CDS não pode escolher líder em função do PSD

03-01-2002
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CDS Não Pode Escolher Líder em Função do PSD

Por EUNICE LOURENÇO E SÃO JOSÉ ALMEIDA

Domingo, 30 de Dezembro de 2001 Entrevista com Basílio Horta Em defesa de Paulo Portas e do CDS, Basílio Horta exclui uma candidatura própria ao congresso e assume que o ideal era um acordo pré-eleitoral com o PSD. Critica o PSD por "fulanizar" a política e Manuel Monteiro por apresentar-se a congresso "tendo como pergaminho a preferência do líder de outro partido por si". Paulo Portas representa os valores do CDS, Manuel Monteiro apenas tem para apresentar a simpatia que eventualmente Durão Barroso terá por ele - é assim que Basílio Horta, actual presidente do grupo parlamentar, vê a disputa que irá dominar o congresso do CDS-PP, nos dias 19 e 20 de Janeiro. Fundador do CDS, ministro nos governos da AD, Basílio Horta foi derrotado por Manuel Monteiro em 1992. Nos anos que se seguiram, chegou mesmo a desfiliar-se do partido. Voltou em 1998, já pela mão de Paulo Portas. Assumiu, em 2000, uma candidatura presidencial da qual desistiu em nome de um acordo com o PSD, que tarda em chegar, mas que continua a defender. Tal como continua a defender a liderança de Portas. P - Já disse que vai apoiar Paulo Portas. Porquê? R - Nesta altura é a pessoa mais capaz de assumir a defesa dos valores que o partido representa e está em melhores condições. Por outro lado, não vejo na sua actuação política - posso ter aqui ou ali divergência pontuais, com certeza, nós não vivemos de unanimismos - nenhum motivo de critica que justifique a sua substituição. Por isso, apoio-o com clareza e sem dúvidas. P - Ele é de facto a melhor solução para o partido ou apenas a melhor das duas? R - O Paulo Portas neste momento é a melhor solução para o partido. P - O que é que acha do regresso de Manuel Monteiro à política activa? R - Acho muito positivo. É mesmo nos congressos que essas divergências se devem manifestar. Fora dos congressos e em termos públicos só enfraquecem o partido. Manuel Monteiro vai ver que o congresso, com serenidade e de uma forma democrática, vai dizer o que pensa dele e das suas propostas. P - O senhor nunca foi, manifestamente, um monteirista. R - Nunca fui nenhum ista. P - Disputou o congresso do Altis, em 1992. R - Em nome do CDS... P - E perdeu para o PP de Monteiro, que nessa altura comportava, ainda que não como militante, Paulo Portas. R - E não só ... P - Também outras figuras que estão hoje no CDS-PP. Portanto, o senhor foi talvez a mais visível vítima do chamado monteirismo. Mas não acha que quando Monteiro deixou o partido o PP existia mais do que existe hoje? Os resultados eleitorais foram melhores nas autárquicas, depois das quais Monteiro se demitiu, do que foram agora. Ou não? R - Só lhe quero recordar que ente 1993 e 1997 o partido perdeu doze câmaras. Doze. Perdeu 60 por cento das suas câmaras. Isto diz tudo. Não vamos falar do passado. O problema, hoje, está em saber se o partido deve escolher o seu líder em função dos valores do partido ou se deve escolher o seu líder em função da simpatia que o dr. Durão Barroso nutre por esse candidato. Outra singularidade do processo político português e do meu partido. Nunca tinha visto uma coisa assim: um candidato apresentar-se a congresso tendo como pergaminho a preferência do líder de outro partido por si. P - A estratégia dos dois é a mesma. R - Não sei se é a mesma. Em 1997, o partido fechou-se a coligações completamente, com o resultado que se viu. P - Ambos anunciam a mesma estratégia. R - O CDS sempre teve a mesma estratégia. Queria só recordar que quando eu retirei a minha candidatura presidencial, retirei-a em função já de um encontro e de uma coligação. Já nessa altura, como o país como estava e na perspectiva de haver eleições antecipadas - que só não houve porque Daniel Campelo viabilizou o Orçamento -, entendi que já nessa altura era preciso um entendimento. A minha candidatura poderia perturbá-lo e eu retirei-a. Um entendimento nacional, que passava por listas nas legislativas e um entendimento para as autárquicas. E não tive resposta. O CDS não tem feito outra coisa, desde o congresso de Aveiro do que propor ao PSD coligações. Sei que se poderá dizer que o entendimento que tinha existido entre Portas e Marcelo depois não foi para a frente, mas aí é bom que não se apurem levianamente responsabilidades. O que não é possível, porque isso era trair o partido, trair a sua história e trair o eleitorado, é propor que o partido desapareça e seja assimilado pelo PSD. Pelo menos connosco lá, não é possível. Se o partido entender de outra maneira ... Creio que não o fará, seguramente. P - Com Monteiro há esse risco? R - Não acho nada. Agora quando a proposta com que um dos candidatos se apresenta ao congresso é que ele está em condições de fazer não se sabe bem o quê com o PSD, não obstante - é importante - nunca o Durão Barroso ter dito que sim. Aí nem sequer o Durão Barroso se manifestou e honra lhe seja. Algum pudor deve ser manifestado nestas coisas. OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL CDS não pode escolher líder em função do PSD

Basílio exclui candidatura

"Coligação não pressupõe assimilação"

Discutimos políticas, não pessoas

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