A demagogia de Encarnação" Expresso, 19 Jan 2001

Fico espantado com a solidez desta argumentação a provar que as alternativas não têm viabilidade.

Saberá o autor desta "máquina da verdade" que existe desde 1987 uma directiva da União Europeia que impõe o "vago conceito" da regeneração de óleos ? Saberá que já existe em Pombal uma empresa chamada Ecosocer que já regenera a maior parte dos solventes existentes em Portugal, e é uma empresa ambiental e economicamente inteiramente viável ? Saberá que as lamas de fundo dos depósitos das petroquímicas se podem destilar, num processo economicamente muito rentável, e com isso reintroduzir na refinaria praticamente todo o crude que continham ? Saberá que das lamas de fundo dos depósitos das bombas de gasolina se consegue recuperar por centrifugação praticamente toda a gasolina ou gasóleo ?

Saberá que estes resíduos eram, na douta opinião do ministro Sócrates, todos para co-incinerar "por ausência de alternativas" ? Saberá que, no seu conjunto, os resíduos acima listados são bem mais de metade do total de resíduos que estava indicado para ser co-incinerado ? Saberá que dos restantes muito pouco se conhece, apenas porque quem tem recursos para determinar se essas alternativas existem ou não, nunca teve vontade de o fazer (todas as alternativas enumeradas acima forma estudadas pela Quercus, e nem uma pela "sabedora" CCI ou pelo ministério do Ambiente, que até a directiva europeia sobre os óleos queria ignorar ?)

Posso também informá-lo que há, e houve desde o início, muita gente que pôs em causa os conhecimentos dos membros da CCI. Aliás, se ler o Dec-Lei 120/99 de 16 de Abril, que estabelece as regras de criação da CCI, verá que a própria Lei exige na prática que os membros da CCI sejam ignorantes na matéria, pois exige que não tenham trabalhado no assunto antes. E não se formam especialistas em 5 meses, que foi o tempo que a CCI demorou a fazer o seu relatório.

Se quiser além disso saber de diversos atropelos à Ciência e à verdade que esses senhores cometeram, pode por exemplo consultar o site www.co-incineracao.online.pt. E eu próprio estarei disponível para o informar, se o desejar.

Só lhe peço uma coisa, Sr. Henrique Monteiro: tente informar-se antes de falar, e ouça o outro lado. Parece-me que só costuma ter disponibilidade para ouvir o que o ministro Sócrates e as cimenteiras têm para dizer.

25 de Janeiro de 2002 às 21:53

Diogo Sotto Mai ( op3706@mail.telepac.pt )

É sempre fácil falar de coisas que alarmam as populações que temem vir a ser ainda mais maltratadas. Na verdade, queimar nos fornos cimenteiros uma mistura de 10 a 20% de resíduos industriais com 80 a 90% de fuel de uma forma o mais total possível e fazer passar os fumos por uma série de mangas super-filtratantes permitirá reduzir o actual nível de poluição para um valor próximo do zero. O pó resultante da queima actual quase desparecerá e esse pó mostra até que ponto a queima de fuel é altamente poluente, tão poluente como os resíduos tóxicos. A questão importante seria evitar que fossem queimados resíduos com cloro, ou que estes nunca atingissem mais de um por cento da mistura combustível. Portugal não tem uma indústria de produtos fitossanitários com cloro, os quais já quase não se fabricam. O PVC que tem cloro também quase deixou de ser fabricado, além de outros produtos plivinílicos que estão em desuso. Claro, não sei se nos resíduos depositados há décadas não haja muitos compostos clorados. Admito que os haja, mas a existirem são perfeitamente identificáveis e podem ser retirados ou queimados em percentagens mínimas. Também os restos dos branqueadores ópticos da indústria de papel que contêm cloro podem ser retirados do lote de resíduos a queimar, se é que não o foram já.

A CCI ao acompanhar o processo pode perfeitamente garantir a inocuidade do processo.

