Durão admite aliança com PP

19-06-2000
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Durão Barroso com Paulo Portas: apesar das más relações do passado recente, sociais-democratas e populares poderão voltar a sentar-se em breve à mesma mesa

DURÃO Barroso não fecha a porta à possibilidade de o PSD poder vir a negociar uma nova aliança eleitoral com o PP. Segundo apurou o EXPRESSO junto da direcção social-democrata, o presidente do PSD - férreo opositor da Alternativa Democrática de Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Portas - admite que o futuro dos dois partidos passe por um entendimento a médio prazo, cujos primeiros passos poderiam ser ensaiados nas eleições autárquicas de Dezembro de 2001, sob a forma de coligações locais. O líder do PSD mantém a convicção de que o seu actual homólogo do PP - com quem trocou pouco amáveis galhardetes durante a campanha eleitoral - não é o parceiro ideal. Ainda assim, não exclui a possibilidade de vir a sentar-se à mesma mesa com ele, num futuro mais ou menos próximo, na perspectiva de colher dividendos eleitorais que eventualmente só uma aliança de centro-direita poderá trazer para enfrentar uma esquerda reforçada pelas eleições de 10 de Outubro. Congresso no início de 2000 O PP é, contudo, um assunto a que o líder do PSD não pretende dar importância a breve trecho. Possíveis alianças ou um prévio estabelecimento de pontes entre os dois partidos - como propôs Pedro Santana Lopes, na semana passada, em declarações ao EXPRESSO - são por ora assuntos que Durão Barroso não quer alimentar, empenhado que está, para já, em reorganizar internamente o PSD, por forma a torná-lo «um partido mais moderno», com condições para vencer as legislativas de 2003. O líder do PSD considera que o seu partido está anquilosado e precisa de rejuvenescimento, sobretudo «a nível de mentalidade». A operação poderá não passar por alterações na orgânica do partido, mas é certo que obrigará à convocação de um Congresso extraordinário, no início do próximo ano - «precisamente para não colar às eleições e dar a ideia de que ainda se pretende discutir os resultados». A reunião magna deverá fornecer a oportunidade para Durão Barroso formar uma nova Comissão Política Nacional de que poderão voltar a fazer parte nomes que estiveram com Marcelo Rebelo de Sousa e que, por esse mesmo motivo, acabaram por ser excluídos da equipa que subiu, com Barroso, à direcção do partido no Congresso de Coimbra. Ferreira do Amaral, Manuela Ferreira Leite, Luís Marques Mendes são alguns dos nomes que poderão estar nessas condições. A questão presidencial Outro tema incontornável no próximo Congresso do PSD são as eleições presidenciais. Mas este é, a par do PP, o segundo dos assuntos que Durão Barroso não pretende relevar nos tempos mais próximos. Conforme o EXPRESSO já noticiava na semana passada, a prioridade política do PSD são as eleições autárquicas. Apesar de saber que terá de tomar uma decisão sobre o candidato presidencial que o seu partido apoiará, Barroso não o fará antes do princípio de 2000. Recorde-se que só nessa altura é que Francisco Pinto Balsemão anunciará se se candidata ou não; e Cavaco Silva já afirmou que não se pronunciará sobre o assunto até ao final do ano. O PSD encara