Carlos Carvalhas

10-03-2000
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AR

Carvalhas acusa

Desafios entre PS e PSD são uma farsa

O processo de revisão constitucional chegou ao fim, na passada semana, mais de um ano após o seu início, com a votação na especialidade em plenário da Assembleia da República das propostas de alteração dos últimos artigos do texto fundamental. A votação final global do novo texto está prevista para o dia 03 de Setembro, devendo ser remetido no dia seguinte para promulgação do Presidente da República, a fim de ser assinado por Jorge Sampaio antes de este partir de visita oficial ao Brasil.

Fica assim encerrado o último capítulo de um processo que concretiza o "vergonhoso acordo entre o PSD e o PS", como justamente lhe chamou o Grupo Parlamentar do PCP, e que marca indelevelmente a sessão legislativa que agora terminou.

Uma sessão legislativa que teve ainda como nota dominante a coincidência de interesses e a convergência de pontos de vista entre o PS e o PSD nas questões essenciais, seja na política económica ou não moeda única, seja nas privatizações, seja ainda na política de salários ou nas propinas.

Uma conjugação de opções e prioridades entre aqueles dois partidos que nenhuma farsa alimentada a partir de artificiais diferenças e alegadas divergências conseguiu camuflar. Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, demonstrou-o em conferência de imprensa, na passada semana, na Assembleia da República, lembrando os vários aspectos em torno dos quais PS e PSD estão de acordo.

Fazendo um balanço muito crítico da sessão legislativa, Carlos Carvalhas, que estava acompanhado de Octávio Teixeira, João Amaral e Lino de Carvalho, acusou o PS e PSD de "encenarem a farsa de grandes divergências", quando, na prática, estão de acordo no essencial.

O dirigente comunista respondia ao que o PSD e PS anunciaram na véspera nos jantares de fim de sessão legislativa, em que lançaram mútuos desafios como se tivessem grandes divergências.

"O secretário-geral do PS sabe muito bem que o PSD vai aprovar o Orçamento de Estado. O PSD já o disse várias vezes. Por isso o desafio convite do Primeiro Ministro ao PSD tem antecipadamente uma resposta conhecida: a viabilização em nome da moeda única e da política de concentração de riqueza e dos grandes interesses", comentou Carlos Carvalhas.

Depois de sublinhar que "é tempo de PS e PSD se deixarem da política-espectáculo e assumirem as suas responsabilidades pela política neo-liberal e monetarista, contrária aos interesses do povo e do País",o dirigente do PCP elencou um conjunto de problemas, aos quais, do seu ponto de vista, o Governo deveria dar resposta, relançando para o efeito o " investimento, a produção e o consumo e a defesa e valorização da produção nacional"..

A carecer de resposta e de resposta imediata, por si enumerados, foram, entre outros, os trabalhadores dos têxteis, vestuário e calçado "que continuam sem ver na prática as 40 horas e o não trabalho ao Sábado; os mineiros de Aljustrel que não entendem porque é que o Governo se mantém nas evasivas; os agricultores que têm que enterrar a sua fruta, quando ela falta em tantas famílias; os trabalhadores que estão em risco de virem de férias e encontrarem as suas empresas encerradas, tendo inclusivamente em conta, o fracasso do Plano Mateus; os reformados com as suas reformas de miséria; as famílias atingidas pelo flagelo da droga; os comerciantes e pequenos e médios empresários confrontados com a falta de poder de compra dos cidadãos e as dificuldades e burocracia de toda a ordem; os desempregados."

Pronunciando-se ainda sobre a sessão legislativa, Carvalhas destacou que ela fica "marcada não pela resposta aos graves problemas do país, mas pelos acordos do PSD e do PS com vistas à feitura de novas leis eleitorais que fabriquem maiorias absolutas com menos votos e que garantam uma bipolarização artificial."

"O País precisa de uma nova política e não de continuação da política de direita, através de um rotatismo em que só mudam as caras e os autores", sublinhou o dirigente do PCP, convicto de que "o País precisa de uma política de expansão da economia e não de uma política de contracção e deflacionária assente nos dogmas dos critérios de Maastricht".

"O País precisa de uma política de desenvolvimento com a sua dimensão social e ambiental e não de uma política de acentuação das desigualdades, de perdões fiscais, de negócios privados à custa do erário público e de benesses aos grandes senhores da finança", concluiu Carlos Carvalhas.

