Remodelação em horas

16-12-2000
marcar artigo

Vara e Patrão substituídos por José Lello e Rui Pereira

Remodelação em Horas

Sábado, 16 de Dezembro de 2000

Numa tarde foi resolvida a substituição de Armando Vara, ministro do Desporto e da Juventude, e Luís Patrão, secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna. À hora dos telejornais soube-se que José Lelo vai substituir Vara, deixando assim a secretaria de Estado das Comunidades; e para o lugar de Luís Patrão entrou Rui Pereira, actual director-geral do SIS. Entretanto, para a OCDE irá, em lugar de Fernando Gomes, a embaixadora Ana Martinho, actual directora-geral dos assuntos multilaterais no MNE.

Até serem anunciados os nomes de Lelo e Rui Pereira - cujos substitutos não foram anunciados -, circularam as mais variadas especulações sobre os escolhidos. Miranda Calha, actual secretário de Estado da Defesa, foi um dos nomes mais referidos para o ministério do Desporto. Tinha expectativas nesse sentido e a seu favor contava o facto de conhecer bem o delicado "dossier" do Euro 2004. O problema é que durante muito tempo esteve acusado de burla no caso das viagens-fantasmas dos deputados - acusação que não se confirmou porque o processo prescreveu - e esse "handicap" já era salientado por fontes do gabinete de Guterres ainda antes de se saber que Lelo era a escolha.

"Lobbie" do futebol defende Vara

A queda de Armando Vara deixou preocupados os dirigentes do futebol português, principalmente aqueles que pertencem aos clubes cujos estádios vão ser utilizados no Europeu de 2004. Os responsáveis dos clubes mostram-se apreensivos com as repercussões negativas que poderão vir a resultar do facto de, em 13 meses, Portugal ir apresentar à UEFA o quarto ministro responsável pela área. Alguns dizem mesmo temer que as questões relacionadas com a construção dos estádios, acessibilidades e parqueamentos para o Euro venham a ser prejudicadas com mais esta alteração governamental. Até pelo que falou com outros dirigentes, Valentim Loureiro garante que "toda a gente está um pouco intranquila".

Pinto da Costa foi o que reagiu de forma mais dura. Na opinião do presidente do FC Porto, Portugal está a dar "uma imagem muito triste" e o futebol, "que é considerado o mau da fita", está, afinal, "a pagar por tabela a incapacidade dos políticos se entenderem e porem acima dos seus interesses e dos seus partidos o interesse do próprio país".

Valentim Loureiro, na qualidade de presidente da Liga de Clubes, também considerou a situação "um exagero e pouco desejável". Insistindo que falava apenas na condição de presidente da Liga e não na de dirigente do PSD, Valentim Loureiro teceu loas a Armando Vara, de quem diz ter ficado amigo, e disse acreditar que a preparação do Europeu irá continuar "em velocidade de cruzeiro": "Está tudo mais ou menos em andamento, com alguns atrasos, como é natural, e quem vier, depois de estudar os ''dossiers'', se for um bom político vai fazer um bom trabalho."

Mais tarde, já depois de informado telefonicamente pelo ministro José Sócrates de que o escolhido havia sido o também boavisteiro José Lelo, Valentim mostrou-se satisfeito: "Sou suspeito porque sou seu amigo, mas acho que se trata de um político competente, sério e que tem a vantagem de entender o fenómeno desportivo." José Lelo ocupa há vários anos o cargo de presidente do Conselho Fiscal do Boavista, mas ontem já revelou ir abandonar o cargo por o considerar "incompatível" com a sua nova situação no Governo.

A reacção mais cautelosa veio do presidente do Benfica, segundo o qual "em matéria de natureza política-religiosa", os estatutos do Benfica não permitem que o clube se pronuncie. Manuel Vilarinho acabou no entanto por afirmar, "como cidadão", que nutre "uma grande simpatia pela competência e inteligência" de Armando Vara. No Sporting não foi possível obter nenhum comentário. Da direcção da Federação Portuguesa de Futebol saiu um comunicado em que aquele organismo afirma a sua preocupação por "constatar a instabilidade existente na área tutelar do desporto".

L.A./B.P./J.P.H.

