Renovador do PCP apoia Agostinho Lopes em Braga

09-02-2002
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Renovador do PCP Apoia Agostinho Lopes em Braga

Por ALEXANDRE PRAÇA

Domingo, 27 de Janeiro de 2002

José Manuel Mendes esteve presente no lançamento da candidatura da CDU. E até o líder da associação comercial, um militante do PSD, não faltou

As presenças do "renovador" José Manuel Mendes e do presidente da Associação Comercial de Braga (ACB), Alberto Pereira (que até é militante do PSD), marcaram a apresentação da candidatura da CDU no distrito de Braga, que decorreu ao final da tarde de anteontem. Uma lista de continuidade, sem qualquer surpresa, e que volta a ser encabeçada pelo deputado Agostinho Lopes, sendo quase uma cópia daquela que a coligação apresentou nas eleições de 1999.

Num distrito em que a turbulência interna vivida no partido não tem dado grandes dores de cabeça à direcção nacional do PCP - pese embora um certo mal-estar existente entre alguns responsáveis, devido aos "castigos" impostos a João Amaral e outros contestatários da linha oficial -, um dos subscritores do abaixo-assinado que pedia um congresso extraordinário fez questão de estar ao lado de um dos principais dirigentes nacionais do PCP, que até tem sido apontado como potencial secretário-geral dos comunistas.

Aglutinados na casa comum da CDU, foi assim possível ver José Manuel Mendes - presidente da Associação Portuguesa de Escritores, antigo deputado e crítico interno há mais de uma década - no lançamento da recandidatura de Agostinho Lopes: "É um gesto natural estar aqui, porque apoio indiscutivelmente a CDU", assegurou ao PÚBLICO, apelando mesmo ao eleitorado de esquerda para concentrar os votos na coligação. "Esta é a hora de tudo fazer para revigorar as posições eleitorais da CDU", acentuou.

A maior surpresa, contudo, veio da ACB, representada pelo seu presidente, Alberto Pereira, e pelo director-geral, Abílio Vilaça: "O deputado da CDU tem sido aquele que mais tem apoiado o comércio tradicional de Braga", garantiu o líder dos comerciantes, relembrando que "ele foi o único que recebeu a associação no Parlamento nas horas menos boas" para o comércio, enquanto os restantes partidos não responderam aos apelos da ACB. Aliás, nos seus discursos, tanto Agostinho como o seu irmão António Lopes (também ele membro da comissão política e principal dirigente do PCP no distrito) não se esqueceram de lembrar que a CDU esteve ao lado do "pequeno e médio comércio nas lutas contra a instalação e concorrência desleal das grandes superfícies" e defenderam "ajudas estatais que discriminem forte e positivamente as pequenas e médias empresas".

Agostinho reconheceu que estas eleições "serão mais difíceis" para a CDU e tentou travar a tentação do voto útil no PS, aduzindo argumentos para inverter essa lógica: "Deslocações de votos do PS para a CDU dão mais força à luta por uma política de esquerda". Também António Lopes se preocupou em desmontar a utilidade de a esquerda votar nos socialistas, denunciando que essa ideia "está a ser criada pela propaganda falaciosa da última recauchutagem feita na direcção do PS, com Ferro Rodrigues".

Quanto à lista divulgada pela CDU, regista somente alterações de pormenor em relação às últimas eleições: tem mais jovens e mais candidatos de concelhos pequenos. Dos 23 nomes apresentados, seis são mulheres e quatro são independentes. A seguir a Agostinho Lopes (o único com hipótese de ser eleito) aparecem Cândido Capela (de Guimarães), Casais Baptista (de Braga) e Carla Barbosa (de Famalicão), numa cuidada distribuição geográfica. O mandatário é o advogado bracarense Raul Peixoto, considerado um desalinhado.

