Guterres leva combate ao terrorismo à Assembleia

25-09-2001
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Guterres Leva Combate ao Terrorismo à Assembleia

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA E HELENA PEREIRA

Terça-feira, 25 de Setembro de 2001

Plenário debate com primeiro-ministro a situação internacional e as consequências sobre a país

A insistência na defesa de que devem ser medidas racionais contra actos irracionais será feita pelo primeiro-ministro, António Guterres, ao intervir hoje à tarde na Assembleia da República no debate sobre "a situação internacional na sequência do ataque perpetrado contra os EUA".

Na sua primeira deslocação à Assembleia desde o início do ano parlamentar, o primeiro-ministro irá, de acordo com o seu gabinete, também informar os deputados dos passos que o Governo tem dado, bem como das atitudes assumidas pelos representantes do Estado português nos órgãos internacionais, assim como das posições já tomadas pelos aliados de Portugal, NATO e União Europeia.

Em diálogo com o primeiro-ministro entrarão os líderes dos partidos da oposição ou os líderes parlamentares. Assim, pelo PSD estava ontem previsto que, hoje, fale o presidente do partido, Durão Barroso. Mas ontem a sua assessoria de imprensa não estava em condições de antecipar ao PÚBLICO o tipo de intervenção que Barroso pretende hoje fazer. Garantido era que Barroso deverá manter a linha da intervenção que fez em plenário na passada quarta-feira em que assumiu a solidariedade total de Portugal com os Estados Unidos e o apoio português ao combate do terrorismo.

Aparentemente mais virado para as questões internas apresentar-se-á o CDS-PP, que será representado pelo líder parlamentar, Basílio Horta, no que toca a declarações de fundo, ficando o líder do partido, Paulo Portas, com a responsabilidade das perguntas. Basílio Horta avançou ontem ao PÚBLICO que vai mesmo defender a elevação do défice para que o Estado introduza meios de investimento que atenuem os efeitos da recessão motivada pelos atentados nos EUA. Seguindo assim a proposta lançada pelo ex-primeiro-ministro Cavaco Silva, o líder parlamentar do PP vai centrar a sua intervenção nos efeitos económicos e na segurança e defesa nacional provocados pela nova situação internacional.

Os democratas-cristãos querem também saber, por exemplo, que mudanças é que o Governo vai introduzir no funcionamento das "secretas", o Sistema de Informações e Segurança (SIS) e Serviço de Informações Estratégicas de Defesa e Militares (SIEDM), se os recentes acontecimentos nos EUA vão influenciar a elaboração de um novo conceito estratégico e se todos os programas de reequipamento, previstos na Lei de Programação Militar, ainda estão actuais.

"É preciso olhar para o nosso Código Penal e ver se estão tipificadas todas as condutas criminosas", afirmou ainda ao PÚBLICO Basílio Horta, defendendo a adequação das penas à gravidade dos crimes, ou seja, o seu agravamento.

Já o PCP será representado no debate pelo próprio secretário-geral. Carlos Carvalhas deverá, entre outros ângulos de abordagens e segundo o gabinete de imprensa do grupo parlamentar comunista adiantou ao PÚBLICO, questionar o primeiro-ministro sobre "que solidariedade para com as vítimas do atentado, o povo americano, e qual o combate a travar contra o terrorismo". Carvalhas tenciona ainda interrogar Guterres sobre se "essa solidariedade e melhor combate não passa por uma posição de Portugal a favor da distensão internacional e no não alimentar de posições de ''histeria belicista''".

Quanto ao Bloco de Esquerda, Francisco Louçã adiantou ontem ao PÚBLICO que vão insistir com o Governo para que defenda a emissão de um mandado internacional de captura no âmbito das Nações Unidas para Ossama bin Laden. Do ponto de vista interno, Louçã garantiu que quererá ver esclarecida qual a posição do Governo. A necessidade de esclarecimento de posições levará o Bloco a clarificar a sua posição perante a situação criada com o atentado. Ou seja, o BE vai, segundo Louçã, "rejeitar categoricamente a imagem de neutralidade", mas irá defender que seja criado um "projecto de paz e não seja mantida a lógica anterior de armar os amigos".

