DN

07-05-2001
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A Torre de Santa Rita, outrora designada de Salazar e também conhecida por Torre da Paz, com o seu sino, relógio e mecanismo que permite, uma vez por ano, dar os tais 1620 toques da comemoração é o "único sinal em toda a Europa a recordar a efeméride", garante quem ali vive, citando, inclusivamente, investigadores da história do monumento, mandado construir por Mário Mathias, "ilustre benfeitense" e "funcionário superior do Ministério do Interior", quando, alguns meses antes, começou a "adivinhar" a paz, conta António Martinho, presidente da junta de freguesia.

Em 7 de Maio de 1945, dia em que terminou o conflito, a obra ainda não estava concluida, mas "já ia a tempo de festejar o fim da guerra", embora ainda manualmente - o dispositivo automático e relógio a ele acoplado, estavam, então, ainda a ser construídos em Almada, pela Reguladora de Manuel Francisco Lousinha.

"Vinha com um molho de lenha por ali fora", recorda António Mina, apontando para a outra margem da ribeira do Carcavão, quando ouviu o sino tocar. "Comecei a correr e só parei na torre". Depois de convencer o então presidente da junta de freguesia, Alfredo Oliveira, a deixá-lo tomar conta do badalo, o sineiro continuou a anunciar a "boa nova" e só parou quando "os braços já não aguentavam mais". Foi "rendido por outro rapaz" e, recorda ao DN, nessa altura já "tinham rebentado muitos foguetes" e preparava-se "uma jantarada de truz na taberna do António Dias". Nessa noite ninguém se deitou.

A II Guerra Mundial acabou, Benfeita ouviu, feliz, o Sino da Paz e compreendeu, desde logo, o significado da Torre de Santa Rita, erguida a meio da escadaria que leva a aldeia até ao Santuário da Senhora das Necessidades.

E ganhou um sineiro, António Alberto Martins de seu nome (deve o apelido Mina à sua mãe, Guilhermina), hoje com 73 anos de idade, barbeiro de profissão, primeiro, carteiro, depois.

Barbeiro e carteiro na sua terra ou fora dela, mas sempre zeloso sineiro, relojoeiro e guarda da torre e suas memórias.

Nunca foi preciso chamar um técnico, "nunca este mecanismo levou uma única peça nova", garante, enquanto dá corda ao aparelho, rodando uma manivela que, ritmada e lentamente, eleva os dois blocos de granito, que funcionam como "pesos" do relógio.

Para além da cuidada manutenção garantida por António Mina, o mecanismo "só precisa de corda duas vezes por semana", para "dar horas e meias horas certas".

E mesmo que o sineiro não suba, hoje à tarde, a escada em caracol, com degraus de madeira, que dá acesso ao equipamento este "está pronto para disparar, às duas horas, as 1620 badaladas", assegura, explicando o papel de uma "roda dentada 365 vezes". Nos anos bissextos é necessário, no entanto, intervir para que a efeméride seja lembrada no dia certo: basta, diz revelando o segredo, "fazer com que a roda recue um dente".

A Torre de Santa Rita, outrora designada de Salazar e também conhecida por Torre da Paz, com o seu sino, relógio e mecanismo que permite, uma vez por ano, dar os tais 1620 toques da comemoração é o "único sinal em toda a Europa a recordar a efeméride", garante quem ali vive, citando, inclusivamente, investigadores da história do monumento, mandado construir por Mário Mathias, "ilustre benfeitense" e "funcionário superior do Ministério do Interior", quando, alguns meses antes, começou a "adivinhar" a paz, conta António Martinho, presidente da junta de freguesia.

Em 7 de Maio de 1945, dia em que terminou o conflito, a obra ainda não estava concluida, mas "já ia a tempo de festejar o fim da guerra", embora ainda manualmente - o dispositivo automático e relógio a ele acoplado, estavam, então, ainda a ser construídos em Almada, pela Reguladora de Manuel Francisco Lousinha.

"Vinha com um molho de lenha por ali fora", recorda António Mina, apontando para a outra margem da ribeira do Carcavão, quando ouviu o sino tocar. "Comecei a correr e só parei na torre". Depois de convencer o então presidente da junta de freguesia, Alfredo Oliveira, a deixá-lo tomar conta do badalo, o sineiro continuou a anunciar a "boa nova" e só parou quando "os braços já não aguentavam mais". Foi "rendido por outro rapaz" e, recorda ao DN, nessa altura já "tinham rebentado muitos foguetes" e preparava-se "uma jantarada de truz na taberna do António Dias". Nessa noite ninguém se deitou.

A II Guerra Mundial acabou, Benfeita ouviu, feliz, o Sino da Paz e compreendeu, desde logo, o significado da Torre de Santa Rita, erguida a meio da escadaria que leva a aldeia até ao Santuário da Senhora das Necessidades.

E ganhou um sineiro, António Alberto Martins de seu nome (deve o apelido Mina à sua mãe, Guilhermina), hoje com 73 anos de idade, barbeiro de profissão, primeiro, carteiro, depois.

Barbeiro e carteiro na sua terra ou fora dela, mas sempre zeloso sineiro, relojoeiro e guarda da torre e suas memórias.

Nunca foi preciso chamar um técnico, "nunca este mecanismo levou uma única peça nova", garante, enquanto dá corda ao aparelho, rodando uma manivela que, ritmada e lentamente, eleva os dois blocos de granito, que funcionam como "pesos" do relógio.

Para além da cuidada manutenção garantida por António Mina, o mecanismo "só precisa de corda duas vezes por semana", para "dar horas e meias horas certas".

E mesmo que o sineiro não suba, hoje à tarde, a escada em caracol, com degraus de madeira, que dá acesso ao equipamento este "está pronto para disparar, às duas horas, as 1620 badaladas", assegura, explicando o papel de uma "roda dentada 365 vezes". Nos anos bissextos é necessário, no entanto, intervir para que a efeméride seja lembrada no dia certo: basta, diz revelando o segredo, "fazer com que a roda recue um dente".

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