PCP, fundador do regime democrático

11-12-2000
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Carvalhas responde a Cunhal e reafirma a intenção de renovar

PCP, Fundador do Regime Democrático

Segunda-feira, 11 de Dezembro de 2000 O secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, encerrou ontem o Congresso lembrando que o partido só pode acreditar na via eleitoral como "fundamento directo do poder" e que nunca irá perder a sua identidade ao querer renovar-se. Citando o programa eleitoral de 1988, Carvalhas falou para os que pensam que o PCP não está adaptado à vida em democracia e fez questão de sublinhar que a via para chegar ao poder é pelas eleições e não pela atitude revolucionária de tomada de poder. "Este não é o congresso de um partido comunista inadaptado à democracia e fixado em regras do tempo do seu heróico combate à ditadura fascista, mas o congresso de um partido comunista que é fundador do regime democrático-constitucional e o seu intransigente e consequente defensor", começou Carvalhas por dizer. Acrescentou: "É o Congresso de um partido comunista que, como o seu programa aprovado há dez anos [o ano exacto é 1988] claramente consagra, sustenta que ''no regime de liberdade que o PCP propõe ao povo português, as eleições são fundamento directo do poder político e da legitimidade de constituição dos seus órgãos''; proclama que ''a democracia política, embora intimamente articulada com a democracia económica, social e cultural, tem um valor intrínseco, pelo que é necessário salvaguardá-la e assegurá-la como um elemento integrante e inalienável da sociedade portuguesa''", afirmou, numa intervenção breve. Carvalhas foi mais longe na necessidade de recordar o que já há vários anos foi introduzido no programa do PCP e, além da democracia electiva, lembrou aos delegados, convidados e simpatizantes presentes no encerramento do congresso que, em relação aos regimes comunistas dos países de Leste, também não pode haver espaço para quaisquer dúvidas. O PCP, disse, é "um partido comunista que há dez anos procedeu a análises e definiu orientações que, em coerência com fortes marcas da sua identidade e história nacional, representam uma firme demarcação de todas as perversões, crimes, erros e deformações que afrontaram os ideais comunistas e tanto ensombraram a sua capacidade de atracção". Não deixou, contudo, de acrescentar: "[O PCP] ontem como hoje não consente que as conquistas e transformações sociais, económicas e culturais internas e as grandes e positivas repercussões internacionais induzidas pela Revolução de Outubro e por outras dessas experiências sejam apagadas da história da humanidade e da memória colectiva dos povos (...) e as esperanças de milhões de homens e mulheres comunistas de todo o mundo ao longo de décadas sejam rasuradas e enxovalhadas por causa dos dramáticos acontecimentos e mudanças do final da década de oitenta." Arrumadas estas questões, o secretário-geral pôde finalizar o discurso abordando com alguma clareza a questão da renovação que atravessou a discussão no congresso. Carvalhas garantiu que o PCP não "se enerva, assusta e crispa só de ouvir falar de renovação", na medida em que a assume como "um exigente programa de trabalho, reflexão e acção para continuar a ser um partido comunista e português ainda mais útil aos trabalhadores e ao povo, mais apetrechado para os combates que o esperam, mais influente e prestigiado". Isto, depois de ter defendido "a insubstituível riqueza, a diversidade de percursos, de origem sociais, de experiências e de opiniões" como "a seiva indispensável da acção colectiva". Segundo Carvalhas, a renovação não pode ser vista "como um código semântico para sinalizar o abandono da sua identidade ou como um conjunto de frases sonantes". Preocupado em explicar tudo aquilo que o PCP não é, Carvalhas rejeitou que o partido estivesse "dominado por uma psicologia de cerco" e confessou que os comunistas portugueses não podem ser vistos como "os últimos moicanos de uma causa perdida e naufragada". "Este foi um congresso onde, quem nos ouviu e viu sem preconceitos, terá de dizer: aqui esteve um partido profundamente ligado aos trabalhadores e ao povo, um partido que com seriedade procura soluções para os problemas, um partido patriota e internacionalista, um partido que se confirma como um partido necessário e insubstituível, partido da classe operária e de todos os trabalhadores", declarou Carvalhas, olhando a assistência que, agitando as bandeiras vermelhas do PCP, enchia o espaço do congresso. H.P./S.J.A. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE PCP com paredes de vidro

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