Mais patas para a 'Centopeia'

23-06-2001
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Centro de Física Computacional da Universidade de Coimbra quer ampliar 'cluster'

Mais Patas para a 'Centopeia'

Por GRAÇA BARBOSA RIBEIRO

Segunda-feira, 4 de Junho de 2001

"Vamos acrescentar patas à 'Centopeia'" - assim poderia ser o "slogan" do Centro de Física Computacional (CFC) da Universidade de Coimbra (UC) nos próximos meses ou anos. O seu objectivo é fazer crescer a "Centopeia" - como os investigadores chamam, carinhosamente, ao mais rápido supercomputador nacional -, que, neste momento, conta com 37 "patas", ou seja, 37 processadores a funcionarem em paralelo. Os cientistas acreditam que, através da cooperação com outros centros de investigação, a "Centopeia" poderá fazer jus ao nome...

Meio a sério meio a brincar, a equipa liderada por Carlos Fiolhais, o director do CFC, alimenta um sonho com direito a bónus: juntar cem processadores ligados em rede e o direito a entrar no "top" dos 500 supercomputadores mais poderosos do mundo (que tem um"site" e tudo: www.top500.org). O primeiro desejo tem hipóteses de se realizar. Já o segundo, admite Carlos Fiolhais, nem por isso, dado o ritmo a que máquinas semelhantes evoluem no resto do planeta.

Actualmente, o rendimento da "Centopeia" - o actual "cluster" (grupo de computadores a funcionarem de forma articulada, como se de um ínico se tratasse) financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia - atinge cerca de 10 gigaflops (dez mil milhões de operações de vírgula flutuante por segundo), contra os 4938 do mais poderoso supercomputador do mundo - o ASCII White da IBM, instalado no Laboratório Lawrence Livermore, na Califórnia, que conta com mais de 8000 processadores - ou os 55,1 gigaflops do último do Top 500, um computador da mesma empresa, instalado na Alcatel, em França, que tem 130 processadores.

O que não impede que, na pequena sala do Departamento de Física da Universidade de Coimbra, esteja concentrada a mais poderosa capacidade de cálculo científico do país. E como é constituída a "Centopeia"? Neste momento, ela é formada por 24 estações de trabalho DEC Alpha 500au (fornecidas por um fabricante, a Digital Equipment, que, entretanto, foi adquirido pela Compaq) e 13 estações de trabalho Compaq XP 1000, ligadas entre si por "switches" de rede de 100 megabits. O sistema operativo que "corre nas veias" da "Centopeia" é o Compaq Tru64 Unix, que, antes da aquisição, se chamava Digital Unix ( http://cfc.fis.uc.pt ).

Neste momento, a "Centopeia" é sobretudo utilizada pelos cientistas do Centro de Física Computacional e apenas pontualmente por investigadores de outras universidades. Mas o futuro, afirma Carlos Fiolhais, passa pela progressiva abertura a outros centros do país e a novas áreas de investigação, numa política de cooperação e rendibilização de recursos que, admite, "é pouco comum em Portugal, um país muito marcado pelo 'espírito de capela', pela separação entre cientistas e entre instituições".

O primeiro passo na prossecução desta estratégia será a inauguração do Laboratório de Computação Avançada e a mudança de instalações (pois as actuais são bastante precárias, como se pode ver pela imagem), dentro de um a dois meses, para uma moderna sala na cave do Departamento de Física da Universidade, onde a "Centopeia" terá espaço para crescer. O segundo será o estabelecimento de parcerias com instituições científicas que, beneficiando da capacidade de cálculo ali concentrada, poderão vir a contribuir para o aumento de "patas" da "Centopeia", isto é, para a aquisição de novos processadores e para a optimização do sistema total.

Carlos Fiolhais, que reivindica um maior apoio do Ministério da Ciência e da Tecnologia nesta área, faz notar, contudo, que a abertura ao exterior implica, ainda, ultrapassar alguns obstáculos, um dos quais é a velocidade das comunicações intrauniversitárias, hoje demasiado baixa. O ideal, na perspectiva do director do CFC, seria criar uma rede exclusivamente reservada para o cálculo científico. Entretanto, a Universidade vai tomando medidas que, propositadamente ou não, têm contribuído para melhorar a situação: há meses, impediu o acesso dos professores e alunos a páginas da Internet de natureza erótica ou pornográfica e dificultou o acesso a ficheiros em formato MP3 (de música), remetendo-o para os fins-de-semana ou para as madrugadas dos dias úteis... A velocidade das comunicações, de facto, aumentou.