Guterres Leva Combate ao Terrorismo à Assembleia

Por SÃO JOSÉ ALMEIDA E HELENA PEREIRA

Terça-feira, 25 de Setembro de 2001

Plenário debate com primeiro-ministro a situação internacional e as consequências sobre a país

A insistência na defesa de que devem ser medidas racionais contra actos irracionais será feita pelo primeiro-ministro, António Guterres, ao intervir hoje à tarde na Assembleia da República no debate sobre "a situação internacional na sequência do ataque perpetrado contra os EUA".

Na sua primeira deslocação à Assembleia desde o início do ano parlamentar, o primeiro-ministro irá, de acordo com o seu gabinete, também informar os deputados dos passos que o Governo tem dado, bem como das atitudes assumidas pelos representantes do Estado português nos órgãos internacionais, assim como das posições já tomadas pelos aliados de Portugal, NATO e União Europeia.

Em diálogo com o primeiro-ministro entrarão os líderes dos partidos da oposição ou os líderes parlamentares. Assim, pelo PSD estava ontem previsto que, hoje, fale o presidente do partido, Durão Barroso. Mas ontem a sua assessoria de imprensa não estava em condições de antecipar ao PÚBLICO o tipo de intervenção que Barroso pretende hoje fazer. Garantido era que Barroso deverá manter a linha da intervenção que fez em plenário na passada quarta-feira em que assumiu a solidariedade total de Portugal com os Estados Unidos e o apoio português ao combate do terrorismo.

Aparentemente mais virado para as questões internas apresentar-se-á o CDS-PP, que será representado pelo líder parlamentar, Basílio Horta, no que toca a declarações de fundo, ficando o líder do partido, Paulo Portas, com a responsabilidade das perguntas. Basílio Horta avançou ontem ao PÚBLICO que vai mesmo defender a elevação do défice para que o Estado introduza meios de investimento que atenuem os efeitos da recessão motivada pelos atentados nos EUA. Seguindo assim a proposta lançada pelo ex-primeiro-ministro Cavaco Silva, o líder parlamentar do PP vai centrar a sua intervenção nos efeitos económicos e na segurança e defesa nacional provocados pela nova situação internacional.

Os democratas-cristãos querem também saber, por exemplo, que mudanças é que o Governo vai introduzir no funcionamento das "secretas", o Sistema de Informações e Segurança (SIS) e Serviço de Informações Estratégicas de Defesa e Militares (SIEDM), se os recentes acontecimentos nos EUA vão influenciar a elaboração de um novo conceito estratégico e se todos os programas de reequipamento, previstos na Lei de Programação Militar, ainda estão actuais.

"É preciso olhar para o nosso Código Penal e ver se estão tipificadas todas as condutas criminosas", afirmou ainda ao PÚBLICO Basílio Horta, defendendo a adequação das penas à gravidade dos crimes, ou seja, o seu agravamento.

Já o PCP será representado no debate pelo próprio secretário-geral. Carlos Carvalhas deverá, entre outros ângulos de abordagens e segundo o gabinete de imprensa do grupo parlamentar comunista adiantou ao PÚBLICO, questionar o primeiro-ministro sobre "que solidariedade para com as vítimas do atentado, o povo americano, e qual o combate a travar contra o terrorismo". Carvalhas tenciona ainda interrogar Guterres sobre se "essa solidariedade e melhor combate não passa por uma posição de Portugal a favor da distensão internacional e no não alimentar de posições de ''histeria belicista''".

Quanto ao Bloco de Esquerda, Francisco Louçã adiantou ontem ao PÚBLICO que vão insistir com o Governo para que defenda a emissão de um mandado internacional de captura no âmbito das Nações Unidas para Ossama bin Laden. Do ponto de vista interno, Louçã garantiu que quererá ver esclarecida qual a posição do Governo. A necessidade de esclarecimento de posições levará o Bloco a clarificar a sua posição perante a situação criada com o atentado. Ou seja, o BE vai, segundo Louçã, "rejeitar categoricamente a imagem de neutralidade", mas irá defender que seja criado um "projecto de paz e não seja mantida a lógica anterior de armar os amigos".

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