Presidente interino da Alta-Autoridade demite-se

19-06-2001
marcar artigo

Presidente Interino da Alta-Autoridade Demite-se

Por JOÃO MANUEL ROCHA E MARIA LOPES

Terça-feira, 19 de Junho de 2001 Divergências internas agudizam-se Artur Portela, que vinha assegurando a presidência da Alta Autoridade, demitiu-se. É o sinal mais evidente do mal-estar interno, acentuado pela crise dos "reality shows". Hoje, mais fragilizado, o organismo reúne-se com as televisões, à procura de um acordo de auto-regulação O presidente em exercício da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS), Artur Portela, apresentou ontem a sua demissão por "motivos pessoais". O abandono, que "não foi propriamente uma surpresa", segundo várias fontes, é o sinal mais evidente do mal-estar e dos "problemas internos" que se acentuaram com a crise dos "reality shows" e as críticas públicas à actuação do organismo. A demissão, confirmada pelo porta-voz da AACS, Carlos Veiga Pereira, foi apresentada ontem à tarde, na véspera da primeira reunião da comissão criada, por iniciativa da Alta Autoridade, para discutir um possível acordo de auto-regulação de conteúdos entre televisões. O substituto na presidência em exercício será - a partir de amanhã e até à eleição dos novos presidente ou vice-presidente - o jurista Sebastião Lima Rego. "Trata-se de uma ocupação precária do cargo", confirmou este ao PÚBLICO. Artur Portela, que continua a integrar o organismo, tem conduzido a AACS no conturbado período em que os "reality shows" colocaram ao organismo os maiores desafios da sua existência de cerca de dez anos - o antigo presidente, Gonçalves Pereira, deixou o cargo em Abril e o seu substituto designado, Sousa Diniz, renunciou antes de tomar posse, devendo o Conselho Superior de Magistratura eleger em Julho um novo juiz. "Tenho perfeita consciência de que, neste momento, haveria que manter a coesão, convergência e solidariedade, mas isto não tem apenas um sentido", declarou ao PÚBLICO Artur Portela, deixando perceber a existência de divergências internas. "As diferenças de opinião são interessantes e dialécticas, mas a partir da distância muito abissal de critérios, torna-se complicado", acrescentou. Recusando identificar quem personifica que tendência no seio da AACS, Artur Portela, escritor e jornalista, distingue apenas "uma concepção mais técnico-jurídica e uma mais cultural-reflexiva" e fala de diferenças de "personalidades", "formação" e "cultura". As divergências, reconhece, tornaram-se mais evidentes face aos problemas colocados pelos "reality-shows". De facto, recentemente, e em mais do que uma ocasião, a AACS apareceu a falar a duas vozes: a de Artur Portela e a de Sebastião Lima Rego. "[Havia mesmo] grande cepticismo relativamente a conseguir-se aquilo que se conseguiu", disse Artur Portela, referindo-se ao processo que começou com o encontro entre os "patrões" das televisões realizado há duas semanas. A preparação da reunião que hoje dá seguimento a esse encontro deixou ainda mais claras as divergências no seio da AACS. Um dos sinais do desentendimento foi a mudança na composição do grupo que esta manhã se reúne com as televisões. Primeiro foi decidido que Veiga Pereira, Sebastião Lima Rego e Fátima Resende seriam os representantes do organismo, mas o primeiro não aceitou integrar o grupo, por discordar da composição da delegação e das posições a assumir face aos operadores. José Garibaldi acabou por ser indicado no seu lugar. Eleição de vice acelerada Antes mesmo de ter um presidente efectivo, a AACS poderá eleger um novo vice-presidente escolhido entre os actuais membros. O cargo ficou vago, há meses, com a saída de Rui Assis Ferreira para a RTP, tendo o órgão concordado em proceder à eleição do substituto apenas quando estivesse em funções o novo presidente efectivo. O arrastar da situação e os problemas surgidos, estarão na razão da mudança de entendimento que ganhou corpo nos últimos dias. A decisão de eleger um vice deve ser formalizada numa reunião da AACS marcada para amanhã, ocorrendo a eleição a 4 de Julho. Até ao momento, perfila-se uma única candidatura, defendida, pelo menos, por Fátima Resende, do PSD: a de José Garibaldi, militante do PCP, eleito para a AACS na lista PS. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Presidente interino da Alta-Autoridade demite-se

Aceites candidaturas à televisão digital terrestre

Polícia prende jornalistas do "Diário de Bissau"

