PCP em estado de choque com perdas

30-12-2001
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PCP em Estado de Choque com Perdas

Por HELENA PEREIRA

Terça-feira, 18 de Dezembro de 2001

Comité central analisa hoje resultados eleitorais

A perda de 14 presidências de câmara superou as piores expectativas do PCP, que reúne hoje o comité central para analisar os resultados eleitorais. A conquista de Setúbal foi uma grande festa, mas as imagens na televisão não conseguiram encobrir a derrapagem dos comunistas.

Os objectivos apresentados pelo coordenador das autárquicas falharam em toda a linha. Jorge Cordeiro tinha dito que a CDU queria manter as presidências de câmara, aumentar o número de votos e os mandatos e reconquistar autarquias perdidas há quatro anos, como Amadora, Vila Franca de Xira, Vila Real de Santo António ou Montijo. Em Lisboa, a coligação com o PS perdeu a câmara, mas conseguiu manter a assembleia municipal. Perdeu João Soares, ganhou João Amaral.

A nível nacional, retirando o caso de Lisboa, a CDU teve cerca de 550 mil votos, contra os 643 mil de 1997. Nessa altura, o comité central não hesitava em classificar como "negativo" o resultado. Tinham perdido 12 câmaras e cerca de 50 mil votos.

Sobre a anunciada crise política, o PCP espera que o Presidente da República não dissolva a Assembleia, onde se mantém a maioria parlamentar do PS. Anteontem à noite, o secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, considerava que os resultados eleitorais e a própria demissão de Guterres, que "se impunha", criaram "um quadro novo" na vida política nacional. Face aos resultados autárquicos, que o PCP configura serem uma viragem à direita, a perspectiva de haver eleições antecipadas é a que menos desejam, perante o risco de o PSD poder vir a formar Governo.

Em pleno desgaste do Governo, o PCP não conseguiu capitalizar o seu papel de oposição nem fixar os votos de esquerda. Treze das 14 autarquias perdidas caíram para o PS. Em Lisboa, a própria derrota, para além da culpa atribuída e já assumida por João Soares, deveu-se também a um certo alheamento e a dificuldades de mobilização do aparelho comunista para se bater ao lado do PS.

No PCP, não são esperadas demissões. As responsabilidades são assumidas por toda a direcção. Apesar da perda de um terço das câmaras, o partido mantém o terceiro lugar no "ranking". A vocação de partido autárquico, essa, sai abalada.

PCP em Estado de Choque com Perdas

Por HELENA PEREIRA

Terça-feira, 18 de Dezembro de 2001

Comité central analisa hoje resultados eleitorais

A perda de 14 presidências de câmara superou as piores expectativas do PCP, que reúne hoje o comité central para analisar os resultados eleitorais. A conquista de Setúbal foi uma grande festa, mas as imagens na televisão não conseguiram encobrir a derrapagem dos comunistas.

Os objectivos apresentados pelo coordenador das autárquicas falharam em toda a linha. Jorge Cordeiro tinha dito que a CDU queria manter as presidências de câmara, aumentar o número de votos e os mandatos e reconquistar autarquias perdidas há quatro anos, como Amadora, Vila Franca de Xira, Vila Real de Santo António ou Montijo. Em Lisboa, a coligação com o PS perdeu a câmara, mas conseguiu manter a assembleia municipal. Perdeu João Soares, ganhou João Amaral.

A nível nacional, retirando o caso de Lisboa, a CDU teve cerca de 550 mil votos, contra os 643 mil de 1997. Nessa altura, o comité central não hesitava em classificar como "negativo" o resultado. Tinham perdido 12 câmaras e cerca de 50 mil votos.

Sobre a anunciada crise política, o PCP espera que o Presidente da República não dissolva a Assembleia, onde se mantém a maioria parlamentar do PS. Anteontem à noite, o secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, considerava que os resultados eleitorais e a própria demissão de Guterres, que "se impunha", criaram "um quadro novo" na vida política nacional. Face aos resultados autárquicos, que o PCP configura serem uma viragem à direita, a perspectiva de haver eleições antecipadas é a que menos desejam, perante o risco de o PSD poder vir a formar Governo.

Em pleno desgaste do Governo, o PCP não conseguiu capitalizar o seu papel de oposição nem fixar os votos de esquerda. Treze das 14 autarquias perdidas caíram para o PS. Em Lisboa, a própria derrota, para além da culpa atribuída e já assumida por João Soares, deveu-se também a um certo alheamento e a dificuldades de mobilização do aparelho comunista para se bater ao lado do PS.

No PCP, não são esperadas demissões. As responsabilidades são assumidas por toda a direcção. Apesar da perda de um terço das câmaras, o partido mantém o terceiro lugar no "ranking". A vocação de partido autárquico, essa, sai abalada.

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