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12-02-2002
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SAPO Cinema > Artigos

História do Cinema Português

Uma série de documentários sobre a história do cinema português que começa por nos falar do nascimento do cinema e destaca as personalidades e filmes que marcaram o cinema português. A não perder, às quartas-feiras na RTP1.

Quarta, 21/02

Aurélio da Paz dos Reis – Um Olhar Actual

Este filme fala do nascimento do Cinema, dos aparelhos que procuravam reproduzir o movimento antes do aparecimento do cinematógrafo dos irmãos Lumiére, do fascínio que os filmes dos pioneiros franceses provocaram no nosso pioneiro Aurélio da Paz dos Reis.

Nele se conta a vida e a obra de Paz dos Reis, notável fotógrafo floricultor, homem republicano. O filme contém inúmera documentação ( alguma até agora desconhecida da generalidade dos estudiosos), os seus filmes, o seu percurso. Inclui entrevistas diversas, uma delas com o neto de Paz dos Reis, que nos fala da memória do avô e nos mostra um espólio invejável do pioneiro do cinema português.No percurso do filme passamos pelo 31 de Janeiro, com a implantação da República no Porto “ que durou das 7 da manhã ás 3 da tarde”, como nos conta o escritor e jornalista Manuel António Pina, e pela prisão, julgamento e absolvição de Paz dos Reis.

Depois, o filme aborda Costa Veiga, o repórter do regime ( de que também nos fala o historiador e crítico José de Matos –Cruz), João Correia e o seu estúdio e o seu testemunho no terramoto Benavente, indo até à revolução do 5 de Outubro de 1910 e a consequente partida para o exílio do último rei de Portugal e sua família.

Quinta, 22/02

DA INVICTA AO SONORO CINEMA PORTUGUÊS ( 1915 –1930 )

Primeira experiência industrial de cinema do nosso país, fundada no Porto por Alfredo Nunes de Matos e Henrique Alegria, a Invicta Film começou uma actividade de produção contínua em 1918. Sob o lema” Romance Português – Filme Português – Cenas Portuguesas – Artistas Portugueses “, sucederam-se adaptações de grande obras literárias, como A Rosa do Adro, Os Fidalgos da Casa Mourisca, Amor de Perdição ou o Primo Basílio, mesmo se os realizadores eram quase estrangeiros, como o francês Georges Pallu ou o italiano Rino Lupo. Mas, apesar da presença de Palmira Bastos, em O Destino, ou da chamada da vedeta francesa Francine Mussey, para fazer Cláudia e Lucros …Ilícitos, a Invicta iria terminar a sua actividade em 1923.

Ao mesmo tempo que na vida política e social se sucediam as convulsões, da presença na primeira grande guerra e do assassinato de Sidónio Pais, à tomada do poder por Gomes da Costa e posterior ascensão de salazar, passando pelo momento de glória da travessia aérea de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, o cinema português ia vivendo de experiências parcelares, empresas sem futuro autores de obra escassa e inconsequente. Nesse período, destacam-se filmes como Os Lobos, de Rino Lupo, feito para a Ibéria Film, e O Taxi 9297, de Reinaldo Ferreira, para a Repórter X Film.

Enquanto o sonoro começava a chegar até nós, com filmes falados em outras línguas, o cinema mudo português atingia a maturidade estética. Leitão de Barros regressava, depois de primeiras experiências em 1918, de que se destaca Mal de Espanha, e uma nova geração de cineastas começa a surgir . De Leitão de Barros, assinala-se Maria do Mar e Lisboa, Crónica Anedótica, enquanto Jorge Brum do Canto experimentava o cinema, com A Dança dos Paroxismos, e Manoel de Oliveira surgia como actor em Fátima Milagrosa.

b O sonoro chega por fim ao cinema português. Ainda pela mão de Leitão de Barros, contava-se a história de A Severa. Morria um certo modo de espectáculo. Mas a esperança renascia, com o cinema falado e cantado em português.

Integrado no projecto “História do Cinema Português” de Pedro Éfe

Intérpretes : Rui de Carvalho, Anabela Brígida, Pedro Éfe, Pedro Madeira.

