Carlos Alberto fecha para obras

15-06-2000
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Interior do Auditório Nacional Carlos Alberto

Nos próximos dias deverá ser revelado o anteprojecto de remodelação das instalações do velho teatro, elaborado pelo arquitecto Nuno Lacerda Lopes. O Carlos Alberto tem estado a ser utilizado em regime de concessão pelo Instituto Português das Artes do Espectáculo-IPAE e é no âmbito deste organismo que está a ser desenvolvido todo o trabalho com vista à remodelação do ANCA.

Ana Marim, presidente do IPAE, refere que a intervenção a efectuar será «qualificante». Só quando o arquitecto entregar o anteprojecto serão revelados todos os detalhes da obra, mas sabe-se que terão de ser feitos melhoramentos radicais nos sistemas de água, saneamento e electricidade. Para lá disso há a necessidade de melhorar o espaço de fruição destinado ao público, bem como toda a zona dos camarins, teia e equipamento técnico.

É uma remodelação profunda, condicionada por dois factores: o tempo e o dinheiro. A questão temporal é prioritária. Mesmo que ocorra a hipótese improvável de haver verba disponível para alargar muito a amplitude da intervenção, as obras a fazer estariam sempre condicionadas pela necessidade de ficarem concluídas até ao final do ano. Segundo informações recolhidas pelo EXPRESSO, o custo global dos melhoramentos a efectuar no Carlos Alberto poderá chegar aos 400 mil contos.

A compra do edifício era uma ambição antiga da Câmara Municipal do Porto e do Ministério da Cultura. A família proprietária do imóvel nunca facilitou as negociações, e autarquia e Ministério chegaram a encarar a hipótese de se desinteressarem desta estrutura. Tornava-se insustentável continuar a fazer intervenções e remodelações numa sala cuja propriedade continuava a ser privada.

Nuno Cardoso, responsável pela programação do Auditório, pretende assegurar, nos meses de Janeiro e Fevereiro, a continuidade de um conjunto de projectos sempre muito ligados às novas tendências artísticas e a novos grupos que começam a afirmar-se na cidade.

Assim, hoje é ainda possível ver a peça Morrer, de José Vieira Mendes, a partir da novela de Arthur Schnitzler, que conta a história de Félix, um jovem doente e confrontado com a previsão médica de que não terá mais de um ano de vida.

De 20 a 30 deste mês é apresentada a peça Minha Conto, de Mia Couto, pelo Teatro Art'Imagem a partir do romance A Varanda de Frangipani, com dramaturgia e encenação de Alberto Magassela e cenografia de Sabino Pires.

Em Fevereiro, de 5 a 13, o grupo As Boas Raparigas apresenta ABECEDÁRIO, de Heiner Müller, com encenação de Rogério de Carvalho e cenografia de Cláudia Armanda. É uma peça em co-produção com o Centro Cultural de Belém, na qual são abordados os dramas de pessoas comuns, na Alemanha que vive o período de antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial. Com um percurso que vai desde a chegada de Adolfo Hitler ao poder até a formação da RDA, ABECEDÁRIO é constituída por 13 textos, muitos deles escritos em meados e finais da década de 50.

Para assinalar o encerramento do Auditório será feita uma instalação-performance, intitulada «O Lado Belo da Vida», de 20 a 22 e a 28 e 29 de Janeiro, e nos dias 5, 11 e 12 de Fevereiro, sempre às 21h30. O objectivo desta iniciativa, que tem Magda Vaz e Jorge Taveira como responsáveis de produção, é transformar o Auditório numa espécie de labirinto de um sanatório, povoado por sons, imagens e corpos em suspensão. Segundo os promotores, a ideia é fazer «notar que o indivíduo é um ser supremo a pôr-se em causa - a sua existência e a sua singularidade».

De 24 de Fevereiro a 4 de Março decorre o Fantasporto e logo a seguir o ANCA fecha. Contudo, diz Nuno Cardoso, «apesar de deixar de existir temporariamente o espaço físico, nem por isso terminarão as iniciativas apoiadas pelo Auditório».

O programa para os meses seguintes não está ainda definido, mas é certo que serão apoiadas iniciativas diversas, como o festival de música improvisada, o «live-art» e outras propostas inseridas no âmbito das novas tendências artísticas.

