Oposição pede demissão de Paulo Pedroso

05-03-2001
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Oposição Pede Demissão de Paulo Pedroso

Quinta-feira, 15 de Fevereiro de 2001

Depois do secretário de Estado ter desmentido a notícia do PÚBLICO, o deputado Lino de Carvalho perguntou ao governante se sabia se a reunião tinha sido gravada. O dia terminou com o exigência de demissões e o apelo do PSD à intervenção de Jorge Sampaio

A ameaça velada do deputado do PCP, Lino de Carvalho, marcou a audição de ontem, na Assembleia da República, do secretário de Estado do Trabalho e Formação. Depois de, perante a comissão parlamentar do Trabalho, Paulo Pedroso negar categoricamente ter transformado uma reunião institucional num encontro partidário para distribuir fundos, Lino de Carvalho alertou o governante para o facto de poder existir uma gravação que desmentia as afirmações do mesmo. "Eu não sei se a reunião dos governadores civis foi gravada mas, ó senhor secretário de Estado, cuidado, veja lá se a reunião foi gravada..."

Como se tal não bastasse, Lino de Carvalho voltou a colocar em causa Paulo Pedroso, ao afirmar que este tinha realmente utilizado a expressão "podemos falar à vontade, camaradas". "Posso-lhe assegurar que a expressão não foi dita logo no início da reunião, foi dita duas vezes durante a reunião por vossa excelência. Olhe, que posso assegurar-lhe isto...", avisou o deputado comunista.

Questionado pelo PÚBLICO sobre a eventualidade do PCP ter em sua posse uma gravação da dita reunião, Lino de Carvalho afirmou, com um sorriso de orelha a orelha, "não ter nada", justificando as suas afirmações na comissão com o facto de ser habitual as reuniões com altos responsáveis da Administração Pública serem gravadas.

Perante as acusações, o secretário de Estado preferiu desafiar Lino de Carvalho a provar o que tinha dito: "Eu não gravei a reunião. Se alguém a gravou que apresente a gravação para que nós possamos esclarecer toda a verdade", respondeu Paulo Pedroso.

Antes disso, tinha já o governante negado as notícias vindas a público: "Desminto veementemente a afirmação ou a insinuação que permita a alguém afirmar que os Programas Ocupacionais no Alentejo tivessem sido por mim abordados como arma política."

O secretário de Estado acusou ainda o autor do relatório - o chefe da divisão de Recursos Humanos da Câmara Municipal de Évora - de ter redigido uma "informação mal feita, distorcida e falsa". Paulo Pedroso deu o exemplo do governador civil de Setúbal, citado no documento, que veio a público desmentir a sua participação na reunião de 16 de Janeiro.

As peripécias na reunião da comissão parlamentar continuaram depois com uma azeda troca de palavras entre Lino de Carvalho e o deputado do PS, Barbosa de Oliveira. "Nós conhecemos bem os métodos dos controleiros, ontem e hoje", disparou o socialista. Uma afirmação que caiu mal a Lino de Carvalho que, de imediato, fez tenção de abandonar a sala. O deputado comunista ainda perguntou a Barbosa de Oliveira se sabia do que estava a falar, para pouco depois se retirar da sala do Senado.

A questão acabou por transbordar para o hemiciclo, onde Lino de Carvalho fez uma intervenção relacionada com a matéria, exigindo a demissão do secretário de Estado e dos governadores civis em causa.

O líder parlamentar do PSD aproveitou a ocasião para exigir a "intervenção do Presidente da República para pôr fim à promiscuidade entre o Estado e o PS", já que os parlamentares do PS não foram capazes de o fazer: "O PS perdeu a vergonha, já que confunde os interesses do partido com os do Estado."

Sobre a decisão da comissão parlamentar, António Capucho deixou no ar uma pergunta ainda mais incisiva: "O ridículo mata. Se estão tão à vontade sobre esta matéria, por que é que chumbaram a vinda da Câmara de Évora à comissão?"

