«Avante!» Nº 1252

06-03-2000
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Carvalhas na pré-campanha da CDU

COIMBRA

CDU «inaugura» promessas

e faz propostas credíveis

«Chega de promessas demagógicas», foi o que a CDU pretendeu sublinhar com as «inaugurações» do metro de superfície e do novo teatro municipal encenadas no passado sábado nas ruas da baixa de Coimbra. O primeiro está em estudo há quatro anos, mas de concreto nada se conhece. O segundo foi mais uma vez prometido pelo candidato PS, e actual presidente da câmara, que garante agora transformar a Estação Nova numa sala de espectáculos.

Para Jorge Gouveia Monteiro, o cabeça de lista à Câmara de Coimbra, «já chega de brincadeiras. Nem o comboio para a Lousã foi concretizado nem o ramal urbano avança», disse o candidato da CDU, recordando que os problemas de transportes são gravíssimos e é preciso que o Metro Mondego seja discutido publicamente para dar credibilidade ao projecto.

Falando no Largo 8 de Maio, enquadrado pelos paços do concelho e pela igreja de Santa Cruz, Gouveia Monteiro insistiu ainda na necessidade de transferir a estação de camionagem para a zona junto ao Choupal e de moralizar a gestão dos transportes municipalizados, que continuam a degradar-se para gáudio de algumas empresas privadas.

Destacando-se na frente da multidão que enchia o largo, estavam Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, Sérgio Teixeira, membro da Comissão Política, e vários candidatos que integram as lista da CDU no concelho, nomeadamente, Jorge Alarcão, primeiro à Assembleia Municipal.

Carlos Carvalhas falou de seguida sobre o ambiente de confiança e determinação que tem rodeado a pré-campanha da CDU. «Confiança porque temos obra realizada», e mesmo sem inaugurações, «o contacto com as populações, as nossas listas e o nosso trabalho falam por si», disse.

Referindo-se às alterações na composição do Governo, Carvalhas ironizou: «com as sucessivas demissões no Governo, qualquer dia não há ministros para as inaugurações».

Comércio em crise

Ao som de tambores e gaita de foles, esta tocada por Manuel Rocha, músico da Brigada Victor Jara, apoiantes e candidatos desfilaram pelas ruas da baixa, cumprimentado e distribuindo folhetos da CDU. Sempre recebido com simpatia, Carlos Carvalhas ia conversando com comerciantes, muitos dos quais se encontravam à porta aguardando clientes. As dificuldades que enfrentam a forte concorrência dos hipermercados e a falta de apoios ao pequeno comércio foram as principais queixas ouvidas.

Quirino Adelino, proprietário de uma sapataria, veio mesmo ao encontro do secretário-geral do PCP, para lhe expor algumas preocupações com a crise no comércio tradicional. Segundo disse, as verbas que o PROCOM (programa de modernização do sector) disponibiliza são de difícil acesso porque apenas uma parte é concedida a fundo perdido e os comerciantes estão falidos. Enquanto isso, as grandes superfícies instalam-se na cidade fazendo uma autêntica guerra de preços. Segundo Adelino Quirino, depois do Continente, já se fala na abertura de mais um hiper agora do Carrefour.

Po este andar, bem pode o dono da Modas Vega, outro comerciante que conversou com Carvalhas, continuar a «esperar melhores dias» para o seu negócio.

Em prol da cultura

Há muito que a Câmara promete aos agentes culturais da cidade um novo teatro municipal. Contudo, as propostas de aproveitamento e reconversão para fins culturais de espaços existentes foram recusadas e já em período eleitoral, o presidente da Câmara, Manuel Machado, decide anunciar que a nova sala será, afinal, construída no espaço da estação ferroviária Coimbra A, conhecida como Estação Nova.

Foi exactamente nas escadas da Estação que Jorge Gouveia Monteiro denunciou a falta de seriedade da maioria municipal: «não sabemos se o metro irá passar pelo meio do teatro, se a primeira peça se chamará «O Machado Apitou Três Vezes ou O Intercidades».