Locução: Rui de Carvalho

Autor e Coordenadores do projecto História do Cinema

Português : Pedro Éfe, José de Matos Cruz e António Macedo

Argumento / Realização : Jorge Queiroga

Uma produção da Acetato Fimes

Sexta, 23/02

UMA ÉPOCA DE OURO Cinema Português (1930-1945)

1930 –os filmes sonoros fazem furor em toda a parte.

Em Portugal, uma nova geração de críticos e cineastas, entre os quais Chianca de Garcia, Jorge Brum do Canto, Leitão de Barros e António Lopes Ribeiro, afirma a necessidade da criação de um grande estúdio apetrechado para o som como peça fundamental para o advento de uma indústria de cinema português.

Enquanto o estúdio não passa de um projecto, Leitão de Barros realiza A Severa, primeiro fonofilme português, que teve de ser inteiramente sonorizado em França e que viria a alcançar um grande sucesso de público dando força ao projecto de grupo. Mas a grande aposta seria, dois anos mais tarde, o filme A Canção de Lisboa, matriz de todas as comédias posteriores, que viria a lançar, que viria a lançar grandes nomes que marcariam por décadas a comédia portuguesa : António Silva, Vasco Santana e Beatriz Costa, entre outros.

1933 foi não só o ano da estreia da Canção de Lisboa como também o ano de promulgação da Constituição que viria a consagrar o salazarismo e a institucionalizar o estado Novo.

Os jovens cinestas achavam que o Estado Novo só seria nono se soubesse utilizar os meios colocados à disposiçãp paela técnica, o rádio e o cinema, meios que estavam a revolucionar toda a comunicação social e toda a rte da imagem. Como interlocutor privilegiado tinham António Ferro, secretário do secretariado da Propaganda Nacional, homem muito sintonizado com os métodos de propaganda das modernas ditaduras e que compreendera desde logo a força do cinema como meio essencial para a encenação do poder.

Assim o Estado toma em relação ao cinema uma função de forte intervenção, tanto financiador como orientadora de conteúdos., fazendo surgir uma espécie de cinema de estado, que tem no filme A Revolução de Maio o seu exemplo paradigmático.

Até ao final da década de trinta assiste-se a um incremento do cinema de propaganda bem como a experiência ímpares no nosso cinema, caso da Canção da Terra, continuando a comédia a ser a veia dominante, alcançando grande vigor com o filme de Chianca de Garcia, Aldeia da Roupa Branca.

A par das grandes comédias dos anos 40 como o Pátio das Cantigas e o Pai Tirano, surgem filmes únicos neste período como o caso de Aniki Bóbó e do Ala Arriba, filme que viria a ganhar a Taça Volpi no Festival de Veneza sob a égide de Mussolini.

Os últimos anos da guerra trazem outra realidade ao país; o salazarismo deixa de constituir a esperança que representara nos anos trinta. Os anos já não são alegres e despreocupados. Caminha-se para um lado “mais sério” em detrimento da graça anterior. As comédias perdem a frescura e a graça espontânea. As grandes apostas passam agora pelo filme histórico, caso de Inês de Castro e finalmente de Camões, projecto que encerra o ciclo dos grandes filmes históricos e que marca o fim de uma época - a partir de então quase todos os realizadores, protagonistas deste período, deixam de filmar – para chegar a hora da amargura e se perceber que as aberturas consentidas ao cinema português eram afinal muito poucas.

<>BSegunda, 26/02

“Os Tristes Anos (1945-1960)”

Este período é o mais crítico e talvez o menos interessante pela qualidade dos filmes produzidos.mas sem o qual dificilmente se poderá entender o que viria a ser o Cinema Português desde os anos 60, o chamado Cinema Novo e o que daí adveio.

Após a chamada Época de Ouro do Cinema Português, houve várias tentativas de uma produção continuada, mas tudo redundou em fracasso por se insistir em copiar os conteúdos dos modelos da época precedente até à estafa e esgotamento.

Assim, nem os esforços para criar espaços com melhores meios técnicos . aparecendp mais estúdios, Laboratórios e Produtoras, nem os esforços criativos dos homens que haviam feito a glória da década anterior, como Leitão de Barros, António Lopes Ribeiro ou Brum do Canto, agora juntos a uma nova geração constituída, em grande parte, por antigos assistentes de realização, conseguiram que o Cinema Português se consolidasse, quer em termos de público, quer em termos artísticos e de qualidade, acabando mesmo por se chegar a 1955, sem qualquer estreia por nada se ter produzido. E a esse ano se chamou o Ano Zero do Cinema Português.