AR

Carvalhas acusa

Desafios entre PS e PSD são uma farsa

O processo de revisão constitucional chegou ao fim, na passada semana, mais de um ano após o seu início, com a votação na especialidade em plenário da Assembleia da República das propostas de alteração dos últimos artigos do texto fundamental. A votação final global do novo texto está prevista para o dia 03 de Setembro, devendo ser remetido no dia seguinte para promulgação do Presidente da República, a fim de ser assinado por Jorge Sampaio antes de este partir de visita oficial ao Brasil.

Fica assim encerrado o último capítulo de um processo que concretiza o "vergonhoso acordo entre o PSD e o PS", como justamente lhe chamou o Grupo Parlamentar do PCP, e que marca indelevelmente a sessão legislativa que agora terminou.

Uma sessão legislativa que teve ainda como nota dominante a coincidência de interesses e a convergência de pontos de vista entre o PS e o PSD nas questões essenciais, seja na política económica ou não moeda única, seja nas privatizações, seja ainda na política de salários ou nas propinas.

Uma conjugação de opções e prioridades entre aqueles dois partidos que nenhuma farsa alimentada a partir de artificiais diferenças e alegadas divergências conseguiu camuflar. Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, demonstrou-o em conferência de imprensa, na passada semana, na Assembleia da República, lembrando os vários aspectos em torno dos quais PS e PSD estão de acordo.

Fazendo um balanço muito crítico da sessão legislativa, Carlos Carvalhas, que estava acompanhado de Octávio Teixeira, João Amaral e Lino de Carvalho, acusou o PS e PSD de "encenarem a farsa de grandes divergências", quando, na prática, estão de acordo no essencial.

O dirigente comunista respondia ao que o PSD e PS anunciaram na véspera nos jantares de fim de sessão legislativa, em que lançaram mútuos desafios como se tivessem grandes divergências.

"O secretário-geral do PS sabe muito bem que o PSD vai aprovar o Orçamento de Estado. O PSD já o disse várias vezes. Por isso o desafio convite do Primeiro Ministro ao PSD tem antecipadamente uma resposta conhecida: a viabilização em nome da moeda única e da política de concentração de riqueza e dos grandes interesses", comentou Carlos Carvalhas.

Depois de sublinhar que "é tempo de PS e PSD se deixarem da política-espectáculo e assumirem as suas responsabilidades pela política neo-liberal e monetarista, contrária aos interesses do povo e do País",o dirigente do PCP elencou um conjunto de problemas, aos quais, do seu ponto de vista, o Governo deveria dar resposta, relançando para o efeito o " investimento, a produção e o consumo e a defesa e valorização da produção nacional"..

A carecer de resposta e de resposta imediata, por si enumerados, foram, entre outros, os trabalhadores dos têxteis, vestuário e calçado "que continuam sem ver na prática as 40 horas e o não trabalho ao Sábado; os mineiros de Aljustrel que não entendem porque é que o Governo se mantém nas evasivas; os agricultores que têm que enterrar a sua fruta, quando ela falta em tantas famílias; os trabalhadores que estão em risco de virem de férias e encontrarem as suas empresas encerradas, tendo inclusivamente em conta, o fracasso do Plano Mateus; os reformados com as suas reformas de miséria; as famílias atingidas pelo flagelo da droga; os comerciantes e pequenos e médios empresários confrontados com a falta de poder de compra dos cidadãos e as dificuldades e burocracia de toda a ordem; os desempregados."

Pronunciando-se ainda sobre a sessão legislativa, Carvalhas destacou que ela fica "marcada não pela resposta aos graves problemas do país, mas pelos acordos do PSD e do PS com vistas à feitura de novas leis eleitorais que fabriquem maiorias absolutas com menos votos e que garantam uma bipolarização artificial."

"O País precisa de uma nova política e não de continuação da política de direita, através de um rotatismo em que só mudam as caras e os autores", sublinhou o dirigente do PCP, convicto de que "o País precisa de uma política de expansão da economia e não de uma política de contracção e deflacionária assente nos dogmas dos critérios de Maastricht".

"O País precisa de uma política de desenvolvimento com a sua dimensão social e ambiental e não de uma política de acentuação das desigualdades, de perdões fiscais, de negócios privados à custa do erário público e de benesses aos grandes senhores da finança", concluiu Carlos Carvalhas.

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