Durão pronto para eleições

01-11-2001
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Durão Pronto para Eleições

Por EUNICE LOURENÇO E HELENA PEREIRA

Sexta, 29 de Junho de 2001 PSD satisfeito com debate O presidente do PSD quer eleições antecipadas, mas não as vai pedir porque receia ir contra os desejos dos portugueses Entre os sociais-democratas reinava ontem a satisfação. O PSD saiu do debate do estado da nação confiante na vitória na discussão com o primeiro-ministro. A interpelação do presidente do PSD, Durão Barroso, ao primeiro-ministro começou por deixar satisfeitos os sociais-democratas. A intervenção de fundo, feita com base em algumas notas, sossegou os ânimos de todos. Durão Barroso apresentou-se como estando a preparar-se para ser primeiro-ministro a curto prazo e fez um discurso estruturado em três partes: o que falhou no actual Governo; o que diferencia PS e PSD, sobretudo quanto à visão do papel do Estado (ver texto nestas páginas); e linhas gerais da alternativa que está a preparar (ver lista de medidas). Contudo, não ficou claro se deseja eleições antecipadas. No final da sua intervenção, Durão tinha garantido que o PSD está "preparado" para "fazer melhor, a bem de Portugal" e apelado ao Presidente da República para que tome posição sobre o estado do país, sugerindo sem nunca o dizer a antecipação de eleições. O presidente do PSD não quer, contudo, ficar com o ónus de contribuir para eleições antecipadas. E sublinhou aos jornalistas, no final do debate, que os portugueses não desejam antecipação de eleições. "Não vamos forçar", afirmou. Garantiu ainda que não é preciso pedir uma audiência a Jorge Sampaio porque ele já sabe o que os sociais-democratas pensam sobre o estado do país, remetendo para conversa já tida com o Presidente. De qualquer modo, o PSD quer saber o que Sampaio pensa da actual situação do país. "Quem cala consente", diz um dirigente do partido. Os sociais-democratas vão afirmando que o PP tem pressa nas eleições antecipadas porque Paulo Portas teria assim uma desculpa para desistir da candidatura a Lisboa. Durão Barroso esteve também no seu melhor na resposta às perguntas que lhe foram feitas pelo PS, que pôs Manuel Alegre a questionar o presidente do PSD sobre o que chamou de "espécie de pronunciamento dos chamados poderes de facto", ou seja, das forças económicas, que têm promovido várias reuniões sobre a situação do país. "Andam à procura de um líder (...) fora do seu partido", disse Alegre, defendendo a tese da conspiração alternativa àquela que a oposição tinha rejeitado e tinha acusado Guterres de andar a agitar: "Se não é uma conspiração, parece, mas já não é contra o Governo, é contra o quadro político-partidário e é sobretudo contra si." O presidente do PSD ainda titubeou, mas acabou por responder, sem rejeitar essa tese de conspiração. "Não vai haver coligação nenhuma minha com o seu partido para me defender de uma conspiração", respondeu Durão, que esgotou sozinho os 45 minutos que estavam reservados ao seu partido. O presidente do PSD recebeu os aplausos de pé de toda a sua bancada, incluindo do ex-líder parlamentar, Luís Marques Mendes, e Artur Torres Pereira, ex-secretário-geral do partido durante a liderança de Marcelo Rebelo de Sousa, dois dos críticos de Durão Barroso no grupo parlamentar. Os dirigentes próximos de Durão "controlavam" os deputados mais críticos, onde se inclui ainda Azevedo Soares, antigo ministro de Cavaco Silva, e chegavam à conclusão que desta vez não ia haver lugar a críticas. Tiveram razão. No plenário, o PSD não deu resposta ao líder do PP, Paulo Portas, quando este desafiou os sociais-democratas a não viabilizarem hoje o orçamento rectificativo. Mas, nos corredores, os deputados do PSD acusavam Portas de estar a passar a ideia de que se o orçamento rectificativo chumbasse, o Governo cairia e que era o PSD que estaria a querer segurar António Guterres. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Rectificativo condiciona debate

"O mundo é como é"

Durão pronto para eleições

As propostas de Durão

Guterres prepara comunicação ao país

Contra o "revivalismo cavaquista"

Falta de coragem do Governo é a causa da crise

Mulheres e petróleo

"Venha cá bater-me senhor primeiro-ministro"

Empresários preparam "nova ambição para Portugal"

Os "senadores" no Carlton

Para quê este orçamento rectificativo?

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