Depois, embora lentamente, outros ventos sopraram. O aparecimento da RTP, o trabalho dos Cineclubes, as Bolsas do SNI e da Gulbenkian, a aposta numa gente nova que cortava radicalmente com os padrões vigentes, algo poderia mudar. Algo mudou.

Terça, 27/02

“Novo Cinema, Cinema Novo” (1960 –1974)

No início da década de 60 não é famoso o panorama do cinema que se produz em Portugal. A situação era de absoluta estagnação. Recorria-se a fórmulas estafadas e a inexistência de uma política oficial para o cinema não ajudava à introdução de cambiantes susceptíveis de exercer mudanças de fundo.

Entretanto, paralelamente, surgira e desenvolvera-se nos anos que se seguiram à 2ª Guerra Mundial, o movimento dos cineclubes, de grande importância na criação de uma cultura cinéfila em Portugal.

Em 1962, Cunha Telles, um dos arautos de uma nova atitude em relação ao cinema nacional, funda uma produtora. Nos anos seguintes,as produções Cunha Telles desempenharão um papel fundamental nessa “ mudança de agulha” que irá provocar profundas alterações no universo do cinema português . Será ele que encontraremos por detrás dos três filmes normalmente considerados como “as fitas pioneiras” da nova escola: Os Verdes Anos, Belarmino e Domingo à Tarde, respectivamente realizados por Paulo Rocha, Fernando Lopes e António Macedo.

A partir de 1970, a Fundação Calouste Gulbenkian decide-se por um apoio mais efectivo ao cinema, criando as condições que permitiram a formação do centro português de Cinema (C.P.C.) Criada em 56, a Gulbenkian funcionava como um verdadeiro “Ministério da Cultura” e desde 61 que vinha alargando o âmbito dos seus apoios também ao meio cinematográfico.

De 70 até ao 25 de Abril, será o C.P.C. o responsável pela produção dos mais importantes filmes rodados em Portugal nesses anos. Àquele núcleo inicial de cineastas logo se juntaram Fonseca e Costa, Alfredo Tropa, António Pedro Vasconcelos e Seixas Santos. Se acrescentarmos ainda os nomes de António Reis, César Monteiro, Fernando Matos Silva e Rogério Ceitil, completamos a lista dos principais protagonistas do Cinema Novo, os quais olhavam o movimento em que se viam envolvidos como uma “pedrada no charco que molharia tudo e todos”.

Quarta, 28/02

“E depois de Abril” ( o Cinema Português entre 1974 e 1984)

Com Abril de 74, começou um daqueles períodos em que a sociedade muda o cinema com maior rapidez e evidência do que o cinema muda a sociedade .

O cinema português, como arte do choque, do trauma teve a ocasião de mostrar como sabia bater-se com os traumas de uma sociedade portuguesa em confronto, logo após o dia 25 de Abril de 1974.

Nos anos que se seguiram à “ revolução dos cravos” passou-se de uma tristeza triunfal da resistência à alegria breve, demasiado breve, da própria revolução.

Esses primeiros anos, caracterizam-se pelo renascer de algumas obras colectivas, documentários, reportagens, frequentemente em 16mm, para cinema ou televisão, por vezes com a colaboração da 5ª Divisão das Forças Armadas.

A partir de 1979, alguns súbitos sucessos de público, imbatíveis quase até aos dias de hoje, fazem acreditar naquele encontro com o espectador que o Cinema Novo desde sempre desejou, mas entrando agora em compromissos que antes se recusavam.

Também se legitima o chamado “cinema chato”, nomeadamente através do acolhimento que os filmes de arte da chamada “escola portuguesa” vão continuamente tendo nos maiores festivais.

Muito pouco, afinal, ficou da grande agitação revolucionária: na superfície, sucedem-se grandes viragens; mas a níveis mais profundos, como são os do imaginário e das estruturas, mantêm-se muitas obsessões e impasses de antigamente, assim como muita da anterior criatividade.

Quinta, 01/03

“A Terra Vista das Nuvens” ( 1986 –1997)

Em 1986, Portugal torna-se membro de pleno direito da CEE.

