Altos & Baixos

12-03-2001
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NASCIMENTO RODRIGUES

NASCIMENTO RODRIGUES - Alguns encarregados de educação dos alunos de Guimarães envolvidos no já célebre «caso dos atestados médicos» esperavam, talvez pela própria natureza do cargo, encontrar no provedor de Justiça a compreensão e benevolência que até agora julgavam ter faltado ao Governo e à opinião pública. Puro engano, Nascimento Rodrigues recusou liminarmente os argumentos apresentados pelos pais e considerou «totalmente improcedente» a reclamação. Mas foi mais longe: em de vez de se refugiar numa anémica apreciação técnica, elaborou um autêntico libelo acusatório a um modelo educativo despido de valores e que estimula, em vez de condenar, o oportunismo e a deslealdade. Discreto, na esteira dos seus antecessores, Nascimento Rodrigues não tinha tido até agora muitas oportunidades de intervir num processo de forte exposição mediática. Fê-lo de forma exemplar porque o provedor de Justiça até teve a coragem de ser politicamente incorrecto ao considerar a actual lei reguladora dos exames potenciadora de «situações de permissividade»!!!

ANTÓNIO COSTA

ANTÓNIO COSTA - O ministro da Justiça ainda tem de provar que a sua consumada habilidade política não é apenas a afirmação de um talento natural para a prestidigitação. Se os tempos fossem outros, António Costa até poderia atingir o pódio da popularidade através da consagrada fórmula de fazer pouco e arriscar ainda menos. Mas com as políticas de segurança e de justiça no centro das preocupações da sociedade portuguesa, o jovem ministro terá de fazer muito e arriscar bastante. As medidas anunciadas ou aquelas que vão entrar em vigor não configuram uma revolução no edifício penal, mas calaram os ímpetos radicalizantes da direita mais conservadora e mostraram empenho na resolução dos problemas. Melhor é talvez, neste momento, impossível.

ANA BENAVENTE

ANA BENAVENTE - Já se tornou tradição, esta de, ano após ano, os responsáveis do Ministério de Educação aproveitarem os descontraídos dias estivais para apresentar ao país os resultados do seu labor cognitivo sobre o ensino que temos. Nos últimos tempos, trata-se não raro de transpor para o plano legislativo o bem-intencionado propósito de adequar a escola à realidade envolvente, no sensato pressuposto de que o combate ao insucesso escolar começa em saber como ministrar os saberes. Este ano coube em sorte a Ana Benavente vir a público explicar que para os estudantes portugueses se tornou mais fácil o caminho para o êxito. Como? Com um ensino melhor, mais atraente e mais rigoroso? Não, não. Com menos exames e com passagem assegurada a alunos chumbados a duas disciplinas, os quais já nem sequer terão de as repetir. Simples, prático e de uma eficácia a toda a prova. Para efeitos estatísticos, claro. E, já agora, quem é que falou aqui de permissividade?

NARCISO MIRANDA

NARCISO MIRANDA -< O actual líder do PS/Porto e candidato à reeleição não é obrigado a responder a todas as catilinárias de Francisco Assis, o seu adversário na corrida à distrital. Está até no seu pleníssimo direito de optar pelo diálogo com os militantes, em detrimento de combates retóricos com o seu rival. Só que Narciso parece ter escolhido o pior momento para usar a arma do silêncio, quando em causa está a denúncia feita pelo candidato e líder parlamentar Francisco Assis de que no distrito do Porto existem sedes socialistas fechadas. A ser verdade, trata-se de uma demolidora crítica à gestão do actual líder e sonoro sinal de alerta de eventual crise de militância num dos mais importantes bastiões eleitorais do partido do Governo. A não ser verdade, Narciso Miranda deu provas de uma confrangedora inépcia ao tornar-se cúmplice da irresponsabilidade política de Francisco Assis. O deputado José Saraiva bem o compreendeu ao sair em defesa de Narciso, com o argumento de «que quem cala consente»...

ANTÓNIO GUTERRES

ANTÓNIO GUTERRES - Há afirmações que marcam um político. O «no jobs for the boys» persegue o primeiro-ministro há cinco anos como uma nódoa sinistra que nem o mais sofisticado detergente consegue eliminar. Depois das escandalosas nomeações do Governo anterior esperava-se que o actual se tornasse mais comedido e fizesse um esforço sério para travar a canibalização do aparelho de Estado pelo aparelho partidário. Esperança vã, pois o novo Executivo de Guterres parece ainda mais voraz do que o anterior. Para satisfazer os «rapazes» vale tudo, desde fixar regras por medida até exigir qualificações académicas diferentes para cargos iguais. Armando Vara anunciou a revisão da lei dos concursos para altos cargos da administração pública, mas seguramente a louvável iniciativa do ministro-adjunto virá tarde, pois já não deverão restar muitos lugares por preencher. Perante isto, o que faz Guterres? Cala-se. E como dizia o seu correligionário quem cala... Por FERNANDO DIOGO