Oposição Pede Demissão de Paulo Pedroso

Quinta-feira, 15 de Fevereiro de 2001

Depois do secretário de Estado ter desmentido a notícia do PÚBLICO, o deputado Lino de Carvalho perguntou ao governante se sabia se a reunião tinha sido gravada. O dia terminou com o exigência de demissões e o apelo do PSD à intervenção de Jorge Sampaio

A ameaça velada do deputado do PCP, Lino de Carvalho, marcou a audição de ontem, na Assembleia da República, do secretário de Estado do Trabalho e Formação. Depois de, perante a comissão parlamentar do Trabalho, Paulo Pedroso negar categoricamente ter transformado uma reunião institucional num encontro partidário para distribuir fundos, Lino de Carvalho alertou o governante para o facto de poder existir uma gravação que desmentia as afirmações do mesmo. "Eu não sei se a reunião dos governadores civis foi gravada mas, ó senhor secretário de Estado, cuidado, veja lá se a reunião foi gravada..."

Como se tal não bastasse, Lino de Carvalho voltou a colocar em causa Paulo Pedroso, ao afirmar que este tinha realmente utilizado a expressão "podemos falar à vontade, camaradas". "Posso-lhe assegurar que a expressão não foi dita logo no início da reunião, foi dita duas vezes durante a reunião por vossa excelência. Olhe, que posso assegurar-lhe isto...", avisou o deputado comunista.

Questionado pelo PÚBLICO sobre a eventualidade do PCP ter em sua posse uma gravação da dita reunião, Lino de Carvalho afirmou, com um sorriso de orelha a orelha, "não ter nada", justificando as suas afirmações na comissão com o facto de ser habitual as reuniões com altos responsáveis da Administração Pública serem gravadas.

Perante as acusações, o secretário de Estado preferiu desafiar Lino de Carvalho a provar o que tinha dito: "Eu não gravei a reunião. Se alguém a gravou que apresente a gravação para que nós possamos esclarecer toda a verdade", respondeu Paulo Pedroso.

Antes disso, tinha já o governante negado as notícias vindas a público: "Desminto veementemente a afirmação ou a insinuação que permita a alguém afirmar que os Programas Ocupacionais no Alentejo tivessem sido por mim abordados como arma política."

O secretário de Estado acusou ainda o autor do relatório - o chefe da divisão de Recursos Humanos da Câmara Municipal de Évora - de ter redigido uma "informação mal feita, distorcida e falsa". Paulo Pedroso deu o exemplo do governador civil de Setúbal, citado no documento, que veio a público desmentir a sua participação na reunião de 16 de Janeiro.

As peripécias na reunião da comissão parlamentar continuaram depois com uma azeda troca de palavras entre Lino de Carvalho e o deputado do PS, Barbosa de Oliveira. "Nós conhecemos bem os métodos dos controleiros, ontem e hoje", disparou o socialista. Uma afirmação que caiu mal a Lino de Carvalho que, de imediato, fez tenção de abandonar a sala. O deputado comunista ainda perguntou a Barbosa de Oliveira se sabia do que estava a falar, para pouco depois se retirar da sala do Senado.

A questão acabou por transbordar para o hemiciclo, onde Lino de Carvalho fez uma intervenção relacionada com a matéria, exigindo a demissão do secretário de Estado e dos governadores civis em causa.

O líder parlamentar do PSD aproveitou a ocasião para exigir a "intervenção do Presidente da República para pôr fim à promiscuidade entre o Estado e o PS", já que os parlamentares do PS não foram capazes de o fazer: "O PS perdeu a vergonha, já que confunde os interesses do partido com os do Estado."

Sobre a decisão da comissão parlamentar, António Capucho deixou no ar uma pergunta ainda mais incisiva: "O ridículo mata. Se estão tão à vontade sobre esta matéria, por que é que chumbaram a vinda da Câmara de Évora à comissão?"

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