Estamos no início da década em que o professor Cavaco Silva geriu o destino do país. A sua forte política desenvolvimentista vai conduzir Portugal a profundas mudanças sociais. Com o início das privatizações e, numa Europa em mudança, fala-se no “oásis” português .

É no entanto um período de crise para o cinema. Com a generalização da televisão e o aparecimento do video, a frequência das salas diminui, os preços dos bilhetes sobem e a distribuição reduz-se, agora, apenas, a duas distribuidoras e exibidoras . O cinema americano invade os ecrans. A crise leva um grande número de salas a fecharem.

Surge uma nova geração de cineastas, pela primeira vez formados numa escola portuguesa e que se demarcam da geração anterior cuja formação era feita, essencialmente no estrangeiro . Muitos destes novos cineastas produzem os seus filmes em empresas por si próprios fundadas, lutando, porém com uma precaridade à beira da insolvência.

Nos anos 90 acentua-se a clivagem entre duas concepções de cinema: o cinema como indústria de entretenimento e o cinema como arte . O produtor assume uma importância cada vez maior na montagem financeira dos projectos e na estratégia de relacionamento com o público. A tendência é assim, para o desaparecimento das pequenas produtoras e para a bipolarização:

Por um lado Tino Navarro na MGN demonstra que o cinema português também pode ser comercial com dois recordes de bilheteira, os filmes Adão e Eva, em 1995 e Tentação, em 1998, ambos realizados por Joaquim Leitão.

Por outro lado, Paulo Branco prossegue promovendo o cinema de autor.

Pela sua mão, Manuel de Oliveira realiza, entre 1986 e 1997, 10 filmes, e o seu prestígio é indiscutívelmente reconhecido pela crítica internacional.

Sexta, 02/03

Síntese da “ História do Cinema Português” (1896 –1998)

Esta obra é uma homenagem a todas as mulheres e a todos os homens, que através dos seus recursos pessoais com talento e devoção no desempenho artístico ou pelo engenho técnico,têm contribuído com o melhor da sua actividade e experiência para a “História do Cinema Português”.

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SAPO Cinema > Artigos

História do Cinema Português

Uma série de documentários sobre a história do cinema português que começa por nos falar do nascimento do cinema e destaca as personalidades e filmes que marcaram o cinema português. A não perder, às quartas-feiras na RTP1.

Quarta, 21/02

Aurélio da Paz dos Reis – Um Olhar Actual

Este filme fala do nascimento do Cinema, dos aparelhos que procuravam reproduzir o movimento antes do aparecimento do cinematógrafo dos irmãos Lumiére, do fascínio que os filmes dos pioneiros franceses provocaram no nosso pioneiro Aurélio da Paz dos Reis.

Nele se conta a vida e a obra de Paz dos Reis, notável fotógrafo floricultor, homem republicano. O filme contém inúmera documentação ( alguma até agora desconhecida da generalidade dos estudiosos), os seus filmes, o seu percurso. Inclui entrevistas diversas, uma delas com o neto de Paz dos Reis, que nos fala da memória do avô e nos mostra um espólio invejável do pioneiro do cinema português.No percurso do filme passamos pelo 31 de Janeiro, com a implantação da República no Porto “ que durou das 7 da manhã ás 3 da tarde”, como nos conta o escritor e jornalista Manuel António Pina, e pela prisão, julgamento e absolvição de Paz dos Reis.

Depois, o filme aborda Costa Veiga, o repórter do regime ( de que também nos fala o historiador e crítico José de Matos –Cruz), João Correia e o seu estúdio e o seu testemunho no terramoto Benavente, indo até à revolução do 5 de Outubro de 1910 e a consequente partida para o exílio do último rei de Portugal e sua família.

Quinta, 22/02

DA INVICTA AO SONORO CINEMA PORTUGUÊS ( 1915 –1930 )

Primeira experiência industrial de cinema do nosso país, fundada no Porto por Alfredo Nunes de Matos e Henrique Alegria, a Invicta Film começou uma actividade de produção contínua em 1918. Sob o lema” Romance Português – Filme Português – Cenas Portuguesas – Artistas Portugueses “, sucederam-se adaptações de grande obras literárias, como A Rosa do Adro, Os Fidalgos da Casa Mourisca, Amor de Perdição ou o Primo Basílio, mesmo se os realizadores eram quase estrangeiros, como o francês Georges Pallu ou o italiano Rino Lupo. Mas, apesar da presença de Palmira Bastos, em O Destino, ou da chamada da vedeta francesa Francine Mussey, para fazer Cláudia e Lucros …Ilícitos, a Invicta iria terminar a sua actividade em 1923.

