expo

12-01-2001
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Exposiçaõ de fotografia na Cordoaria Nacional Tejo, rio ibérico DR Margarida Medeiros Projectada num encontro casual entre fotógrafos, enquadrada numa iniciativa espanhola no âmbito da Expo-98, uma exposição reúne face a face seis fotógrafos portugueses e seis fotógrafos espanhóis. O tema é o rio Tejo, do lado de cá e do lado de lá da fronteira. Para ver até ao dia 9 de Agosto na Cordoaria Nacional. Promovida pelo Pavilhão de Espanha na Exposição Mundial de Lisboa, esta exposição pretende mostrar diferentes olhares e propostas de trabalho sobre o rio Tejo, partindo de dois grupos de fotógrafos, seis portugueses e seis espanhóis. A ideia parece ter surgido há dois anos, durante um jantar entre a comissária Myriam de Liniers e os fotógrafos Alberto Picco e Patricia Allende, quando estes dois últimos descobriram que andavam ambos a fotografar diferentes partes do rio. Para Myriam de Liniers, "este projecto não pretende senão oferecer uma visão criativa da natureza que, apesar dos nossos esforços de separação, luta por unir, constante e irremediavelmente, os dois países irmãos, que têm de dar a mão para cruzar o rio". O projecto contou com o alto patrocínio da Presidência da República Portuguesa, com o apoio institucional do Centro Português de Fotografia, e com os patrocínios da Caja de Madrid e do Instituto da Água. A exposição inclui dez trabalhos de cada autor, e os doze nomes escolhidos inserem-se em escolas estéticas muito diferentes. A montagem, colocando frente a frente portugueses e espanhóis num longo corredor da Cordoaria Nacional (como na batalha de Aljubarrota, mas com o espírito oposto...), salienta o preferencial uso dos espanhóis pela cor, e pelas imagens de grandes dimensões. Dos seis espanhóis (Patricia Allende, Javier Esteban, Luis Asín, Juan Manuel Castro Prieto, Rosa Muñoz, José María Díaz-Maroto), destaca-se, em primeiro lugar, o trabalho de Patricia Allende. Partindo da ideia de "Elementos" (água, terra, fogo), mostra fragmentos das margens do rio, em fotografias de grande dimensão extremamente brilhantes, que revelam uma aproximação ao minúsculo e ao fragmento muito características do sentir contemporâneo. Numa linha completamente diferente, humanista e poética, José María Díaz-Maroto traz-nos imagens extremamente interessantes dos habitantes das margens espanholas do rio Tejo, dos sinais humanos na paisagem: "David e Nuno pescam todos os sábados", mostra-nos os rostos, fotografados de frente, de dois rapazes, surpreendidos orgulhosamente no seu "hobby". Rosa Muñoz faz retratos dos habitantes do rio, em grandes dimensões, encenados e escolhidos pela fotógrafa, por vezes objecto de fotomontagens. Juan Manuel Castro Prieto fotografa paisagens plácidas e horizontes rasgados das margens do rio Tejo, em provas viradas a ouro, por vezes agrupadas em dípticos panorâmicos, de grande beleza. O grupo dos portugueses é constituído por José Paulo Ferro, Monteiro Gil, José Afonso Furtado, Agostinho Gonçalves, Fernando Curado Matos e Alberto Picco. O primeiro fotografa, a preto e branco, um pontão do rio, ao qual se seguem cinco dípticos, constituídos por uma polaroid, que regista ondulações e modulações na cor, e uma imagem a preto e branco associada. Um trabalho muito interessante, que nos conduz à presença perturbante do correr das águas de um rio. Agostinho Gonçalves trabalho igualmente uma excelente ideia: fotografa pessoas da vila de Constância com imagens emolduradas das margens do rio Tejo. Embora não resulte na totalidade das dez fotografias, na maioria o resultado é francamente sugestivo. Alberto Picco e José Afonso Furtado trabalham no quadro da estética a que nos habituaram, deslizando ao longo do rio, para fixar, em tons de cinzento, uma certa melancolia da paisagem. Menos interessantes são os trabalhos de Curado Matos e Monteiro Gil, embora a montagem e a sua inserção no conjunto dos autores acabem por justificar a sua presença, já que se trata de um projecto de abordagem plural e em certa medida documental. Este projecto revela uma salutar princípio de convergência, intercâmbio e cooperação entre artistas portugueses e espanhóis. Espera-se que ideias destas não acabem com o fecho da Expo-98. "Tajo Tejo/ doce objetivos fotográficos" LISBOA. Cordoaria Nacional. Avenida da Índia. (c) Copyright PÚBLICO Comunicação Social, SA Email: publico@publico.pt

