JORNAL PUBLICO: Ameaça de buzinão na Ponte do Freixo

21-01-2001
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15/09/95

PSD abre fogo sobre autarcas socialistas

Ameaça de buzinão na Ponte do Freixo

A dois dias de Cavaco Silva voltar ao Porto para inaugurar a Ponte do Freixo, o PSD-Porto veio ontem a público acusar os autarcas socialistas de estarem por detrás de alegadas movimentações populares para provocarem "desacatos, alterações da ordem pública, cortes de estrada". São as inaugurações governamentais a entrarem na campanha eleitoral com as alegadas ameaças de um buzinão a norte, amanhã, à espera de Cavaco e de Ferreira do Amaral. "O que é importante é que a ponte seja aberta e que esta obra seja eficazmente posta em funcionamento", reagiu Fernando Gomes, desmentindo o envolvimento de autarcas do PS em qualquer "processo de contestação".

Em conferência de imprensa - que não contou com a presença de Luís Filipe Menezes, ausente em campanha eleitoral pelo interior do distrito -, os autarcas sociais-democratas apontaram o dedo ao vereador socialista da Câmara de Gaia e líder concelhio do PS, Barbosa Ribeiro. "Na última reunião do Executivo, afirmou que as impreparadas e apressadas inaugurações do ministro Ferreira do Amaral poderiam no próximo sábado ser surpreendidas por um buzinão", acusou Manuel Moreira. Uma declaração que, na opinião do PSD, veio confirmar as denúncias telefónicas que ao longo dos últimos dias caíram na sede distrital do partido. Sucederam-se os avisos sobre "barragens com camiões e acessos à auto-estrada, sobre recusas de pagamento de portagens, sobre buzinões no tabuleiro da nova ponte", às quais os sociais-democratas garantem não ter dado crédito, quer porque entenderam que tudo não passava de "avisos injustificados e alarmistas", quer porque se tratava de chamadas anónimas.

Mas se não deram crédito, também não ignoraram os avisos. Ontem, na conferência de imprensa, o líder da bancada social-democrata na Assembleia Municipal do Porto, Pedro da Vinha Costa, apresentava um mapa assinalado com os locais para onde estão previstos os desacatos: "Cortes de circulação nos acessos à Ponte do Freixo e ao troço da A4, que liga Penafiel a Amarante - que Ferreira do Amaral vai também inaugurar." A vermelho, destacavam-se as câmaras do Porto e de Vila Nova de Gaia: "Não porque se preveja para esses locais qualquer alteração da ordem pública. Mas porque foi um vereador da Câmara de Gaia quem veio assumir a eventualidade dos desacatos e porque entendemos que a Câmara do Porto deveria rapidamente assumir uma posição sobre este assunto", explicou Vinha Costa, desafiando Gomes a "manifestar-se muito rapidamente contra a tomada de posição do seu camarada de Vila Nova de Gaia". Tudo em nome de um alerta, "porque o combate eleitoral não pode justificar tudo".

Com o pré-aviso de que o PSD "não deixará de pedir responsabilidades políticas a quem directa ou indirectamente apelou à insubordinação ou à desobediência civil". À cautela, seguiu um fax para o comando distrital do Porto da PSP.

"Fui eu que avisei o governador civil"

Surpreendido pelo inesperado ataque dos sociais-democratas, Barbosa Ribeiro garantiu ao PÚBLICO que o primeiro alerta partiu dele próprio. "Na passada sexta-feira tive uma reunião com o governador civil e aproveitei a ocasião para o alertar para possíveis manifestações populares no próximo sábado." É que também Barbosa Ribeiro tem recebido na Câmara inúmeros telefonemas de protesto da população, revoltada com o "caos" nos acessos à Ponte do Freixo. "Há estradas que dividem freguesias, lamas a entrarem pelas casas das pessoas, acessos que estão por fazer", denuncia o autarca, para garantir que não manterá silêncio. "Podia ter-me calado e cobardemente incentivar os protestos. Mas numa atitude de colaboração avisei o governador civil para a necessidade de tomar cautelas. Porque a revolta da população é muito grande. E só por isso estou contra a inauguração", garante. Uma posição, aliás, coincidente com a de Fernando Gomes.

Para o presidente da Câmara do Porto, é indiferente que "as inaugurações sejam em final de mandato". Mas o que já não aceita é que se "inaugurem obras precipitadamente, ou seja, pôr ao serviço obras que ainda não estão acabadas". E se há certeza que Fernando Gomes tem é a de que "a VCI é demasiadamente importante para a Área Metropolitana do Porto para poder ser contestada por autarcas socialistas".