Ao mesmo tempo que na vida política e social se sucediam as convulsões, da presença na primeira grande guerra e do assassinato de Sidónio Pais, à tomada do poder por Gomes da Costa e posterior ascensão de salazar, passando pelo momento de glória da travessia aérea de Gago Coutinho e Sacadura Cabral, o cinema português ia vivendo de experiências parcelares, empresas sem futuro autores de obra escassa e inconsequente. Nesse período, destacam-se filmes como Os Lobos, de Rino Lupo, feito para a Ibéria Film, e O Taxi 9297, de Reinaldo Ferreira, para a Repórter X Film.

Enquanto o sonoro começava a chegar até nós, com filmes falados em outras línguas, o cinema mudo português atingia a maturidade estética. Leitão de Barros regressava, depois de primeiras experiências em 1918, de que se destaca Mal de Espanha, e uma nova geração de cineastas começa a surgir . De Leitão de Barros, assinala-se Maria do Mar e Lisboa, Crónica Anedótica, enquanto Jorge Brum do Canto experimentava o cinema, com A Dança dos Paroxismos, e Manoel de Oliveira surgia como actor em Fátima Milagrosa.

b O sonoro chega por fim ao cinema português. Ainda pela mão de Leitão de Barros, contava-se a história de A Severa. Morria um certo modo de espectáculo. Mas a esperança renascia, com o cinema falado e cantado em português.

Integrado no projecto “História do Cinema Português” de Pedro Éfe

Intérpretes : Rui de Carvalho, Anabela Brígida, Pedro Éfe, Pedro Madeira.

Locução: Rui de Carvalho

Autor e Coordenadores do projecto História do Cinema

Português : Pedro Éfe, José de Matos Cruz e António Macedo

Argumento / Realização : Jorge Queiroga

Uma produção da Acetato Fimes

Sexta, 23/02

UMA ÉPOCA DE OURO Cinema Português (1930-1945)

1930 –os filmes sonoros fazem furor em toda a parte.

Em Portugal, uma nova geração de críticos e cineastas, entre os quais Chianca de Garcia, Jorge Brum do Canto, Leitão de Barros e António Lopes Ribeiro, afirma a necessidade da criação de um grande estúdio apetrechado para o som como peça fundamental para o advento de uma indústria de cinema português.

Enquanto o estúdio não passa de um projecto, Leitão de Barros realiza A Severa, primeiro fonofilme português, que teve de ser inteiramente sonorizado em França e que viria a alcançar um grande sucesso de público dando força ao projecto de grupo. Mas a grande aposta seria, dois anos mais tarde, o filme A Canção de Lisboa, matriz de todas as comédias posteriores, que viria a lançar, que viria a lançar grandes nomes que marcariam por décadas a comédia portuguesa : António Silva, Vasco Santana e Beatriz Costa, entre outros.

1933 foi não só o ano da estreia da Canção de Lisboa como também o ano de promulgação da Constituição que viria a consagrar o salazarismo e a institucionalizar o estado Novo.

Os jovens cinestas achavam que o Estado Novo só seria nono se soubesse utilizar os meios colocados à disposiçãp paela técnica, o rádio e o cinema, meios que estavam a revolucionar toda a comunicação social e toda a rte da imagem. Como interlocutor privilegiado tinham António Ferro, secretário do secretariado da Propaganda Nacional, homem muito sintonizado com os métodos de propaganda das modernas ditaduras e que compreendera desde logo a força do cinema como meio essencial para a encenação do poder.

Assim o Estado toma em relação ao cinema uma função de forte intervenção, tanto financiador como orientadora de conteúdos., fazendo surgir uma espécie de cinema de estado, que tem no filme A Revolução de Maio o seu exemplo paradigmático.