Parece que há muita gente que não perdoa ao PS várias coisas; ter realojado milhares de famílias das barracas, ter massificado ainda mais o ensino para chegarmos aos 2,1 milhões de alunos, ter desenvolvido o consumo privado de modo a construirem-se mais de um milhão de fogos, irritantes porque tapam as vistas, ter assistido à aquisição por parte da população de mais dois milhões de carros, fazendo com que nas portagens das auto-estradas, a passagem de viaturas tenham aumentado de mais de 350 por cento relativamente ao verificado em 1995 e, agora, o querer despoluir, limpar o País, coisa inédita nos nossos anais históricos.

O futuro parece pertencer ao PSD e, pelas propostas, a realidade é que vai ficar tudo na mesma, porque Durão só será capaz de decidir não decidir.

22 de Janeiro de 2002 às 10:22

Zé Luiz

Não fujo às questões: tento apenas levantar mais algumas quantas para além das que os outros me colocam.

Tento não dizer meias verdades:mas desculpar-me-á se não possuo a verdade completa. Se você a possui, parabéns, e que lhe faça bom proveito.

Não fujo ao essencial: para mim o essencial é mesmo a questão da cultura democrática e da cultura científica.

Não tenho talas nos olhos: pelo contrário, já tenho sido acusado do defeito opsto, que consiste em ver sempre todos os lados das questões.

Não vejo só PS à minha frante: já tenho votado noutros partidos, e nem sequer excluo liminarmente a hipótese, veja lá, de um dia votar PSD.

José Sócrates não é o meu herói: já não tenho idade, e nunca tive feitio, para ter heróis. Mas é um dos políticos portugueses que mais admiro, e não percebo quais são os factos em que você se baseia para o considerar corrupto. A não ser que, das três uma: ou para si todos os políticos sejam corruptos por definição, ou que o sejam por definição os do PS, ou que o sejam os que tomam decisões com que você não concorda. Há-de convir que se assim é estamos perante uma visão muito limitada do mundo, à qual se poderia aplicar com propriedade a sua metáfora das palas.

Não sou homen de lançar "vivas" nem "morras" a nada, não me dou bem em ambientes de comício, e não misturo alhos com bugalhos. Avalio cada coisa por si, concluo que quase todas têm méritos e desvantagens, e que algumas (como as negociatas, a lavagem de dinheiro e o ouro roubado aos judeus) só têm deméritos e merecem ser condenadas. Quanto às outras, como a incineração dos resíduos e a produção de energia, têm de ser avaliadas caso a caso, avaliando cuidadosamente e sem demagogias os custos, os riscos e os benefícios, e decidindo em consequência. Esta é a minha posição, e daqui não saio a menos que alguém me apresente razões muito fortes.

22 de Janeiro de 2002 às 00:18

Azevedo ( pistola@sapo.pt )

Para Zé Luis

Decididamente,não é possível dialogar consigo!

Deliberadamente foge às questões,diz meias verdades foge ao essencial.

Mais vale dizer duma vez por todas que tem talas nos olhos,só vê PS à sua frente e Sócrates é o seu herói.

Viva o PS,Viva Sócrates,vivam as dioxinas e as centrais nucleares e já agora vivam as negociatas,a lavagem de dinheiro sujo e,porque não,o dinheiro roubado aos judeus.

Lavemos as nossas consciêncis,também.

21 de Janeiro de 2002 às 10:46

Zé Luiz ( para Azevedo )

Em que mundo vivo? No mundo real, espero. Percebo muito bem que os poderes constituídos procuram abafar e fazer esquecer os (graves) problemas provocados pelas centrais nucleares. E percebo também que os mesmíssimos poderes instituídos - incluindo os lóbis do ambientalismo - procuram abafar e fazer esquecer os graves problemas decorrentes das centrais a carvão, das centrais a fuel, dos centrais hidroeléctricas e até, imagine, das centrais eólicas, perto das quais é impossível viver pela poluição sonora que produzem. Percebo finalmente - e aqui é que a porca torce o rabo - que nem os "ambientalistas" nem os "industrialistas" nos fornecem dados a partir dos quais seja possível fazer uma avaliação QUANTITATIVA dos riscos, dos custos e dos benefícios de cada opção, incluindo a nuclear - e incluindo também, se você quiser e insistir mesmo nisso, a de deixarmos de produzir energia eléctrica.

