Póvoa de Varzim: intérpretes superlativos

22-07-2001
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Póvoa de Varzim: Intérpretes Superlativos

Sábado, 23 de Junho de 2001

Desde a sua primeira edição que o Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim se afirmou como um dos eventos mais relevantes da vida musical portuguesa, quer pela criteriosa selecção de repertório, quer pelo elevadíssimo nível dos intérpretes. A excelência não é novidade, mas ainda assim a edição deste ano consegue surpreender. A oferta é de tal forma apetecível que qualquer melómano que se preze se mudaria de olhos fechados para a Póvoa durante as próximas semanas.

O universo da música antiga é certamente o mais irresistível, contando com a presença do Cantus Cölln, de Konrad Junghänel, que nos traz um maravilhoso programa dedicado aos Motetes e Cantatas Juvenis de Bach (dia 8, na Igreja Matriz) - a sua gravação destas obras para a Harmonia Mundi foi uma das mais premiadas do ano Bach -, dos fabulosos Doulce Mémoire com a música da Renascença (dia 10, Quinta de Beiriz) ou do Ensemble Micrologus, especializado no repertório medieval do mediterrâneo, com uma selecção das Cantigas de Santa Maria (dia 14, Igreja Românica de São Pedro de Rates). O revolucionário trabalho filológico de Jos van Immerseel (pianoforte e direcção) e da sua orquestra Anima Eterna, com Midori Seiler (violino) como solista, estarão patentes num dos seus repertórios de eleição - os concertos de Mozart - no dia 25 (Igreja Matriz), enquanto no dia 28 será a vez dos artíficies da ressurreição da música antiga napolitana - a Cappella della Pietà dei Turchini, sob a direcção de Antonio Florio - nos deliciarem com a versão de concerto da ópera "buffa" de Leonardo Vinci, "Li Zite 'n Galera". Haverá ainda um recital de cravo pelo incontornável Ton Koopman, com obras de Sweelinck, Byrd, Froberger, Forqueray, Duphly e J. S. Bach (dia 7) e a participação da excelente contralto Ewa Podles, com a Orquestra de Câmara de Wroclaw "Leopoldinum", num programa com obras de Vivaldi, Telemann, Respighi e Karkowicz (dia 6).

Abordando outras épocas da história da música, as estrelas de cartaz são o Quarteto Alban Berg, a quem cabe a abertura do festival no dia 5 de Julho com o Quarteto nº 15, de Beethoven, e a "Suite Lírica", de Alban Berg - o programa do concerto será apresentado pelo compositor Alexandre Delgado numa conferência prévia (realizada às 18h30 desse dia) -, o pianista Jean-Marc Luisada, que interpreta Schubert, Chopin e Schumann no dia 18, e o versátil Pieter Wispelwey, acompanhado por Dejan Lazic, que tocará a integral das Sonatas para violoncelo e piano de Beethoven (dia 22).

Os intérpretes portugueses (Paulo Gaio Lima, Miguel Borges Coelho, António Saiote, Jed Barahal, António Rosado, Luís Marques, Luísa Tender, Margarida Reis, Jaime Mota, Orquestra Aproarte e Luís Rodrigues) também não foram esquecidos, assim como a criação contemporânea. No âmbito da habitual política de encomendas serão estreadas as obras "Quatro ou Cinco Movimentos Fugidios da Água", de António Pinho Vargas (dia 23) e "Canções de Negro e de Sal", de Fernando Lapa (4 de Agosto), que serão comentadas pelos seus autores em encontros com o público. Uma conferência de Rui Vieira Nery (dia 11) e um recital da meio-soprano Margarida Reis e do pianista Jaime Mota (dia 2 de Agosto, no Casino da Póvoa) recordam o centenário de Verdi e os 200 anos do nascimento de Bellini (dia 2 de Agosto, no Casino da Póvoa). Cristina Fernandes

Póvoa de Varzim: Intérpretes Superlativos

Sábado, 23 de Junho de 2001

Desde a sua primeira edição que o Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim se afirmou como um dos eventos mais relevantes da vida musical portuguesa, quer pela criteriosa selecção de repertório, quer pelo elevadíssimo nível dos intérpretes. A excelência não é novidade, mas ainda assim a edição deste ano consegue surpreender. A oferta é de tal forma apetecível que qualquer melómano que se preze se mudaria de olhos fechados para a Póvoa durante as próximas semanas.

O universo da música antiga é certamente o mais irresistível, contando com a presença do Cantus Cölln, de Konrad Junghänel, que nos traz um maravilhoso programa dedicado aos Motetes e Cantatas Juvenis de Bach (dia 8, na Igreja Matriz) - a sua gravação destas obras para a Harmonia Mundi foi uma das mais premiadas do ano Bach -, dos fabulosos Doulce Mémoire com a música da Renascença (dia 10, Quinta de Beiriz) ou do Ensemble Micrologus, especializado no repertório medieval do mediterrâneo, com uma selecção das Cantigas de Santa Maria (dia 14, Igreja Românica de São Pedro de Rates). O revolucionário trabalho filológico de Jos van Immerseel (pianoforte e direcção) e da sua orquestra Anima Eterna, com Midori Seiler (violino) como solista, estarão patentes num dos seus repertórios de eleição - os concertos de Mozart - no dia 25 (Igreja Matriz), enquanto no dia 28 será a vez dos artíficies da ressurreição da música antiga napolitana - a Cappella della Pietà dei Turchini, sob a direcção de Antonio Florio - nos deliciarem com a versão de concerto da ópera "buffa" de Leonardo Vinci, "Li Zite 'n Galera". Haverá ainda um recital de cravo pelo incontornável Ton Koopman, com obras de Sweelinck, Byrd, Froberger, Forqueray, Duphly e J. S. Bach (dia 7) e a participação da excelente contralto Ewa Podles, com a Orquestra de Câmara de Wroclaw "Leopoldinum", num programa com obras de Vivaldi, Telemann, Respighi e Karkowicz (dia 6).

Abordando outras épocas da história da música, as estrelas de cartaz são o Quarteto Alban Berg, a quem cabe a abertura do festival no dia 5 de Julho com o Quarteto nº 15, de Beethoven, e a "Suite Lírica", de Alban Berg - o programa do concerto será apresentado pelo compositor Alexandre Delgado numa conferência prévia (realizada às 18h30 desse dia) -, o pianista Jean-Marc Luisada, que interpreta Schubert, Chopin e Schumann no dia 18, e o versátil Pieter Wispelwey, acompanhado por Dejan Lazic, que tocará a integral das Sonatas para violoncelo e piano de Beethoven (dia 22).

Os intérpretes portugueses (Paulo Gaio Lima, Miguel Borges Coelho, António Saiote, Jed Barahal, António Rosado, Luís Marques, Luísa Tender, Margarida Reis, Jaime Mota, Orquestra Aproarte e Luís Rodrigues) também não foram esquecidos, assim como a criação contemporânea. No âmbito da habitual política de encomendas serão estreadas as obras "Quatro ou Cinco Movimentos Fugidios da Água", de António Pinho Vargas (dia 23) e "Canções de Negro e de Sal", de Fernando Lapa (4 de Agosto), que serão comentadas pelos seus autores em encontros com o público. Uma conferência de Rui Vieira Nery (dia 11) e um recital da meio-soprano Margarida Reis e do pianista Jaime Mota (dia 2 de Agosto, no Casino da Póvoa) recordam o centenário de Verdi e os 200 anos do nascimento de Bellini (dia 2 de Agosto, no Casino da Póvoa). Cristina Fernandes

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