Ao Último Minuto, Lágrimas de Alegria
Por HELENA PEREIRA
Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2001
Santana Lopes ganha à tangente
Presos pela expectativa, os apoiantes só respiraram de alívio depois de ver as declarações de derrota dos adversários. "Parecia quase impossível", confessou o candidato à Câmara de Lisboa
Foi uma noite longa, a da candidatura de Pedro Santana Lopes. Presos pela expectativa, os apoiantes do social-democrata só puderam respirar de alívio à uma da manhã. "É uma sensação indescrítivel. Parecia quase impossível", confessava Pedro Santana Lopes quando apareceu aos jornalistas para se assumir vencedor.
A noite terminou em grande para o PSD em Lisboa, apesar das horas de espera. As primeiras declarações da noite, pelas 19 horas, pareciam de derrota. Pedro Pinto, director de campanha, dizia que "o dia é para termos alguma cautela". O próprio candidato, que entrou na sede muito cedo, eram 20h30, veio congratular-se aos microfones com a participação dos eleitores: "Seja qual for o resultado final enche-nos de alegria". As palavras eram prudentes, o sorriso era grande e quem olhasse para o candidato pensava que ele já tinha ganho a câmara. Santana dizia que o PSD era a principal força política em Lisboa e não deixou de salientar o facto de concorrer sem coligação com o PP. Se viesse, a perder era óbvio a que iria culpar. Os apoiantes gritaram "Santana!" mas o entusiasmo não era muito.
O ambiente só começou a animar e a sala a encher quando se começou a delinear a vitória de Rui Rio no Porto. "É muito estranho se ganharmos Sintra e não ganharmos Lisboa", comentava outro elemento do staff. Estava certo. Os telefonemas para as freguesias eram constantes para tentar saber os votos que já estavam contados. A palavra de ordem era "optimismo" e o nome de Deus começava a ser evocado com frequência. Já não havia mais nada a fazer. Lisboa era comparada ao estado norte-americano de Florida, onde os votos foram determinantes para o desempate.
A imagem do ex-vereador da Câmara de Lisboa, Rui Godinho, na televisão - "Todos os resultados são possíveis em democracia" - alegrou os apoiantes de Santana.
No restaurante que funciona no rés-do-chão do edifício, e que foi reservado pela candidatura, o ambiente era mais descontraído. Depois de ter acabado a comida que enchia as mesas, a única coisa que se servia era "só bebidas de bar". Com o copo na mão, até a perspectiva de derrota parecia mais fácil de aguentar.
No piso de cima, os nervos falavam mais alto. A sala silenciava-se para ouvir falar Luís Filipe Menezes, apoiante de Santana nos congressos, que se congratulava pela votação do PSD no distrito do Porto. Às 22h15, era dado como certa a vitória de Rui Rio e Fernando Gomes aparecia com ar de perdedor. Apoiantes de Santana diziam começar a receber telefonemas de parabéns antes de eles próprios terem a certeza se já tinham ganho a câmara ou não. As últimas freguesias a serem escrutinadas foram as tradicionalmente de direita.
A tensão estalou quando os elementos do PSD estavam sem saber se os votos de Marvila já tinham sido comunicados ao STAPE. "Está a ver a nossa Florida?", perguntava o director de campanha, Pedro Pinto. Para as televisões, insinuou que se estava perante um "golpe eleitoral". Álvaro Barreto, candidato à assembleia municipal, vinha minutos depois dizer que estava tudo calmo e que se houvesse alguma irregularidade, o STAPE actuaria. A diferença Santana-Soares estava em cerca de quatro mil votos. Por volta da meia-noite e meia, o staff já tinha a certeza que Santana tinha ganho. Mas o candidato não aparecia. Esperavam as declarações de derrota de João Soares. A presidente da distrital de Lisboa, Manuela Ferreira Leite, aparecia para dar os parabéns. Os apoiantes festejavam à espera do candidato. A loucura só começou mesmo quando António Guterres pediu a demissão. "Isto é o fim!", diziam como se Santana tivesse feito cair por si só o primeiro-ministro. E quando Soares admitiu a derrota a casa parecia vir abaixo com tantos gritos. Os abraços e as lágrimas de alegria tinham então o seu momento. Os carros de campanha começavam a apitar na rua e a entoar o hino da candidatura. A chuva já caia. Já era uma e meia da madrugada quando Santana Lopes, de olhos vermelhos, apareceu para dizer que tinha sido eleito presidente de câmara.
