Um acto de vassalagem?

28-01-2001
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Um acto de vassalagem?!!

Por José Brinquete

Quero esclarecer que hesitei no substantivo do título desta crónica, se «gesto» (s.m. momice), se «acto» (s.m. acção). O substantivo «gesto» seria insuficiente pois trata-se de uma «atitude» (s.m. modo de proceder). Talvez, o mais correcto seja chamar-lhe «acto».

Optei pelo «acto» dado tratar-se de 12 Presidentes de Câmara (7 do PS e 5 do PSD), eleitos democraticamente pelas populações, que no passado dia 8/02/00, se deslocaram a Lisboa (cerca de 1100 Km, ida e volta) acompanhados do Governador Civil, Dr. Júlio Meirinhos, para participar num encontro-jantar com o ministro Adjunto, Armando Vara.

A nível regional, o PS fez passar a mensagem de que esta é uma nova forma de trabalhar, que pode trazer grandes vantagens para a região, dado Armando Vara ter grande espaço de manobra e influência nos bastidores do poder.

A não ser o Presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta, que em declarações a uma rádio regional disse que foi tudo muito simpático mas, para já, ainda não temos resultados concretos, do que aí se tratou pouco se sabe.

Ingenuidade?

Às vezes até parece que somos todos ingénuos e/ou de memória curta.

Duarte Lima fez escola com estes métodos de trabalho. Quantas vezes não tivemos que «gramar», em plena Assembleia Municipal de Bragança, com os «elogios» do Presidente da Câmara do PS, Luís Mina, agradecendo os «favores magnânimos» do deputado do PSD-Duarte Lima, para com o Nordeste Transmontano.

Infelizmente, parece haver, ainda, quem acredite em «Padrinhos».

Aos senhores Presidentes das Câmaras Municipais do Distrito de Bragança – a maioria os mesmos que há três anos foram em «romaria» a Macau e Hong Kong, à procura de investidores para o Nordeste Transmontano, pela mão do então Presidente da Câmara de Miranda do Douro, Dr. Júlio Meirinhos – gostaríamos de lhes recordar que o Poder Local Democrático tem a sua dignidade.

Claro que os Presidentes das Câmaras, têm toda a liberdade de jantar com quem quiserem, e de irem em viagem onde entenderem, mas cada acto do seu mandato, também, tem uma leitura política.

As eventuais vantagens de encontros-jantares deste tipo dependem muito dos resultados práticos que obtiverem.

Utilidade e oportunidade

No caso em análise e para avaliar da sua utilidade e oportunidade, torna-se necessário considerar dois aspectos: na altura que se realizou, acabava de ser conhecida a proposta do PIDDAC do Governo (que é uma fraude para o Distrito); por outro lado, o ministro Adjunto, Armando Vara, só tem as pastas da comunicação social, da juventude e da defesa do consumidor.

Ora, vamos ser claros e objectivos: qual o critério de marcar um encontro-jantar com este ministro e não com outro ou outros, conforme as matérias de interesse para os ditos autarcas?

Coloca-se, portanto, uma questão de método.

E, temos de ser francos, como método de trabalho entre autarcas e a administração central, esta reunião não faz sentido.

Pelo contrário, até pode introduzir vícios altamente perniciosos para a defesa dos interesses dos concelhos e da região.

Será que os autarcas de Bragança reflectiram, bem, sobre o efeito prático deste encontro-jantar, e da sua utilidade para o exercício da sua actividade, em defesa das populações que os elegeram?

Tudo indica que não. Aliás, só para A.V. um encontro deste tipo pode ser útil. O ministro Adjunto, sempre poderá jogar o trunfo junto dos seus pares, recordando, quando for necessário, que até consegue trazer a Lisboa 12 Presidentes de Câmara.

O Padrinho

Por outro lado, pergunta-se: um encontro desta natureza, a realizar-se, por que não no Distrito? O ministro até esteve dois dias antes no encerramento da Feira do Fumeiro em Vinhais, e voltou seis dias depois a Bragança, para lançar um programa escolar «jogo e cidadania»! Qual o porquê de ir ao «beija-mão», precisamente ao «terreiro do paço»?

Enquanto os 12 Presidentes de Câmara não se entenderem sobre as grandes linhas de desenvolvimento para o Nordeste Transmontano (Plano de Desenvolvimento Estratégico para a Região), de nada vale ir a Macau ou a Lisboa.

Recomendamos aos Senhores Presidentes das 12 Câmaras Municipais do Distrito de Bragança que vejam ou revejam, logo que lhes seja possível, o filme «o Padrinho». Com este filme, estamos perante uma grande obra da sétima arte e um excelente manual de relações perniciosas.

Vale a pena defender o Poder Local Democrático.

