Consumidores prometem maior combatividade

16-03-2001
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XVI Congresso Mundial da Consumers International

Consumidores Prometem Maior Combatividade

Por CARLOS BARBOSA DE OLIVEIRA, em Durban

Sexta-feira, 17 de Novembro de 2000

Maior vivacidade e capacidade de luta no próximo triénio foi o que prometeram as organizações de consumidores no encerramento do XVI Congresso Mundial da Consumers International (CI), que decorreu ao longo da semana em Durban, África do Sul. Louise Sylvan, da Associação de Consumidores da Austrália, sucede a Pamela Chan como presidente da CI e o movimento dos consumidores vai entrar numa era mais reivindicativa.

Ao contrário da sua antecessora, Louise Sylvan é uma activista determinada e com uma perspectiva dinâmica do movimento associativo, que deseja independente dos governos. "As associações de consumidores falam a linguagem do mercado e isso é música para os governos e instituições como a OMC [Organização Mundial do Comércio], que tomam as decisões mais importantes para os consumidores", sintetizou em declarações ao PÚBLICO.

Conhecendo profundamente os problemas nas áreas da saúde, alimentação, políticas financeiras e concorrência, a nova presidente da CI é ainda uma estudiosa das questões que se colocam aos consumidores pelas novas tecnologias e pelo comércio electrónico. As suas prioridades ficam patentes em algumas das resoluções aprovadas pelo congresso.

No seu conteúdo e forma fica bem claro ser necessário travar uma luta sem tréguas contra a globalização, enquanto esta continuar a ser lesiva dos mais desfavorecidos. Por isso, embora reconhecendo os benefícios do mercado global, a CI defende que eles devem ser extensíveis aos consumidores mais desfavorecidos, pelo que exige dos governos que não se limitem a produzir legislação, preocupando-se também com a sua eficácia e aplicabilidade, nomeadamente assegurando o acesso dos consumidores à justiça. A CI exige ainda que haja transparência na utilização dos recursos públicos.

O consumo sustentável continua na agenda da CI, que considera tratar-se de um material estratégico no desenvolvimento da economia mundial, em particular à luz das medidas definidas no âmbito da Agenda XXI. Neste contexto, a CI exige que os governos tomem iniciativas para a erradicação da pobreza, redução da emissão de gases, novas políticas de transporte urbano e de crescimento das cidades e que tenham um critério mais justo e apertado na atribuição do rótulo ecológico.

Outra das preocupações manifestadas em algumas das resoluções aprovadas relaciona-se com a segurança alimentar. Para além de chamar a atenção para o facto de 800 milhões de pessoas passarem fome ou consumirem produtos alimentares sem qualquer segurança, a CI exige uma rotulagem clara dos alimentos transgénicos e pretende que seja proibido o uso de hormonas e antibióticos como aditivos alimentares nas rações para animais.

Entre a cerca de meia centena de resoluções aprovadas, que constituem uma espécie de "programa de governo" da CI para o próximo triénio, destaque-se uma referente ao consumo de tabaco: a CI pede aos governos coerência entre as medidas antitabágicas e as práticas seguidas, designadamente deixando de subsidiar a produção e exportação de tabaco e promovendo o apoio a produções alternativas.

Este congresso da CI, para além de ter sido o mais mediatizado desde 1987, com largas as dezenas de jornalistas acreditados, foi também aquele onde se verificou uma maior unanimidade na vontade de mudança, assente em alguma consistência das decisões tomadas e num desejo de maior participação cívica dos movimentos de consumidores. Durante a sua intervenção, Louise Sylvan utilizou uma metáfora para resumir a evolução da Consumers International: "Quando nascemos, em 1960, éramos um bicho da seda. Hoje, já somos uma borboleta."

Carlos Barbosa de Oliveira, em Durban

XVI Congresso Mundial da Consumers International

Consumidores Prometem Maior Combatividade

Por CARLOS BARBOSA DE OLIVEIRA, em Durban

Sexta-feira, 17 de Novembro de 2000

Maior vivacidade e capacidade de luta no próximo triénio foi o que prometeram as organizações de consumidores no encerramento do XVI Congresso Mundial da Consumers International (CI), que decorreu ao longo da semana em Durban, África do Sul. Louise Sylvan, da Associação de Consumidores da Austrália, sucede a Pamela Chan como presidente da CI e o movimento dos consumidores vai entrar numa era mais reivindicativa.

Ao contrário da sua antecessora, Louise Sylvan é uma activista determinada e com uma perspectiva dinâmica do movimento associativo, que deseja independente dos governos. "As associações de consumidores falam a linguagem do mercado e isso é música para os governos e instituições como a OMC [Organização Mundial do Comércio], que tomam as decisões mais importantes para os consumidores", sintetizou em declarações ao PÚBLICO.

Conhecendo profundamente os problemas nas áreas da saúde, alimentação, políticas financeiras e concorrência, a nova presidente da CI é ainda uma estudiosa das questões que se colocam aos consumidores pelas novas tecnologias e pelo comércio electrónico. As suas prioridades ficam patentes em algumas das resoluções aprovadas pelo congresso.

No seu conteúdo e forma fica bem claro ser necessário travar uma luta sem tréguas contra a globalização, enquanto esta continuar a ser lesiva dos mais desfavorecidos. Por isso, embora reconhecendo os benefícios do mercado global, a CI defende que eles devem ser extensíveis aos consumidores mais desfavorecidos, pelo que exige dos governos que não se limitem a produzir legislação, preocupando-se também com a sua eficácia e aplicabilidade, nomeadamente assegurando o acesso dos consumidores à justiça. A CI exige ainda que haja transparência na utilização dos recursos públicos.

O consumo sustentável continua na agenda da CI, que considera tratar-se de um material estratégico no desenvolvimento da economia mundial, em particular à luz das medidas definidas no âmbito da Agenda XXI. Neste contexto, a CI exige que os governos tomem iniciativas para a erradicação da pobreza, redução da emissão de gases, novas políticas de transporte urbano e de crescimento das cidades e que tenham um critério mais justo e apertado na atribuição do rótulo ecológico.

Outra das preocupações manifestadas em algumas das resoluções aprovadas relaciona-se com a segurança alimentar. Para além de chamar a atenção para o facto de 800 milhões de pessoas passarem fome ou consumirem produtos alimentares sem qualquer segurança, a CI exige uma rotulagem clara dos alimentos transgénicos e pretende que seja proibido o uso de hormonas e antibióticos como aditivos alimentares nas rações para animais.

Entre a cerca de meia centena de resoluções aprovadas, que constituem uma espécie de "programa de governo" da CI para o próximo triénio, destaque-se uma referente ao consumo de tabaco: a CI pede aos governos coerência entre as medidas antitabágicas e as práticas seguidas, designadamente deixando de subsidiar a produção e exportação de tabaco e promovendo o apoio a produções alternativas.

Este congresso da CI, para além de ter sido o mais mediatizado desde 1987, com largas as dezenas de jornalistas acreditados, foi também aquele onde se verificou uma maior unanimidade na vontade de mudança, assente em alguma consistência das decisões tomadas e num desejo de maior participação cívica dos movimentos de consumidores. Durante a sua intervenção, Louise Sylvan utilizou uma metáfora para resumir a evolução da Consumers International: "Quando nascemos, em 1960, éramos um bicho da seda. Hoje, já somos uma borboleta."

Carlos Barbosa de Oliveira, em Durban

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