Em contrapartida, a CDU afirma o seu projecto em prol da cultura e apresenta propostas concretas nesta área: «Queremos libertar o espaço hoje ocupado pela penitenciária e aí abrir o grande centro cultural de Coimbra» - prosseguiu Gouveia Monteiro recordando que o Ministro da Justiça prometeu há um ano e meio a construção de um novo estabelecimento prisional a norte do concelho. Porém, o ministro mudou de opinião tendo gasto 800 mil contos em pavilhões pré-fabricados e anunciando novas obras no edifício que ultrapassam os dois milhões e meio de contos.

A CDU não vai desistir da ideia e aposta no aumento de eleitos na Assembleia Municipal e na Câmara para deslocar a penitenciária para fora da cidade e devolver aquele espaço privilegiado à população do concelho.

________

«Puras coincidências»

Durante a estada em Coimbra, Carlos Carvalhas chamou a atenção dos jornalistas para o número de assessores do ministro da Cultura. Numa lista que divulgou com algum pessoal do gabinete do ministro figuram 24 nomes, desde o chefe de gabinete às secretárias de Manuel Maria Carrilho, passando pelos adjuntos, assessores, colaboradores e outras pessoas com várias funções. Entre estes, alguns auferem salários que variam entre os mais de 600 contos e os cerca de 500 contos.

Com ironia, Carvalhas comentou: «Este Governo é totalmente diferente do cavaquismo. Nepotismo? Não há. Aliás qualquer semelhança na nomeação de um familiar é pura coincidência...»

Numa outra folha entretanto distribuída, podia ler-se que Artur Penedos foi sentar-se no Parlamento em substituição de Guilherme d'Oliveira Martins, do secretário de Estado da Indústria e Energia, José Penedos, e do seu filho, Paulo Penedos, eleito para a Comissão Nacional do PS e colaborador para trabalhos jurídicos no gabinete do secretário de Estado da Presidência.

Outra coincidência é o caso de Ana Cristina Gonçalves Sabrosa Nunes Portada, mulher do parlamentar europeu e membro da Comissão Política Nacional do PS José Apolinário, que foi nomeada chefe de gabinete do secretário de Estado do Comércio e Turismo.

«Avante!» Nº 1252 - 27.Novembro.97

Carvalhas na pré-campanha da CDU

COIMBRA

CDU «inaugura» promessas

e faz propostas credíveis

«Chega de promessas demagógicas», foi o que a CDU pretendeu sublinhar com as «inaugurações» do metro de superfície e do novo teatro municipal encenadas no passado sábado nas ruas da baixa de Coimbra. O primeiro está em estudo há quatro anos, mas de concreto nada se conhece. O segundo foi mais uma vez prometido pelo candidato PS, e actual presidente da câmara, que garante agora transformar a Estação Nova numa sala de espectáculos.

Para Jorge Gouveia Monteiro, o cabeça de lista à Câmara de Coimbra, «já chega de brincadeiras. Nem o comboio para a Lousã foi concretizado nem o ramal urbano avança», disse o candidato da CDU, recordando que os problemas de transportes são gravíssimos e é preciso que o Metro Mondego seja discutido publicamente para dar credibilidade ao projecto.

Falando no Largo 8 de Maio, enquadrado pelos paços do concelho e pela igreja de Santa Cruz, Gouveia Monteiro insistiu ainda na necessidade de transferir a estação de camionagem para a zona junto ao Choupal e de moralizar a gestão dos transportes municipalizados, que continuam a degradar-se para gáudio de algumas empresas privadas.

Destacando-se na frente da multidão que enchia o largo, estavam Carlos Carvalhas, secretário-geral do PCP, Sérgio Teixeira, membro da Comissão Política, e vários candidatos que integram as lista da CDU no concelho, nomeadamente, Jorge Alarcão, primeiro à Assembleia Municipal.

Carlos Carvalhas falou de seguida sobre o ambiente de confiança e determinação que tem rodeado a pré-campanha da CDU. «Confiança porque temos obra realizada», e mesmo sem inaugurações, «o contacto com as populações, as nossas listas e o nosso trabalho falam por si», disse.

Referindo-se às alterações na composição do Governo, Carvalhas ironizou: «com as sucessivas demissões no Governo, qualquer dia não há ministros para as inaugurações».

