Notáveis socialistas à conquista do Barreiro

22-07-2001
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Notáveis Socialistas à Conquista do Barreiro

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Terça-feira, 5 de Junho de 2001

Jantar de apoio a Emídio Xavier

Três ministros e outros tantos governantes, para deixar bem claro ao concelho que o Governo saberá recompensar uma vitória autárquica no "bastião vermelho" da Margem Sul

Jorge Coelho, António Costa, José Sócrates, Paulo Pedroso, Torres Couto e Hasse Ferreira. Foi com estes nomes que o Partido Socialista disse ao Barreiro que votar no candidato Emídio Xavier para a Câmara Municipal é garantir o apoio do Governo da República ao concelho. No passado domingo, o PS surgiu, portanto, determinado em evitar a repetição do sucedido há quatro anos, quando perdeu a autarquia por uns escassos 200 votos.

A mensagem estava implícita, não só pela presença de tantos governantes no jantar de apoio à candidatura, como também pelas declarações prestadas pelos próprios. A princípio afirmavam todos que estavam ali pela "amizade" e "solidariedade" aos candidatos.

Emídio Xavier disse isso mesmo dos dirigentes presentes. Chamou, por exemplo, ao ministro do Ambiente, José Sócrates, "um amigo" seu, ao mesmo tempo que o titular da pasta da Justiça, António Costa, afirmava estar no Restaurante Manuela Borges pela "solidariedade" ao seu secretário de Estado, Eduardo Cabrita, agora também candidato a presidente da Assembleia Municipal.

Contudo, os discursos proferidos naquela noite foram um pouco mais longe. Lembrando o que o executivo socialista de António Guterres tinha já feito pelo Barreiro, nos últimos tempos, ficava no ar a promessa de muito mais, caso os eleitores entregassem o "baluarte comunista" ao partido da rosa.

Jorge Coelho foi um dos que deram a entender isso mesmo na sua intervenção: "Aquilo que o Governo tem feito no concelho é a resposta ao que aconteceu aqui, nas últimas eleições legislativas, que o PS ganhou", afirmou o coordenador permanente do PS.

Aires de Carvalho, deputado à Assembleia da República e dirigente local, seguiu a mesma linha ao declarar o Governo "culpado de ter feito obras que mais ninguém tinha feito até agora" naquela localidade. Para o exemplificar, o dirigente enumerou um conjunto de infra-estruturas, que, segundo Aires de Carvalho, eram consequência do PS no poder: o Centro de Saúde do Lavradio, o Palácio da Justiça, a nova Escola Mendonça Furtado, os lares e os centros de acolhimento no concelho.

O próprio candidato Emídio Xavier aproveitou para reconhecer isso mesmo: "É verdade que o Governo tem apoiado uma série de obras no Barreiro."

Passada a mensagem subliminar, os socialistas seguiram depois com os ataques ao PCP, partido que quase todos os oradores da noite acusaram de "cinzentismo" e "imobilismo". A sala só chegou mesmo a aquecer depois de os dirigentes começarem a fazer referência à venda de um grupo de edifícios no Barreiro a um "off-shore de Gibraltar". "O PS não perdoa", ameaçava Emídio Xavier, já depois de Alberto Antunes, presidente da Federação, e Nuno Ferreira, dirigente da Juventude Socialista, terem acusado o executivo camarário de negócios mal explicados.

Pelo meio houve ainda tempo para um piscar de olhos ao eleitorado social-democrata. O candidato Eduardo Cabrita pediu um "exercício de realismo aos apoiantes daquela pequena força local", cujos líderes acusou de só saberem "ser a muleta do PCP". Jorge Coelho acabou por dizer o mesmo com outras palavras, ao afirmar que o PSD, no Barreiro, era um "braço dos comunistas, só com outro nome".

Tiradas que conseguiram arrancar da audiência estrondosos aplausos. Mas não tantos quantos os atingidos por um Jorge Coelho eufórico que, já com a sala em evidente delírio, não conseguiu evitar uma encomenda aos órgãos de comunicação social: "para transmitir" ao Barreiro que ele, Jorge Coelho, assumia ali que a Câmara Municipal já estava ganha pelo PS.