A frase

"Deslocações de votos do PS para a CDU dão mais força à luta por uma política de esquerda"

Agostinho Lopes, cabeça de lista da CDU em Braga

Renovador do PCP Apoia Agostinho Lopes em Braga

Por ALEXANDRE PRAÇA

Domingo, 27 de Janeiro de 2002

José Manuel Mendes esteve presente no lançamento da candidatura da CDU. E até o líder da associação comercial, um militante do PSD, não faltou

As presenças do "renovador" José Manuel Mendes e do presidente da Associação Comercial de Braga (ACB), Alberto Pereira (que até é militante do PSD), marcaram a apresentação da candidatura da CDU no distrito de Braga, que decorreu ao final da tarde de anteontem. Uma lista de continuidade, sem qualquer surpresa, e que volta a ser encabeçada pelo deputado Agostinho Lopes, sendo quase uma cópia daquela que a coligação apresentou nas eleições de 1999.

Num distrito em que a turbulência interna vivida no partido não tem dado grandes dores de cabeça à direcção nacional do PCP - pese embora um certo mal-estar existente entre alguns responsáveis, devido aos "castigos" impostos a João Amaral e outros contestatários da linha oficial -, um dos subscritores do abaixo-assinado que pedia um congresso extraordinário fez questão de estar ao lado de um dos principais dirigentes nacionais do PCP, que até tem sido apontado como potencial secretário-geral dos comunistas.

Aglutinados na casa comum da CDU, foi assim possível ver José Manuel Mendes - presidente da Associação Portuguesa de Escritores, antigo deputado e crítico interno há mais de uma década - no lançamento da recandidatura de Agostinho Lopes: "É um gesto natural estar aqui, porque apoio indiscutivelmente a CDU", assegurou ao PÚBLICO, apelando mesmo ao eleitorado de esquerda para concentrar os votos na coligação. "Esta é a hora de tudo fazer para revigorar as posições eleitorais da CDU", acentuou.

A maior surpresa, contudo, veio da ACB, representada pelo seu presidente, Alberto Pereira, e pelo director-geral, Abílio Vilaça: "O deputado da CDU tem sido aquele que mais tem apoiado o comércio tradicional de Braga", garantiu o líder dos comerciantes, relembrando que "ele foi o único que recebeu a associação no Parlamento nas horas menos boas" para o comércio, enquanto os restantes partidos não responderam aos apelos da ACB. Aliás, nos seus discursos, tanto Agostinho como o seu irmão António Lopes (também ele membro da comissão política e principal dirigente do PCP no distrito) não se esqueceram de lembrar que a CDU esteve ao lado do "pequeno e médio comércio nas lutas contra a instalação e concorrência desleal das grandes superfícies" e defenderam "ajudas estatais que discriminem forte e positivamente as pequenas e médias empresas".

Agostinho reconheceu que estas eleições "serão mais difíceis" para a CDU e tentou travar a tentação do voto útil no PS, aduzindo argumentos para inverter essa lógica: "Deslocações de votos do PS para a CDU dão mais força à luta por uma política de esquerda". Também António Lopes se preocupou em desmontar a utilidade de a esquerda votar nos socialistas, denunciando que essa ideia "está a ser criada pela propaganda falaciosa da última recauchutagem feita na direcção do PS, com Ferro Rodrigues".

Quanto à lista divulgada pela CDU, regista somente alterações de pormenor em relação às últimas eleições: tem mais jovens e mais candidatos de concelhos pequenos. Dos 23 nomes apresentados, seis são mulheres e quatro são independentes. A seguir a Agostinho Lopes (o único com hipótese de ser eleito) aparecem Cândido Capela (de Guimarães), Casais Baptista (de Braga) e Carla Barbosa (de Famalicão), numa cuidada distribuição geográfica. O mandatário é o advogado bracarense Raul Peixoto, considerado um desalinhado.

A frase

"Deslocações de votos do PS para a CDU dão mais força à luta por uma política de esquerda"

Agostinho Lopes, cabeça de lista da CDU em Braga

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