O falhanço do voto útil à esquerda

06-01-2002
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O Falhanço do Voto Útil à Esquerda

Por AURORA LIMA E FERNANDA RIBEIRO

Terça-feira, 18 de Dezembro de 2001

Amar Lisboa com mais assembleias de freguesia

A abstenção, com 44,9 por cento, seria ainda a vencedora destas eleições autárquicas

O voto útil a que apelaram socialistas, comunistas e verdes, na coligação Amar Lisboa, para a Câmara Municipal, acabou por não resultar em pleno junto dos eleitores, que, por uma diferença de apenas 856 votos, deram a vitória ao PSD, na coligação Lisboa Feliz, na qual os sociais-democratas se associaram ao Partido Popular Monárquico.

O PSD/PPM, com 131.135 votos, ganhou a câmara de Lisboa à coligação Amar Lisboa, que obteve 130.279 votos, garantindo oito mandatos, um número igual aos que os socialistas, aliados aos comunistas e verdes, obtiveram, enquanto o CDS/PP obteve apenas um mandato, com 23.584 votos.

Se o voto útil tivesse resultado e se registasse uma eventual deslocação do voto do Bloco de Esquerda - que, com 11.877 votos, obteve uma percentagem de 3,80 - para a Amar Lisboa, isso permitiria à coligação fazer face à subida dos sociais-democratas e ganhar as eleições, com uma maioria de 45,50. Mas se acaso o PSD se tivesse associado ao CDS/PP, ou se os eleitores dos populares tivessem também assumido o voto útil, pela direita, votando no PSD/PPM, então a diferença relativamente ao PS/PCP/PEV seria mais significativa, somando a Lisboa Feliz, aos seus 41,98 por cento, os 7,55 por cento dos populares - o que daria 49,53 por cento dos votos.

Já nas freguesias, a coligação entre o PSD e o PPM garantiu apenas 20 assembleias de freguesia das 53 da capital, onde PS/PCP/PEV ficaram ainda com a maioria (33).

Esta situação seria porém alterada caso o CDS se tivesse juntado aos sociais-democratas e monárquicos, que ganhariam nesse caso mais 15 assembleias de freguesia, ficando assim com a maioria. Para as mãos do PSD/PPM passaram sete novas juntas de freguesia, que antes estavam nas mãos da coligação PS/PCP/PEV/UDP: Anjos, Benfica, Campo Grande, Coração de Jesus, Mártires, Sacramento e Santa Maria de Belém. O PSD manteve ainda as freguesias do Alto do Pina, Lapa, Nossa Senhora de Fátima, Santa Isabel, São João de Brito, São João de Deus, S. Jorge de Arroios, S. Sebastião da Pedreira e São Mamede.

Entre as freguesias ganhas pela coligação Amar Lisboa situam-se algumas das mais carenciadas da cidade e também muitas das que albergavam bairros de barracas entretanto realojados. Ajuda, Alcântara, Ameixoeira, Beato, Campolide, Carnide, Charneca, Encarnação, Graça, Madalena, Marvila, Mercês, Pena, Penha de França, Prazeres, Santa Catarina, Santa Engrácia, Santa Justa, Santa Maria dos Olivais, Santiago, Santo Condestável, Santo Estêvão, Santos-o-Velho, S. Miguel, S. Nicolau, S. Paulo, S. Vicente de Fora, Sé e Socorro foram as freguesias ganhas pela coligação PS/PCP/PEV.

O CDS/PP garantiu apenas um mandato. O Bloco de Esquerda não elegeu nenhum vereador. O PCTP/MRPP obteve 3419 votos, seguido pelo Partido Humanista, com 1352 votos, só depois se tendo situado o Movimento Partido da Terra , com uma diferença de cinco votos. O Partido Nacional Renovador obteve 652 votos. A abstenção, que se situou nos 44,9 por cento, seria ainda a vencedora, com uma maioria acima de qualquer coligação ou partido.

