EXPRESSO: País

18-09-2001
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Rangel não entusiasma Guterres

O ex-director da SIC estará ao leme da RTP dentro de 15 dias e leva dez pessoas da SIC

João Carlos Santos Catarina Furtado abraça Emídio Rangel no jantar de despedida que lhe ofereceram os trabalhadores da SIC: emoção até às lágrimas na hora da despedida

AS QUESTÕES mais difíceis que envolvem a transferência de Emídio Rangel para a RTP deverão ficar definidas na próxima semana. O novo director-geral da RTP será apresentado na semana seguinte, depois do parecer da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Mas a nível político continuam a verificar-se divergências no seio do Governo e no partido que o apoia. O primeiro-ministro António Guterres mantém reservas em relação a esta escolha e disso deu conta a alguns dirigentes do Partido Socialista e a círculos que lhe são próximos.

No entanto, Guterres entende que a questão diz respeito ao conselho de administração da RTP, em primeiro lugar, e ao ministro da Cultura, Augusto Santos Silva, e ao secretário de Estado da Comunicação Social, Alberto Arons de Carvalho, que tutelam o sector, em segundo.

Santos Silva disse ao EXPRESSO que «a escolha do director-geral da RTP é da competência do conselho de administração da empresa», embora essa escolha esteja sujeita «ao estrito cumprimento das regras e obrigações do serviço público». Por sua vez, Arons de Carvalho, depois de no passado ter mantido algumas violentas polémicas com Rangel, surge agora como principal defensor da sua ida para a RTP. Trata-se da última aposta que Arons faz, dado o evidente fracasso de todas as outras soluções que patrocinou ou aceitou nos seis anos que leva como responsável pela tutela do sector e da televisão pública e que não travaram o descalabro da RTP, quer a nível de audiências, quer da sua situação económico-financeira.

Outro apoio de Rangel no Governo é o ministro do Ambiente, José Sócrates. Amigo do ex-director da SIC e da sua mulher, Margarida Marante, Sócrates é um dos comentadores residentes do programa de Marante, «Esta Semana», juntamente com Paulo Portas e Daniel Proença de Carvalho. Igualmente Edite Estrela, presidente da Câmara de Sintra, revelou esta semana apoiar esta solução para a RTP.

Mas na escolha do ex-director da SIC para a RTP também está envolvida a Maçonaria. Com efeito, quer Emídio Rangel, quer outro dos apontados para o cargo, José Nuno Martins, são apontados como membros daquela organização. Nuno Martins terá sido preterido, depois de dar uma entrevista a «O Independente», onde admitia ter sido sondado para o cargo.

João Carlos Silva, para além de outras reuniões que já manteve com Rangel, almoçou quinta-feira com o ex-director da SIC e com o actual director de informação da RTP, José Rodrigues dos Santos, no sentido de saber se é possível compatibilizar os dois na televisão pública.

Rangel e mais dez

Quem e quantas pessoas transitam da SIC para a RTP e a situação do actual director de informação da estação pública, José Rodrigues dos Santos, são os dois aspectos que têm criado mais entraves à contratação de Rangel para a direcção-geral da RTP. Ao longo desta semana, Emídio Rangel e João Carlos Silva, presidente da RTP, estiveram reunidos várias vezes no sentido de acertar o número de pessoas que poderão ser transferidas da SIC para a RTP e para definir a situação de José Rodrigues dos Santos, director de informação da RTP, que tem um processo contra Rangel.

A administração da RTP estabeleceu um limite de dez para o número de pessoas que Rangel pode levar a acompanhá-lo, no qual não está incluído o nome de Margarida Marante. No entanto, o ex-homem-forte da SIC terá uma lista de entre 15 a 20 pessoas para contratar para a estação do Estado, na qual se incluem, para além da sua secretária, nomes como os de Maria João Ruella, José Fragoso, Maria José Nunes, Alberta Marques Fernandes, Pedro Mourinho, Renato Freitas e Ricardo Freitas. José Alberto Carvalho, outro dos nomes que estaria incluído na lista, já acordou com Francisco Pinto Balsemão a sua continuidade na SIC. O mesmo se passa com Cândida Pinto, que aceitou o convite para directora da SIC Notícias.

Quanto à situação de José Rodrigues dos Santos, a solução poderá passar por colocá-lo a trabalhar directamente com Rangel. Ao que o EXPRESSO soube, o presidente da RTP pretende salvaguardar os interesses do apresentador do «Telejornal». Por seu lado, Rangel quer garantir o controle das direcções de informação, programas e «marketing». No início da próxima semana ficará estabelecida a nova estrutura directiva, uma vez que a entrada de Rangel e respectiva equipa obriga a uma reorganização interna.