Até ao final da década de trinta assiste-se a um incremento do cinema de propaganda bem como a experiência ímpares no nosso cinema, caso da Canção da Terra, continuando a comédia a ser a veia dominante, alcançando grande vigor com o filme de Chianca de Garcia, Aldeia da Roupa Branca.

A par das grandes comédias dos anos 40 como o Pátio das Cantigas e o Pai Tirano, surgem filmes únicos neste período como o caso de Aniki Bóbó e do Ala Arriba, filme que viria a ganhar a Taça Volpi no Festival de Veneza sob a égide de Mussolini.

Os últimos anos da guerra trazem outra realidade ao país; o salazarismo deixa de constituir a esperança que representara nos anos trinta. Os anos já não são alegres e despreocupados. Caminha-se para um lado “mais sério” em detrimento da graça anterior. As comédias perdem a frescura e a graça espontânea. As grandes apostas passam agora pelo filme histórico, caso de Inês de Castro e finalmente de Camões, projecto que encerra o ciclo dos grandes filmes históricos e que marca o fim de uma época - a partir de então quase todos os realizadores, protagonistas deste período, deixam de filmar – para chegar a hora da amargura e se perceber que as aberturas consentidas ao cinema português eram afinal muito poucas.

<>BSegunda, 26/02

“Os Tristes Anos (1945-1960)”

Este período é o mais crítico e talvez o menos interessante pela qualidade dos filmes produzidos.mas sem o qual dificilmente se poderá entender o que viria a ser o Cinema Português desde os anos 60, o chamado Cinema Novo e o que daí adveio.

Após a chamada Época de Ouro do Cinema Português, houve várias tentativas de uma produção continuada, mas tudo redundou em fracasso por se insistir em copiar os conteúdos dos modelos da época precedente até à estafa e esgotamento.

Assim, nem os esforços para criar espaços com melhores meios técnicos . aparecendp mais estúdios, Laboratórios e Produtoras, nem os esforços criativos dos homens que haviam feito a glória da década anterior, como Leitão de Barros, António Lopes Ribeiro ou Brum do Canto, agora juntos a uma nova geração constituída, em grande parte, por antigos assistentes de realização, conseguiram que o Cinema Português se consolidasse, quer em termos de público, quer em termos artísticos e de qualidade, acabando mesmo por se chegar a 1955, sem qualquer estreia por nada se ter produzido. E a esse ano se chamou o Ano Zero do Cinema Português.

Depois, embora lentamente, outros ventos sopraram. O aparecimento da RTP, o trabalho dos Cineclubes, as Bolsas do SNI e da Gulbenkian, a aposta numa gente nova que cortava radicalmente com os padrões vigentes, algo poderia mudar. Algo mudou.

Terça, 27/02

“Novo Cinema, Cinema Novo” (1960 –1974)

No início da década de 60 não é famoso o panorama do cinema que se produz em Portugal. A situação era de absoluta estagnação. Recorria-se a fórmulas estafadas e a inexistência de uma política oficial para o cinema não ajudava à introdução de cambiantes susceptíveis de exercer mudanças de fundo.

Entretanto, paralelamente, surgira e desenvolvera-se nos anos que se seguiram à 2ª Guerra Mundial, o movimento dos cineclubes, de grande importância na criação de uma cultura cinéfila em Portugal.

Em 1962, Cunha Telles, um dos arautos de uma nova atitude em relação ao cinema nacional, funda uma produtora. Nos anos seguintes,as produções Cunha Telles desempenharão um papel fundamental nessa “ mudança de agulha” que irá provocar profundas alterações no universo do cinema português . Será ele que encontraremos por detrás dos três filmes normalmente considerados como “as fitas pioneiras” da nova escola: Os Verdes Anos, Belarmino e Domingo à Tarde, respectivamente realizados por Paulo Rocha, Fernando Lopes e António Macedo.

A partir de 1970, a Fundação Calouste Gulbenkian decide-se por um apoio mais efectivo ao cinema, criando as condições que permitiram a formação do centro português de Cinema (C.P.C.) Criada em 56, a Gulbenkian funcionava como um verdadeiro “Ministério da Cultura” e desde 61 que vinha alargando o âmbito dos seus apoios também ao meio cinematográfico.