VALDEMAR CRUZ

Interior do Auditório Nacional Carlos Alberto

Nos próximos dias deverá ser revelado o anteprojecto de remodelação das instalações do velho teatro, elaborado pelo arquitecto Nuno Lacerda Lopes. O Carlos Alberto tem estado a ser utilizado em regime de concessão pelo Instituto Português das Artes do Espectáculo-IPAE e é no âmbito deste organismo que está a ser desenvolvido todo o trabalho com vista à remodelação do ANCA.

Ana Marim, presidente do IPAE, refere que a intervenção a efectuar será «qualificante». Só quando o arquitecto entregar o anteprojecto serão revelados todos os detalhes da obra, mas sabe-se que terão de ser feitos melhoramentos radicais nos sistemas de água, saneamento e electricidade. Para lá disso há a necessidade de melhorar o espaço de fruição destinado ao público, bem como toda a zona dos camarins, teia e equipamento técnico.

É uma remodelação profunda, condicionada por dois factores: o tempo e o dinheiro. A questão temporal é prioritária. Mesmo que ocorra a hipótese improvável de haver verba disponível para alargar muito a amplitude da intervenção, as obras a fazer estariam sempre condicionadas pela necessidade de ficarem concluídas até ao final do ano. Segundo informações recolhidas pelo EXPRESSO, o custo global dos melhoramentos a efectuar no Carlos Alberto poderá chegar aos 400 mil contos.

A compra do edifício era uma ambição antiga da Câmara Municipal do Porto e do Ministério da Cultura. A família proprietária do imóvel nunca facilitou as negociações, e autarquia e Ministério chegaram a encarar a hipótese de se desinteressarem desta estrutura. Tornava-se insustentável continuar a fazer intervenções e remodelações numa sala cuja propriedade continuava a ser privada.

Nuno Cardoso, responsável pela programação do Auditório, pretende assegurar, nos meses de Janeiro e Fevereiro, a continuidade de um conjunto de projectos sempre muito ligados às novas tendências artísticas e a novos grupos que começam a afirmar-se na cidade.

Assim, hoje é ainda possível ver a peça Morrer, de José Vieira Mendes, a partir da novela de Arthur Schnitzler, que conta a história de Félix, um jovem doente e confrontado com a previsão médica de que não terá mais de um ano de vida.

De 20 a 30 deste mês é apresentada a peça Minha Conto, de Mia Couto, pelo Teatro Art'Imagem a partir do romance A Varanda de Frangipani, com dramaturgia e encenação de Alberto Magassela e cenografia de Sabino Pires.

Em Fevereiro, de 5 a 13, o grupo As Boas Raparigas apresenta ABECEDÁRIO, de Heiner Müller, com encenação de Rogério de Carvalho e cenografia de Cláudia Armanda. É uma peça em co-produção com o Centro Cultural de Belém, na qual são abordados os dramas de pessoas comuns, na Alemanha que vive o período de antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial. Com um percurso que vai desde a chegada de Adolfo Hitler ao poder até a formação da RDA, ABECEDÁRIO é constituída por 13 textos, muitos deles escritos em meados e finais da década de 50.

Para assinalar o encerramento do Auditório será feita uma instalação-performance, intitulada «O Lado Belo da Vida», de 20 a 22 e a 28 e 29 de Janeiro, e nos dias 5, 11 e 12 de Fevereiro, sempre às 21h30. O objectivo desta iniciativa, que tem Magda Vaz e Jorge Taveira como responsáveis de produção, é transformar o Auditório numa espécie de labirinto de um sanatório, povoado por sons, imagens e corpos em suspensão. Segundo os promotores, a ideia é fazer «notar que o indivíduo é um ser supremo a pôr-se em causa - a sua existência e a sua singularidade».

De 24 de Fevereiro a 4 de Março decorre o Fantasporto e logo a seguir o ANCA fecha. Contudo, diz Nuno Cardoso, «apesar de deixar de existir temporariamente o espaço físico, nem por isso terminarão as iniciativas apoiadas pelo Auditório».

O programa para os meses seguintes não está ainda definido, mas é certo que serão apoiadas iniciativas diversas, como o festival de música improvisada, o «live-art» e outras propostas inseridas no âmbito das novas tendências artísticas.

VALDEMAR CRUZ

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