Octávio Teixeira diz que mensagem de Cunhal é uma "opinião individual"
"A Notícia da Minha Morte É Um Pouco Exagerada"
Por SÃO JOSÉ ALMEIDA
Segunda-feira, 11 de Dezembro de 2000 Octávio Teixeira assumiu-se neste Congresso como uma das caras da renovação. Absteve-se na votação da nova direcção e na sexta-feira defendeu o PCP enquanto partido de poder com legitimidade democrática e não revolucionária. Em entrevista ao PÚBLICO, o líder parlamentar e membro da Comissão Política do PCP afirma que a mensagem de Cunhal ao Congresso e o discurso de Casanova "são intervenções que expressam opiniões individuais, opiniões de cada um deles". Mas adverte que é a intervenção de Carvalhas que, "de forma equilibrada", faz a "síntese daquilo que são as questões e as orientações do partido". Já sobre a sua saída da direcção apenas diz que aceitou ficar na comissão política e afirma: "A notícia da minha morte é um pouco exagerada." PÚBLICO - Que balanço faz deste congresso? Octávio Teixeira- Faço um balanço positivo. O congresso, para quem cá esteve, foi um congresso de completa liberdade de intervenção, em que todos os delegados, que quiseram, puderam expressar livremente as suas opiniões. Houve alguma diversidade de opiniões, mas eu ressalvo e realço, do meu ponto de vista, que essa diversidade de opiniões sobre alguns aspectos políticos ou mesmo de orientação política se inscreveram todos eles num quadro de clara unanimidade em relação à identidade, à natureza e aos princípios ideológicos do partido. Julgo que isso esteve claro. Para além do mais, gostaria de registar que essa diversidade de opiniões que foram expressas no congresso foram recebidas por todos os delegados no maior dos respeitos, independentemente de estarem de acordo ou não com as intervenções que eram feitas e com as opiniões que eram expressas e isso julgo que vale a pena realçar. Tenho, por outro lado, a opinão de que o próprio congresso terá sido, de alguma forma, marcado pela intervenção inicial do secretário-geral do partido, que me parece que é uma intervenção em que conseguiu fazer de forma adequada, de forma equilibrada, a síntese daquilo que são os problemas do país, por um lado, do capitalismo a nível mundial, pelo outro, e também a síntese daquilo que são as questões e as orientações do partido como tal. P. - Como é que vê, então, a mensagem enviada ao congresso pelo dr. Álvaro Cunhal e também, em certa medida, o discurso feito por José Casanova? R. - Vejo como intervenções de camaradas, de camaradas pelos quais tenho e todos nós temos imenso respeito, mas são intervenções que expressam opiniões individuais, opiniões de cada um deles e, por conseguinte, foram recebidas como todas as outras e foram aceites por todos os delgados com o respeito que lhes é devido. P. - Quem faz jurisprudência, por assim dizer, é o secretário geral. R. - Em termos da situação do partido, em termos da síntese dos problemas do partido é evidente que essa síntese foi feita na intervenção inicial pelo Carlos Carvalhas, aliás, como era seu dever e obrigação enquanto secretário-geral. P. - Como é que vê o facto de ontem ter circulado a informação de que iria deixar a comissão política? R. - Houve aí uma camarada, com quem, aliás, me dou muito bem, que teve um "lapsus linguae" e que disse alguma coisa que me fez lembrar aquela frase "a notícia da minha morte é um pouco exagerada". [Anteontem, uma delegada ao lembrar os dirigentes do PCP mortos desde o último congresso, enganou-se e, em vez de dizer Octávio Pato, disse primeiro Octávio Teixeira.] Em relação a isso que me está a referir, sobre a eventualidade da minha saída da comissão política, julgo que isso também seria um excesso, pelo menos enquanto não houvesse a reunião do comité central. P. - Não tenciona deixar a comissão política? P. - Eu aceitei ficar na comissão política. P. - Até ao próximo congresso? R .- Aceitei ficar na comissão política e é isso que agora está em causa. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE PCP com paredes de vidro
Citações
EDITORIAL O testamento ou a despedida de Cunhal?
