Cheia grave parece afastada no Ribatejo

23-02-2001
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Governo civil preparado para situações complicadas

Cheia Grave Parece Afastada no Ribatejo

Por JORGE TALIXA

Domingo, 24 de Dezembro de 2000

O caudal do Tejo registava, ontem à tarde, uma tendência para estabilizar e até mesmo para começar a descer, depois de, na sexta-feira, ter aumentado a um ritmo muito elevado, o que levou a Protecção Civil a prever a possibilidade de uma "cheia de amplitude considerável" durante o fim-de-semana. Na tarde de ontem a pluviosidade foi bastante inferior às previsões, situação que, associada ao controlo das descargas das barragens espanholas, levou o governador civil, Carlos Cunha, a afastar a possibilidade da cheia atingir a maior dimensão dos últimos três anos.

Entre as 10h00 e as 20h00 de sexta-feira, o caudal do Tejo aumentou cerca de 120%, situação que fez temer para ontem uma das maiores cheias dos últimos anos e o eventual transbordo do Dique dos Vinte. Na manhã de sábado ficaram submersas as zonas baixas de Constância e de Vila Nova da Barquinha, assim como os cais de Tancos e do Arripiado. A Protecção Civil Distrital previa um agravamento, para a tarde, nas zonas a Sul da Golegã, mas com o passar das horas e a diminuição das chuvas as perspectivas melhoraram.

Ontem à tarde, a povoação de Reguengo do Alviela - já habituada a esta situação - era a única isolada na região, mas a Protecção Civil admitia que o mesmo ainda viesse a suceder à aldeia piscatória das Caneiras (Santarém). A Estrada Nacional 3-2 também foi cortada entre Ponte de Reguengo e Valada, deixando esta última localidade apenas com um acesso transitável. Neste caso não foi o Tejo o principal causador do problema, que teve origem no transbordo de um dos seus principais afluentes, o Rio Maior, que, na zona da foz, se confrontou com a maré cheia. A circulação na EN 365 foi interrompida em vários pontos dos concelhos da Golegã e de Santarém e a EN 3-2 também estava cortada entre Azinhaga e a Golegã.

A Protecção Civil de Santarém mantém em alerta todas as corporações de bombeiros do distrito. Mas Carlos Cunha previa, a meio da tarde de ontem, que, "se não houver nenhuma influência excepcional e as barragens espanholas não abrirem a goela de modo extraordinário, não deverá haver mais enchimento e a tendência é para que as águas comecem a baixar". O representante do Governo no distrito explicou que os receios de transbordo do Dique dos Vinte não se confirmaram e "estão completamente postos de parte", assim como a consequente submersão da EN 243.

Estruturas operacionais eficazes

Carlos Cunha adiantou que, para além das acções de vigilância e prevenção desenvolvidas pelos bombeiros no terreno, "estão também disponíveis barcos e veículos de maior porte para apoiar as populações ao nível das comunicações e alimentos". A Protecção Civil tem também a seu dispor um helicóptero para observação e socorro e "todos os serviços de logística estão operacionais e as populações avisadas". Em seu entender, o distrito está perfeitamente preparado para enfrentar uma eventual cheia mais grave, que para já não se prevê. "Sempre tivemos uma resposta muito eficaz e completa, que nos permite olhar para isto com muita tranquilidade".

A Protecção Civil chegou a planear um simulacro de cheia para o final de Novembro, para testar e mostrar a eficácia dos meios. O exercício foi então adiado por problemas de datas e, entretanto, surgiram situações reais de pequena gravidade a que os serviços têm respondido. "Já vai para três anos que não temos cheias de grande significado", recorda Carlos Cunha, garantindo que o Governo tem investido na melhoria das condições para enfrentar situações mais complicadas. "A Protecção Civil Distrital distribuiu dezenas de barcos pelas corporações de bombeiros das localidades ribeirinhas, que, em caso de isolamento de alguma povoação, podem levar alimentos, medicamentos e prestar toda o tipo de assistência", vincou.

Quanto ao estado dos inúmeros diques que ladeiam o Tejo, Carlos Cunha diz que "não há nenhum em situação de risco grave". Já ao nível da limpeza das linhas de água que desaguam no Tejo, o governador civil afiança que "tem havido ultimamente algumas intervenções importantes" e que, em 1997, se fizeram obras de grande envergadura na limpeza e conservação de diques e de valas e linhas de água".

O assoreamento de muitas zonas do leito do Tejo é outra preocupação. Um problema que Carlos Cunha julga que vai ser atenuado com as novas concessões de extracção de areia, planeadas de modo a que "deixem de ser feitas numa lógica puramente economicista e passando a ser feitas de acordo com critérios ambientais". No que diz respeito ao planeamento das acções de emergência, o governador civil sustenta que o distrito de Santarém é um dos mais avançados, com serviços municipais de protecção civil criados em todos os 21 concelhos. "Em termos de planos de emergência distritais, Santarém deve ser dos distritos do país com maior número de planos", concluiu.

