Coelho e Edite contra Arons a propósito da informação da RTP

11-08-2001
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Coelho e Edite Contra Arons a Propósito da Informação da RTP

Por EUNICE LOURENÇO

Terça-feira, 31 de Julho de 2001 Críticas à RTP começaram em Janeiro Dirigentes socialistas criticam informação da RTP, contrariando a política de isenção prometida desde 1995 Uma das promessas eleitorais da Nova Maioria era acabar com a interferência nas redacções dos órgãos de comunicação social públicos. Passados sete anos, o PS parece agora achar que afinal está a ser dada demasiada liberdade numa dessas redacções - a da RTP - e que chegou a hora de pressionar a televisão pública. Para o fazer, nada melhor do que dois pesos-pesados do partido: Jorge Coelho, presidente da comissão permanente, e Edite Estrela, presidente da Câmara Municipal de Sintra e do PS-Lisboa. As críticas destes dois responsáveis socialistas à RTP não são de agora, mas intensificaram-se nas últimas semanas, com Edite Estrela a pôr mesmo em causa a permanência de Arons de Carvalho como secretário de Estado da Comunicação Social, cargo que ocupa desde 1995. Ao dizer que na RTP "nada mudou", as suas palavras foram entendidas como uma crítica a Arons e ao facto de, passado quase sete anos de Governo socialista, os problemas da RTP, que são sobretudo financeiros, não terem sido resolvidos. As primeiras críticas foram, contudo, de Jorge Coelho, quando ocupava ainda o cargo de ministro de Estado e do Equipamento Social, e têm sido também seus os reparos mais concretos a opções editoriais da televisão pública. Em Janeiro deste ano, num debate na SIC Notícias, Coelho, ainda ministro, apontou a RTP por não cumprir as suas obrigações de promoção do debate público e do debate político. Passado pouco mais de um mês, voltava à carga, ameaçando mesmo com uma queixa à Alta-Autoridade para a Comunicação Social, pelo facto de a RTP ter ido fazer a cobertura de um evento do PSD com mil pessoas e não ter ido a um do PS com duas mil. A queixa acabou por ser feita, mas assinada por António Galamba, um dos homens do aparelho do PS. Nas últimas semanas, as críticas de Coelho, que até tutelou a RTP entre 1995 e 1997, têm sido também dessa ordem, comparando situações em que a televisão pública cobriu iniciativas do PSD e não cobriu as socialistas. Edite Estrela tem vindo a secundá-lo. Esta dupla de dirigentes do PS estaria mesmo a tentar forçar a demissão da actual direcção de informação da RTP, até porque entre os socialistas não faltará quem considere que a televisão pública está a prejudicar o Governo, não só por não fazer a cobertura desta ou daquela iniciativa, mas, sobretudo, e isso não o dizem tão abertamente, porque, ao dar o que por vezes chamam de notícias mais populistas ou do país real, está a desgastar ainda mais a imagem do Executivo. Esta ofensiva socialista contra a RTP, que também contou com uma farpa de António Costa em Abril, está, naturalmente, a desagradar ao presidente da televisão pública, o também socialista José Carlos Silva, e vai contra o que Arons de Carvalho sempre defendeu: uma televisão pública sem interferências do poder político. Nestes sete anos, aliás, foram raras as referências a esse tipo de interferências que os socialistas sempre criticaram ao PSD. As sucessivas direcções da RTP - que até esta última acumulavam informação e programação - foram saindo, mas alegando falta de meios para relançar a programação. Apenas na saída de Joaquim Furtado e Joaquim Vieira, em Março de 1998, foi invocada uma interferência da administração na informação, ao não permitir a ida de um jornalista a Angola, o que na altura foi confirmado pelo então presidente, Manuel Roque, para quem a televisão pública não podia permitir que um jornalista seu entrasse sem visto num país com o qual Portugal mantém relações diplomáticas. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Não estamos com o PS, nem contra o PS

O homem que deixou de votar

Comentários

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As frases

"Fazer televisão é contar uma história"

Dos quase 600 restam 32

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