OS FONTES DIZEM QUE OS POLÍTICOS SÃO TODOS IGUAIS

14-03-2002
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OS FONTES DIZEM QUE OS POLÍTICOS SÃO TODOS IGUAIS

Por CELESTE PEREIRA

Terça-feira, 5 de Março de 2002

"Eles prometem, prometem, mas, quando chegam ao poder, esquecem tudo"

Longe vão os tempos em que Armando Fonte aproveitava o mês de férias para ir, juntamente com a mulher, Lúcia Silva, para a apanha sazonal de fruta, em França. Em apenas três semanas, este casal ganhava o equivalente a sete ordenados de Armando, jardineiro camarário. Mas só assim, à custa de muito trabalho, os dois conseguiram erguer a casa que hoje habitam, em Fortunho, uma aldeia rural situada a uma dezena de quilómetros de Vila Real.

Quando, em 1987, os dois começaram a construir a sua habitação, nem mil contos tinham amealhado. Por isso, tiveram literalmente que deitar mãos à obra. Armando fazia o cimento para a casa antes de sair para o trabalho. Lúcia, juntamente com um trabalhador contratado e o pai, continuava a empreitada. E foi, assim, pedra a pedra, tijolo a tijolo, que este lar transmontano foi sendo construído.

Lúcia e Armando têm agora pouco mais de 40 anos. Têm dois filhos a estudar, um de 15 e outro de 12. Em Fortunho constituem uma das famílias que vivem com maior desafogo financeiro. São vistos até como uma espécie de "burgueses" locais. Sobretudo porque cada um deles tem carro próprio, um bem utilíssimo para as suas deslocações diárias, mas que, a juntar a outras duas conquistas mais recentes - o telemóvel e alguns dias de férias na praia por ano -, constitui um "luxo" que só está ao alcance de uma raríssima minoria na aldeia.

Para terem este nível de vida, Armando e Lúcia, filhos de agricultores, "matam-se" a trabalhar. Lúcia é empregada de limpeza em diversas habitações, Armando continua como jardineiro na Câmara de Vila Real e aproveita todos os tempos livres para fazer "biscates" em jardins de casas particulares. Como trabalham de sol a sol, não lhes resta muito tempo para ouvir informações sobre o mundo que os rodeia. Este processo eleitoral está, assim, a passar-lhes um pouco à margem. E, se as suas opiniões não mudarem até ao próximo dia 17, é até provável que nem cheguem sequer a exercer o direito de voto.

Isto não quer dizer, no entanto, que os dois transmontanos não estejam preocupados com a situação do país, que dizem ser de "caos". O problema, garantem, é que até agora ainda não conseguiram depositar a sua confiança em nenhum dos candidatos que se apresentam a estas eleições. "São todos iguais. Prometem, prometem, mas, quando chegam ao poder, esquecem tudo", dizem, em uníssono.

OS FONTES DIZEM QUE OS POLÍTICOS SÃO TODOS IGUAIS

Por CELESTE PEREIRA

Terça-feira, 5 de Março de 2002

"Eles prometem, prometem, mas, quando chegam ao poder, esquecem tudo"

Longe vão os tempos em que Armando Fonte aproveitava o mês de férias para ir, juntamente com a mulher, Lúcia Silva, para a apanha sazonal de fruta, em França. Em apenas três semanas, este casal ganhava o equivalente a sete ordenados de Armando, jardineiro camarário. Mas só assim, à custa de muito trabalho, os dois conseguiram erguer a casa que hoje habitam, em Fortunho, uma aldeia rural situada a uma dezena de quilómetros de Vila Real.

Quando, em 1987, os dois começaram a construir a sua habitação, nem mil contos tinham amealhado. Por isso, tiveram literalmente que deitar mãos à obra. Armando fazia o cimento para a casa antes de sair para o trabalho. Lúcia, juntamente com um trabalhador contratado e o pai, continuava a empreitada. E foi, assim, pedra a pedra, tijolo a tijolo, que este lar transmontano foi sendo construído.

Lúcia e Armando têm agora pouco mais de 40 anos. Têm dois filhos a estudar, um de 15 e outro de 12. Em Fortunho constituem uma das famílias que vivem com maior desafogo financeiro. São vistos até como uma espécie de "burgueses" locais. Sobretudo porque cada um deles tem carro próprio, um bem utilíssimo para as suas deslocações diárias, mas que, a juntar a outras duas conquistas mais recentes - o telemóvel e alguns dias de férias na praia por ano -, constitui um "luxo" que só está ao alcance de uma raríssima minoria na aldeia.

Para terem este nível de vida, Armando e Lúcia, filhos de agricultores, "matam-se" a trabalhar. Lúcia é empregada de limpeza em diversas habitações, Armando continua como jardineiro na Câmara de Vila Real e aproveita todos os tempos livres para fazer "biscates" em jardins de casas particulares. Como trabalham de sol a sol, não lhes resta muito tempo para ouvir informações sobre o mundo que os rodeia. Este processo eleitoral está, assim, a passar-lhes um pouco à margem. E, se as suas opiniões não mudarem até ao próximo dia 17, é até provável que nem cheguem sequer a exercer o direito de voto.

Isto não quer dizer, no entanto, que os dois transmontanos não estejam preocupados com a situação do país, que dizem ser de "caos". O problema, garantem, é que até agora ainda não conseguiram depositar a sua confiança em nenhum dos candidatos que se apresentam a estas eleições. "São todos iguais. Prometem, prometem, mas, quando chegam ao poder, esquecem tudo", dizem, em uníssono.

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