Declaração de Carlos Carvalhas

09-05-2001
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Declaração de Carlos Carvalhas

Quinta-feira, 15 de Março de 2001

O secretário-geral do PCP, dr. Carlos Carvalhas, declarou: "Os comunistas não figuram na lista dos carrascos, mas na lista das vítimas." Só lhe faltou acrescentar a conclusão óbvia: é por isso mesmo que cada vez há menos comunistas.

Ao prezado (e um tanto ingénuo) Rui Veloso foi preciso cerca de 70 pessoas caírem da ponte abaixo - e morrerem - devido à imprevidência, inépcia, irresponsabilidade e inconsideração, para, solenemente, nos vir garantir que, se não forem encontrados os principais responsáveis deste incrível acidente, vai proclamar aos quatro ventos que tem vergonha de ser português.

Ora como, anual e infalivelmente, morrem neste país muito mais pessoas, às prestações, pelos mesmos exactos motivos (nas estradas, nos hospitais e em casa, às mãos de médicos e enfermeiros que ficam anónimos para todo o sempre, nas obras, no aconchego do lar, quando este é tragado por túneis de metropolitano, etc.), fica-se com a sensação de que o que despertou a indignação do simpático vocalista é a quantidade de vítimas duma só vez. Pois: é sempre uma questão de dose que desperta as consciências mais acomodadas. Mas, se o prezado Rui Veloso estivesse um pouco mais atento ao que se passa quotidianamente à nossa volta, nos diversos niveis sócio-profissionais deste jardim à beira-mar semeado, já certamente teria feito várias proclamações desse género. Em relação ao teor das quais, aliás, não me identifico: mais de perto ou mais ao longe, se vir bem, mesmo bem no fundo da sua consciência, somos todos, mas todos, portugueses. Para o bem e para o mal.

Nuno Calvet, Lisboa

Declaração de Carlos Carvalhas

Quinta-feira, 15 de Março de 2001

O secretário-geral do PCP, dr. Carlos Carvalhas, declarou: "Os comunistas não figuram na lista dos carrascos, mas na lista das vítimas." Só lhe faltou acrescentar a conclusão óbvia: é por isso mesmo que cada vez há menos comunistas.

Ao prezado (e um tanto ingénuo) Rui Veloso foi preciso cerca de 70 pessoas caírem da ponte abaixo - e morrerem - devido à imprevidência, inépcia, irresponsabilidade e inconsideração, para, solenemente, nos vir garantir que, se não forem encontrados os principais responsáveis deste incrível acidente, vai proclamar aos quatro ventos que tem vergonha de ser português.

Ora como, anual e infalivelmente, morrem neste país muito mais pessoas, às prestações, pelos mesmos exactos motivos (nas estradas, nos hospitais e em casa, às mãos de médicos e enfermeiros que ficam anónimos para todo o sempre, nas obras, no aconchego do lar, quando este é tragado por túneis de metropolitano, etc.), fica-se com a sensação de que o que despertou a indignação do simpático vocalista é a quantidade de vítimas duma só vez. Pois: é sempre uma questão de dose que desperta as consciências mais acomodadas. Mas, se o prezado Rui Veloso estivesse um pouco mais atento ao que se passa quotidianamente à nossa volta, nos diversos niveis sócio-profissionais deste jardim à beira-mar semeado, já certamente teria feito várias proclamações desse género. Em relação ao teor das quais, aliás, não me identifico: mais de perto ou mais ao longe, se vir bem, mesmo bem no fundo da sua consciência, somos todos, mas todos, portugueses. Para o bem e para o mal.

Nuno Calvet, Lisboa

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