Notáveis Socialistas à Conquista do Barreiro

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Terça-feira, 5 de Junho de 2001

Jantar de apoio a Emídio Xavier

Três ministros e outros tantos governantes, para deixar bem claro ao concelho que o Governo saberá recompensar uma vitória autárquica no "bastião vermelho" da Margem Sul

Jorge Coelho, António Costa, José Sócrates, Paulo Pedroso, Torres Couto e Hasse Ferreira. Foi com estes nomes que o Partido Socialista disse ao Barreiro que votar no candidato Emídio Xavier para a Câmara Municipal é garantir o apoio do Governo da República ao concelho. No passado domingo, o PS surgiu, portanto, determinado em evitar a repetição do sucedido há quatro anos, quando perdeu a autarquia por uns escassos 200 votos.

A mensagem estava implícita, não só pela presença de tantos governantes no jantar de apoio à candidatura, como também pelas declarações prestadas pelos próprios. A princípio afirmavam todos que estavam ali pela "amizade" e "solidariedade" aos candidatos.

Emídio Xavier disse isso mesmo dos dirigentes presentes. Chamou, por exemplo, ao ministro do Ambiente, José Sócrates, "um amigo" seu, ao mesmo tempo que o titular da pasta da Justiça, António Costa, afirmava estar no Restaurante Manuela Borges pela "solidariedade" ao seu secretário de Estado, Eduardo Cabrita, agora também candidato a presidente da Assembleia Municipal.

Contudo, os discursos proferidos naquela noite foram um pouco mais longe. Lembrando o que o executivo socialista de António Guterres tinha já feito pelo Barreiro, nos últimos tempos, ficava no ar a promessa de muito mais, caso os eleitores entregassem o "baluarte comunista" ao partido da rosa.

Jorge Coelho foi um dos que deram a entender isso mesmo na sua intervenção: "Aquilo que o Governo tem feito no concelho é a resposta ao que aconteceu aqui, nas últimas eleições legislativas, que o PS ganhou", afirmou o coordenador permanente do PS.

Aires de Carvalho, deputado à Assembleia da República e dirigente local, seguiu a mesma linha ao declarar o Governo "culpado de ter feito obras que mais ninguém tinha feito até agora" naquela localidade. Para o exemplificar, o dirigente enumerou um conjunto de infra-estruturas, que, segundo Aires de Carvalho, eram consequência do PS no poder: o Centro de Saúde do Lavradio, o Palácio da Justiça, a nova Escola Mendonça Furtado, os lares e os centros de acolhimento no concelho.

O próprio candidato Emídio Xavier aproveitou para reconhecer isso mesmo: "É verdade que o Governo tem apoiado uma série de obras no Barreiro."

Passada a mensagem subliminar, os socialistas seguiram depois com os ataques ao PCP, partido que quase todos os oradores da noite acusaram de "cinzentismo" e "imobilismo". A sala só chegou mesmo a aquecer depois de os dirigentes começarem a fazer referência à venda de um grupo de edifícios no Barreiro a um "off-shore de Gibraltar". "O PS não perdoa", ameaçava Emídio Xavier, já depois de Alberto Antunes, presidente da Federação, e Nuno Ferreira, dirigente da Juventude Socialista, terem acusado o executivo camarário de negócios mal explicados.

Pelo meio houve ainda tempo para um piscar de olhos ao eleitorado social-democrata. O candidato Eduardo Cabrita pediu um "exercício de realismo aos apoiantes daquela pequena força local", cujos líderes acusou de só saberem "ser a muleta do PCP". Jorge Coelho acabou por dizer o mesmo com outras palavras, ao afirmar que o PSD, no Barreiro, era um "braço dos comunistas, só com outro nome".

Tiradas que conseguiram arrancar da audiência estrondosos aplausos. Mas não tantos quantos os atingidos por um Jorge Coelho eufórico que, já com a sala em evidente delírio, não conseguiu evitar uma encomenda aos órgãos de comunicação social: "para transmitir" ao Barreiro que ele, Jorge Coelho, assumia ali que a Câmara Municipal já estava ganha pelo PS.

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