Centro de Física Computacional da Universidade de Coimbra quer ampliar 'cluster'

Mais Patas para a 'Centopeia'

Por GRAÇA BARBOSA RIBEIRO

Segunda-feira, 4 de Junho de 2001

"Vamos acrescentar patas à 'Centopeia'" - assim poderia ser o "slogan" do Centro de Física Computacional (CFC) da Universidade de Coimbra (UC) nos próximos meses ou anos. O seu objectivo é fazer crescer a "Centopeia" - como os investigadores chamam, carinhosamente, ao mais rápido supercomputador nacional -, que, neste momento, conta com 37 "patas", ou seja, 37 processadores a funcionarem em paralelo. Os cientistas acreditam que, através da cooperação com outros centros de investigação, a "Centopeia" poderá fazer jus ao nome...

Meio a sério meio a brincar, a equipa liderada por Carlos Fiolhais, o director do CFC, alimenta um sonho com direito a bónus: juntar cem processadores ligados em rede e o direito a entrar no "top" dos 500 supercomputadores mais poderosos do mundo (que tem um"site" e tudo: www.top500.org). O primeiro desejo tem hipóteses de se realizar. Já o segundo, admite Carlos Fiolhais, nem por isso, dado o ritmo a que máquinas semelhantes evoluem no resto do planeta.

Actualmente, o rendimento da "Centopeia" - o actual "cluster" (grupo de computadores a funcionarem de forma articulada, como se de um ínico se tratasse) financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia - atinge cerca de 10 gigaflops (dez mil milhões de operações de vírgula flutuante por segundo), contra os 4938 do mais poderoso supercomputador do mundo - o ASCII White da IBM, instalado no Laboratório Lawrence Livermore, na Califórnia, que conta com mais de 8000 processadores - ou os 55,1 gigaflops do último do Top 500, um computador da mesma empresa, instalado na Alcatel, em França, que tem 130 processadores.

O que não impede que, na pequena sala do Departamento de Física da Universidade de Coimbra, esteja concentrada a mais poderosa capacidade de cálculo científico do país. E como é constituída a "Centopeia"? Neste momento, ela é formada por 24 estações de trabalho DEC Alpha 500au (fornecidas por um fabricante, a Digital Equipment, que, entretanto, foi adquirido pela Compaq) e 13 estações de trabalho Compaq XP 1000, ligadas entre si por "switches" de rede de 100 megabits. O sistema operativo que "corre nas veias" da "Centopeia" é o Compaq Tru64 Unix, que, antes da aquisição, se chamava Digital Unix ( http://cfc.fis.uc.pt ).

Neste momento, a "Centopeia" é sobretudo utilizada pelos cientistas do Centro de Física Computacional e apenas pontualmente por investigadores de outras universidades. Mas o futuro, afirma Carlos Fiolhais, passa pela progressiva abertura a outros centros do país e a novas áreas de investigação, numa política de cooperação e rendibilização de recursos que, admite, "é pouco comum em Portugal, um país muito marcado pelo 'espírito de capela', pela separação entre cientistas e entre instituições".

O primeiro passo na prossecução desta estratégia será a inauguração do Laboratório de Computação Avançada e a mudança de instalações (pois as actuais são bastante precárias, como se pode ver pela imagem), dentro de um a dois meses, para uma moderna sala na cave do Departamento de Física da Universidade, onde a "Centopeia" terá espaço para crescer. O segundo será o estabelecimento de parcerias com instituições científicas que, beneficiando da capacidade de cálculo ali concentrada, poderão vir a contribuir para o aumento de "patas" da "Centopeia", isto é, para a aquisição de novos processadores e para a optimização do sistema total.

Carlos Fiolhais, que reivindica um maior apoio do Ministério da Ciência e da Tecnologia nesta área, faz notar, contudo, que a abertura ao exterior implica, ainda, ultrapassar alguns obstáculos, um dos quais é a velocidade das comunicações intrauniversitárias, hoje demasiado baixa. O ideal, na perspectiva do director do CFC, seria criar uma rede exclusivamente reservada para o cálculo científico. Entretanto, a Universidade vai tomando medidas que, propositadamente ou não, têm contribuído para melhorar a situação: há meses, impediu o acesso dos professores e alunos a páginas da Internet de natureza erótica ou pornográfica e dificultou o acesso a ficheiros em formato MP3 (de música), remetendo-o para os fins-de-semana ou para as madrugadas dos dias úteis... A velocidade das comunicações, de facto, aumentou.

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