Quanto aos resíduos: o urânio, tal como outros elementos radioactivos, existe na Natureza. Se vamos lá buscá-lo (à Urgeiriça, por exemplo), se o utilizamos, e se devolvemos à Natureza os resíduos radioactivos resultantes, não me parece que o planeta fique muito mais radioactivo do que antes. Tanto mais que procuramos zonas geologicamente estáveis e sem veios de água, como por exemplo antigas minas de sal, para os depositar. Quanto às meias-vidas, é certo que alguns elementos as têm de milhões de anos, mas outros têm-nas de horas ou segundos.

Por tudo isto é que até agora as únicas vítimas que se conhecem da energia nuclear foram as (muitas) de Chernobyl e as (poucas) de Three Mile Island. E há milhares de centrais a funcionar em todo o mundo. Desafio-o a mencionar outra forma de produção de energia eléctrica com níveis de segurança que se aproximem destes.

Finalmente, ao "pôr no mesmo saco" a contestação à co-incineração, o excesso de velocidade, e Barrancos, não estou a misturar alhos com bugalhos, mas sim a identificar, com a clareza possível, aquilo que são hoje os dois maiores e mais centrais problemas da sociedade portuguesa: a falta de civismo e a ausência de um Estado de Direito em que mandem, não as multidões, mas os cidadãos.

P.S.: Onde se lê Cezoulas, leia-se Estarreja. O argumento continua válido. Já agora: Estarreja fica suficientemente perto de Souselas para que as dioxinas lá produzidas possam também, pela acção dos ventos, ir afectar os habitantes desta localidade, já demasiado sacrificada com as poeiras do cimento.

Como vê, nestas decisões tudo se resume a saber quem fica a ganhar e quem fica a perder; e a dificuldade está em assegurar que quem fica a ganhar ganhe o máximo possível e que fica a perder perca o mínimo possível. Foi isso que José Sócrates fez, e não vejo como teria sido possível fazer melhor.

20 de Janeiro de 2002 às 23:11

Azevedo ( pistola@sapo.pt )

Para Zé Luis:

Agradeço os seus irónicos comentários às minhas capacidades técnicas e científicas...

Deixe-me responder às suas observações:

1-A unidade de incineração dedicada teria de ser instalada em algum lado.Monsieur de la Palisse não diria verdade mais evidente!Só que não era preciso ir para Cezoulas,o local estava arranjado e chama-se Estarreja.Curiosamente o governo do autista,arrogante e não sei que mais Cavaco Silva,negociou com o Presidente da Câmara a localização e as condições em que a central seria instalada.Eu mesmo o ouvi da boca do Presidente da Câmara de Esterreja,num seminário a que assisti e onde ele foi orador,exactamente para explicar o processo.E tratava-se de um presidente de Câmara socialista!

Parece-me que a brilhante dissertação sobre Cezoulas é portanto um pouco despropositada...

2-Em que Mundo vive,Sr.Zé Luís?Não se apercebe que os poderes constituidos procuram abafar e fazer esquecer os graves problemas levantados pelas centrais nucleares? Ou já resolveram a questão do que fazer aos resíduos radioactivos e eu ainda não soube de nada?E quais as consequências da acumulação desses resíduos no fundo do mar em quantidades que a opinião pública desconhece e lá lançados nos "bons velhos tempos" em que a opinião pública estava distraída e/ou desinformada? E Chernobyl,não existiu? E aquela central americana Three Lake(City?,Salt?-não me ocorre o nome correcto)nunca teve avarias graves?

E a Espanha veio construir a sua central mesmo na fronteira com Portugal,certamente para fornecer energia mais barata aos portugueses...

Oxalá continue não radioactivo...

Vive num País ideal,não é difícil de adivinhar qual é,com tantos referendos e tão alto nível de vida,mas que também é um grande centro de lavagem de dinheiro sujo e que sabe fechar os olhos a isso e talvez a muito mais,quando isso contribui para que os seus naturais sejam ricos.É claro que nunca viu essa lavagem e vive lá,como certamente me dirá que nunca sentiu o profundo racismo dos suíços e a sua xenofobia.Só os ignorantes e os falhos de cultura política sentem isso,não é? Como eu...