a disputa presidencial como uma batalha perdida. Daí que possa vir a acontecer que nem Cavaco nem Balsemão se abalancem a fazer frente a Sampaio. E, nesse cenário, há quem equacione a possibilidade de Barroso dirigir um convite a um candidato inesperado: nem mais nem menos do que Marcelo Rebelo de Sousa - que há uma semana, no «Público», sugeria Cavaco Silva como o candidato mais útil a um PSD empenhado em unificar a direita. Durão líder parlamentar Nos próximos dias, a atenção de Durão Barroso está concentrada na escolha da direcção parlamentar. E segundo apurou o EXPRESSO, está a ponderar seriamente a hipótese de poder ser ele próprio a acumular as funções de líder partidário com as de líder da bancada. A favor dessa solução, Barroso tem o facto de não ter que convencer ninguém a partilhar consigo o protagonismo que necessariamente irá ter na bancada social-democrata durante a próxima legislatura. Contra, tem o excesso de exposição que o cargo traz. A verdade é que a escolha de um líder parlamentar em substituição de Marques Mendes não se afigura tarefa fácil para Durão Barroso. José Luís Arnaut e José Correia, homens da sua inteira confiança, não dispõem da necessária experiência parlamentar. Manuela Ferreira Leite, em contrapartida, não possui o perfil político exigido. Carlos Encarnação - outro dos nomes possíveis - autoexcluiu-se. Esta semana ouviu falar-se de Rui Rio, mas este não dispõe do consenso indispensável ao exercício do cargo. Mota Amaral, outro dos possíveis, deixou de o ser a partir do revés eleitoral sofrido pelo PSD/Açores. A hipótese ainda assim mais consistente é António Capucho - que já é vice-presidente do partido e tem assumido as funções de porta-voz -, não fosse o facto de Barroso ter vindo a revelar preferência por alguém que constituísse «novidade». A nova Assembleia da República toma posse na segunda-feira, e Marques Mendes deverá marcar as eleições da nova direcção da bancada social-democrata para 2 de Novembro. CRISTINA FIGUEIREDO JSD quer recompensa A JUVENTUDE Social Democrata espera ser recompensada pelo seu esforço na campanha eleitoral com uma vice-presidência do grupo parlamentar. Os jovens do PSD - que a 10 de Outubro elegeram quatro deputados - estão na expectativa de obter do futuro líder da bancada «um tratamento político igual ao que já teve em tempos, equivalente à utilidade da JSD para esta legislatura e não inferior ao que as juventudes de outros partidos tiveram no passado» - segundo o EXPRESSO conseguiu apurar junto de um dirigente da organização. A direcção da JSD exprime assim, de forma arrevesada, o desejo de ver o seu líder, Pedro Duarte, na primeira fila da bancada social-democrata. Os «jotas» classificam a reivindicação como «uma justa pretensão», nomeadamente depois de a Comissão Política Nacional ter multiplicado elogios à maneira como animaram a campanha de Durão Barroso. Esta exigência não constará, no entanto, do documento escrito que a direcção da JSD deverá entregar a Durão Barroso durante a próxima semana, em que expressa as suas preferências pelas comissões parlamentares: Pedro Duarte para os Assuntos Constitucionais, José Eduardo Martins para os Negócios Estrangeiros, Nuno Freitas para a Saúde e Bruno Vitorino para a Juventude. C.F.

