Um empenho sem resultados directos

13-01-2002
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Um Empenho Sem Resultados Directos

Terça-feira, 8 de Janeiro de 2002 O empenho posto por José Sócrates na adjudicação da Biblioteca da Covilhã à sociedade anónima Ceoga acabou por não ter quaisquer resultados imediatos. Carlos Martins, o secretário do presidente da câmara, ainda terá falado várias vezes com Álvaro Geraldes Pinto, nos dias seguintes à conversa entre este empresário e Sócrates, mas a reclamação posteriormente formalizada pela Ceoga, contra a adjudicação à Abrantina, acabou por ser indeferida pela câmara. Num telefonema feito logo no dia seguinte ao da conversa com Sócrates, Geraldes Pinto ainda perguntou a Carlos Martins, segundo a PJ, "se é preciso andarem os deputados a dizerem-lhe para ele lhe ligar". Ao que o secretário de Jorge Pombo terá respondido que Sócrates já lhe telefonara, "mas que ele não estava". Horas depois, Carlos Martins terá enviado a Geraldes Pinto, por fax, 11 folhas com "a decisão de entregar a obra à Abrantina", sendo certo que o empresário nem sequer pertencia aos corpos sociais da Ceoga, nem subscrevera qualquer documento da sua proposta. Face à análise da reclamação entregue pela Ceoga a 3 de Julho, os serviços camarários mantiveram a anterior proposta de adjudicação à Abrantina, e Jorge Pombo, o presidente, para salvaguardar a sua posição, resolveu solicitar um parecer jurídico a um consultor externo. Resguardada neste parecer, mas na ausência de Pombo, a câmara deliberou depois não dar provimento à reclamação e a adjudicação foi feita à Abrantina. Obras pagas e não realizadas Entretanto, por essa altura, a Ceoga ganhou um outro importante concurso da Câmara da Covilhã: a construção de uma pista de atletismo, no valor de 125 mil contos. Esta obra, apesar de o executivo camarário de Jorge Pombo ter adiantado à Ceoga 35 mil contos, sem as correspondentes garantias bancárias válidas, nunca veio a ser executada, tendo sido apenas efectuados alguns trabalhos no valor de cerca de quatro mil contos. O caso foi, aliás, remetido ao Ministério Público, em meados do ano passado, pelo actual presidente da Covilhã, o social-democrata Carlos Pinto. E em muitas outras câmaras, particularmente nas socialistas do Algarve, mas também nas de Lisboa e Sintra, a empresa continuou a ganhar empreitadas, muitas vezes relativas a projectos feitos pela Gitap. Em 1999 cessou a sua actividade com mais de 1,2 milhões de contos de dívidas à banca, ao fisco e a dezenas de fornecedores e subempreiteiros. Para lá da Gitap, da Ceoga, da Oficina de Eventos e da Lardac - uma imobiliária através da qual os irmãos Geraldes Pinto adquiriram, em 1991, uma herdade em Almodôvar, por intermédio do então presidente da câmara local, António Saleiro -, estes empresários têm interesses em mais algumas empresas, nomeadamente uma na área do ambiente. Trata-se da Investambiente - Recolha de Resíduos e Gestão de Sistemas de Saneamento, uma sociedade anónima onde José Geraldes Pinto ocupa um lugar de administrador e que foi criada em 1999 no quadro do grupo HLC. Este grupo, que detém uma importante posição no mercado dos resíduos sólidos, é dominado por um empresário da Covilhã e ganhou, no início de 1997, a concessão da construção e exploração da Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos da Cova da Beira, num polémico concurso da Associação de Municípios da Cova da Beira, então presidida por Jorge Pombo. Este concurso tem estado a ser objecto de uma investigação da Polícia Judiciária, mas são desconhecidas as suas conclusões. J.A.C. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Empresa fornecedora de câmaras socialistas ajudava PS a não pagar IVA

O caso dos cem mil contos

Raposo, Coelho, Seguro e a Oficina de Eventos

Contas de hotel e visitas a Bruxelas pagas pela Gitap

Sócrates admitiu influenciar decisão camarária para favorecer empresa preterida num concurso