Depois dos últimos pormenores estarem resolvidos, a administração terá que comunicar à Alta Autoridade para a Comunicação Social a indigitação de Rangel e esperar pelo parecer desta entidade, antes da assinatura do contrato. A AACS já recebeu a indicação não-oficial de que a proposta de Rangel para a direcção-geral da RTP está acordada, faltando definir apenas o âmbito das suas funções e o grau de dependência dos actuais directores.

No mesmo dia em que almoçou com José Rodrigues dos Santos e João Carlos Silva, Emídio Rangel foi homenageado com um jantar de despedida, com cerca de 300 pessoas, que decorreu no restaurante Jardim do Marisco, no Parque das Nações. À despedida compareceram quase todas as estrelas da estação criadas por Emídio Rangel, como Bárbara Guimarães, Catarina Furtado, Jorge Gabriel, Felipa Garnel e José Figueiras.

Da área da informação estiveram presentes José Alberto de Carvalho, Rodrigo Guedes de Carvalho, Alberta Marques Fernandes, Maria João Ruella, Teresa Dimas e Jorge Schnitzer, entre outros. Os comentadores da SIC Mário Bettencourt Resendes, director do «Diário de Notícias», e Luís Delgado, director do «Diário Digital», também responderam à chamada.

SIC bate TVI

A SIC foi a estação mais procurada pelos portugueses para saberem o que se estava a passar nos Estados Unidos, no dia dos atentados suicidas ao Pentágono e às Twin Towers. O «Primeiro Jornal» da SIC registou um share de 34,8% e foi visto por 571 mil espectadores e a «Ameaça Mundial», no período do «Jornal da Noite», teve um share de 32,4% e foi visto por 1048 milhares. A RTP ficou em segundo lugar, com shares de 25,8% no «Jornal da Tarde» e de 30% no «Telejornal». A TVI ocupou a terceira posição, com shares de 24,4% à hora do almoço e 29,4% no «Jornal Nacional». Durante o dia, a TVI foi o canal mais visto (32,3% de share), seguida da SIC (29,9%) e da RTP1 (22,3%).

Rangel não entusiasma Guterres

O ex-director da SIC estará ao leme da RTP dentro de 15 dias e leva dez pessoas da SIC

João Carlos Santos Catarina Furtado abraça Emídio Rangel no jantar de despedida que lhe ofereceram os trabalhadores da SIC: emoção até às lágrimas na hora da despedida

AS QUESTÕES mais difíceis que envolvem a transferência de Emídio Rangel para a RTP deverão ficar definidas na próxima semana. O novo director-geral da RTP será apresentado na semana seguinte, depois do parecer da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Mas a nível político continuam a verificar-se divergências no seio do Governo e no partido que o apoia. O primeiro-ministro António Guterres mantém reservas em relação a esta escolha e disso deu conta a alguns dirigentes do Partido Socialista e a círculos que lhe são próximos.

No entanto, Guterres entende que a questão diz respeito ao conselho de administração da RTP, em primeiro lugar, e ao ministro da Cultura, Augusto Santos Silva, e ao secretário de Estado da Comunicação Social, Alberto Arons de Carvalho, que tutelam o sector, em segundo.

Santos Silva disse ao EXPRESSO que «a escolha do director-geral da RTP é da competência do conselho de administração da empresa», embora essa escolha esteja sujeita «ao estrito cumprimento das regras e obrigações do serviço público». Por sua vez, Arons de Carvalho, depois de no passado ter mantido algumas violentas polémicas com Rangel, surge agora como principal defensor da sua ida para a RTP. Trata-se da última aposta que Arons faz, dado o evidente fracasso de todas as outras soluções que patrocinou ou aceitou nos seis anos que leva como responsável pela tutela do sector e da televisão pública e que não travaram o descalabro da RTP, quer a nível de audiências, quer da sua situação económico-financeira.

Outro apoio de Rangel no Governo é o ministro do Ambiente, José Sócrates. Amigo do ex-director da SIC e da sua mulher, Margarida Marante, Sócrates é um dos comentadores residentes do programa de Marante, «Esta Semana», juntamente com Paulo Portas e Daniel Proença de Carvalho. Igualmente Edite Estrela, presidente da Câmara de Sintra, revelou esta semana apoiar esta solução para a RTP.