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«Só à força é que saio»

Distrital laranja em «pé-de-guerra»

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DURÃO Barroso não fecha a porta à possibilidade de o PSD poder vir a negociar uma nova aliança eleitoral com o PP. Segundo apurou o EXPRESSO junto da direcção social-democrata, o presidente do PSD - férreo opositor da Alternativa Democrática de Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Portas - admite que o futuro dos dois partidos passe por um entendimento a médio prazo, cujos primeiros passos poderiam ser ensaiados nas eleições autárquicas de Dezembro de 2001, sob a forma de coligações locais. O líder do PSD mantém a convicção de que o seu actual homólogo do PP - com quem trocou pouco amáveis galhardetes durante a campanha eleitoral - não é o parceiro ideal. Ainda assim, não exclui a possibilidade de vir a sentar-se à mesma mesa com ele, num futuro mais ou menos próximo, na perspectiva de colher dividendos eleitorais que eventualmente só uma aliança de centro-direita poderá trazer para enfrentar uma esquerda reforçada pelas eleições de 10 de Outubro. Congresso no início de 2000 O PP é, contudo, um assunto a que o líder do PSD não pretende dar importância a breve trecho. Possíveis alianças ou um prévio estabelecimento de pontes entre os dois partidos - como propôs Pedro Santana Lopes, na semana passada, em declarações ao EXPRESSO - são por ora assuntos que Durão Barroso não quer alimentar, empenhado que está, para já, em reorganizar internamente o PSD, por forma a torná-lo «um partido mais moderno», com condições para vencer as legislativas de 2003. O líder do PSD considera que o seu partido está anquilosado e precisa de rejuvenescimento, sobretudo «a nível de mentalidade». A operação poderá não passar por alterações na orgânica do partido, mas é certo que obrigará à convocação de um Congresso extraordinário, no início do próximo ano - «precisamente para não colar às eleições e dar a ideia de que ainda se pretende discutir os resultados». A reunião magna deverá fornecer a oportunidade para Durão Barroso formar uma nova Comissão Política Nacional de que poderão voltar a fazer parte nomes que estiveram com Marcelo Rebelo de Sousa e que, por esse mesmo motivo, acabaram por ser excluídos da equipa que subiu, com Barroso, à direcção do partido no Congresso de Coimbra. Ferreira do Amaral, Manuela Ferreira Leite, Luís Marques Mendes são alguns dos nomes que poderão estar nessas condições. A questão presidencial Outro tema incontornável no próximo Congresso do PSD são as eleições presidenciais. Mas este é, a par do PP, o segundo dos assuntos que Durão Barroso não pretende relevar nos tempos mais próximos. Conforme o EXPRESSO já noticiava na semana passada, a prioridade política do PSD são as eleições autárquicas. Apesar de saber que terá de tomar uma decisão sobre o candidato presidencial que o seu partido apoiará, Barroso não o fará antes do princípio de 2000. Recorde-se que só nessa altura é que Francisco Pinto Balsemão anunciará se se candidata ou não; e Cavaco Silva já afirmou que não se pronunciará sobre o assunto até ao final do ano. O PSD encara a disputa presidencial como uma batalha perdida. Daí que possa vir a acontecer que nem Cavaco nem Balsemão se abalancem a fazer frente a Sampaio. E, nesse cenário, há quem equacione a possibilidade de Barroso dirigir um convite a um candidato inesperado: nem mais nem menos do que Marcelo Rebelo de Sousa - que há uma semana, no «Público», sugeria Cavaco Silva como o candidato mais útil a um PSD empenhado em unificar a direita. Durão líder parlamentar Nos próximos dias, a atenção de Durão Barroso está concentrada na escolha da direcção parlamentar. E segundo apurou o EXPRESSO, está a ponderar seriamente a hipótese de poder ser ele próprio a acumular as funções de líder partidário com as de líder da bancada. A favor dessa solução, Barroso tem o facto de não ter que convencer ninguém a partilhar consigo o protagonismo que necessariamente irá ter na bancada social-democrata durante a próxima legislatura. Contra, tem o excesso de exposição que o cargo traz. A verdade é que a escolha de um líder parlamentar em substituição de Marques Mendes não se afigura tarefa fácil para Durão Barroso. José Luís Arnaut e José Correia, homens da sua inteira confiança, não dispõem da necessária experiência parlamentar. Manuela Ferreira Leite, em contrapartida, não possui o perfil político exigido. Carlos Encarnação - outro dos nomes possíveis - autoexcluiu-se. Esta semana ouviu falar-se de Rui Rio, mas este não dispõe do consenso indispensável ao exercício do cargo. Mota Amaral, outro dos possíveis, deixou de o ser a partir do revés eleitoral sofrido pelo PSD/Açores. A hipótese ainda assim mais consistente é António Capucho - que já é vice-presidente do partido e tem assumido as funções de porta-voz -, não fosse o facto de Barroso ter vindo a revelar preferência por alguém que constituísse «novidade». A nova Assembleia da República toma posse na segunda-feira, e Marques Mendes deverá marcar as eleições da nova direcção da bancada social-democrata para 2 de Novembro. CRISTINA FIGUEIREDO JSD quer recompensa A JUVENTUDE Social Democrata espera ser recompensada pelo seu esforço na campanha eleitoral com uma vice-presidência do grupo parlamentar. Os jovens do PSD - que a 10 de Outubro elegeram quatro deputados - estão na expectativa de obter do futuro líder da bancada «um tratamento político igual ao que já teve em tempos, equivalente à utilidade da JSD para esta legislatura e não inferior ao que as juventudes de outros partidos tiveram no passado» - segundo o EXPRESSO conseguiu apurar junto de um dirigente da organização. A direcção da JSD exprime assim, de forma arrevesada, o desejo de ver o seu líder, Pedro Duarte, na primeira fila da bancada social-democrata. Os «jotas» classificam a reivindicação como «uma justa pretensão», nomeadamente depois de a Comissão Política Nacional ter multiplicado elogios à maneira como animaram a campanha de Durão Barroso. Esta exigência não constará, no entanto, do documento escrito que a direcção da JSD deverá entregar a Durão Barroso durante a próxima semana, em que expressa as suas preferências pelas comissões parlamentares: Pedro Duarte para os Assuntos Constitucionais, José Eduardo Martins para os Negócios Estrangeiros, Nuno Freitas para a Saúde e Bruno Vitorino para a Juventude. C.F.

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