Conselho deontológico dos jornalistas critica denúncia da Renascença

18-01-2001
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Caso da notícia sobre a demissão de Armando Vara

Conselho Deontológico dos Jornalistas Critica Denúncia da Renascença

Quinta-feira, 18 de Janeiro de 2001 A Rádio Renascença deveria ter reafirmado a veracidade da notícia em que divulgou que o ex-ministro Armando Vara tencionava demitir-se, em lugar de revelar que fora o próprio governante a confidenciá-lo à estação, defende o Conselho Deontológico do Sindicato de Jornalistas, numa recomendação ontem divulgada. Tudo começou em Dezembro, quando "as atenções se centravam na demissão do ministro António Costa". Armando Vara, envolvido na polémica da Fundação para a Prevenção e Segurança, "terá dito" a um jornalista da Renascença que também contemplava a hipótese de se demitir. O ex-governante terá igualmente autorizado a publicação da informação, na condição de ser atribuída a "fonte próxima do gabinete" ministerial. Ainda assim, outro repórter terá reconfirmado a notícia antes da sua divulgação radiofónica - tanto mais que ela surgiu em outros órgãos de comunicação. Todavia, no dia seguinte, Armando Vara desmentiu formalmente a notícia, o que indignou a estação de rádio - e levou a Renascença a consultar o conselho deontológico do sindicato sobre a revelação da identidade de quem veiculara a notícia. Sem falar do caso específico, o conselho adiantou que, como princípio, "desaconselha vivamente" tal prática. O certo é que a rádio acabou mesmo por explicar que fora o próprio ministro a passar a informação aos jornalistas, baseando-se no facto de o código deontológico permitir a revelação de uma fonte confidencial se esta tentar usar o jornalista "para canalizar informações falsas". Visto Armando Vara ter "tentado usar os jornalistas para lançar um ''balão de ensaio'' para averiguar da solidez da sua situação no Governo", o conselho deontológico reconhece à Renascença "o direito a sentir-se indignada com o desmentido do ministro". Mas também lembra os danos que "uma denúncia de fonte confidencial acarreta para o jornalismo". Nomeadamente, o enfraquecimento das "garantias futuras de confidencialidade da fonte"; a dificuldade de provar o que se afirma quando se faz essa denúncia; e, sobretudo, por se arriscar uma "comprometedora revelação de um bastidor de informação, como é esse de se ficar a saber que um órgão de informação aceita que um ministro se ''disfarce'' de fonte próxima do gabinete". Como proceder então quando uma fonte "é manifestamente triaçoeira e atinge a credibilidade do órgão de informação"? Para o conselho deontológico não há dúvidas: "Reafirmar o que foi publicado, sem acrescentar mais nada. O público saberá imediatamente o que pensar". E.V. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Portugal não cumpre directiva sobre TV

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Quinta-feira, 18 de Janeiro de 2001 A Rádio Renascença deveria ter reafirmado a veracidade da notícia em que divulgou que o ex-ministro Armando Vara tencionava demitir-se, em lugar de revelar que fora o próprio governante a confidenciá-lo à estação, defende o Conselho Deontológico do Sindicato de Jornalistas, numa recomendação ontem divulgada. Tudo começou em Dezembro, quando "as atenções se centravam na demissão do ministro António Costa". Armando Vara, envolvido na polémica da Fundação para a Prevenção e Segurança, "terá dito" a um jornalista da Renascença que também contemplava a hipótese de se demitir. O ex-governante terá igualmente autorizado a publicação da informação, na condição de ser atribuída a "fonte próxima do gabinete" ministerial. Ainda assim, outro repórter terá reconfirmado a notícia antes da sua divulgação radiofónica - tanto mais que ela surgiu em outros órgãos de comunicação. Todavia, no dia seguinte, Armando Vara desmentiu formalmente a notícia, o que indignou a estação de rádio - e levou a Renascença a consultar o conselho deontológico do sindicato sobre a revelação da identidade de quem veiculara a notícia. Sem falar do caso específico, o conselho adiantou que, como princípio, "desaconselha vivamente" tal prática. O certo é que a rádio acabou mesmo por explicar que fora o próprio ministro a passar a informação aos jornalistas, baseando-se no facto de o código deontológico permitir a revelação de uma fonte confidencial se esta tentar usar o jornalista "para canalizar informações falsas". Visto Armando Vara ter "tentado usar os jornalistas para lançar um ''balão de ensaio'' para averiguar da solidez da sua situação no Governo", o conselho deontológico reconhece à Renascença "o direito a sentir-se indignada com o desmentido do ministro". Mas também lembra os danos que "uma denúncia de fonte confidencial acarreta para o jornalismo". Nomeadamente, o enfraquecimento das "garantias futuras de confidencialidade da fonte"; a dificuldade de provar o que se afirma quando se faz essa denúncia; e, sobretudo, por se arriscar uma "comprometedora revelação de um bastidor de informação, como é esse de se ficar a saber que um órgão de informação aceita que um ministro se ''disfarce'' de fonte próxima do gabinete". Como proceder então quando uma fonte "é manifestamente triaçoeira e atinge a credibilidade do órgão de informação"? Para o conselho deontológico não há dúvidas: "Reafirmar o que foi publicado, sem acrescentar mais nada. O público saberá imediatamente o que pensar". E.V. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Portugal não cumpre directiva sobre TV

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