Bernardino Soares: uma promessa à espera de legitimidade?

Bernardino Soares: Uma Promessa à Espera de Legitimidade?

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Sábado, 14 de Julho de 2001 Bernardino Soares surgiu em São Bento com a aura de militante incómodo e renovador. A prática parlamentar confirmou-o como eficiente e trabalhador Tem 29 anos de idade, nove de PCP e seis de deputado. São estes os números de Bernardino Soares, o jovem parlamentar que o secretário-geral, Carlos Carvalhas, apresentou ontem como o nome a aprovar para líder do grupo parlamentar. Sobe assim mais um degrau numa carreira fulgurante que teve o seu primeiro salto para a ribalta política nas legislativas de 1995. Nessas eleições, Carlos Carvalhas quis fazer da lista da CDU em Lisboa um exemplo de renovação partidária. A par de nomes como o já falecido Luís Sá e António Filipe, o então jovem de 23 anos, dirigente da JCP, ocupava um quinto lugar que lhe garantia a presença nos Passos Perdidos nos quatro anos seguintes. É sabido, aliás, que Luís Sá, uma das principais figuras defensoras da renovação interna, tinha tido um papel preponderante na chamada de Bernardino Soares às listas parlamentares. Por essa altura, já o jovem se tinha envolvido em algumas confusões com os "jotas" mais ortodoxos, alegadamente, devido à sua maior abertura. A prática parlamentar, contudo, não confirmou nem desmentiu o espírito renovador de Bernardino Soares. Integrou-se no grupo de forma pacífica ao mesmo tempo que ia ganhando fama de deputado eficiente, trabalhador e discreto. De 1995 para cá acumulou pastas especialmente dedicadas à juventude, mas não só. A sua presença na comissão de inquérito parlamentar às irregularidades na Junta Autónoma de Estradas foi de destaque. Actualmente, para lá da comissão da Juventude e Desporto, Bernardino tem assento reservado na importante comissão de Revisão Constitucional e de Acompanhamento da Situação em Timor-Leste. Alguns destes são temas herdados da anterior legislatura, tais como, a Juventude e o Desporto. Mas entre 1995 e 1999 chegou também a colaborar na área da Saúde e da Toxicodependência. Ainda hoje estes são assuntos para os quais Bernardino Soares parece ter uma especial atenção. O que até se comprova com a sua última intervenção parlamentar, onde deu a cara por uma proposta do seu partido relativamente ao problema da SIDA nos países de língua oficial portuguesa. Entretanto, a nível partidário, a ascensão de Bernardino Soares foi-se processando de forma igualmente rápida. O corolário foi a sua chegada à Comissão Política, ocorrida no tão badalado XVI Congresso do Pavilhão Atlântico de Dezembro do ano passado. Onde herdou de Edgar Correia a pasta da Saúde. Sobre essa promoção, para além dos méritos do jovem, existia a dúvida sobre se afinal esta não era a paga por ter evitado uma aliança mais visível com os críticos internos do partido. Ou se a sua presença naquele órgão não era um sinal de esperança para a renovação do PCP. Ainda assim, o balanço que se faz não é conclusivo. Na divisão interna existente no partido, Bernardino Soares parece pairar entre a linha de separação. O deputado parece estar à espera que a sua idade e a sua experiência amadureçam para ganhar outra legitimidade no seio do PCP. Quanto a experiência profissional, antes de se dedicar em regime de exclusividade à Assembleia da República, Bernardino Soares desempenhava em 1995 as funções de técnico de juventude na Câmara Municipal de Loures. Pouco tempo antes, em 1994, tinha concluído a licenciatura na Faculdade de Direito de Lisboa. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Octávio Teixeira resigna sozinho

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