Televisão pública só é viável com 25 milhões por ano

10-07-2001
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Televisão Pública Só É Viável com 25 Milhões por Ano

Por MARIA LOPES

Quarta-feira, 27 de Junho de 2001

Saneamento aguarda resposta do executivo

O PSD acusou o PS de ter empurrado a RTP para "o abismo". Os deputados socialistas não tiveram respostas à altura

A solução financeira para uma RTP "viável" passa por "um saneamento do passivo acumulado em quatro anos" e pela estabilização das transferências do Estado em 25 milhões de contos por ano. Esta foi a receita apresentada ontem por João Carlos Silva à Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, convocada por iniciativa dos deputados social-democratas para pedirem à administração da RTP explicações sobre o défice de 34,6 milhões de contos no exercício do ano passado.

Bombardeado pelas questões levantadas pelo deputado do PSD Miguel Macedo, o presidente do CA da RTP desdobrou-se em explicações, realçando que os resultados de exploração não se agravaram e que as previsões de "apenas" 22 milhões de contos de prejuízo foram cumpridas. A diferença desse valor para os 34,6 milhões ficou a dever-se à diminuição da indemnização compensatória em 4,8 milhões e aos 7,8 milhões de encargos financeiros (por compromissos bancários "herdados de anos anteriores"). Em relação a 1999, a RTP gastou mais 1,3 milhões em encargos financeiros, e 1,9 milhões em rescisões de contratos.

João Carlos Silva disse ainda que a indemnização para 2000 (de 15,2 milhões de contos) chegou apenas em Dezembro e a deste ano ainda não apareceu. Sobre as receitas da publicidade, prevê-se para 2001 uma quebra igual à do ano passado (na ordem dos 1,5 milhões). Ainda na onda dos queixumes, o presidente afirmou que "não é possível fazer serviço público sem dinheiro". Segundo as suas contas, o Canal 2 custa anualmente dez milhões de contos, a RTPi e RTPÁfrica 5,1 milhões, a RTPAçores e a RTPMadeira 2,9 milhões, as delegações nacionais 1,5 milhões, as delegações estrangeiras 600 mil contos, o serviço de teletexto cem mil contos e o fundo de apoio ao cinema 450 mil contos.

Miguel Macedo criticou duramente a "indefinição estratégica e política" do PS em relação à RTP, que "tem levado a televisão pública para o abismo". "Algo está mal quando em cinco anos houve cinco administrações", disse o deputado, classificando depois João Carlos Silva como "mais um bombeiro do que um gestor". Miguel Macedo tentou limpar a honra do PSD na questão da "herança de problemas": "O agravamento foi mais significativo depois de 1996, tanto de forma estrutural como conjuntural." E o deputado fez as contas: nos últimos seis anos, a "gastadora" RTP consumiu 124 milhões recebidos do Estado e acumulou 135 milhões de contos de prejuízos.

O deputado socialista António Reis defendeu com unhas e dentes as indemnizações compensatórias: "Vinte e cinco milhões de contos é um preço irrisório para o serviço público, se fosse preciso eu não me importava de pagar mais para ter uma televisão de qualidade." E desafiou o social-democrata Miguel Macedo a dizer "quanto é que o seu partido está disposto a pagar por um serviço público de TV". Mas não obteve resposta.

Televisão Pública Só É Viável com 25 Milhões por Ano

Por MARIA LOPES

Quarta-feira, 27 de Junho de 2001

Saneamento aguarda resposta do executivo

O PSD acusou o PS de ter empurrado a RTP para "o abismo". Os deputados socialistas não tiveram respostas à altura

A solução financeira para uma RTP "viável" passa por "um saneamento do passivo acumulado em quatro anos" e pela estabilização das transferências do Estado em 25 milhões de contos por ano. Esta foi a receita apresentada ontem por João Carlos Silva à Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, convocada por iniciativa dos deputados social-democratas para pedirem à administração da RTP explicações sobre o défice de 34,6 milhões de contos no exercício do ano passado.

Bombardeado pelas questões levantadas pelo deputado do PSD Miguel Macedo, o presidente do CA da RTP desdobrou-se em explicações, realçando que os resultados de exploração não se agravaram e que as previsões de "apenas" 22 milhões de contos de prejuízo foram cumpridas. A diferença desse valor para os 34,6 milhões ficou a dever-se à diminuição da indemnização compensatória em 4,8 milhões e aos 7,8 milhões de encargos financeiros (por compromissos bancários "herdados de anos anteriores"). Em relação a 1999, a RTP gastou mais 1,3 milhões em encargos financeiros, e 1,9 milhões em rescisões de contratos.

João Carlos Silva disse ainda que a indemnização para 2000 (de 15,2 milhões de contos) chegou apenas em Dezembro e a deste ano ainda não apareceu. Sobre as receitas da publicidade, prevê-se para 2001 uma quebra igual à do ano passado (na ordem dos 1,5 milhões). Ainda na onda dos queixumes, o presidente afirmou que "não é possível fazer serviço público sem dinheiro". Segundo as suas contas, o Canal 2 custa anualmente dez milhões de contos, a RTPi e RTPÁfrica 5,1 milhões, a RTPAçores e a RTPMadeira 2,9 milhões, as delegações nacionais 1,5 milhões, as delegações estrangeiras 600 mil contos, o serviço de teletexto cem mil contos e o fundo de apoio ao cinema 450 mil contos.

Miguel Macedo criticou duramente a "indefinição estratégica e política" do PS em relação à RTP, que "tem levado a televisão pública para o abismo". "Algo está mal quando em cinco anos houve cinco administrações", disse o deputado, classificando depois João Carlos Silva como "mais um bombeiro do que um gestor". Miguel Macedo tentou limpar a honra do PSD na questão da "herança de problemas": "O agravamento foi mais significativo depois de 1996, tanto de forma estrutural como conjuntural." E o deputado fez as contas: nos últimos seis anos, a "gastadora" RTP consumiu 124 milhões recebidos do Estado e acumulou 135 milhões de contos de prejuízos.

O deputado socialista António Reis defendeu com unhas e dentes as indemnizações compensatórias: "Vinte e cinco milhões de contos é um preço irrisório para o serviço público, se fosse preciso eu não me importava de pagar mais para ter uma televisão de qualidade." E desafiou o social-democrata Miguel Macedo a dizer "quanto é que o seu partido está disposto a pagar por um serviço público de TV". Mas não obteve resposta.

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