EXPRESSO: Opinião

12-05-2001
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O QUE EU DISSE, há quinze dias, nesta coluna: «Desde o início da sua candidatura que é óbvio que desiste» e «resta saber o dia em que António Abreu anunciará que, afinal, não vai a votos». Foi uma previsão que falhou rotundamente. Não que a desistência não fosse a ideia de Carlos Carvalhas, da direcção do PCP e do próprio candidato até ao último momento, mas porque o Comité Central, num sobressalto de dignidade, obrigou a que o PCP levasse a candidatura até ao fim. Foi um gesto corajoso, que evita o descrédito do partido e do candidato. E que entusiasmou o eleitorado comunista, ao ponto de se admitir que, com a abstenção esperada e a tradicional mobilização dos votantes do PCP, Abreu possa ficar próximo dos 9% que os comunistas obtiveram nas últimas legislativas.

Já Jorge Sampaio precisa de chegar ao patamar simbólico dos 60% e que a abstenção se situe abaixo dos 50% - para que a sua anunciada vitória não saia menorizada nem apareça como deslustrante. Terá perdido 4 a 5% de votos comunistas com a permanência de Abreu na corrida (metade dos eleitores do PCP preferiria abster-se a dar-lhe o seu voto...), mas, partindo dos 53,8% da primeira eleição e sem o irrealismo de querer atingir os 70% de Mário Soares há dez anos (sem candidato do PSD), ficar abaixo dos 60% deixará, certamente, o travo de uma vitória amarga.

Ferreira do Amaral deveria ficar acima dos 35%, tendo em conta os 32% obtidos pelo PSD nas legislativas e o apoio não assumido do CDS/PP (que representa 8,4% do eleitorado). Mas a sua candidatura corre o risco de ficar como símbolo de uma das maiores derrotas eleitorais do centro-direita, e Paulo Portas, dada a hipocrisia da sua posição nestas eleições, é já um perdedor antecipado. Quanto ao candidato, que deu a cara quando outros preferiram ficar de fora, acrescente-se que menos do que os 32% do PSD seria decepcionante e menos de 30% seria humilhante.

O candidato do cachimbo do Bloco de Esquerda também terá visto fugirem alguns votos comunistas com que contaria se Abreu desistisse. Assim, com uma abstenção elevada e os 2,5% do Bloco nas legislativas, Fernando Rosas tem a obrigação de chegar aos 3%. Se atingir os 5% terá um feito para emoldurar.

Garcia Pereira faz lembrar um excelente vendedor de televisões a preto e branco: tem muita eficácia no discurso mas vende um produto que já ninguém quer comprar. Pode aspirar a ultrapassar 1%, dados os 0,7% que o PCTP/MRPP consegue reunir em legislativas.

No domingo se verá quem fica acima ou abaixo das expectativas.

O QUE EU DISSE, há quinze dias, nesta coluna: «Desde o início da sua candidatura que é óbvio que desiste» e «resta saber o dia em que António Abreu anunciará que, afinal, não vai a votos». Foi uma previsão que falhou rotundamente. Não que a desistência não fosse a ideia de Carlos Carvalhas, da direcção do PCP e do próprio candidato até ao último momento, mas porque o Comité Central, num sobressalto de dignidade, obrigou a que o PCP levasse a candidatura até ao fim. Foi um gesto corajoso, que evita o descrédito do partido e do candidato. E que entusiasmou o eleitorado comunista, ao ponto de se admitir que, com a abstenção esperada e a tradicional mobilização dos votantes do PCP, Abreu possa ficar próximo dos 9% que os comunistas obtiveram nas últimas legislativas.

Já Jorge Sampaio precisa de chegar ao patamar simbólico dos 60% e que a abstenção se situe abaixo dos 50% - para que a sua anunciada vitória não saia menorizada nem apareça como deslustrante. Terá perdido 4 a 5% de votos comunistas com a permanência de Abreu na corrida (metade dos eleitores do PCP preferiria abster-se a dar-lhe o seu voto...), mas, partindo dos 53,8% da primeira eleição e sem o irrealismo de querer atingir os 70% de Mário Soares há dez anos (sem candidato do PSD), ficar abaixo dos 60% deixará, certamente, o travo de uma vitória amarga.

Ferreira do Amaral deveria ficar acima dos 35%, tendo em conta os 32% obtidos pelo PSD nas legislativas e o apoio não assumido do CDS/PP (que representa 8,4% do eleitorado). Mas a sua candidatura corre o risco de ficar como símbolo de uma das maiores derrotas eleitorais do centro-direita, e Paulo Portas, dada a hipocrisia da sua posição nestas eleições, é já um perdedor antecipado. Quanto ao candidato, que deu a cara quando outros preferiram ficar de fora, acrescente-se que menos do que os 32% do PSD seria decepcionante e menos de 30% seria humilhante.

O candidato do cachimbo do Bloco de Esquerda também terá visto fugirem alguns votos comunistas com que contaria se Abreu desistisse. Assim, com uma abstenção elevada e os 2,5% do Bloco nas legislativas, Fernando Rosas tem a obrigação de chegar aos 3%. Se atingir os 5% terá um feito para emoldurar.

Garcia Pereira faz lembrar um excelente vendedor de televisões a preto e branco: tem muita eficácia no discurso mas vende um produto que já ninguém quer comprar. Pode aspirar a ultrapassar 1%, dados os 0,7% que o PCTP/MRPP consegue reunir em legislativas.

No domingo se verá quem fica acima ou abaixo das expectativas.

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