O Falhanço do Voto Útil à Esquerda

Por AURORA LIMA E FERNANDA RIBEIRO

Terça-feira, 18 de Dezembro de 2001

Amar Lisboa com mais assembleias de freguesia

A abstenção, com 44,9 por cento, seria ainda a vencedora destas eleições autárquicas

O voto útil a que apelaram socialistas, comunistas e verdes, na coligação Amar Lisboa, para a Câmara Municipal, acabou por não resultar em pleno junto dos eleitores, que, por uma diferença de apenas 856 votos, deram a vitória ao PSD, na coligação Lisboa Feliz, na qual os sociais-democratas se associaram ao Partido Popular Monárquico.

O PSD/PPM, com 131.135 votos, ganhou a câmara de Lisboa à coligação Amar Lisboa, que obteve 130.279 votos, garantindo oito mandatos, um número igual aos que os socialistas, aliados aos comunistas e verdes, obtiveram, enquanto o CDS/PP obteve apenas um mandato, com 23.584 votos.

Se o voto útil tivesse resultado e se registasse uma eventual deslocação do voto do Bloco de Esquerda - que, com 11.877 votos, obteve uma percentagem de 3,80 - para a Amar Lisboa, isso permitiria à coligação fazer face à subida dos sociais-democratas e ganhar as eleições, com uma maioria de 45,50. Mas se acaso o PSD se tivesse associado ao CDS/PP, ou se os eleitores dos populares tivessem também assumido o voto útil, pela direita, votando no PSD/PPM, então a diferença relativamente ao PS/PCP/PEV seria mais significativa, somando a Lisboa Feliz, aos seus 41,98 por cento, os 7,55 por cento dos populares - o que daria 49,53 por cento dos votos.

Já nas freguesias, a coligação entre o PSD e o PPM garantiu apenas 20 assembleias de freguesia das 53 da capital, onde PS/PCP/PEV ficaram ainda com a maioria (33).

Esta situação seria porém alterada caso o CDS se tivesse juntado aos sociais-democratas e monárquicos, que ganhariam nesse caso mais 15 assembleias de freguesia, ficando assim com a maioria. Para as mãos do PSD/PPM passaram sete novas juntas de freguesia, que antes estavam nas mãos da coligação PS/PCP/PEV/UDP: Anjos, Benfica, Campo Grande, Coração de Jesus, Mártires, Sacramento e Santa Maria de Belém. O PSD manteve ainda as freguesias do Alto do Pina, Lapa, Nossa Senhora de Fátima, Santa Isabel, São João de Brito, São João de Deus, S. Jorge de Arroios, S. Sebastião da Pedreira e São Mamede.

Entre as freguesias ganhas pela coligação Amar Lisboa situam-se algumas das mais carenciadas da cidade e também muitas das que albergavam bairros de barracas entretanto realojados. Ajuda, Alcântara, Ameixoeira, Beato, Campolide, Carnide, Charneca, Encarnação, Graça, Madalena, Marvila, Mercês, Pena, Penha de França, Prazeres, Santa Catarina, Santa Engrácia, Santa Justa, Santa Maria dos Olivais, Santiago, Santo Condestável, Santo Estêvão, Santos-o-Velho, S. Miguel, S. Nicolau, S. Paulo, S. Vicente de Fora, Sé e Socorro foram as freguesias ganhas pela coligação PS/PCP/PEV.

O CDS/PP garantiu apenas um mandato. O Bloco de Esquerda não elegeu nenhum vereador. O PCTP/MRPP obteve 3419 votos, seguido pelo Partido Humanista, com 1352 votos, só depois se tendo situado o Movimento Partido da Terra , com uma diferença de cinco votos. O Partido Nacional Renovador obteve 652 votos. A abstenção, que se situou nos 44,9 por cento, seria ainda a vencedora, com uma maioria acima de qualquer coligação ou partido.

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