Renovadores perdem poder
Comissão política
Homossexualidade agita congresso
"A notícia da minha morte é um pouco exagerada"
PCP, fundador do regime democrático
Diário heterodoxo do congresso
Dos 16 aos 85 anos
Bastidores
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Octávio Teixeira diz que mensagem de Cunhal é uma "opinião individual"
"A Notícia da Minha Morte É Um Pouco Exagerada"
Por SÃO JOSÉ ALMEIDA
Segunda-feira, 11 de Dezembro de 2000 Octávio Teixeira assumiu-se neste Congresso como uma das caras da renovação. Absteve-se na votação da nova direcção e na sexta-feira defendeu o PCP enquanto partido de poder com legitimidade democrática e não revolucionária. Em entrevista ao PÚBLICO, o líder parlamentar e membro da Comissão Política do PCP afirma que a mensagem de Cunhal ao Congresso e o discurso de Casanova "são intervenções que expressam opiniões individuais, opiniões de cada um deles". Mas adverte que é a intervenção de Carvalhas que, "de forma equilibrada", faz a "síntese daquilo que são as questões e as orientações do partido". Já sobre a sua saída da direcção apenas diz que aceitou ficar na comissão política e afirma: "A notícia da minha morte é um pouco exagerada." PÚBLICO - Que balanço faz deste congresso? Octávio Teixeira- Faço um balanço positivo. O congresso, para quem cá esteve, foi um congresso de completa liberdade de intervenção, em que todos os delegados, que quiseram, puderam expressar livremente as suas opiniões. Houve alguma diversidade de opiniões, mas eu ressalvo e realço, do meu ponto de vista, que essa diversidade de opiniões sobre alguns aspectos políticos ou mesmo de orientação política se inscreveram todos eles num quadro de clara unanimidade em relação à identidade, à natureza e aos princípios ideológicos do partido. Julgo que isso esteve claro. Para além do mais, gostaria de registar que essa diversidade de opiniões que foram expressas no congresso foram recebidas por todos os delegados no maior dos respeitos, independentemente de estarem de acordo ou não com as intervenções que eram feitas e com as opiniões que eram expressas e isso julgo que vale a pena realçar. Tenho, por outro lado, a opinão de que o próprio congresso terá sido, de alguma forma, marcado pela intervenção inicial do secretário-geral do partido, que me parece que é uma intervenção em que conseguiu fazer de forma adequada, de forma equilibrada, a síntese daquilo que são os problemas do país, por um lado, do capitalismo a nível mundial, pelo outro, e também a síntese daquilo que são as questões e as orientações do partido como tal. P. - Como é que vê, então, a mensagem enviada ao congresso pelo dr. Álvaro Cunhal e também, em certa medida, o discurso feito por José Casanova? R. - Vejo como intervenções de camaradas, de camaradas pelos quais tenho e todos nós temos imenso respeito, mas são intervenções que expressam opiniões individuais, opiniões de cada um deles e, por conseguinte, foram recebidas como todas as outras e foram aceites por todos os delgados com o respeito que lhes é devido. P. - Quem faz jurisprudência, por assim dizer, é o secretário geral. R. - Em termos da situação do partido, em termos da síntese dos problemas do partido é evidente que essa síntese foi feita na intervenção inicial pelo Carlos Carvalhas, aliás, como era seu dever e obrigação enquanto secretário-geral. P. - Como é que vê o facto de ontem ter circulado a informação de que iria deixar a comissão política? R. - Houve aí uma camarada, com quem, aliás, me dou muito bem, que teve um "lapsus linguae" e que disse alguma coisa que me fez lembrar aquela frase "a notícia da minha morte é um pouco exagerada". [Anteontem, uma delegada ao lembrar os dirigentes do PCP mortos desde o último congresso, enganou-se e, em vez de dizer Octávio Pato, disse primeiro Octávio Teixeira.] Em relação a isso que me está a referir, sobre a eventualidade da minha saída da comissão política, julgo que isso também seria um excesso, pelo menos enquanto não houvesse a reunião do comité central. P. - Não tenciona deixar a comissão política? P. - Eu aceitei ficar na comissão política. P. - Até ao próximo congresso? R .- Aceitei ficar na comissão política e é isso que agora está em causa. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE PCP com paredes de vidro
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