De 70 até ao 25 de Abril, será o C.P.C. o responsável pela produção dos mais importantes filmes rodados em Portugal nesses anos. Àquele núcleo inicial de cineastas logo se juntaram Fonseca e Costa, Alfredo Tropa, António Pedro Vasconcelos e Seixas Santos. Se acrescentarmos ainda os nomes de António Reis, César Monteiro, Fernando Matos Silva e Rogério Ceitil, completamos a lista dos principais protagonistas do Cinema Novo, os quais olhavam o movimento em que se viam envolvidos como uma “pedrada no charco que molharia tudo e todos”.

Quarta, 28/02

“E depois de Abril” ( o Cinema Português entre 1974 e 1984)

Com Abril de 74, começou um daqueles períodos em que a sociedade muda o cinema com maior rapidez e evidência do que o cinema muda a sociedade .

O cinema português, como arte do choque, do trauma teve a ocasião de mostrar como sabia bater-se com os traumas de uma sociedade portuguesa em confronto, logo após o dia 25 de Abril de 1974.

Nos anos que se seguiram à “ revolução dos cravos” passou-se de uma tristeza triunfal da resistência à alegria breve, demasiado breve, da própria revolução.

Esses primeiros anos, caracterizam-se pelo renascer de algumas obras colectivas, documentários, reportagens, frequentemente em 16mm, para cinema ou televisão, por vezes com a colaboração da 5ª Divisão das Forças Armadas.

A partir de 1979, alguns súbitos sucessos de público, imbatíveis quase até aos dias de hoje, fazem acreditar naquele encontro com o espectador que o Cinema Novo desde sempre desejou, mas entrando agora em compromissos que antes se recusavam.

Também se legitima o chamado “cinema chato”, nomeadamente através do acolhimento que os filmes de arte da chamada “escola portuguesa” vão continuamente tendo nos maiores festivais.

Muito pouco, afinal, ficou da grande agitação revolucionária: na superfície, sucedem-se grandes viragens; mas a níveis mais profundos, como são os do imaginário e das estruturas, mantêm-se muitas obsessões e impasses de antigamente, assim como muita da anterior criatividade.

Quinta, 01/03

“A Terra Vista das Nuvens” ( 1986 –1997)

Em 1986, Portugal torna-se membro de pleno direito da CEE.

Estamos no início da década em que o professor Cavaco Silva geriu o destino do país. A sua forte política desenvolvimentista vai conduzir Portugal a profundas mudanças sociais. Com o início das privatizações e, numa Europa em mudança, fala-se no “oásis” português .

É no entanto um período de crise para o cinema. Com a generalização da televisão e o aparecimento do video, a frequência das salas diminui, os preços dos bilhetes sobem e a distribuição reduz-se, agora, apenas, a duas distribuidoras e exibidoras . O cinema americano invade os ecrans. A crise leva um grande número de salas a fecharem.

Surge uma nova geração de cineastas, pela primeira vez formados numa escola portuguesa e que se demarcam da geração anterior cuja formação era feita, essencialmente no estrangeiro . Muitos destes novos cineastas produzem os seus filmes em empresas por si próprios fundadas, lutando, porém com uma precaridade à beira da insolvência.

Nos anos 90 acentua-se a clivagem entre duas concepções de cinema: o cinema como indústria de entretenimento e o cinema como arte . O produtor assume uma importância cada vez maior na montagem financeira dos projectos e na estratégia de relacionamento com o público. A tendência é assim, para o desaparecimento das pequenas produtoras e para a bipolarização:

Por um lado Tino Navarro na MGN demonstra que o cinema português também pode ser comercial com dois recordes de bilheteira, os filmes Adão e Eva, em 1995 e Tentação, em 1998, ambos realizados por Joaquim Leitão.

Por outro lado, Paulo Branco prossegue promovendo o cinema de autor.

Pela sua mão, Manuel de Oliveira realiza, entre 1986 e 1997, 10 filmes, e o seu prestígio é indiscutívelmente reconhecido pela crítica internacional.

Sexta, 02/03

Síntese da “ História do Cinema Português” (1896 –1998)

Esta obra é uma homenagem a todas as mulheres e a todos os homens, que através dos seus recursos pessoais com talento e devoção no desempenho artístico ou pelo engenho técnico,têm contribuído com o melhor da sua actividade e experiência para a “História do Cinema Português”.

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