Comércio em crise

Ao som de tambores e gaita de foles, esta tocada por Manuel Rocha, músico da Brigada Victor Jara, apoiantes e candidatos desfilaram pelas ruas da baixa, cumprimentado e distribuindo folhetos da CDU. Sempre recebido com simpatia, Carlos Carvalhas ia conversando com comerciantes, muitos dos quais se encontravam à porta aguardando clientes. As dificuldades que enfrentam a forte concorrência dos hipermercados e a falta de apoios ao pequeno comércio foram as principais queixas ouvidas.

Quirino Adelino, proprietário de uma sapataria, veio mesmo ao encontro do secretário-geral do PCP, para lhe expor algumas preocupações com a crise no comércio tradicional. Segundo disse, as verbas que o PROCOM (programa de modernização do sector) disponibiliza são de difícil acesso porque apenas uma parte é concedida a fundo perdido e os comerciantes estão falidos. Enquanto isso, as grandes superfícies instalam-se na cidade fazendo uma autêntica guerra de preços. Segundo Adelino Quirino, depois do Continente, já se fala na abertura de mais um hiper agora do Carrefour.

Po este andar, bem pode o dono da Modas Vega, outro comerciante que conversou com Carvalhas, continuar a «esperar melhores dias» para o seu negócio.

Em prol da cultura

Há muito que a Câmara promete aos agentes culturais da cidade um novo teatro municipal. Contudo, as propostas de aproveitamento e reconversão para fins culturais de espaços existentes foram recusadas e já em período eleitoral, o presidente da Câmara, Manuel Machado, decide anunciar que a nova sala será, afinal, construída no espaço da estação ferroviária Coimbra A, conhecida como Estação Nova.

Foi exactamente nas escadas da Estação que Jorge Gouveia Monteiro denunciou a falta de seriedade da maioria municipal: «não sabemos se o metro irá passar pelo meio do teatro, se a primeira peça se chamará «O Machado Apitou Três Vezes ou O Intercidades».

Em contrapartida, a CDU afirma o seu projecto em prol da cultura e apresenta propostas concretas nesta área: «Queremos libertar o espaço hoje ocupado pela penitenciária e aí abrir o grande centro cultural de Coimbra» - prosseguiu Gouveia Monteiro recordando que o Ministro da Justiça prometeu há um ano e meio a construção de um novo estabelecimento prisional a norte do concelho. Porém, o ministro mudou de opinião tendo gasto 800 mil contos em pavilhões pré-fabricados e anunciando novas obras no edifício que ultrapassam os dois milhões e meio de contos.

A CDU não vai desistir da ideia e aposta no aumento de eleitos na Assembleia Municipal e na Câmara para deslocar a penitenciária para fora da cidade e devolver aquele espaço privilegiado à população do concelho.

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«Puras coincidências»

Durante a estada em Coimbra, Carlos Carvalhas chamou a atenção dos jornalistas para o número de assessores do ministro da Cultura. Numa lista que divulgou com algum pessoal do gabinete do ministro figuram 24 nomes, desde o chefe de gabinete às secretárias de Manuel Maria Carrilho, passando pelos adjuntos, assessores, colaboradores e outras pessoas com várias funções. Entre estes, alguns auferem salários que variam entre os mais de 600 contos e os cerca de 500 contos.

Com ironia, Carvalhas comentou: «Este Governo é totalmente diferente do cavaquismo. Nepotismo? Não há. Aliás qualquer semelhança na nomeação de um familiar é pura coincidência...»

Numa outra folha entretanto distribuída, podia ler-se que Artur Penedos foi sentar-se no Parlamento em substituição de Guilherme d'Oliveira Martins, do secretário de Estado da Indústria e Energia, José Penedos, e do seu filho, Paulo Penedos, eleito para a Comissão Nacional do PS e colaborador para trabalhos jurídicos no gabinete do secretário de Estado da Presidência.

Outra coincidência é o caso de Ana Cristina Gonçalves Sabrosa Nunes Portada, mulher do parlamentar europeu e membro da Comissão Política Nacional do PS José Apolinário, que foi nomeada chefe de gabinete do secretário de Estado do Comércio e Turismo.

«Avante!» Nº 1252 - 27.Novembro.97

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