NASCIMENTO RODRIGUES

NASCIMENTO RODRIGUES - Alguns encarregados de educação dos alunos de Guimarães envolvidos no já célebre «caso dos atestados médicos» esperavam, talvez pela própria natureza do cargo, encontrar no provedor de Justiça a compreensão e benevolência que até agora julgavam ter faltado ao Governo e à opinião pública. Puro engano, Nascimento Rodrigues recusou liminarmente os argumentos apresentados pelos pais e considerou «totalmente improcedente» a reclamação. Mas foi mais longe: em de vez de se refugiar numa anémica apreciação técnica, elaborou um autêntico libelo acusatório a um modelo educativo despido de valores e que estimula, em vez de condenar, o oportunismo e a deslealdade. Discreto, na esteira dos seus antecessores, Nascimento Rodrigues não tinha tido até agora muitas oportunidades de intervir num processo de forte exposição mediática. Fê-lo de forma exemplar porque o provedor de Justiça até teve a coragem de ser politicamente incorrecto ao considerar a actual lei reguladora dos exames potenciadora de «situações de permissividade»!!!

ANTÓNIO COSTA

ANTÓNIO COSTA - O ministro da Justiça ainda tem de provar que a sua consumada habilidade política não é apenas a afirmação de um talento natural para a prestidigitação. Se os tempos fossem outros, António Costa até poderia atingir o pódio da popularidade através da consagrada fórmula de fazer pouco e arriscar ainda menos. Mas com as políticas de segurança e de justiça no centro das preocupações da sociedade portuguesa, o jovem ministro terá de fazer muito e arriscar bastante. As medidas anunciadas ou aquelas que vão entrar em vigor não configuram uma revolução no edifício penal, mas calaram os ímpetos radicalizantes da direita mais conservadora e mostraram empenho na resolução dos problemas. Melhor é talvez, neste momento, impossível.

ANA BENAVENTE

ANA BENAVENTE - Já se tornou tradição, esta de, ano após ano, os responsáveis do Ministério de Educação aproveitarem os descontraídos dias estivais para apresentar ao país os resultados do seu labor cognitivo sobre o ensino que temos. Nos últimos tempos, trata-se não raro de transpor para o plano legislativo o bem-intencionado propósito de adequar a escola à realidade envolvente, no sensato pressuposto de que o combate ao insucesso escolar começa em saber como ministrar os saberes. Este ano coube em sorte a Ana Benavente vir a público explicar que para os estudantes portugueses se tornou mais fácil o caminho para o êxito. Como? Com um ensino melhor, mais atraente e mais rigoroso? Não, não. Com menos exames e com passagem assegurada a alunos chumbados a duas disciplinas, os quais já nem sequer terão de as repetir. Simples, prático e de uma eficácia a toda a prova. Para efeitos estatísticos, claro. E, já agora, quem é que falou aqui de permissividade?

NARCISO MIRANDA

NARCISO MIRANDA -< O actual líder do PS/Porto e candidato à reeleição não é obrigado a responder a todas as catilinárias de Francisco Assis, o seu adversário na corrida à distrital. Está até no seu pleníssimo direito de optar pelo diálogo com os militantes, em detrimento de combates retóricos com o seu rival. Só que Narciso parece ter escolhido o pior momento para usar a arma do silêncio, quando em causa está a denúncia feita pelo candidato e líder parlamentar Francisco Assis de que no distrito do Porto existem sedes socialistas fechadas. A ser verdade, trata-se de uma demolidora crítica à gestão do actual líder e sonoro sinal de alerta de eventual crise de militância num dos mais importantes bastiões eleitorais do partido do Governo. A não ser verdade, Narciso Miranda deu provas de uma confrangedora inépcia ao tornar-se cúmplice da irresponsabilidade política de Francisco Assis. O deputado José Saraiva bem o compreendeu ao sair em defesa de Narciso, com o argumento de «que quem cala consente»...

ANTÓNIO GUTERRES

ANTÓNIO GUTERRES - Há afirmações que marcam um político. O «no jobs for the boys» persegue o primeiro-ministro há cinco anos como uma nódoa sinistra que nem o mais sofisticado detergente consegue eliminar. Depois das escandalosas nomeações do Governo anterior esperava-se que o actual se tornasse mais comedido e fizesse um esforço sério para travar a canibalização do aparelho de Estado pelo aparelho partidário. Esperança vã, pois o novo Executivo de Guterres parece ainda mais voraz do que o anterior. Para satisfazer os «rapazes» vale tudo, desde fixar regras por medida até exigir qualificações académicas diferentes para cargos iguais. Armando Vara anunciou a revisão da lei dos concursos para altos cargos da administração pública, mas seguramente a louvável iniciativa do ministro-adjunto virá tarde, pois já não deverão restar muitos lugares por preencher. Perante isto, o que faz Guterres? Cala-se. E como dizia o seu correligionário quem cala... Por FERNANDO DIOGO

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