TVHoje

Cinema em Casa

Novo jornal em Moçambique

Rádios

Presidente Interino da Alta-Autoridade Demite-se

Por JOÃO MANUEL ROCHA E MARIA LOPES

Terça-feira, 19 de Junho de 2001 Divergências internas agudizam-se Artur Portela, que vinha assegurando a presidência da Alta Autoridade, demitiu-se. É o sinal mais evidente do mal-estar interno, acentuado pela crise dos "reality shows". Hoje, mais fragilizado, o organismo reúne-se com as televisões, à procura de um acordo de auto-regulação O presidente em exercício da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS), Artur Portela, apresentou ontem a sua demissão por "motivos pessoais". O abandono, que "não foi propriamente uma surpresa", segundo várias fontes, é o sinal mais evidente do mal-estar e dos "problemas internos" que se acentuaram com a crise dos "reality shows" e as críticas públicas à actuação do organismo. A demissão, confirmada pelo porta-voz da AACS, Carlos Veiga Pereira, foi apresentada ontem à tarde, na véspera da primeira reunião da comissão criada, por iniciativa da Alta Autoridade, para discutir um possível acordo de auto-regulação de conteúdos entre televisões. O substituto na presidência em exercício será - a partir de amanhã e até à eleição dos novos presidente ou vice-presidente - o jurista Sebastião Lima Rego. "Trata-se de uma ocupação precária do cargo", confirmou este ao PÚBLICO. Artur Portela, que continua a integrar o organismo, tem conduzido a AACS no conturbado período em que os "reality shows" colocaram ao organismo os maiores desafios da sua existência de cerca de dez anos - o antigo presidente, Gonçalves Pereira, deixou o cargo em Abril e o seu substituto designado, Sousa Diniz, renunciou antes de tomar posse, devendo o Conselho Superior de Magistratura eleger em Julho um novo juiz. "Tenho perfeita consciência de que, neste momento, haveria que manter a coesão, convergência e solidariedade, mas isto não tem apenas um sentido", declarou ao PÚBLICO Artur Portela, deixando perceber a existência de divergências internas. "As diferenças de opinião são interessantes e dialécticas, mas a partir da distância muito abissal de critérios, torna-se complicado", acrescentou. Recusando identificar quem personifica que tendência no seio da AACS, Artur Portela, escritor e jornalista, distingue apenas "uma concepção mais técnico-jurídica e uma mais cultural-reflexiva" e fala de diferenças de "personalidades", "formação" e "cultura". As divergências, reconhece, tornaram-se mais evidentes face aos problemas colocados pelos "reality-shows". De facto, recentemente, e em mais do que uma ocasião, a AACS apareceu a falar a duas vozes: a de Artur Portela e a de Sebastião Lima Rego. "[Havia mesmo] grande cepticismo relativamente a conseguir-se aquilo que se conseguiu", disse Artur Portela, referindo-se ao processo que começou com o encontro entre os "patrões" das televisões realizado há duas semanas. A preparação da reunião que hoje dá seguimento a esse encontro deixou ainda mais claras as divergências no seio da AACS. Um dos sinais do desentendimento foi a mudança na composição do grupo que esta manhã se reúne com as televisões. Primeiro foi decidido que Veiga Pereira, Sebastião Lima Rego e Fátima Resende seriam os representantes do organismo, mas o primeiro não aceitou integrar o grupo, por discordar da composição da delegação e das posições a assumir face aos operadores. José Garibaldi acabou por ser indicado no seu lugar. Eleição de vice acelerada Antes mesmo de ter um presidente efectivo, a AACS poderá eleger um novo vice-presidente escolhido entre os actuais membros. O cargo ficou vago, há meses, com a saída de Rui Assis Ferreira para a RTP, tendo o órgão concordado em proceder à eleição do substituto apenas quando estivesse em funções o novo presidente efectivo. O arrastar da situação e os problemas surgidos, estarão na razão da mudança de entendimento que ganhou corpo nos últimos dias. A decisão de eleger um vice deve ser formalizada numa reunião da AACS marcada para amanhã, ocorrendo a eleição a 4 de Julho. Até ao momento, perfila-se uma única candidatura, defendida, pelo menos, por Fátima Resende, do PSD: a de José Garibaldi, militante do PCP, eleito para a AACS na lista PS. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Presidente interino da Alta-Autoridade demite-se

Aceites candidaturas à televisão digital terrestre

Polícia prende jornalistas do "Diário de Bissau"

TVHoje

Cinema em Casa

Novo jornal em Moçambique

Rádios

marcar artigo