Governo anuncia nova empresa pública para limpar minas de urânio

24-03-2001
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Governo Anuncia Nova Empresa Pública para Limpar Minas de Urânio

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Sábado, 24 de Março de 2001

A oposição parlamentar alertou para um "problema grave de consequências incalculáveis"

O Parlamento exigiu ontem ao Governo uma série de medidas urgentes para o combate à contaminação radioactiva e química pelas inúmeras minas de urânio abandonadas pelo país. Perante os alertas para a ameaça à saúde pública, o Governo acabou por trazer uma novidade a São Bento: vai ser criada dentro em breve e chamar-se-á, provavelmente ENU Ambiente, a empresa pública que vai servir para limpar e recuperar as minas de urânio.

O motivo do debate parlamentar foi a discussão conjunta de dois projectos de resolução - recomendações ao governo - dos partidos "Os Verdes" (PEV) e Social-Democrata (PSD), a que o PS juntou entretanto uma proposta de substituição que funde os primeiros dois documentos.

Foi o secretário de Estado adjunto do ministro da Economia, Vítor Santos, que trouxe a novidade. Em cima da mesa estava a exigência dos parlamentares da requalificação e recuperação ambiental das antigas minas de urânio do país. Como resposta, Vítor Santos anunciou, "uma nova empresa pública para gerir o problema" em causa, adiantando ainda o governante que esta vai aproveitar as "competências e os trabalhadores da ENU (Empresa Nacional de Urânio)" para realizar as tarefas que lhe serão destinadas. O secretário de Estado admitiu ainda que a empresa a criar brevemente "poderá ter a designação de ENU Ambiente".

As declarações de Vítor Santos procuraram, assim, responder às intervenções principalmente de Isabel de Castro do PEV e Ana Manso do PSD. Durante a sua intervenção, a deputada ecologista exigiu ao Governo "medidas com carácter de urgência" para as "populações mais afectadas" pela contaminação radioactiva e química do urânio. As propostas do PEV contemplam, entre outras, a identificação e sinalização de cada uma das minas, para depois evitar as práticas agrícola e de pastoreio na zona, para além do correcto acondicionamento dos resíduos perigosos.

A deputada Ana Manso, do PSD, exigia, tal como Isabel de Castro, um estudo epidemiológico da radioactividade e suas implicações na saúde pública. A parlamentar da Guarda justificou a exigência com as "elevadas taxas de cancro no estômago" naquela região e queria "mais do que a mera substituição de placas de sinalização". Lembrou ainda que seria um desperdício não aproveitar o "envolvimento dos trabalhadores da ENU" na recuperação e tratamento ambientais das minas.

Carlos Santos foi um dos que se levantou da bancada socialista para sublinhar à social-democrata que o problema só tinha começado a ser tratado depois do PS chegar ao Governo, acusando depois a deputada de ser a "responsável pelos prejuízos das empresas da região" devido ao seu discurso "alarmista"

Ainda assim, o PS reconheceu a validade da iniciativa e admitiu não se opor à sua aprovação, desde que fosse possível o consenso para a criação de um texto comum.

No fim o secretário de Estado, Vítor Santos, teve ainda tempo para lembrar que o Instituto Geológico e Mineiro tinha já arrancado, em parceria com o Instituto Ricardo Jorge, com o processo de vigilância médica das populações das zonas circundantes às minas.

Governo Anuncia Nova Empresa Pública para Limpar Minas de Urânio

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Sábado, 24 de Março de 2001

A oposição parlamentar alertou para um "problema grave de consequências incalculáveis"

O Parlamento exigiu ontem ao Governo uma série de medidas urgentes para o combate à contaminação radioactiva e química pelas inúmeras minas de urânio abandonadas pelo país. Perante os alertas para a ameaça à saúde pública, o Governo acabou por trazer uma novidade a São Bento: vai ser criada dentro em breve e chamar-se-á, provavelmente ENU Ambiente, a empresa pública que vai servir para limpar e recuperar as minas de urânio.

O motivo do debate parlamentar foi a discussão conjunta de dois projectos de resolução - recomendações ao governo - dos partidos "Os Verdes" (PEV) e Social-Democrata (PSD), a que o PS juntou entretanto uma proposta de substituição que funde os primeiros dois documentos.

Foi o secretário de Estado adjunto do ministro da Economia, Vítor Santos, que trouxe a novidade. Em cima da mesa estava a exigência dos parlamentares da requalificação e recuperação ambiental das antigas minas de urânio do país. Como resposta, Vítor Santos anunciou, "uma nova empresa pública para gerir o problema" em causa, adiantando ainda o governante que esta vai aproveitar as "competências e os trabalhadores da ENU (Empresa Nacional de Urânio)" para realizar as tarefas que lhe serão destinadas. O secretário de Estado admitiu ainda que a empresa a criar brevemente "poderá ter a designação de ENU Ambiente".

As declarações de Vítor Santos procuraram, assim, responder às intervenções principalmente de Isabel de Castro do PEV e Ana Manso do PSD. Durante a sua intervenção, a deputada ecologista exigiu ao Governo "medidas com carácter de urgência" para as "populações mais afectadas" pela contaminação radioactiva e química do urânio. As propostas do PEV contemplam, entre outras, a identificação e sinalização de cada uma das minas, para depois evitar as práticas agrícola e de pastoreio na zona, para além do correcto acondicionamento dos resíduos perigosos.

A deputada Ana Manso, do PSD, exigia, tal como Isabel de Castro, um estudo epidemiológico da radioactividade e suas implicações na saúde pública. A parlamentar da Guarda justificou a exigência com as "elevadas taxas de cancro no estômago" naquela região e queria "mais do que a mera substituição de placas de sinalização". Lembrou ainda que seria um desperdício não aproveitar o "envolvimento dos trabalhadores da ENU" na recuperação e tratamento ambientais das minas.

Carlos Santos foi um dos que se levantou da bancada socialista para sublinhar à social-democrata que o problema só tinha começado a ser tratado depois do PS chegar ao Governo, acusando depois a deputada de ser a "responsável pelos prejuízos das empresas da região" devido ao seu discurso "alarmista"

Ainda assim, o PS reconheceu a validade da iniciativa e admitiu não se opor à sua aprovação, desde que fosse possível o consenso para a criação de um texto comum.

No fim o secretário de Estado, Vítor Santos, teve ainda tempo para lembrar que o Instituto Geológico e Mineiro tinha já arrancado, em parceria com o Instituto Ricardo Jorge, com o processo de vigilância médica das populações das zonas circundantes às minas.

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