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Ao Último Minuto, Lágrimas de Alegria
Por HELENA PEREIRA
Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2001
Santana Lopes ganha à tangente
Presos pela expectativa, os apoiantes só respiraram de alívio depois de ver as declarações de derrota dos adversários. "Parecia quase impossível", confessou o candidato à Câmara de Lisboa
Foi uma noite longa, a da candidatura de Pedro Santana Lopes. Presos pela expectativa, os apoiantes do social-democrata só puderam respirar de alívio à uma da manhã. "É uma sensação indescrítivel. Parecia quase impossível", confessava Pedro Santana Lopes quando apareceu aos jornalistas para se assumir vencedor.
A noite terminou em grande para o PSD em Lisboa, apesar das horas de espera. As primeiras declarações da noite, pelas 19 horas, pareciam de derrota. Pedro Pinto, director de campanha, dizia que "o dia é para termos alguma cautela". O próprio candidato, que entrou na sede muito cedo, eram 20h30, veio congratular-se aos microfones com a participação dos eleitores: "Seja qual for o resultado final enche-nos de alegria". As palavras eram prudentes, o sorriso era grande e quem olhasse para o candidato pensava que ele já tinha ganho a câmara. Santana dizia que o PSD era a principal força política em Lisboa e não deixou de salientar o facto de concorrer sem coligação com o PP. Se viesse, a perder era óbvio a que iria culpar. Os apoiantes gritaram "Santana!" mas o entusiasmo não era muito.
O ambiente só começou a animar e a sala a encher quando se começou a delinear a vitória de Rui Rio no Porto. "É muito estranho se ganharmos Sintra e não ganharmos Lisboa", comentava outro elemento do staff. Estava certo. Os telefonemas para as freguesias eram constantes para tentar saber os votos que já estavam contados. A palavra de ordem era "optimismo" e o nome de Deus começava a ser evocado com frequência. Já não havia mais nada a fazer. Lisboa era comparada ao estado norte-americano de Florida, onde os votos foram determinantes para o desempate.
A imagem do ex-vereador da Câmara de Lisboa, Rui Godinho, na televisão - "Todos os resultados são possíveis em democracia" - alegrou os apoiantes de Santana.
No restaurante que funciona no rés-do-chão do edifício, e que foi reservado pela candidatura, o ambiente era mais descontraído. Depois de ter acabado a comida que enchia as mesas, a única coisa que se servia era "só bebidas de bar". Com o copo na mão, até a perspectiva de derrota parecia mais fácil de aguentar.
No piso de cima, os nervos falavam mais alto. A sala silenciava-se para ouvir falar Luís Filipe Menezes, apoiante de Santana nos congressos, que se congratulava pela votação do PSD no distrito do Porto. Às 22h15, era dado como certa a vitória de Rui Rio e Fernando Gomes aparecia com ar de perdedor. Apoiantes de Santana diziam começar a receber telefonemas de parabéns antes de eles próprios terem a certeza se já tinham ganho a câmara ou não. As últimas freguesias a serem escrutinadas foram as tradicionalmente de direita.
A tensão estalou quando os elementos do PSD estavam sem saber se os votos de Marvila já tinham sido comunicados ao STAPE. "Está a ver a nossa Florida?", perguntava o director de campanha, Pedro Pinto. Para as televisões, insinuou que se estava perante um "golpe eleitoral". Álvaro Barreto, candidato à assembleia municipal, vinha minutos depois dizer que estava tudo calmo e que se houvesse alguma irregularidade, o STAPE actuaria. A diferença Santana-Soares estava em cerca de quatro mil votos. Por volta da meia-noite e meia, o staff já tinha a certeza que Santana tinha ganho. Mas o candidato não aparecia. Esperavam as declarações de derrota de João Soares. A presidente da distrital de Lisboa, Manuela Ferreira Leite, aparecia para dar os parabéns. Os apoiantes festejavam à espera do candidato. A loucura só começou mesmo quando António Guterres pediu a demissão. "Isto é o fim!", diziam como se Santana tivesse feito cair por si só o primeiro-ministro. E quando Soares admitiu a derrota a casa parecia vir abaixo com tantos gritos. Os abraços e as lágrimas de alegria tinham então o seu momento. Os carros de campanha começavam a apitar na rua e a entoar o hino da candidatura. A chuva já caia. Já era uma e meia da madrugada quando Santana Lopes, de olhos vermelhos, apareceu para dizer que tinha sido eleito presidente de câmara.