Onda rosa varre o distrito de Beja

02-03-2002
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Onda Rosa Varre o Distrito de Beja

Terça-feira, 18 de Dezembro de 2001

A realidade foi além da previsão na região alentejana

O PS afastou os comunistas de mais quatro câmaras no distrito de Beja, juntando-as às três que já mantinha sob sua gestão, passando a ser a força política maioritária no distrito, onde os comunistas passam a controlar apenas cinco municípios. Mas a vitória mais apetecida foi alcançada pelo PSD, conquistando finalmente e ao fim de 12 anos a autarquia de Almodôvar ao PS. Funcionou em pleno a frente unitária liderada por António Sebastião ex-militante comunista. Os sociais-democratas mantiveram ainda, com maioria absoluta, a câmara de Ourique, que volta a ser liderada por José Raul Santos.

A surpresa pelo desfecho dos resultados eleitorais não podia ser maior, embora estivesse interiorizada a ideia de que nada travaria uma inevitável hecatombe no universo comunista alentejano. O testemunho mais significativo foi dado por Lopes Guerreiro, candidato pela coligação PCP/PEV em Alvito, que contra todas as previsões perdeu a autarquia por larga margem de votos. "Fiquei perplexo com o resultado final, pois não esperava que tal viesse a acontecer, depois da campanha que fiz", comentou o autarca logo que foram divulgados os resultados, frisando que "nada indiciava um tal desfecho".

As mudanças eram esperadas nas câmaras da Vidigueira e Barrancos. Mas também Mértola acabou por ir no rol das contas socialistas, reforçando desta forma a liderança de Pita Ameixa, na Federação Socialista do Baixo Alentejo, que nos últimos tempos vinha a ser fortemente contestada pela corrente saleirista, que acabou por perder em toda a linha. A sua maior derrota aconteceu em Almodôvar, onde o actual deputado António Saleiro não conseguiu fazer congregar os votos necessários para inverter a dinâmica social-democrata da "laranja vermelha", nem fazer-se eleger para a presidência da assembleia municipal deste concelho.

O novo mapa autárquico vem colocar em causa a gestão comunista à frente da Associação dos Municípios do Distrito de Beja e, consequentemente, do semanário "Diário do Alentejo", cuja linha editorial sempre mereceu contestação dos socialistas. Um papel determinante passa a ter o PSD neste possível confronto, entre comunistas e socialistas, assumindo-se como uma força política charneira na região.

Os comunistas dificilmente poderão inverter a marcha do eleitorado para o centro-esquerda no Alentejo, quando envelhecem as suas fileiras e não acontece a necessária regeneração de quadros, bem como a reformulação de ideias e estratégias em condições de marcarem a agenda política regional. De ano para ano, o declínio do PCP encurtava as distâncias eleitorais em relação aos socialistas. A grande mudança acabou por acontecer agora, quando se pensava que um tal cenário acontecesse nas próximas eleições autárquicas.

Falta ainda saber em que mãos ficará o concelho de Moura, quando o número de votos que separa o PCP/PEV do PS é de apenas três. A inevitável recontagem poderá ditar mais uma autarquia para os socialistas, reduzindo para quatro o resto do império comunista no distrito de Beja.

Carlos Dias

Onda Rosa Varre o Distrito de Beja

Terça-feira, 18 de Dezembro de 2001

A realidade foi além da previsão na região alentejana

O PS afastou os comunistas de mais quatro câmaras no distrito de Beja, juntando-as às três que já mantinha sob sua gestão, passando a ser a força política maioritária no distrito, onde os comunistas passam a controlar apenas cinco municípios. Mas a vitória mais apetecida foi alcançada pelo PSD, conquistando finalmente e ao fim de 12 anos a autarquia de Almodôvar ao PS. Funcionou em pleno a frente unitária liderada por António Sebastião ex-militante comunista. Os sociais-democratas mantiveram ainda, com maioria absoluta, a câmara de Ourique, que volta a ser liderada por José Raul Santos.

A surpresa pelo desfecho dos resultados eleitorais não podia ser maior, embora estivesse interiorizada a ideia de que nada travaria uma inevitável hecatombe no universo comunista alentejano. O testemunho mais significativo foi dado por Lopes Guerreiro, candidato pela coligação PCP/PEV em Alvito, que contra todas as previsões perdeu a autarquia por larga margem de votos. "Fiquei perplexo com o resultado final, pois não esperava que tal viesse a acontecer, depois da campanha que fiz", comentou o autarca logo que foram divulgados os resultados, frisando que "nada indiciava um tal desfecho".

As mudanças eram esperadas nas câmaras da Vidigueira e Barrancos. Mas também Mértola acabou por ir no rol das contas socialistas, reforçando desta forma a liderança de Pita Ameixa, na Federação Socialista do Baixo Alentejo, que nos últimos tempos vinha a ser fortemente contestada pela corrente saleirista, que acabou por perder em toda a linha. A sua maior derrota aconteceu em Almodôvar, onde o actual deputado António Saleiro não conseguiu fazer congregar os votos necessários para inverter a dinâmica social-democrata da "laranja vermelha", nem fazer-se eleger para a presidência da assembleia municipal deste concelho.

O novo mapa autárquico vem colocar em causa a gestão comunista à frente da Associação dos Municípios do Distrito de Beja e, consequentemente, do semanário "Diário do Alentejo", cuja linha editorial sempre mereceu contestação dos socialistas. Um papel determinante passa a ter o PSD neste possível confronto, entre comunistas e socialistas, assumindo-se como uma força política charneira na região.

Os comunistas dificilmente poderão inverter a marcha do eleitorado para o centro-esquerda no Alentejo, quando envelhecem as suas fileiras e não acontece a necessária regeneração de quadros, bem como a reformulação de ideias e estratégias em condições de marcarem a agenda política regional. De ano para ano, o declínio do PCP encurtava as distâncias eleitorais em relação aos socialistas. A grande mudança acabou por acontecer agora, quando se pensava que um tal cenário acontecesse nas próximas eleições autárquicas.

Falta ainda saber em que mãos ficará o concelho de Moura, quando o número de votos que separa o PCP/PEV do PS é de apenas três. A inevitável recontagem poderá ditar mais uma autarquia para os socialistas, reduzindo para quatro o resto do império comunista no distrito de Beja.

Carlos Dias

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