Governo garante que não interferiu na escolha de Rangel

04-10-2001
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Governo Garante Que Não Interferiu na Escolha de Rangel

Por ELISABETE VILAR

Terça-feira, 02 de Outubro de 2001 PSD quer demissão de Arons Secretário de Estado e administrador asseguram que convite ao ex-director da SIC é da exclusiva responsabilidade da RTP. Mas que Rangel está em sintonia com a política do Governo O secretário de Estado da Comunicação Social e o presidente do conselho de administração da RTP garantiram ontem, na Assembleia da República, que o Governo não ultrapassou as suas competências nem interferiu na escolha de Emídio Rangel para o cargo de director-geral da estação pública. Num ambiente hostil e sarcástico, Arons de Carvalho e João Carlos Silva foram questionados, na Comissão Parlamentar de Direitos, Liberdades e Garantias, sobre até que ponto houve ingerência do Governo na recente indigitação de Rangel e de que modo estaria essa opção relacionada com anteriores críticas de membros do PS à informação da RTP. Segundo João Carlos Silva, a contratação foi uma "matéria estritamente tratada pelo conselho de administração" e demorou "três semanas a ser decidida". Todavia, e prevendo que a indigitação do ex-director da SIC seria polémica, a administração da RTP informou, através do secretário de Estado, o accionista Estado da sua intenção de o convidar. Mais: Rangel nem é sequer uma hipótese nova para a RTP, mas só agora - com os rumores, e depois, a confirmação da sua saída da SIC - a possibilidade de estar disponível para ocupar um cargo que a estação pública tem vago há anos deu indícios de se concretizar, explicou o administrador. Arons de Carvalho, por seu turno, afirmou que a administração da RTP apenas deu conhecimento do nome escolhido para o cargo, tendo contudo assegurado ao Governo que a estação não irá seguir uma lógica concorrencial. Quanto às razões que levaram a RTP a optar por Rangel, o governante remeteu a questão para João Carlos Silva, alegando que a decisão é independente e respeita apenas à estação pública. Os esclarecimentos de Arons de Carvalho não parecem, no entanto, ter convencido os deputados sociais-democratas que pediram a sua demissão. Um pedido feito não só "face à ingerência notória do Governo" na escolha do futuro director-geral da RTP - que o governante "não negou peremptoriamente", disse o deputado Miguel Macedo, do PSD - mas também face à "desautorização da Alta Autoridade para a Comunicação Social" - já que, diante da possibilidade de aquele órgão fiscalizador chumbar o nome de Rangel para o cargo, o secretário de Estado lembrou que o parecer da entidade é meramente consultivo e não vinculativo. Os deputados da comissão demonstraram ainda alguma apreensão em relação ao ex-director da estação de Carnaxide - nomeadamente no tocante a estratégias e opções de programação e à garantia de um serviço público de qualidade. O socialista António Reis questionou mesmo se, "à luz do seu passado", Rangel não iria "cair na tentação de dar predomínio ao modelo concorrencial sobre o modelo alternativo de serviço público". E Bruno Dias, do PCP, expressou a necessidade de o serviço público se reger por valores de cidadania, pedagogia e democracia em lugar de encarar o telespectador como consumidor ou cliente. Mas João Carlos Silva afirmou que, só após um longo debate com Emídio Rangel - em que foram abordadas as expectativas de ambas as partes para a RTP e, em particular, o contrato de concessão do serviço público, assinado em 1996 - se chegou a um acordo e a uma sintonia de pontos de vista. O administrador da estação do Estado acredita que Rangel é a pessoa indicada para assumir a responsabilidade de criar um fio condutor, uma linha estratégica global que unifique a programação "desde que se liga até que se apaga o televisor". E lembrou as suas qualidade "históricas": Rangel formatou a TSF, "que não deslustra qualquer trabalho de serviço público", e deu um grande impulso de exigência, à informação e programação televisiva em geral, com a fundação da SIC. João Carlos Silva assegurou ainda que a demissão do director de informação, José Rodrigues dos Santos, decorreu de uma decisão pessoal do jornalista e que o conselho de administração não só nunca pressionou esta atitude como não demitiria a direcção de informação. Foi aliás oferecida a Rodrigues do Santos, declarou, a possibilidade de se tornar director-geral adjunto, que o jornalista rejeitou. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Governo garante que não interferiu na escolha de Rangel

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