Vara e Patrão substituídos por José Lello e Rui Pereira

Remodelação em Horas

Sábado, 16 de Dezembro de 2000

Numa tarde foi resolvida a substituição de Armando Vara, ministro do Desporto e da Juventude, e Luís Patrão, secretário de Estado adjunto do ministro da Administração Interna. À hora dos telejornais soube-se que José Lelo vai substituir Vara, deixando assim a secretaria de Estado das Comunidades; e para o lugar de Luís Patrão entrou Rui Pereira, actual director-geral do SIS. Entretanto, para a OCDE irá, em lugar de Fernando Gomes, a embaixadora Ana Martinho, actual directora-geral dos assuntos multilaterais no MNE.

Até serem anunciados os nomes de Lelo e Rui Pereira - cujos substitutos não foram anunciados -, circularam as mais variadas especulações sobre os escolhidos. Miranda Calha, actual secretário de Estado da Defesa, foi um dos nomes mais referidos para o ministério do Desporto. Tinha expectativas nesse sentido e a seu favor contava o facto de conhecer bem o delicado "dossier" do Euro 2004. O problema é que durante muito tempo esteve acusado de burla no caso das viagens-fantasmas dos deputados - acusação que não se confirmou porque o processo prescreveu - e esse "handicap" já era salientado por fontes do gabinete de Guterres ainda antes de se saber que Lelo era a escolha.

"Lobbie" do futebol defende Vara

A queda de Armando Vara deixou preocupados os dirigentes do futebol português, principalmente aqueles que pertencem aos clubes cujos estádios vão ser utilizados no Europeu de 2004. Os responsáveis dos clubes mostram-se apreensivos com as repercussões negativas que poderão vir a resultar do facto de, em 13 meses, Portugal ir apresentar à UEFA o quarto ministro responsável pela área. Alguns dizem mesmo temer que as questões relacionadas com a construção dos estádios, acessibilidades e parqueamentos para o Euro venham a ser prejudicadas com mais esta alteração governamental. Até pelo que falou com outros dirigentes, Valentim Loureiro garante que "toda a gente está um pouco intranquila".

Pinto da Costa foi o que reagiu de forma mais dura. Na opinião do presidente do FC Porto, Portugal está a dar "uma imagem muito triste" e o futebol, "que é considerado o mau da fita", está, afinal, "a pagar por tabela a incapacidade dos políticos se entenderem e porem acima dos seus interesses e dos seus partidos o interesse do próprio país".

Valentim Loureiro, na qualidade de presidente da Liga de Clubes, também considerou a situação "um exagero e pouco desejável". Insistindo que falava apenas na condição de presidente da Liga e não na de dirigente do PSD, Valentim Loureiro teceu loas a Armando Vara, de quem diz ter ficado amigo, e disse acreditar que a preparação do Europeu irá continuar "em velocidade de cruzeiro": "Está tudo mais ou menos em andamento, com alguns atrasos, como é natural, e quem vier, depois de estudar os ''dossiers'', se for um bom político vai fazer um bom trabalho."

Mais tarde, já depois de informado telefonicamente pelo ministro José Sócrates de que o escolhido havia sido o também boavisteiro José Lelo, Valentim mostrou-se satisfeito: "Sou suspeito porque sou seu amigo, mas acho que se trata de um político competente, sério e que tem a vantagem de entender o fenómeno desportivo." José Lelo ocupa há vários anos o cargo de presidente do Conselho Fiscal do Boavista, mas ontem já revelou ir abandonar o cargo por o considerar "incompatível" com a sua nova situação no Governo.

A reacção mais cautelosa veio do presidente do Benfica, segundo o qual "em matéria de natureza política-religiosa", os estatutos do Benfica não permitem que o clube se pronuncie. Manuel Vilarinho acabou no entanto por afirmar, "como cidadão", que nutre "uma grande simpatia pela competência e inteligência" de Armando Vara. No Sporting não foi possível obter nenhum comentário. Da direcção da Federação Portuguesa de Futebol saiu um comunicado em que aquele organismo afirma a sua preocupação por "constatar a instabilidade existente na área tutelar do desporto".

L.A./B.P./J.P.H.

marcar artigo