Mas na escolha do ex-director da SIC para a RTP também está envolvida a Maçonaria. Com efeito, quer Emídio Rangel, quer outro dos apontados para o cargo, José Nuno Martins, são apontados como membros daquela organização. Nuno Martins terá sido preterido, depois de dar uma entrevista a «O Independente», onde admitia ter sido sondado para o cargo.

João Carlos Silva, para além de outras reuniões que já manteve com Rangel, almoçou quinta-feira com o ex-director da SIC e com o actual director de informação da RTP, José Rodrigues dos Santos, no sentido de saber se é possível compatibilizar os dois na televisão pública.

Rangel e mais dez

Quem e quantas pessoas transitam da SIC para a RTP e a situação do actual director de informação da estação pública, José Rodrigues dos Santos, são os dois aspectos que têm criado mais entraves à contratação de Rangel para a direcção-geral da RTP. Ao longo desta semana, Emídio Rangel e João Carlos Silva, presidente da RTP, estiveram reunidos várias vezes no sentido de acertar o número de pessoas que poderão ser transferidas da SIC para a RTP e para definir a situação de José Rodrigues dos Santos, director de informação da RTP, que tem um processo contra Rangel.

A administração da RTP estabeleceu um limite de dez para o número de pessoas que Rangel pode levar a acompanhá-lo, no qual não está incluído o nome de Margarida Marante. No entanto, o ex-homem-forte da SIC terá uma lista de entre 15 a 20 pessoas para contratar para a estação do Estado, na qual se incluem, para além da sua secretária, nomes como os de Maria João Ruella, José Fragoso, Maria José Nunes, Alberta Marques Fernandes, Pedro Mourinho, Renato Freitas e Ricardo Freitas. José Alberto Carvalho, outro dos nomes que estaria incluído na lista, já acordou com Francisco Pinto Balsemão a sua continuidade na SIC. O mesmo se passa com Cândida Pinto, que aceitou o convite para directora da SIC Notícias.

Quanto à situação de José Rodrigues dos Santos, a solução poderá passar por colocá-lo a trabalhar directamente com Rangel. Ao que o EXPRESSO soube, o presidente da RTP pretende salvaguardar os interesses do apresentador do «Telejornal». Por seu lado, Rangel quer garantir o controle das direcções de informação, programas e «marketing». No início da próxima semana ficará estabelecida a nova estrutura directiva, uma vez que a entrada de Rangel e respectiva equipa obriga a uma reorganização interna.

Depois dos últimos pormenores estarem resolvidos, a administração terá que comunicar à Alta Autoridade para a Comunicação Social a indigitação de Rangel e esperar pelo parecer desta entidade, antes da assinatura do contrato. A AACS já recebeu a indicação não-oficial de que a proposta de Rangel para a direcção-geral da RTP está acordada, faltando definir apenas o âmbito das suas funções e o grau de dependência dos actuais directores.

No mesmo dia em que almoçou com José Rodrigues dos Santos e João Carlos Silva, Emídio Rangel foi homenageado com um jantar de despedida, com cerca de 300 pessoas, que decorreu no restaurante Jardim do Marisco, no Parque das Nações. À despedida compareceram quase todas as estrelas da estação criadas por Emídio Rangel, como Bárbara Guimarães, Catarina Furtado, Jorge Gabriel, Felipa Garnel e José Figueiras.

Da área da informação estiveram presentes José Alberto de Carvalho, Rodrigo Guedes de Carvalho, Alberta Marques Fernandes, Maria João Ruella, Teresa Dimas e Jorge Schnitzer, entre outros. Os comentadores da SIC Mário Bettencourt Resendes, director do «Diário de Notícias», e Luís Delgado, director do «Diário Digital», também responderam à chamada.

SIC bate TVI

A SIC foi a estação mais procurada pelos portugueses para saberem o que se estava a passar nos Estados Unidos, no dia dos atentados suicidas ao Pentágono e às Twin Towers. O «Primeiro Jornal» da SIC registou um share de 34,8% e foi visto por 571 mil espectadores e a «Ameaça Mundial», no período do «Jornal da Noite», teve um share de 32,4% e foi visto por 1048 milhares. A RTP ficou em segundo lugar, com shares de 25,8% no «Jornal da Tarde» e de 30% no «Telejornal». A TVI ocupou a terceira posição, com shares de 24,4% à hora do almoço e 29,4% no «Jornal Nacional». Durante o dia, a TVI foi o canal mais visto (32,3% de share), seguida da SIC (29,9%) e da RTP1 (22,3%).

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