PSD quer demissão do governador civil de Aveiro

28-09-2001
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PSD Quer Demissão do Governador Civil de Aveiro

Por OLGA LEITE

Sexta-feira, 28 de Setembro de 2001

Troca de acusações entre Basílio Horta e Antero Gaspar

Desde a primeira audição da Comissão Parlamentar de Inquérito ao acidente de Castelo de Paiva, no passado dia 19, que a troca de acusações tem sido uma constante. Desta vez, os envolvidos são o deputado do Partido Popular (PP) Basílio Horta, que acusa Antero Gaspar, ex-presidente da Câmara de Castelo de Paiva (actual governador civil de Aveiro), de ser responsável por "uma discrepância entre a sua falha de memória e o que efectivamente tinha acontecido". Por outro lado, surge José Luís Arnaut, que em nome do PSD nacional pede a demissão de Gaspar.

Arnaut, em declarações à rádio local Paivense FM, garantiu que o PSD, ao seu mais alto nível, não deixará de continuar a denunciar este caso. "Não é politiquice, não é troca de galhardetes políticos, é uma questão de princípios e moral", afirmou. Ainda em declarações à mesma estação, Basílio Horta lembra as perguntas que fez a Antero Gaspar, no Parlamento, e que coincidem com a versão do próprio, mas apenas nas perguntas, porque nas respostas as interpretações já são diferentes.

Na comissão de inquérito, o deputado popular perguntou a Antero Gaspar "se se recordava de ter dado pareceres favoráveis à concessão de extracção de areia na zona do seu concelho". Antero respondeu que não. Depois, continua Basílio, "perguntei-lhe se ele tinha alguma ligação especial com algum areeiro ou empresa, nomeadamente se ele tinha demonstrado empenho especial por uma dessas empresas". Antero voltou a responder negativamente.

Perante as respostas, Basílio disse ter documentos que provavam precisamente o contrário. Antero Gaspar viu-os, testou a sua veracidade. Basílio Horta diz "que tinha provas de que, entre 1986 e 1992, foram dados pareceres favoráveis à extracção de areias em duas freguesias, uma para extracção e outra para depósito", e que, relativamente a este último ponto, houve contrapartida financeira a uma junta de freguesia. O deputado do PP conta ainda que a carta que tinha em seu poder comprova "que o então presidente da câmara, Antero Gaspar, se empenhava junto do Ministério do Ambiente em favor de uma empresa de extracção de areia".

A resposta de Gaspar

Sobre a acusação de favorecimento a uma empresa - a "Licínio Leite" -, Antero Gaspar cita o documento de 17 de Setembro de 1986, onde o então autarca pede ao director dos Serviços Regionais da Hidráulica do Douro a transferência da referida empresa para outro local, dado que a firma seria afectada na sua actividade de extracção de inertes pela construção do porto fluvial de Sardoura. Gaspar sublinhou nesta carta que se tratava "de uma firma com 30 postos de trabalho, a maior parte deles chefes de família", com uma valiosa frota de maquinaria fruto de um elevado investimento em prol dos trabalhadores que veriam denegrido o seu futuro.

Já no que toca às contrapartidas financeiras à extracção de inertes, Gaspar desmente que haja dinheiro envolvido. O actual governador civil de Aveiro garantiu que o que todas as "câmaras ribeirinhas exigem é uma contrapartida em inertes para as obras municipais" (cerca de mil metros cúbicos para cada autarquia por ano). Por outro lado, esclarece Antero Gaspar, "nós apenas dávamos um parecer normal", já que as licenças eram atribuídas pelos serviços de Hidráulica.

Quando Basílio Horta fala na deposição de inertes em Pedorido, em troca de dinheiro, Antero desmente, diz que "não há dinheiro, mas sim uma caução e para a qual a câmara dá um parecer, não licencia".

PSD Quer Demissão do Governador Civil de Aveiro

Por OLGA LEITE

Sexta-feira, 28 de Setembro de 2001

Troca de acusações entre Basílio Horta e Antero Gaspar

Desde a primeira audição da Comissão Parlamentar de Inquérito ao acidente de Castelo de Paiva, no passado dia 19, que a troca de acusações tem sido uma constante. Desta vez, os envolvidos são o deputado do Partido Popular (PP) Basílio Horta, que acusa Antero Gaspar, ex-presidente da Câmara de Castelo de Paiva (actual governador civil de Aveiro), de ser responsável por "uma discrepância entre a sua falha de memória e o que efectivamente tinha acontecido". Por outro lado, surge José Luís Arnaut, que em nome do PSD nacional pede a demissão de Gaspar.

Arnaut, em declarações à rádio local Paivense FM, garantiu que o PSD, ao seu mais alto nível, não deixará de continuar a denunciar este caso. "Não é politiquice, não é troca de galhardetes políticos, é uma questão de princípios e moral", afirmou. Ainda em declarações à mesma estação, Basílio Horta lembra as perguntas que fez a Antero Gaspar, no Parlamento, e que coincidem com a versão do próprio, mas apenas nas perguntas, porque nas respostas as interpretações já são diferentes.

Na comissão de inquérito, o deputado popular perguntou a Antero Gaspar "se se recordava de ter dado pareceres favoráveis à concessão de extracção de areia na zona do seu concelho". Antero respondeu que não. Depois, continua Basílio, "perguntei-lhe se ele tinha alguma ligação especial com algum areeiro ou empresa, nomeadamente se ele tinha demonstrado empenho especial por uma dessas empresas". Antero voltou a responder negativamente.

Perante as respostas, Basílio disse ter documentos que provavam precisamente o contrário. Antero Gaspar viu-os, testou a sua veracidade. Basílio Horta diz "que tinha provas de que, entre 1986 e 1992, foram dados pareceres favoráveis à extracção de areias em duas freguesias, uma para extracção e outra para depósito", e que, relativamente a este último ponto, houve contrapartida financeira a uma junta de freguesia. O deputado do PP conta ainda que a carta que tinha em seu poder comprova "que o então presidente da câmara, Antero Gaspar, se empenhava junto do Ministério do Ambiente em favor de uma empresa de extracção de areia".

A resposta de Gaspar

Sobre a acusação de favorecimento a uma empresa - a "Licínio Leite" -, Antero Gaspar cita o documento de 17 de Setembro de 1986, onde o então autarca pede ao director dos Serviços Regionais da Hidráulica do Douro a transferência da referida empresa para outro local, dado que a firma seria afectada na sua actividade de extracção de inertes pela construção do porto fluvial de Sardoura. Gaspar sublinhou nesta carta que se tratava "de uma firma com 30 postos de trabalho, a maior parte deles chefes de família", com uma valiosa frota de maquinaria fruto de um elevado investimento em prol dos trabalhadores que veriam denegrido o seu futuro.

Já no que toca às contrapartidas financeiras à extracção de inertes, Gaspar desmente que haja dinheiro envolvido. O actual governador civil de Aveiro garantiu que o que todas as "câmaras ribeirinhas exigem é uma contrapartida em inertes para as obras municipais" (cerca de mil metros cúbicos para cada autarquia por ano). Por outro lado, esclarece Antero Gaspar, "nós apenas dávamos um parecer normal", já que as licenças eram atribuídas pelos serviços de Hidráulica.

Quando Basílio Horta fala na deposição de inertes em Pedorido, em troca de dinheiro, Antero desmente, diz que "não há dinheiro, mas sim uma caução e para a qual a câmara dá um parecer, não licencia".

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