Jorge Talixa

Governo civil preparado para situações complicadas

Cheia Grave Parece Afastada no Ribatejo

Por JORGE TALIXA

Domingo, 24 de Dezembro de 2000

O caudal do Tejo registava, ontem à tarde, uma tendência para estabilizar e até mesmo para começar a descer, depois de, na sexta-feira, ter aumentado a um ritmo muito elevado, o que levou a Protecção Civil a prever a possibilidade de uma "cheia de amplitude considerável" durante o fim-de-semana. Na tarde de ontem a pluviosidade foi bastante inferior às previsões, situação que, associada ao controlo das descargas das barragens espanholas, levou o governador civil, Carlos Cunha, a afastar a possibilidade da cheia atingir a maior dimensão dos últimos três anos.

Entre as 10h00 e as 20h00 de sexta-feira, o caudal do Tejo aumentou cerca de 120%, situação que fez temer para ontem uma das maiores cheias dos últimos anos e o eventual transbordo do Dique dos Vinte. Na manhã de sábado ficaram submersas as zonas baixas de Constância e de Vila Nova da Barquinha, assim como os cais de Tancos e do Arripiado. A Protecção Civil Distrital previa um agravamento, para a tarde, nas zonas a Sul da Golegã, mas com o passar das horas e a diminuição das chuvas as perspectivas melhoraram.

Ontem à tarde, a povoação de Reguengo do Alviela - já habituada a esta situação - era a única isolada na região, mas a Protecção Civil admitia que o mesmo ainda viesse a suceder à aldeia piscatória das Caneiras (Santarém). A Estrada Nacional 3-2 também foi cortada entre Ponte de Reguengo e Valada, deixando esta última localidade apenas com um acesso transitável. Neste caso não foi o Tejo o principal causador do problema, que teve origem no transbordo de um dos seus principais afluentes, o Rio Maior, que, na zona da foz, se confrontou com a maré cheia. A circulação na EN 365 foi interrompida em vários pontos dos concelhos da Golegã e de Santarém e a EN 3-2 também estava cortada entre Azinhaga e a Golegã.

A Protecção Civil de Santarém mantém em alerta todas as corporações de bombeiros do distrito. Mas Carlos Cunha previa, a meio da tarde de ontem, que, "se não houver nenhuma influência excepcional e as barragens espanholas não abrirem a goela de modo extraordinário, não deverá haver mais enchimento e a tendência é para que as águas comecem a baixar". O representante do Governo no distrito explicou que os receios de transbordo do Dique dos Vinte não se confirmaram e "estão completamente postos de parte", assim como a consequente submersão da EN 243.

Estruturas operacionais eficazes

Carlos Cunha adiantou que, para além das acções de vigilância e prevenção desenvolvidas pelos bombeiros no terreno, "estão também disponíveis barcos e veículos de maior porte para apoiar as populações ao nível das comunicações e alimentos". A Protecção Civil tem também a seu dispor um helicóptero para observação e socorro e "todos os serviços de logística estão operacionais e as populações avisadas". Em seu entender, o distrito está perfeitamente preparado para enfrentar uma eventual cheia mais grave, que para já não se prevê. "Sempre tivemos uma resposta muito eficaz e completa, que nos permite olhar para isto com muita tranquilidade".

A Protecção Civil chegou a planear um simulacro de cheia para o final de Novembro, para testar e mostrar a eficácia dos meios. O exercício foi então adiado por problemas de datas e, entretanto, surgiram situações reais de pequena gravidade a que os serviços têm respondido. "Já vai para três anos que não temos cheias de grande significado", recorda Carlos Cunha, garantindo que o Governo tem investido na melhoria das condições para enfrentar situações mais complicadas. "A Protecção Civil Distrital distribuiu dezenas de barcos pelas corporações de bombeiros das localidades ribeirinhas, que, em caso de isolamento de alguma povoação, podem levar alimentos, medicamentos e prestar toda o tipo de assistência", vincou.

Quanto ao estado dos inúmeros diques que ladeiam o Tejo, Carlos Cunha diz que "não há nenhum em situação de risco grave". Já ao nível da limpeza das linhas de água que desaguam no Tejo, o governador civil afiança que "tem havido ultimamente algumas intervenções importantes" e que, em 1997, se fizeram obras de grande envergadura na limpeza e conservação de diques e de valas e linhas de água".

O assoreamento de muitas zonas do leito do Tejo é outra preocupação. Um problema que Carlos Cunha julga que vai ser atenuado com as novas concessões de extracção de areia, planeadas de modo a que "deixem de ser feitas numa lógica puramente economicista e passando a ser feitas de acordo com critérios ambientais". No que diz respeito ao planeamento das acções de emergência, o governador civil sustenta que o distrito de Santarém é um dos mais avançados, com serviços municipais de protecção civil criados em todos os 21 concelhos. "Em termos de planos de emergência distritais, Santarém deve ser dos distritos do país com maior número de planos", concluiu.

Jorge Talixa

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