Exposiçaõ de fotografia na Cordoaria Nacional Tejo, rio ibérico DR Margarida Medeiros Projectada num encontro casual entre fotógrafos, enquadrada numa iniciativa espanhola no âmbito da Expo-98, uma exposição reúne face a face seis fotógrafos portugueses e seis fotógrafos espanhóis. O tema é o rio Tejo, do lado de cá e do lado de lá da fronteira. Para ver até ao dia 9 de Agosto na Cordoaria Nacional. Promovida pelo Pavilhão de Espanha na Exposição Mundial de Lisboa, esta exposição pretende mostrar diferentes olhares e propostas de trabalho sobre o rio Tejo, partindo de dois grupos de fotógrafos, seis portugueses e seis espanhóis. A ideia parece ter surgido há dois anos, durante um jantar entre a comissária Myriam de Liniers e os fotógrafos Alberto Picco e Patricia Allende, quando estes dois últimos descobriram que andavam ambos a fotografar diferentes partes do rio. Para Myriam de Liniers, "este projecto não pretende senão oferecer uma visão criativa da natureza que, apesar dos nossos esforços de separação, luta por unir, constante e irremediavelmente, os dois países irmãos, que têm de dar a mão para cruzar o rio". O projecto contou com o alto patrocínio da Presidência da República Portuguesa, com o apoio institucional do Centro Português de Fotografia, e com os patrocínios da Caja de Madrid e do Instituto da Água. A exposição inclui dez trabalhos de cada autor, e os doze nomes escolhidos inserem-se em escolas estéticas muito diferentes. A montagem, colocando frente a frente portugueses e espanhóis num longo corredor da Cordoaria Nacional (como na batalha de Aljubarrota, mas com o espírito oposto...), salienta o preferencial uso dos espanhóis pela cor, e pelas imagens de grandes dimensões. Dos seis espanhóis (Patricia Allende, Javier Esteban, Luis Asín, Juan Manuel Castro Prieto, Rosa Muñoz, José María Díaz-Maroto), destaca-se, em primeiro lugar, o trabalho de Patricia Allende. Partindo da ideia de "Elementos" (água, terra, fogo), mostra fragmentos das margens do rio, em fotografias de grande dimensão extremamente brilhantes, que revelam uma aproximação ao minúsculo e ao fragmento muito características do sentir contemporâneo. Numa linha completamente diferente, humanista e poética, José María Díaz-Maroto traz-nos imagens extremamente interessantes dos habitantes das margens espanholas do rio Tejo, dos sinais humanos na paisagem: "David e Nuno pescam todos os sábados", mostra-nos os rostos, fotografados de frente, de dois rapazes, surpreendidos orgulhosamente no seu "hobby". Rosa Muñoz faz retratos dos habitantes do rio, em grandes dimensões, encenados e escolhidos pela fotógrafa, por vezes objecto de fotomontagens. Juan Manuel Castro Prieto fotografa paisagens plácidas e horizontes rasgados das margens do rio Tejo, em provas viradas a ouro, por vezes agrupadas em dípticos panorâmicos, de grande beleza. O grupo dos portugueses é constituído por José Paulo Ferro, Monteiro Gil, José Afonso Furtado, Agostinho Gonçalves, Fernando Curado Matos e Alberto Picco. O primeiro fotografa, a preto e branco, um pontão do rio, ao qual se seguem cinco dípticos, constituídos por uma polaroid, que regista ondulações e modulações na cor, e uma imagem a preto e branco associada. Um trabalho muito interessante, que nos conduz à presença perturbante do correr das águas de um rio. Agostinho Gonçalves trabalho igualmente uma excelente ideia: fotografa pessoas da vila de Constância com imagens emolduradas das margens do rio Tejo. Embora não resulte na totalidade das dez fotografias, na maioria o resultado é francamente sugestivo. Alberto Picco e José Afonso Furtado trabalham no quadro da estética a que nos habituaram, deslizando ao longo do rio, para fixar, em tons de cinzento, uma certa melancolia da paisagem. Menos interessantes são os trabalhos de Curado Matos e Monteiro Gil, embora a montagem e a sua inserção no conjunto dos autores acabem por justificar a sua presença, já que se trata de um projecto de abordagem plural e em certa medida documental. Este projecto revela uma salutar princípio de convergência, intercâmbio e cooperação entre artistas portugueses e espanhóis. Espera-se que ideias destas não acabem com o fecho da Expo-98. "Tajo Tejo/ doce objetivos fotográficos" LISBOA. Cordoaria Nacional. Avenida da Índia. (c) Copyright PÚBLICO Comunicação Social, SA Email: publico@publico.pt

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