«Avante!» Nº 1371 - 9.Março.2000

Um acto de vassalagem?!!

Por José Brinquete

Quero esclarecer que hesitei no substantivo do título desta crónica, se «gesto» (s.m. momice), se «acto» (s.m. acção). O substantivo «gesto» seria insuficiente pois trata-se de uma «atitude» (s.m. modo de proceder). Talvez, o mais correcto seja chamar-lhe «acto».

Optei pelo «acto» dado tratar-se de 12 Presidentes de Câmara (7 do PS e 5 do PSD), eleitos democraticamente pelas populações, que no passado dia 8/02/00, se deslocaram a Lisboa (cerca de 1100 Km, ida e volta) acompanhados do Governador Civil, Dr. Júlio Meirinhos, para participar num encontro-jantar com o ministro Adjunto, Armando Vara.

A nível regional, o PS fez passar a mensagem de que esta é uma nova forma de trabalhar, que pode trazer grandes vantagens para a região, dado Armando Vara ter grande espaço de manobra e influência nos bastidores do poder.

A não ser o Presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta, que em declarações a uma rádio regional disse que foi tudo muito simpático mas, para já, ainda não temos resultados concretos, do que aí se tratou pouco se sabe.

Ingenuidade?

Às vezes até parece que somos todos ingénuos e/ou de memória curta.

Duarte Lima fez escola com estes métodos de trabalho. Quantas vezes não tivemos que «gramar», em plena Assembleia Municipal de Bragança, com os «elogios» do Presidente da Câmara do PS, Luís Mina, agradecendo os «favores magnânimos» do deputado do PSD-Duarte Lima, para com o Nordeste Transmontano.

Infelizmente, parece haver, ainda, quem acredite em «Padrinhos».

Aos senhores Presidentes das Câmaras Municipais do Distrito de Bragança – a maioria os mesmos que há três anos foram em «romaria» a Macau e Hong Kong, à procura de investidores para o Nordeste Transmontano, pela mão do então Presidente da Câmara de Miranda do Douro, Dr. Júlio Meirinhos – gostaríamos de lhes recordar que o Poder Local Democrático tem a sua dignidade.

Claro que os Presidentes das Câmaras, têm toda a liberdade de jantar com quem quiserem, e de irem em viagem onde entenderem, mas cada acto do seu mandato, também, tem uma leitura política.

As eventuais vantagens de encontros-jantares deste tipo dependem muito dos resultados práticos que obtiverem.

Utilidade e oportunidade

No caso em análise e para avaliar da sua utilidade e oportunidade, torna-se necessário considerar dois aspectos: na altura que se realizou, acabava de ser conhecida a proposta do PIDDAC do Governo (que é uma fraude para o Distrito); por outro lado, o ministro Adjunto, Armando Vara, só tem as pastas da comunicação social, da juventude e da defesa do consumidor.

Ora, vamos ser claros e objectivos: qual o critério de marcar um encontro-jantar com este ministro e não com outro ou outros, conforme as matérias de interesse para os ditos autarcas?

Coloca-se, portanto, uma questão de método.

E, temos de ser francos, como método de trabalho entre autarcas e a administração central, esta reunião não faz sentido.

Pelo contrário, até pode introduzir vícios altamente perniciosos para a defesa dos interesses dos concelhos e da região.

Será que os autarcas de Bragança reflectiram, bem, sobre o efeito prático deste encontro-jantar, e da sua utilidade para o exercício da sua actividade, em defesa das populações que os elegeram?

Tudo indica que não. Aliás, só para A.V. um encontro deste tipo pode ser útil. O ministro Adjunto, sempre poderá jogar o trunfo junto dos seus pares, recordando, quando for necessário, que até consegue trazer a Lisboa 12 Presidentes de Câmara.

O Padrinho

Por outro lado, pergunta-se: um encontro desta natureza, a realizar-se, por que não no Distrito? O ministro até esteve dois dias antes no encerramento da Feira do Fumeiro em Vinhais, e voltou seis dias depois a Bragança, para lançar um programa escolar «jogo e cidadania»! Qual o porquê de ir ao «beija-mão», precisamente ao «terreiro do paço»?

Enquanto os 12 Presidentes de Câmara não se entenderem sobre as grandes linhas de desenvolvimento para o Nordeste Transmontano (Plano de Desenvolvimento Estratégico para a Região), de nada vale ir a Macau ou a Lisboa.

Recomendamos aos Senhores Presidentes das 12 Câmaras Municipais do Distrito de Bragança que vejam ou revejam, logo que lhes seja possível, o filme «o Padrinho». Com este filme, estamos perante uma grande obra da sétima arte e um excelente manual de relações perniciosas.

Vale a pena defender o Poder Local Democrático.

«Avante!» Nº 1371 - 9.Março.2000

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