Filomena Fontes

15/09/95

PSD abre fogo sobre autarcas socialistas

Ameaça de buzinão na Ponte do Freixo

A dois dias de Cavaco Silva voltar ao Porto para inaugurar a Ponte do Freixo, o PSD-Porto veio ontem a público acusar os autarcas socialistas de estarem por detrás de alegadas movimentações populares para provocarem "desacatos, alterações da ordem pública, cortes de estrada". São as inaugurações governamentais a entrarem na campanha eleitoral com as alegadas ameaças de um buzinão a norte, amanhã, à espera de Cavaco e de Ferreira do Amaral. "O que é importante é que a ponte seja aberta e que esta obra seja eficazmente posta em funcionamento", reagiu Fernando Gomes, desmentindo o envolvimento de autarcas do PS em qualquer "processo de contestação".

Em conferência de imprensa - que não contou com a presença de Luís Filipe Menezes, ausente em campanha eleitoral pelo interior do distrito -, os autarcas sociais-democratas apontaram o dedo ao vereador socialista da Câmara de Gaia e líder concelhio do PS, Barbosa Ribeiro. "Na última reunião do Executivo, afirmou que as impreparadas e apressadas inaugurações do ministro Ferreira do Amaral poderiam no próximo sábado ser surpreendidas por um buzinão", acusou Manuel Moreira. Uma declaração que, na opinião do PSD, veio confirmar as denúncias telefónicas que ao longo dos últimos dias caíram na sede distrital do partido. Sucederam-se os avisos sobre "barragens com camiões e acessos à auto-estrada, sobre recusas de pagamento de portagens, sobre buzinões no tabuleiro da nova ponte", às quais os sociais-democratas garantem não ter dado crédito, quer porque entenderam que tudo não passava de "avisos injustificados e alarmistas", quer porque se tratava de chamadas anónimas.

Mas se não deram crédito, também não ignoraram os avisos. Ontem, na conferência de imprensa, o líder da bancada social-democrata na Assembleia Municipal do Porto, Pedro da Vinha Costa, apresentava um mapa assinalado com os locais para onde estão previstos os desacatos: "Cortes de circulação nos acessos à Ponte do Freixo e ao troço da A4, que liga Penafiel a Amarante - que Ferreira do Amaral vai também inaugurar." A vermelho, destacavam-se as câmaras do Porto e de Vila Nova de Gaia: "Não porque se preveja para esses locais qualquer alteração da ordem pública. Mas porque foi um vereador da Câmara de Gaia quem veio assumir a eventualidade dos desacatos e porque entendemos que a Câmara do Porto deveria rapidamente assumir uma posição sobre este assunto", explicou Vinha Costa, desafiando Gomes a "manifestar-se muito rapidamente contra a tomada de posição do seu camarada de Vila Nova de Gaia". Tudo em nome de um alerta, "porque o combate eleitoral não pode justificar tudo".

Com o pré-aviso de que o PSD "não deixará de pedir responsabilidades políticas a quem directa ou indirectamente apelou à insubordinação ou à desobediência civil". À cautela, seguiu um fax para o comando distrital do Porto da PSP.

"Fui eu que avisei o governador civil"

Surpreendido pelo inesperado ataque dos sociais-democratas, Barbosa Ribeiro garantiu ao PÚBLICO que o primeiro alerta partiu dele próprio. "Na passada sexta-feira tive uma reunião com o governador civil e aproveitei a ocasião para o alertar para possíveis manifestações populares no próximo sábado." É que também Barbosa Ribeiro tem recebido na Câmara inúmeros telefonemas de protesto da população, revoltada com o "caos" nos acessos à Ponte do Freixo. "Há estradas que dividem freguesias, lamas a entrarem pelas casas das pessoas, acessos que estão por fazer", denuncia o autarca, para garantir que não manterá silêncio. "Podia ter-me calado e cobardemente incentivar os protestos. Mas numa atitude de colaboração avisei o governador civil para a necessidade de tomar cautelas. Porque a revolta da população é muito grande. E só por isso estou contra a inauguração", garante. Uma posição, aliás, coincidente com a de Fernando Gomes.

Para o presidente da Câmara do Porto, é indiferente que "as inaugurações sejam em final de mandato". Mas o que já não aceita é que se "inaugurem obras precipitadamente, ou seja, pôr ao serviço obras que ainda não estão acabadas". E se há certeza que Fernando Gomes tem é a de que "a VCI é demasiadamente importante para a Área Metropolitana do Porto para poder ser contestada por autarcas socialistas".

Filomena Fontes

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