Transcrição do resumo da conversa escutada pela Polícia Judiciária

Um empenho sem resultados directos

Ministro e Gitap ameaçam com tribunal

Um Empenho Sem Resultados Directos

Terça-feira, 8 de Janeiro de 2002 O empenho posto por José Sócrates na adjudicação da Biblioteca da Covilhã à sociedade anónima Ceoga acabou por não ter quaisquer resultados imediatos. Carlos Martins, o secretário do presidente da câmara, ainda terá falado várias vezes com Álvaro Geraldes Pinto, nos dias seguintes à conversa entre este empresário e Sócrates, mas a reclamação posteriormente formalizada pela Ceoga, contra a adjudicação à Abrantina, acabou por ser indeferida pela câmara. Num telefonema feito logo no dia seguinte ao da conversa com Sócrates, Geraldes Pinto ainda perguntou a Carlos Martins, segundo a PJ, "se é preciso andarem os deputados a dizerem-lhe para ele lhe ligar". Ao que o secretário de Jorge Pombo terá respondido que Sócrates já lhe telefonara, "mas que ele não estava". Horas depois, Carlos Martins terá enviado a Geraldes Pinto, por fax, 11 folhas com "a decisão de entregar a obra à Abrantina", sendo certo que o empresário nem sequer pertencia aos corpos sociais da Ceoga, nem subscrevera qualquer documento da sua proposta. Face à análise da reclamação entregue pela Ceoga a 3 de Julho, os serviços camarários mantiveram a anterior proposta de adjudicação à Abrantina, e Jorge Pombo, o presidente, para salvaguardar a sua posição, resolveu solicitar um parecer jurídico a um consultor externo. Resguardada neste parecer, mas na ausência de Pombo, a câmara deliberou depois não dar provimento à reclamação e a adjudicação foi feita à Abrantina. Obras pagas e não realizadas Entretanto, por essa altura, a Ceoga ganhou um outro importante concurso da Câmara da Covilhã: a construção de uma pista de atletismo, no valor de 125 mil contos. Esta obra, apesar de o executivo camarário de Jorge Pombo ter adiantado à Ceoga 35 mil contos, sem as correspondentes garantias bancárias válidas, nunca veio a ser executada, tendo sido apenas efectuados alguns trabalhos no valor de cerca de quatro mil contos. O caso foi, aliás, remetido ao Ministério Público, em meados do ano passado, pelo actual presidente da Covilhã, o social-democrata Carlos Pinto. E em muitas outras câmaras, particularmente nas socialistas do Algarve, mas também nas de Lisboa e Sintra, a empresa continuou a ganhar empreitadas, muitas vezes relativas a projectos feitos pela Gitap. Em 1999 cessou a sua actividade com mais de 1,2 milhões de contos de dívidas à banca, ao fisco e a dezenas de fornecedores e subempreiteiros. Para lá da Gitap, da Ceoga, da Oficina de Eventos e da Lardac - uma imobiliária através da qual os irmãos Geraldes Pinto adquiriram, em 1991, uma herdade em Almodôvar, por intermédio do então presidente da câmara local, António Saleiro -, estes empresários têm interesses em mais algumas empresas, nomeadamente uma na área do ambiente. Trata-se da Investambiente - Recolha de Resíduos e Gestão de Sistemas de Saneamento, uma sociedade anónima onde José Geraldes Pinto ocupa um lugar de administrador e que foi criada em 1999 no quadro do grupo HLC. Este grupo, que detém uma importante posição no mercado dos resíduos sólidos, é dominado por um empresário da Covilhã e ganhou, no início de 1997, a concessão da construção e exploração da Estação de Tratamento de Resíduos Sólidos da Cova da Beira, num polémico concurso da Associação de Municípios da Cova da Beira, então presidida por Jorge Pombo. Este concurso tem estado a ser objecto de uma investigação da Polícia Judiciária, mas são desconhecidas as suas conclusões. J.A.C. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Empresa fornecedora de câmaras socialistas ajudava PS a não pagar IVA

O caso dos cem mil contos

Raposo, Coelho, Seguro e a Oficina de Eventos

Contas de hotel e visitas a Bruxelas pagas pela Gitap

Sócrates admitiu influenciar decisão camarária para favorecer empresa preterida num concurso

Transcrição do resumo da conversa escutada pela Polícia Judiciária

Um empenho sem resultados directos

Ministro e Gitap ameaçam com tribunal

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