3-Já agora,meter no mesmo saco Barrancos, a co-inceneração e não sei que mais é mesmo falta de argumentos e principalmente falta de visão por julgar que os portugueses que vivem em Portugal são burros e incultos.Foi isso que tramou Guterres,durante algum tempo enganou os portugueses com falinhas mansas,falava-lhes em alhos quando se queria referir a buganhos,mas às tantas isso deixou de funcionar;os portugueses abriram os olhos e deram-lhe um pontapé no traseiro.

Venha viver para Portugal,Sr.Zé Luis,venha.Depois diga-me se quer ter as "regalias sociais",o sistema de saúde e os poucos euros no bolso que os Sócrates e os membros de várias Comissões que grassam neste País, nos permitem,enquanto eles enchem os bolsos com as suas negociatas.

20 de Janeiro de 2002 às 15:24

lixado

Até que enfim estou de acordo com Henrique Monteiro, completamente de acordo com o conteúdo deste artigo.

20 de Janeiro de 2002 às 11:02

Zé Luiz ( para Azevedo )

Sem pôr em causa as suas habilitações e idoneidade científicas (por certo, e segundo depreendo do seu comentário, bem superiores às do Prof. Formosinho, da CCI, e dos peritos consultados pela UE), permita-me duas observações:

1. Incineração dedicada. A unidade teria de ser instalada em algum lado, bem longe de Coimbra, de preferência. Inventemos um nome: Cezoulas. Em Cezoulas não havia indústria, não havia suinicultura nem avicultura em larga escala, a agricultura era predominantemente tradicional e não poluía as águas com fosfatos - um verdadeiro paraíso. Agora, com a incineração dedicada, passa a haver dioxinas, mas a níveis tão baixos que o risco para a saúde dos habitantes é mínimo. O problema é que esta instalação ficou tão cara, que a solução dos problemas de Souselas vai ter de ficar adiada mais umas décadas.

E se são grandes, esses problemas! Uma indústria cimenteira que há décadas cobre tudo e todos de umas poeiras finíssimas, que destroem por completo a qualidade de vida num raio de quilómetros e trazem problemas de saúde graves e estatisticamente significativos à população.

Neste cenário hipotético, a hipotética Cezoulas fica a perder, ainda que pouco, e Souselas continua a perder, e muito. O que o governo fez foi optar por deixar Cezoulas em paz, instalar a co-incineração em Souselas, e reduzir os níveis de poluição próprios duma cimenteira com cinquenta anos para os níveis possíveis actualmente. Cezoulas não ficou a perder, e Souselas ficou a ganhar.

2. Centrais nucleares. Quem lhe disse que os que mandaram construir as centrais nucleares são hoje réus da história? Eu vivo num dos países menos poluídos da Europa, no centro de um triângulo formado por três centrais nucleares que a única coisa que deitam para o ar é vapor de água. Asseguro-lhe que ainda não estou radioactivo. E não vejo ninguém a protestar, nem os responsáveis a enfrentar qualquer espécie de "julgamento da História".

E isto num país onde a opinião pública se preocupa a sério com o ambiente, e onde não só os cidadãos estão altamente politizados - habituados a referendos sobre tudo e mais alguma coisa quase todos os meses - mas também onde os testes internacionais têm mostrado que a juventude tem dos mais altos índices de cultura científica em todo o mundo.

E esta, hein?

A contestação histérica à co-incineração não é fruto, nem da cultura democrática, nem da cultura científica, mas sim da despolitização e da ignorância. É um fenómeno lamentável e tipicamente português, como Barrancos, como as lixeiras a céu aberto, e como os carros a 100 nas zonas urbanas.

E Carlos Encarnação, ao aceitar ser cúmplice dum dos aspectos desta bandalheira, torna-se cúmplice deles todos. Isto, sim, é que a História não vai perdoar.

19 de Janeiro de 2002 às 23:25

jd...

Dez quilómetros? Só se for sem as palas.

19 de Janeiro de 2002 às 22:54

ramos18 ( jrcontreiras@netcabo.pt )

Concordo com o articulista. Tanto Carlos Encarnação como Carlos Sousa não apresentam soluções e ganharam as câmaras não por mostrarem capacidade,mas porque os eleitores quiseram "penalizar" O PS. Os insultos à Comissão Científica são uma grosseria e uma imperdoável demagogia.

Vamos ver como é que o novo governo vai resolver este grave problema.

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